Hesitei demoradamente em participar de novo no “nosso” Blog. Ele
foi criado para criar laços, para unir e não separar. Depois de pensar bastante sinto-me obrigado ao meu compromisso com a verdade e com a história. Foi com alvoroço negativo e arrazoado despropositado e inconveniente que alguns dos meus supostos amigos reagiram aos meus textos. O Nelson assim assim; O Moreno mais ou menos; O Fernando Vaz como um fundibulário dos penhascos transmontanos; O Eduardo Bento como um cátaro de esquerda que é. Foi do Alexandrino que recebi a maior compreensão mas parece-me exagerada aquela conclusão a que chega de um loby do norte contra o sul.
Posto isto, reafirmo a minha obrigação moral e religiosa de não ficar em silêncio. Salve, Fernando Vaz! Cheguei a temer que essas andanças pela França te houvessem afastado da ortodoxia romana. Mas verifico, pelo que escreves, que não apostataste. ( Quem cita S. Paulo, como tu, não pode andar arredio dos caminhos do Senhor).Mas cuidado, sabes que o demónio se reveste de múltiplas formas e que nos pretende levar à perdição não só na sua aparência de súcubo ou de incubo mas sabe disfarçar a sua perfídia sob as mais inofensivas ideias de modernismo que, como deves saber, campeiam por essa França de Robespièrre e outros… Não fiques triste, como dizes, com as minhas intervenções… medita nelas.
Alguém me acusa de referir filósofos esquecendo S. Tomás. Este é de facto um gigante do pensamento. Mas como Descartes, Kant e outros
caiu no desespero. Quis demonstrar o indemonstrável: A existência de Deus. Deus não se demonstra, crê-se. Deus é o todo infinito que se furta à compreensão racional para se nos oferecer todo na fé. E assim é desde o momento que se revelou a Moisés como SER indizível e que não deve ser pro-nunciado. A abordagem racional de Deus é estultícia.
Kierkegaard abeirou-se desse mysterium tremendum ao lançar um profundo gemido de crente: « creio porque é absurdo!» E, por isso, se por um lado, S. Tomás nos fala de um Deus revelado na Palavra e na fé como
Esse suum subsistens, por outro quis racionalizar Deus com as suas cinco provas. A filosofia é vaidade. É nesta linha que nos fala S. João da Cruz em conúbio ( espiritual, claro) com santa Teresa.
Quero ainda dirigir umas breves palavras a um tal Anónimo que me pretendeu mordiscar. Oh espírito iníquo, que além de não te quereres converter pretendes perverter. Quem te ensinou a deambular pelos corredores da iniquidade? Tu, como filho da perdição, tens olhos e não vês. Põe os olhos no Alexandrino que vem duma região profundamente marcada pela cultura islâmica, o Algarve, e mais recentemente pela impudicícia e desvergonha da turística nudez nórdica e que me parece manteve a sensatez e a salutar visão de um bom crente. De facto parece que muitos dos nossos se mantém no bom caminho. É o caso de um António Costa (que eu não conheço ) e ao que me dizem dá catequese numa paróquia dos arredores de Lisboa. Parabéns, meu amigo, gostava de te conhecer. Salvemos o Blog dos seus inimigos. A mim não me inoculam!
Não vos roubo mais tempo. E ainda não é hoje que falo do modo como despertou em mim a vocação. Fica para a próxima.
Um abraço.
José Oliveira ( ex frei Imeldo )
4 comentários:
José Oliveira,
Responderei mais tarde e com mais tempo a esta tua divagação, pois vou ausentar-me durante três dias. Queria no entanto dizer-te desde já que estou de acordo contigo quando dizes que me afasto de vèras da ortodoxia romana. Na verdade nunca fui muito submisso e ainda continúo, e tenho pena não te ter contaminado! A última intervenção de Bento XVI não me vai converter...Tem que estar cego e surdo para continuar a fazer o elogio do celibato dos padres como sendo uma boa coisa e que vai continuar... O que me entristece é a mistura que ele faz com os omossexuais, os casados divorciados que não podem comungar. No que se refere aos homens políticos que defendem estas e outras causas os Bispos deciderão se podem comungar ou não...Tu deves estar contente, pois para tí tudo isto é palavra de Evangelho. Olha que não, é só palavra de papa. De certo até vais fazer uma novena ao Espirito Santo que a teu ver tão bem iluminou Sua Santidade! Para mim ele não tem coração e está cego e surdo aos apelos do povo de Deus. Este povo é que é a verdadeira Igreja. Surdo ao apelo da maioria dos Padres e dos Bispos. É uma evidência que se devem ordenar sacerdotes homens e mulheres casados ou solteiros. Não esqueçamos que o casamento é um sacramento. Que Deus é Amor, criou a mulher para o homem e não disse que o padre não tinha direito. Na verdade a maior parte deles não se priva...Desculpai lá este desabafo, mas fiquei enervado com esta posição do Papa, até nem acabei de ler o documento...E ainda para mais o José Oliveira que me diz que não respeito a ortodoxia romana... evidentemente que não, nem que me tirem a estola! Fernando.
Olá Imeldo. Fico muito lisonjeado com as referências que me fazes. Se te conhecesse, corria para te abraçar. Estou certo que havemos de nos encontrar. Sabes onde nos costumamos encontrar é precisamente na mansão do António Costa (não é o ministro). E tu não o conheces? Espanto. Nunca houviste falar num fantástico defesa central, com um jogo de cabeça sublime, que até ficou conhecido pelo "cabecinha de oiro"? E senhor de muitos outros dotes, alguns dos quais desconheço, como esse de catequista? Nota-se que tens andado arredio dos que estão no bom caminho.
A.Alexandrino
Embora no texto do J. Oliveira, o meu comentário vai para o teu comentário, caro Fernando: Não arremesses a estola, tu que já um dia foste forçado a despir as vestes de Domingos de Gusmão.Sabes, meu caro, "Brigadas do Reumático" há sempre em todas os sectores da vida social, política e religiosa: E elas são compostas por conservadores, ortodoxos, marretas e por todos aqueles que usam óculos de cabedal, como a mula do azeiteiro para só olhar em frente. Naturalmente que há muito a fazer, para que o cepticismo desapareça de muitas mentes, e para que de uma vez por todas se estanque o desmoronar acentuado de uma Igreja que se diz Católica e Apostólica e que parece ter parado no tempo.Tu, ainda tens a pena e o púlpito, para dar largas ao teu desencanto. Por mim, só tenho a pena. Vou tolerando, vou fidelizando e esperando a aura da mudança.
Um abraço do Nelson
José Oliveira, não sei se te hei-de levar a sério. Em breve irei comentar o teu texto "O Blog está em perigo". Com um grande abraço
Eduardo Bento
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