quarta-feira, 28 de fevereiro de 2007

Comentário ao texto do Frei Bento "Cinzas da Quaresma" no jornal PÚBLICO do passado Domingo

Ao longo dos anos habituou-nos o Frei Bento ao equilíbrio, sensatez e justeza dos seus textos no Público. No sentido de animar o nosso blog, de pôr em comum algumas ideias, e porque, de alguma forma, os textos do Frei Bento também são nossos -nasceram também da nossa matriz comum- atrevo-me a deixar aqui algumas reflexões que "CINZAS DA QUARESMA" do Público do passado domingo em mim suscitaram.
Seria bom que a igreja enveredasse por "esse diálogo fecundo entre crentes e não crentes" e que o mundo fosse encarado na nossa prática de vida como «um grande caso de amor, de Ágape e de Eros».
E que o discurso de autoridade deixasse de ser o fundamento de toda a argumentação filosófica ou teológica. Gostaria de ver que a defesa da vida não se confina ao feto de dez semanas mas que a fome, o desemprego, a arrogância do poder, a ausência de perspectiva de vida para os homens, a sujeição aos interesses financeiros mais obscuros e gananciosos também fossem encarados como atentados à vida humana como ela merece ser vivida.
Num mundo em que o homem light vai à superfície, sobrevivendo ao imediatismo das coisas, seria oportuno reflectirmos sobre a bela frase de Camus que o nosso Frei Bento cita: «Só conheço um único dever, que é o de amar».
E já que o texto se centra nas cinzas da Quaresma que antecedem a Ressurreição digo, que é das nossas cinzas que ressurgimos cada dia e que é do nosso apagamento pessoal que iluminamos a nossa vida e a vida dos outros.
Eduardo Bento
P.S. Quem é o José Oliveira, ex-Imeldo que escreve no Blog? Não conheço.

Nota do editor: Também não conheço. Julgo não ser do nosso tempo, mas fica o repto para que deixe mais alguns dados biográficos

domingo, 25 de fevereiro de 2007

É só um pequeno reparo!...

Verifico, pelo contador do nosso blog, que o número de visitas já ultrapassou as três centenas. Em tão pouco tempo, é obra!... Porém, e com algum desencanto o digo, ninguém acrescenta um comentáriozinho, por mais inocente que ele seja. Meus amigos: no fim de cada texto, cliquem em "comentário" e abrir-se-á uma janela, em que cada um poderá e deverá dizer de sua justiça. Quanto a textos para inserir, enviem para os endereços já indicados em textos anteriores. Vamos lá a dinamizar isto, já que mais não seja para me darem algum ânimo a mim!...
Fico à espera, e na cor do texto fica a minha esperança.
Nelson Veiga

quinta-feira, 22 de fevereiro de 2007

Fernando Vaz - Pedaços de Vida


Há alguns meses, para satisfazer a curiosidade dos meus filhos, comecei a esgravatar na minha memória, para trazer à tona algo da minha infância, que lhes fizesse compreender o que me forjou. Comuniquei a três amigos o fruto desse mergulho no meu passado e faço agora uma versão “light” para o nosso blog.
Dei os meus primeiros passos, neste caminho da vida, (há 66 anos) numa aldeiazinha Transmontana. Aí passei a minha meninez, numa família de cinco filhos de que eu era o quarto. Ninguém pensava que eu duraria mais de uma semana. Fui baptizado á pressa, ao fim de 48 horas. O pároco da época chamava-se Fernando...como nada tinha sido previsto, decidiu dar-me o seu nome. Podia ser pior...Lá voltei para casa embrulhado no lençol, como se fosse uma mortalha, mas a água benta e o sal fizeram um milagre, abrindo-me o apetite. Abençoado baptismo, mesmo improvisado, pois que a partir daí, mais nenhum mal entrou comigo.
A minha infância até aos 12 anos foi a de um filho de lavradores daquela época e naquelas serras. As terras eram áridas de mais, para cultivar milho ou trigo. O centeio era o pão-nosso de cada dia...O pão branco era para os dias de festa.
Ao chegar ao Franco o que primeiro aparecia na paisagem, eram os grandes penedos, as fragas escuras, de entre as quais sobressaíam as Capelinhas brancas e azuis, consagradas à Santa Barbara (as trovoadas eram terríveis), Santa Comba, Nossa Senhora da saúde etc. Examinando mais de perto deparamos com os olivais, sobreirais e vinhas. Os Trasmontanos tiveram que ser muito duros e casmurras para conseguirem domesticar aquelas serras, tornando-se eles cada vez mais selvagens. Os nossos pais sempre atarefados e cansados deixavam os filhos mais novos ao encargo dos primogénitos. Estes aprenderam a ser responsáveis e adultos, antes do tempo. Crescíamos mais na rua e nos campos que em casa. Toda a aldeia era, por assim dizer, colectivamente responsável de seus filhos. Qualquer adulto tinha o direito e o dever de repreender e levar as crianças pelo bom caminho, antes de mais dando o exemplo. Havia uma responsabilidade colectiva e bem sabemos que a solidariedade, era tão autêntica como indispensável, e contribuía para o equilíbrio, de cada indivíduo.
O Franco, vivia numa autarcia completa, ou quase, pois de vez em quando lá se comprava um quilo de arroz ou massa ou meia dúzia de sardinhas...Tinha 10 anos quando saí da aldeia pela primeira vez. O povo em peso se deslocou a Mirandela, levando ofertas para a construção do Hospital. Com outras crianças fui a pegar num andor, enfeitado com notas de 20 escudos. Cantávamos com emoção e orgulho: “somos francos com franqueza, do Franco terra natal, o Franco trouxe o que pôde, em favor do Hospital”
Na aldeia não havia electricidade, nem telefone. A água ia buscar-se a uma das três fontes. Nas casas onde havia moças nunca faltava água. Elas até se batiam para ir com o caneco ou o cântaro bem equilibrado sobre o pano bem enrodilhado (de roda) em cima da cabeça. Iam à fonte dezenas de vezes por dia, tentando encontrar os namorados...Trabalhava-se de sol a sol e muitas vezes andava-se à “torna geira”. Os Francoenses ainda utilizavam a “troca” para comerciar...
No campanário que domina toda a aldeia, o sino, com linguagem adaptada a cada circunstância, adverte, anuncia e reúne. Ē Um fiel companheiro, é um coração que bate ao ritmo dos acontecimentos mais diversos, é a alma da nossa aldeia. Era ele quem ordenava a toda a canalhada, com o toque das trindades, que ao fim das nove badaladas todos deviam estar de mãos postas, à volta da mesa, onde o caldo já estava a fumegar...Do campanário vinham os convites para chorar com a viúva e o órfão, ou para regozijar-se com toda uma família por ocasião de casamentos ou baptizados. De lá vinham também os toques a repique chamando a precipitar-se com baldes e cântaros de água nos braços ou à cabeça para apagar o incêndio! Quando há alegria é de todos. Quando chega o luto, a doença, o sofrimento, é também para todos. Os 160 lares da minha aldeia, formavam uma autêntica família, com tudo o que isso comporta de positivo, mas também negativo. De todas as formas, éramos todos pelo menos, primos “terceiros”...
Desde bem pequenino, mesmo antes de ingressar na escola, aos sete anos, já ia com os meus pais para os campos e servia de guia aos bois por terras escarpadas. Tinha mais medo ao meu pai que aos cornos dos bois, cuja reacção era previsível. Meu pai era muito duro, tanto nas palavras como nos gestos. Nunca manifestou aos filhos um mínimo de afeição. Nunca soube o que era dialogar, conversar e muito menos escutar... Compreendi mais tarde esta sua secura de coração. Não se pode verdadeiramente amar quando não se fez a experiência do amor, em família, especialmente ao colo da mãe. Não se pode dar aquilo que nunca se recebeu. O coração de meu pai não pôde memorizar o carinho e a ternura de uma mãe. Ficou órfão pequenino, o que explica a sua incapacidade para amar os filhos. Sempre respeitou a minha mãe e protegeu toda a família. Por isso, sempre pôde contar com toda a minha estima e consideração, e com o carinho de todos os filhos, dos 18 netos e de mais de 10 bisnetos.
De modo geral, aos pais dessa época, era proibido manifestar sentimentos. Sentimentalista era sinónimo de fraco, efeminado, mulherengo...Foram precisas várias gerações para que os homens pudessem manifestar sua sensibilidade. Nós próprios reproduzimos os esquemas que vimos aplicar em nossa casa ou na aldeia da nossa infância. Um homem, um pai, não chora...Isso é para as mulheres! Então os filhos reproduzem...Penso que sou um dos primeiros homens da minha aldeia a dar aos filhos o carinho que o meu pai me recusou ou não soube dar-me... e que só recebi de minha mãe.
Naquela época, a única prioridade, sobretudo para o chefe de família, era ter a casa cheia: pão em cima da mesa, batatas com fartura, azeite e vinho para todo o ano, nos bons anos. A escola segundo a teoria do meu pai, era completamente inútil, não passava de um capricho ou uma fantasia que devia reservar-se a meia dúzia de famílias ricas. Nós fazíamos parte dos remediados. Minha mãe lia e escrevia correctamente, mas o meu pai só sabia assinar e mal. Os dois filhos mais velhos tiveram que contentar-se com a terceira classe. A inchada estava à espera. Trabalho não faltava, tanto em casa como nos campos... Os três mais novos tivemos mais sorte: um irmão fez o quinto ano nos Capuchinhos em Braga, eu fiz um pouco mais, como sabeis, e minha irmã mais nova, foi para enfermeira. Sempre gostei da escola e dos livros, e nem mesmo as reguadas com a “menina dos cinco olhos”me impediram de respeitar e venerar a Dona Adélia. Foi ela quem me abriu as portas da evasão para outros mundos, onde podia refugiar-me, cada vez que a realidade se tornava insuportável. Isso aconteceu algumas vezes. A nossa infância passou-se numa época em que a vida foi mais madrasta do que mãe... era muito difícil. Aprendemos a contentar-nos com muito pouco, mas quantas vezes nem esse pouco havia. Não falo só do aspecto material... As nossas mães sofreram muito por não poderem dar-nos, tantas vezes, o indispensável.
95% dos filhos da minha aldeia, não iam estudar. Feita a quarta classe quase todos ficavam “atrás do rabo dos burros ou dos bois”. Era o que o meu pai tinha previsto para mim. Felizmente que o Camilo Vaz Martins, meu amigo e vizinho que já andava no segundo ano, em Aldeia Nova, veio ao meu socorro. Para mais, ele já tinha no seminário um primo do mesmo nome que devia andar no quarto ano. Estes dois Camilos eram típicos e genuínos. Quem os conheceu não pode esquecê-los. Eles podiam contar com as boas graças do Padre Luís Cerdeira, então Superior de Aldeia Nova. Eram sobrinhos da Madre superiora de um convento de Pereira, e grande benfeitora do Seminário. Pereira, distante do Franco de uns 5 km era a terra do Alcino Augusto da Costa e do Armando Augusto Sobrinho, que nunca mais voltei a ver. Lá fui com o meu amigo e vizinho Camilo, em segredo, pedir à sua tia que intercedesse por mim. Um mês depois o Padre Luís passava por Pereira, como todos os anos e convocou-me. Se tinha vocação?! Eu tenho tanta vocação que se for preciso vou de joelhos até lá! Ē Verdade que não sabia onde era... Negociei o preço dizendo-lhe que se fosse muito caro o meu pai não me deixava ir. Começou a falar em cem escudos por mês, mas depois baixou para cinquenta.
Quando aos 12 anos soube que ia deixar a minha aldeia para ingressar no seminário, mesmo sabendo que só voltaria 9 meses depois, foi para mim um dia de festa e um alívio. Foi difícil convencer o meu pai. Precisava de braços, nunca ninguém tinha morrido de fome lá na aldeia. Nessa altura não pude dizer-lhe que “nem só de pão vive o homem”, e que nem só o estômago precisava de alimento, ou que o homem não é só braços. Conhecia os seus argumentos bem sólidos e pesados e optei pelo silêncio. Minha mãe foi para mim uma aliada formidável...
O dia da partida e do adeus chegou por fim! Devo sair bem cedo para apanhar o comboio a 18 km de distância. Meu pai acompanhou-me. Despeço-me de meus irmãos que deixavam escorregar uma lágrima. Despedi-me depois de minha mãe, que como eu (um duro) tinha os olhos secos. Depois de ter andado uns cinquenta metros, voltei-me e acenei-lhe, ela, impassível (em aparência) fez igual. Separou-nos por nove meses a esquina do adro. Estávamos mais ou menos a um quilómetro de minha casa quando ouço uns gritos desesperados que me gelaram o sangue nas veias e me impediam de avançar. Reconheci imediatamente as lamentações de minha mãe. Ainda hoje, 54 anos depois, me recordo do lugar exacto onde fiquei paralisado, qual estátua de sal. Nunca mais na vida, tive uma dor tão profunda, tão lancinante, nem mesmo quando ela faleceu 40 anos mais tarde. Aqueles gritos desesperados ficaram para sempre na minha memória e ainda hoje os ouço com a mesma nitidez. As nossas separações nunca tinham ultrapassado algumas horas!... Quis voltar para trás e correr ao seu encontro. Meu pai agarrou-me e disse-me simplesmente: “ não é nada... vamos lá, senão perdes o comboio”. Não trocámos uma só palavra, durante as três horas de marcha que se seguiram. O burro à frente com a mala e o saco da merenda (que não provei) e meu pai e eu caminhando atrás. Em Mirandela encontrei-me com o Francolino e o Manuel Alberto que vinham de Macedo de Cavaleiros, Corujas e iam com o mesmo destino. Tanto eles como eu não conseguimos partir o gelo nesse dia. O corpo estava presente, mas os pensamentos ficavam cada vez mais longe à medida que o comboio avançava. Já nem sei se a viagem demorou horas ou dias. O comboio entrou-me pela cabeça dentro e recordo-me que no seminário, durante o dia ouvia o seu barulho, os seus apitos estridentes... passava o dia com o comboio na cabeça, esperando pela noite para chorar todas as lágrimas do meu corpo. Isto durou uma semana. A partir daí o comboio descarrilou e as minhas lágrimas secaram...por vários anos. Uma nova vida começou, mas... continuo a ser franco, com franqueza, do Franco terra Natal!...Do Franco vieram mais alguns alunos para Aldeia nova. Álvaro Esteves, Inácio Lopes, mas sobretudo meu primo Frei Augusto José Matias o.p. (...)

sábado, 17 de fevereiro de 2007

PEDAÇOS DE UMA VIDA

Eu que nunca fui dado à escrita e de meu natural sou tímido e introvertido, perante as tão interessantes exposições de vida apresentadas pelo Fernando Vaz, pelo Alexandrino e pelo Nelson, ganhei coragem e venho também dar notícia de alguns dados biográficos que podem contribuir para um estreitar de laços e alargar um mútuo conhecimento. Mas antes quero felicitar esse beirão de Trancoso por tão oportuna iniciativa que nos põe a comunicar uns com os outros.
Por hoje deixo aqui breves notas acerca de parte de uma vida que um dia foi chamada mas não escolhida.
Decorria o ano de 1967 quando arribei às faldas da serra d`Aire e aí, vestido de branco, como que pairava entre o céu e a terra ao som melodioso dos sinos da Basílica. Como era edificante depois das horas conventuais passear-me pelas ruas de Fátima e olhar as montras onde comerciantes impelidos pelo seu zelo religioso e o seu profundo sentido estético, nos oferecem, aos milhares, objectos tão santos e tão belos. Como era pacífica e tranquila a vida conventual onde o silêncio proporcionava o estudo e a meditação. Ali passei vários anos até que numa manhã de Abril, quando lia o Diário de Notícias, tive uma sensação esquisita, ou talvez não fosse uma sensação mas um sentimento eu diria até, um arrepio. Descobri com espanto que tinha perdido a vocação.
-Esta agora! – murmurei. E dirigi-me para o meu quarto. E é então que oiço uns gemidos que vêm do fundo do corredor. Aí encontro torcido e retorcido o Zé Gualdino
( ex -Frei Pulquério) que enchia de tristes suspiros o seráfico ambiente conventual.
-Mas o que é que se passa? – Perguntei com natural inquietação. E o Zé respondeu-me retorcendo os olhos e agatanhando os cabelos:
-Ai de mim que perdi a vocação!...
-Olha a grande coisa. Eu acabo de perder a minha. – Disse eu para o sossegar.
-Mas o que vai ser de mim que durante estes anos só aprendi a ter vocação?! – Disse o Zé todo afogueado.
-Olha –retorqui- podes ser sacristão na tua aldeia.
Então o Zé Gualdino pareceu serenar. Resta dizer que saímos no dia seguinte, ele em direcção à sua aldeia de Trás-os-Montes e eu até Aveiro onde tinha uma irmã freira. Nunca mais tive notícias deste bom colega que perdeu a vocação no mesmo dia e à mesma hora que eu.
Passados oito dias saí de Aveiro e dirigi-me à minha paróquia onde o padre quase me fuzilou por eu te perdido a vocação. O meu pai recebeu-me afavelmente mas disse que agora eu teria de tratar da vidinha.
-O que é que tu sabes fazer? -perguntou-me ele com a sua natural mansidão.
Eu respondi que não sabia fazer grande coisa. Então ele disse:
-Se já houvesse o ofício de arrumador de automóveis, era uma coisa boa para ti mas onde é que ainda anda o choque tecnológico do engenheiro Sócrates!... Olha, vai mas é para professor que é uma coisa que qualquer pessoa pode fazer e que não exige grandes conhecimentos.
E foi assim que, aproveitando alguns saberes de Aldeia Nova, comecei a dar aulas de matemática.
Passados três meses de estar nesta vida de professor fui chamado para a tropa. Como eu tinha sempre continuado a ir à missa dominical e às novenas das primeiras sextas-feiras, mantinha uma boa relação com o padre da freguesia. Foi o que me valeu. Fui ter com ele que meteu uma cunha para eu ir para uma boa especialidade na tropa. Tive a sorte de ir para atirador de infantaria. Mas o que mais me interessava era defender a pátria ou de uma maneira ou de outra. Quando eu já tinha aprendido a defender a pátria, fui mobilizado para Angola. Ir para a frente de combate era o meu sonho porque a retaguarda estava bem entregue a homens como o senhor almirante Américo Tomás. Numa tarde de sol fui mobilizado e entrei no navio Niassa com destino a Angola. Como foi belo e comovente olhar do navio para o cais e ver os nossos pais as nossas mães orgulhosos de seus heróicos filhos. Tocavam-se concertinas pífaros e pandeiretas e as nossas irmãs e namoradas, louçãs, donairosas dançavam canções de roda. A multidão despedia-se em festa daqueles que iam defender este reino de D.Afonso Henriques e de Leonor Teles. E do meio de toda aquela gente, em dado momento levantou-se a voz impaciente dum ancião que nós no barco ouvimos claramente:

“Oh glória de mandar, oh vã cobiça,
a pátria lá longe, tão aflita
e o Niassa aqui parado…Chiça!”

E quando já declinava a tarde lá partimos para defender esta pátria que os nossos maiores forjaram à luz da fé, à força da espada e à sombra da cruz. Levava o navio quinhentas e trinta e cinco pessoas contando com as duas esposas dos cinco oficiais que nos comandavam.
Como vai longa esta crónica de vida, para não vos maçar, termino aqui com a promessa de continuar um dia.

16/02/2007


José Oliveira (ex Frei Imeldo)

quinta-feira, 15 de fevereiro de 2007

Sou o Nelson

Depois da apresentação do Fernando Vaz e da "exposição" do Alexandrino, comecei a corar de vergonha... Afinal, o "encarregado" do blog, ainda não se mostrou! Eis-me aqui.
Não sei se alguma vez sonhei ser bispo, ou mesmo padre. Sei que, por influência de meu primo, Álvaro Milagre, que já era veterano em Aldeia Nova, lá deixei eu a minha pequena aldeia, escondida por entre gigantescos penedos graníticos, que moldam a morfologia de parte do concelho de Trancoso. Estávamos em 1955. E assim entrei naquela velha casa, cheia de escuros e medos, em que até o assobiar do petromax era patético. Foi com o Alexandrino, o Vitorino, o Celestino, o Rufino, o Nuno, o Igreja, o Xico Saraiva, o Marto e tantos outros, que iniciei uma etapa marcante da minha vida. Depois, caminhei ao lado do Fernando, do Arnaldo... Não cheguei a Fátima porque, o Fr. Vicente, mestre da Física, entendeu que eu para ser noviço tinha que saber Física, e essa era uma disciplina com a qual eu, nesse tempo, mantinha uma acesa incompatibilidade. Fiquei-me por ali, um tanto ingloriamente diga-se. Depois, continuei os estudos secundários num colégio em Trancoso, até que o fascínio pela Força Aérea falou mais alto e me levou até à Ota, onde encontrei o Frias, o Marto, Seixas, o Igreja... Depois, foi a guerra colonial em Angola onde partilhei grandes momentos de amizade e cumplicidade com o malogrado Manuel Júlio!... Lembrais-vos dele, o famoso guarda-redes? Encontrou-se com a morte em Luanda em 1965, num acidente de avião por ele pilotado. Findos os meus compromissos com a vida militar, ingressei na Direcção Geral de Impostos, tendo prestado serviço em Trancoso, Moimenta da Beira, Santa Comba Dão, Nelas e Mangualde, nestes últimos três concelhos no exercício de funções de chefia. Se não cheguei ao topo da carreira, cheguei pelo menos até onde a proximidade da família, que eu sempre previligiei, me reclamou. Casei em Mangualde, onde moro desde 1968, tenho três filhos, um neto e o segundo chegará em Abril. Desde 1996 que gozo a bem merecida aposentação, e posso assegurar-vos que continuo a minha luta contra a falta de tempo. Não exerço funções remuneradas, mas não me escuso de prestar a minha colaboração nas mais diversas instituições da terra que me acolheu e que adoptei como minha. Sou o tesoureiro da mesa administrativa da Santa Casa da Misericórdia de Mangualde, que gere dois lares e uma creche. Como principal ocupação, tenho a direcção de um jornal quizenário, com 80 anos, que se publica em Mangualde, que dá pelo nome de "Renascimento" e que conta com o Fernando Vaz como colaborador apreciado. Obrigado Fernando! Mas aceito mais!...
Vou rematar como o Alexandrino...(continua um dia).

quarta-feira, 14 de fevereiro de 2007

O ALEXANDRINO EXPONDO-SE

Brotei duma família cristianizada já com padrinhos e tudo para não correr o risco de morrer mouro. Passei a infância toda na rua, correndo palas terras, subindo às árvores e não dando nenhuma importância ao computador (agora é que sinto a falta) e à televisão. Nas alturas de muito calor visitava o mar, um amigo que morava à distância de umas centenas de metros. Nos dias frios também lá ia recolher algum alimento para a família, que ali nunca faltava. Ele eram ostras, conquilhas, berbigões, langueirões, amêijoas, burriés, etc. De caminho encontrava nos charcos, caranguejos, chocos, charrocos e outros pouco expeditos que se refugiam na ria. Desses tempos já não restam senão reminiscências, pois a pressão humana destruiu tudo isso.
Fui feliz, brinquei muito ao pião, ao berlinde, com o arco e com o papagaio, tudo isso construído por nós. A sociedade do consumo apenas nos atingia na compra de algum rebuçado com bonecos dos jogadores de futebol ou algum pirolito. A paixão pelo jogo da bola não arrefecia mesmo que para jogar tivesse que tirar os sapatos, por uma questão de igualdade de oportunidades com os que não os tinham, e eram a maioria. No fim do jogo havia bolhas de sangue na sola dos pés, o que era esquecido na próxima oportunidade.
Certo dia disseram à minha mãe que o Senhor Bispo viria à aldeia para crismar os meninos. Era um dia de grande festa, pois tratava-se duma situação única, em que a terra recebia a visita dum senhor muito importante. Não se podia de forma alguma faltar àquela festa, nem deixar de participar nela em toda a dimensão. No entanto o senhor prior tinha avisado que só seria crismado quem frequentava a catequese, onde nunca me tinham posto a vista em cima. Em alternativa, só se os meninos lhe provassem através dum teste que sabiam as orações e a doutrina. Foi a minha primeira crise de stress. Passar os tempos livres e serões a aprender o padre-nosso, o credo, a confissão, os mandamentos e toda a doutrina possível de sair no exame, e em poucos dias. Graças a Deus passei. Tive então o prémio de vestir o meu primeiro fatinho, com gravata e tudo e de beijar o anel do Senhor Bispo.
A partir daquele momento, a ideia de vir a ser bispo nunca mais me abandonou. Fiquei deveras fascinado com aquela profissão. As pessoas todas embevecidas a olhar de baixo para cima para o Senhor Bispo, a ajoelhar e a beijar-lhe o anel. Era mesmo aquele o meu sonho.
Quando mais tarde estava prestes a terminar a 4ª classe, comecei a preocupar-me com a realização do meu sonho. Procurei informar-me de todas as formas, como chegar ao almejado objectivo. O Bispo de Faro, por estar mais ao alcance, era o meu modelo, até porque fora ele o meu farol naquele dia de crisma, e o único que tinha visto na minha vida. A investigação tinha que ser cautelosa ou discreta porque se as pessoas se apercebessem que eu era um concorrente, cercear-me-iam a informação.
Fiquei a saber que o Senhor Bispo era oriundo duns padres dominicanos que tinham como símbolo um rafeiro e um facho. Eureca! O rafeiro significava que eram galgos do Senhor, sempre prontos a correr mundo, e como eu gostava de passear. O facho dava jeito naquela época para quem não queria conflitos com o poder.
E foi dessa forma, que num belo dia de Outubro de 1955, desaguei em Aldeia Nova para estudar para Bispo. Um algarvio, único, ali desterrado, não era grande recomendação, como agora verifico nas palavras recentes de um amigo então mais velho. “ Um encontro de Transmontanos com Algarvios ou Alentejanos era contra natureza, sobretudo naquela época e com as nossas idades”. Mas logo a seguir descançou-me: “Começamos tão cedo (que riqueza) a não ter medo do outro por muito deferente que fosse.” Confesso que nunca tive esse sentimento de medo, porque nunca senti nenhuma ameaça, nem me apercebi dessa diferença.
(continua um dia)

terça-feira, 13 de fevereiro de 2007

Nota explicativa

Seria desnecessária, talvez, esta explicação! Todavia, ponderada a hipótese de haver alguém menos esclarecido no funcionamento de um "blog", permito-me deixar algumas notas: Eu também não sou pessoa versada em informática, porém, com a ajuda dos meus filhos, pude dar corpo a uma ideia surgida entre mim o Bento e o F. Vaz. Um "blog" é um espaço a que só pode aceder para deixar textos, quem conhecer a senha ou palavra-passe. Qualquer cibernauta ou internauta pode entrar no no"blog", ler e deixar comentários, não pode é deixar textos -"os nossos laços". Por isso é que eu deixei endereços para que, quem quiser escrever textos, os faça passar por mim, para eu ( o utilizador da password) os poder colocar. Verifico, e podeis constatar todos vós, pelo contador à margem, que o nosso espaço já vai com mais de uma centena de visitas, mas comentários ainda ninguém deixou. Estamos todos a dar os primeiros passos, e tudo irá melhorar. Deixo-vos o meu abraço,
Nelson Veiga

domingo, 11 de fevereiro de 2007

Uma dica do F. Vaz

Caros amigos,
Tenho duas qualidades enormes (sem qualquer mérito) que me dão um grande avanço com relação a muitos de entre vós. Estou reformado e durmo só umas três ou quatro horas por noite. Disponho pois de umas 20 horas para as minhas actividades que são muitas e diversificadas. Consagrei muito tempo à familia e à vida profissional. Já há muito que tinha decidido que me reformaría aos 65 anos, e assim fiz. Os quatro filhos estão criados. Têm casa, fundaram família, e trabalham. Dispondo de muito tempo livre. Descobri uma paixão - o computador. Os meus filhos que estão a acabar de me formar, estão “abasurcados”. Esta palavra se existe devo tê-la aprendido em Aldeia Nova! O que se segue é que navegando na NET encontrei um tesouro, uma verdadeira mina de oiro...Ide ao site dos Dominicanos http://www.dominicanos.com.pt ou ao blog WWW.isdomingos.com/index.asp? E ficareis surpreendidos com a enorme riqueza e a diversidade imensa. Entras dentro, puxas por uma cereija e vêm todas...cuidado com a indigestão. No site dos Dominicanos tem 5 entradas: História, Provincia, Apostolado, Pregação, Notícias. Estou agora a explorar a mina que se encontra ao entrar pela porta do Apostolado, apanhas o desvio ISTA: Instituto São Tomás de Aquino e deparas com as conferências do frei Bento Domingues. Contei umas 90. Todos os temas são tratados. Aqueles que tiveram o privilégio de o ter tido como professor, dão-se imediatamente conta, que em quarenta anos não ganhou nem uma rugazsinha. Estou a imprimir tudo para poder ler depois tranquilamente sem passar a vida na Net. Quando entro neste site dos Dominicanos je bois du petit lait, ou mon coeur mange des confitures, como dizemos em França.
E o nosso BLOG!...O Nelson tem razão. Pensávamos, e continuamos a pensar (por quanto tempo) que esta realização correspondia a uma necessidade e a um desejo profundo de encontros e troca de informações que nos enriqueceriam mutuamente. Pensava que todos se iam precipitar...Para ser franco já me pergunto se o meu exemplo foi bom e se devia ter começado a falar de mim...Vou esperar mais uns dias...Um abraço do sempre amigo,
Fernando

sábado, 10 de fevereiro de 2007

Caríssimos amigos

Reparo, com algum desencanto diga-se, na fraca colaboração que me chega. Já se manifestou o Alexandrino, o J. Celestino e o Fernando Vaz, que me parece andar de braço dado com o nosso blog. Obrigado Fernando!... Peço-vos encarecidamente: Ide aos "comentários", clicai, comentai, dizei de vossa justiça, porque só assim poderemos enriquecer este nosso espaço. A colaboração que quiserdes enviar, devereis remetê-la para criarlacos@sapo.pt . Escusado será dizer que o 'c' não é cedilhado!... Se quiserdes também podereis usar, em alternativa o meu endereço pessoal nelsonveiga@simplesnet.pt Estarei atento, prometo-vos. Um abraço
Nelson Veiga

quarta-feira, 7 de fevereiro de 2007

Seminário de Aldeia Nova

REGRESSO A UM LUGAR
ONDE UMA VELHA CASA…



Estivemos aqui. Estive neste lugar onde agora regresso. E haverá regresso?
Passaram tantos anos mas reencontro ainda os meus pés gravados no pó destes caminhos. Aí estão marcados também os sulcos dos teus passos, pois, tu e eu fizemos em comum o percurso inicial que nos abriu os horizontes da vida. E nenhum vento pode apagar as marcas que ajudaram a abrir todas as manhãs vindouras.
Naquele tempo…lembras-te? (a saudade é uma ave incendiando a memória). Ah! Ecoam ainda em mim estridentes gritos no recreio, dispersas vozes chamamentos. Agora é um rosto, um olhar que me interpela, logo, um nome, esbatido pelos dias, arrastado pelo rio do tempo, que vem ter comigo.
É ainda a névoa da memória que me reconduz à sala de estudo, às noites ao longo dormitório, ao recreio onde um retorcido carvalho, umbroso, nos reconhecia a todos. Ai as declinações, o ablativo absoluto o verbo fero e eu in albis a ir para as aulas.
E havia risos, cânticos e sonhos, por vezes muita inquietação e dor. Então era o tempo da rosa, dos floridos jardins da juventude e uma paisagem infinita abria-se à nossa frente pois todos os caminhos então eram possíveis. Lembras-te?
Como não recordar esse tempo, recuperar esse lugar?! Foi aqui que, irmanados, no mesmo barco nos lançámos na aventura dos dias; foi aqui que nos fizemos, nos humanizámos e recebemos uma inapagável chama que para sempre ficou a acalentar as nossas vidas e é ainda essa chama que nos impulsiona pela encosta de um destino comum. Para sempre.
Em ti, alguns sonhos perduram desse tempo ou todos morreram na voragem dos dias que vieram depois? Remexe as frias cinzas da memória e encontrarás ainda o antigo fogo. Talvez o fogo conjugado com o gelo, num lugar onde, tu e eu, nos olhámos e de onde as nossas vidas dispersas enfrentaram o tempo.Olha, é preciso, sempre e sempre deixar ouvir o coração.

Eduardo de Jesus Bento

Fernando José Vaz

Caros amigos,
Durante muitos anos chamastes-me Rebelo. Se alguém sabe porquê que me diga. Eu só conheço os rebelos do Rio Douro...Em Fátima escolhi o nome de Frei Lucas. Sempre fui, o Fernando José Vaz, e espero continuar a sê-lo ainda por alguns anos se Deus me der vida e saúde!...
Habemus...blog! Obrigado, Nelson, por teres concretizado o que não passava de um sonho. A pergunta que me fiz ao abrir o blog pela primeira vez, foi: que gostaria eu de ler e ver nele para CRIAR LAÇOS ? Que cada um possa apresentar-se, dando o máximo de índices para ser reconhecido pelo maior número. Seria bom também que cada um, ilustrasse a sua apresentação com algumas fotos que nos refrescariam a memória e nos ajudariam a seguir a evolução dos nossos colegas e amigos. Ao terminar esta reflexão, ouvi uma vozinha que me disse: aquilo que esperas dos outros, começa por fazê-lo. Vamos a isso!

Nasci a 06/10/40 numa aldeiazinha Trasmontana, no Franco, concelho de Mirandela. Número quatro de uma família de cinco filhos. Pais lavradores. O seminário era para mim a única possibilidade (chance) de estudar. Penso ter entrado para Aldeia Nova em 1953.
Foto N°1. Não tenho mais recente.
Foto N°2. Noviço em Fátima. Aqui passei o noviciado, três anos de filosofia. Um ano de teologia. Voltei depois de um ano sabático em França onde trabalhei para ajudar a minha família. Fiz o segundo ano de teologia. Seguiu-se a diáspora. Uns para França outros para Espanha...
Foto N°3. Estudante em Roma. Com o Manuel Rufino dos Santos fomos despachados para Roma. Cheguei a Roma no dia do meu aniversário em 1967. O Rufino só aguentou três meses. Recomeçou uma nova vida em França.
Ao fim de dois anos abandonei o Convento mas continuei no “Angelicum” mais um ano. Em 1970 comecei a enraizar-me em França.
Casei com a Geneviève, de Clermont: foto N° 4
Tivemos quatro filhos: foto N°5
Três netos para começar: foto N°6
Tenho numa gaveta um diploma de licenciado em Filosofia e outro de ‘Lector in Sacra Theologia’. Sempre recordarei o que me disse um dos patrões da Michelin ao ver o meu ‘curriculum’: já vi muitos burros tão carregados de relíquias que se afogaram ao atravessar a primeira ribeira!... Compreendi que os diplomas deviam ficar bem no fundo da gaveta e que a verdadeira aprendizagem ia começar. Trabalhei uns 20 anos na Michelin. Aos 50 anos comprei um Hotel Restaurante que vendi há um ano. Estou reformado, mas cada vez mais activo: entre os filhos, os Netos, os amigos, que são muitos, tanto aqui, como aí. Sou Diácono há doze anos etc. etc. Acreditai que se me impus este exercício, não foi por prazer, mas para dar o exemplo. O verdadeiro prazer vou encontrá-lo ao ler-vos, para melhor vos conhecer e fazer crescer a nossa amizade. Tenho uma grande casa, quase vazia...a bom entendedor...e respondo ao N° 0682168386. Um abraço! Fernando.

segunda-feira, 5 de fevereiro de 2007

A noite como se fosse um grito

NÃO HAVERÁ TARDE:
Os pássaros mudaram a rota
e agora desfazem o silêncio
noutro lugar,
desfazem o silêncio fio a fio.

O tempo está suspenso
no silêncio liso
e ninguém espera a tarde
porque o vento não abraça os ramos
Nem tange as canas da ribeira.

Os meus olhos esperam a mansidão da tarde
mas só a noite vem espraiando-se pelo dia.
Há um grito mudo que arde
E a luz morreu…
Nenhuma estrela se anuncia.

Eduardo Bento

NOTA DE ABERTURA

O espaço está criado.

Assim se dá corpo a uma ideia, nascida da troca de mensagens entre mim, o Fernando Vaz e o Eduardo Bento mas, de pouco valerá se cada um de nós aqui não vier debitar algo de seu. As memórias de cada um, recordações de um tempo que foi ontem, que foi há cinquenta anos e parece que ainda é hoje, têm aqui cabimento. É nele que todos nos podemos reencontrar de novo e mitigar saudades da primeira grande etapa das nossas vidas. Juntámo-nos meninos, quase sem sonhos, para nos separarmos jovens adolescentes ou homens feitos, cada qual carregando a sua ilusão, o seu sonho ou sonho nenhum. Reencontrámo-nos já quase no ocaso, o tempo ideal para desfiar rosários de recordações e avivar memórias adormecidas.

Se não vos agradar o figurino, deixem o vosso comentário, para melhorarmos o que puder ser melhorado. Os textos ou fotos que cada um deseje ver publicados, devem ser remetidos para o endereço electrónico: criarlacos@sapo.pt

Estou receptivo a todas as críticas e sugestões, pois o que está em causa é a partilha da nossa amizade.

Um abraço amigo do vosso
Nelson Veiga