quinta-feira, 15 de março de 2007

O BLOG ESTÁ EM PERIGO



Hesitei demoradamente em participar de novo no “nosso” Blog. Ele
foi criado para criar laços, para unir e não separar. Depois de pensar bastante sinto-me obrigado ao meu compromisso com a verdade e com a história. Foi com alvoroço negativo e arrazoado despropositado e inconveniente que alguns dos meus supostos amigos reagiram aos meus textos. O Nelson assim assim; O Moreno mais ou menos; O Fernando Vaz como um fundibulário dos penhascos transmontanos; O Eduardo Bento como um cátaro de esquerda que é. Foi do Alexandrino que recebi a maior compreensão mas parece-me exagerada aquela conclusão a que chega de um loby do norte contra o sul.
Posto isto, reafirmo a minha obrigação moral e religiosa de não ficar em silêncio. Salve, Fernando Vaz! Cheguei a temer que essas andanças pela França te houvessem afastado da ortodoxia romana. Mas verifico, pelo que escreves, que não apostataste. ( Quem cita S. Paulo, como tu, não pode andar arredio dos caminhos do Senhor).Mas cuidado, sabes que o demónio se reveste de múltiplas formas e que nos pretende levar à perdição não só na sua aparência de súcubo ou de incubo mas sabe disfarçar a sua perfídia sob as mais inofensivas ideias de modernismo que, como deves saber, campeiam por essa França de Robespièrre e outros… Não fiques triste, como dizes, com as minhas intervenções… medita nelas.
Alguém me acusa de referir filósofos esquecendo S. Tomás. Este é de facto um gigante do pensamento. Mas como Descartes, Kant e outros
caiu no desespero. Quis demonstrar o indemonstrável: A existência de Deus. Deus não se demonstra, crê-se. Deus é o todo infinito que se furta à compreensão racional para se nos oferecer todo na fé. E assim é desde o momento que se revelou a Moisés como SER indizível e que não deve ser pro-nunciado. A abordagem racional de Deus é estultícia.
Kierkegaard abeirou-se desse mysterium tremendum ao lançar um profundo gemido de crente: « creio porque é absurdo!» E, por isso, se por um lado, S. Tomás nos fala de um Deus revelado na Palavra e na fé como
Esse suum subsistens, por outro quis racionalizar Deus com as suas cinco provas. A filosofia é vaidade. É nesta linha que nos fala S. João da Cruz em conúbio ( espiritual, claro) com santa Teresa.
Quero ainda dirigir umas breves palavras a um tal Anónimo que me pretendeu mordiscar. Oh espírito iníquo, que além de não te quereres converter pretendes perverter. Quem te ensinou a deambular pelos corredores da iniquidade? Tu, como filho da perdição, tens olhos e não vês. Põe os olhos no Alexandrino que vem duma região profundamente marcada pela cultura islâmica, o Algarve, e mais recentemente pela impudicícia e desvergonha da turística nudez nórdica e que me parece manteve a sensatez e a salutar visão de um bom crente. De facto parece que muitos dos nossos se mantém no bom caminho. É o caso de um António Costa (que eu não conheço ) e ao que me dizem dá catequese numa paróquia dos arredores de Lisboa. Parabéns, meu amigo, gostava de te conhecer. Salvemos o Blog dos seus inimigos. A mim não me inoculam!
Não vos roubo mais tempo. E ainda não é hoje que falo do modo como despertou em mim a vocação. Fica para a próxima.
Um abraço.

José Oliveira ( ex frei Imeldo )

4 comentários:

Anónimo disse...

José Oliveira,
Responderei mais tarde e com mais tempo a esta tua divagação, pois vou ausentar-me durante três dias. Queria no entanto dizer-te desde já que estou de acordo contigo quando dizes que me afasto de vèras da ortodoxia romana. Na verdade nunca fui muito submisso e ainda continúo, e tenho pena não te ter contaminado! A última intervenção de Bento XVI não me vai converter...Tem que estar cego e surdo para continuar a fazer o elogio do celibato dos padres como sendo uma boa coisa e que vai continuar... O que me entristece é a mistura que ele faz com os omossexuais, os casados divorciados que não podem comungar. No que se refere aos homens políticos que defendem estas e outras causas os Bispos deciderão se podem comungar ou não...Tu deves estar contente, pois para tí tudo isto é palavra de Evangelho. Olha que não, é só palavra de papa. De certo até vais fazer uma novena ao Espirito Santo que a teu ver tão bem iluminou Sua Santidade! Para mim ele não tem coração e está cego e surdo aos apelos do povo de Deus. Este povo é que é a verdadeira Igreja. Surdo ao apelo da maioria dos Padres e dos Bispos. É uma evidência que se devem ordenar sacerdotes homens e mulheres casados ou solteiros. Não esqueçamos que o casamento é um sacramento. Que Deus é Amor, criou a mulher para o homem e não disse que o padre não tinha direito. Na verdade a maior parte deles não se priva...Desculpai lá este desabafo, mas fiquei enervado com esta posição do Papa, até nem acabei de ler o documento...E ainda para mais o José Oliveira que me diz que não respeito a ortodoxia romana... evidentemente que não, nem que me tirem a estola! Fernando.

Armando disse...

Olá Imeldo. Fico muito lisonjeado com as referências que me fazes. Se te conhecesse, corria para te abraçar. Estou certo que havemos de nos encontrar. Sabes onde nos costumamos encontrar é precisamente na mansão do António Costa (não é o ministro). E tu não o conheces? Espanto. Nunca houviste falar num fantástico defesa central, com um jogo de cabeça sublime, que até ficou conhecido pelo "cabecinha de oiro"? E senhor de muitos outros dotes, alguns dos quais desconheço, como esse de catequista? Nota-se que tens andado arredio dos que estão no bom caminho.
A.Alexandrino

Anónimo disse...

Embora no texto do J. Oliveira, o meu comentário vai para o teu comentário, caro Fernando: Não arremesses a estola, tu que já um dia foste forçado a despir as vestes de Domingos de Gusmão.Sabes, meu caro, "Brigadas do Reumático" há sempre em todas os sectores da vida social, política e religiosa: E elas são compostas por conservadores, ortodoxos, marretas e por todos aqueles que usam óculos de cabedal, como a mula do azeiteiro para só olhar em frente. Naturalmente que há muito a fazer, para que o cepticismo desapareça de muitas mentes, e para que de uma vez por todas se estanque o desmoronar acentuado de uma Igreja que se diz Católica e Apostólica e que parece ter parado no tempo.Tu, ainda tens a pena e o púlpito, para dar largas ao teu desencanto. Por mim, só tenho a pena. Vou tolerando, vou fidelizando e esperando a aura da mudança.
Um abraço do Nelson

Anónimo disse...

José Oliveira, não sei se te hei-de levar a sério. Em breve irei comentar o teu texto "O Blog está em perigo". Com um grande abraço
Eduardo Bento