domingo, 31 de maio de 2009

PARA CRIAR LAÇOS - Um texto e foto à espera de reavivarmos a memória



Como os comentários do Blog já vão longos, deixo à consideração do Nelson a publicação destas linhas.


Com efeito, quando por lá passei ainda sofríamos os efeitos da guerra, que o santo varão que ora repousa em Santa Comba Dão livrou-nos da guerra mas não conseguiu salvar-nos da fome. Lembro-me que íamos de noite esfarelar o grão de bico que estava na eira para iludir a fome. Tenho muitos episódios desse tempo que registo em livro para um dia talvez apresentar num dos nossos encontros de Fátima. Será não Uma Manhã Submersa mas uma Manhã Triunfal. Possuo uma meia dúzia de fotos, de má qualidade, até por serem antigas. E aqui há perto de dez anos quando visitei a minha irmã, (entretanto já na eterna presença do Senhor),em Clairmont e soube que ali perto exercia o ministério diaconal um português que tinha sido dominicano, procurei ir à fala com ele. E, na missa dominical para a comunidade portuguesa, lá estava eu. Foi assim que conheci o Fernando Vaz que com grande amizade me recebeu no hotel termal que dirige. Cordial, afável, vi nele uma profunda cultura, um raro saber e, logo na homilia e depois nas conversas descobri um dialecta perigoso, eivado de desvios doutrinais de que não comungo. Neste campo a sua esposa, se bem me recordo de seu nome Eloise, está muito mais dentro da ortodoxia católica. Isto tudo a propósito para dizer que na altura dei ao Fernando um conjunto de apontamentos que podem avivar a memória desses anos longínquos em Aldeia Nova. Os meus sobrinhos, em França, devem ter recebido da mãe fotos e algumas cartas minhas que poderão ter interesse. Porém quando há dois anos solicitei aos filhos da minha irmã a devolução desse material apenas recebi como resposta: - Vá pentear macacos. Enfim, estou aqui para sofrer e pregar.
Com estas palavras pretendo responder a algumas solicitações de comentaristas do blog e dizer-lhes que estou ao dispor para reavivar memórias embora a minha de si já vá falhando muito. Felizmente que apareceu gente nova no Blog que nos traz, com os seus comentários, para a Aldeia da saudade. Só isso nos ajuda a criar laços. Começava a estar farto de textos sobre questões politico-sociais, literárias e quejandas que ainda ameaçaram contaminar o blog. Oh meus amigos, o que é que isso interessa, para nos abrir as portas do céu? ( Lamento que a direcção do blog não tenha publicado um texto meu sobre a conversão da Rússia).

António da Purificação

sexta-feira, 29 de maio de 2009

BENTO EM CONSTÂNCIA



É quase uma hora da madrugada do dia 29 de Maio . Venho de um debate com o Frei Bento no Cine teatro de Constância. Aqui perante uma plateia interessada o nosso Bento Domingues falou de vários assuntos donde sobressaem temas como o da estrutura da igreja católica em que ainda continua a ser considerada como igreja apenas a hierarquia. Quando, afinal igreja deve ser todo o povo cristão. Sacerdote é todo o cristão. E a mulher se pode ser cristã, também pode ser chamada a exercer qualquer ministério.
Frei Bento, teólogo de uma lucidez para o nosso tempo mais uma vez, segundo nos habituou, abre caminhos inovadores e só eles propiciadores da alegria cristã.

E. Bento

quarta-feira, 27 de maio de 2009

Do arquivo do Toninho

Noviciado 1951

Da direita para esquerda da fotografia
1ª fila : Videira e Andrade
2ª fila : Gil, p. Sylvain, Luis Cerdeira e João Domingos
3ª fila : Miguel e Bernardo


Um abraço. António Silva

domingo, 24 de maio de 2009

TEORIA DA CONSPIRAÇÃO

Caros bloguistas:
Esta é dedicada ao Antero Monteiro ao Isidro Dias e tambem ao 2ºano especialmente 2ºB do grupo 64/69.

O primeiro prémio de poesia atribuido ao João de Melo nos jogos florais em Aldeia Nova, não é assim tão facilmente explicavel como parece no artigo de 24 de Janeiro de 2009 no blog. É dada como principal razão o talento poético do autor. Teve sem dúvida grande influência, mas, calma aí! Há antecedentes que provam que essa historia foi manipulada. A coisa começa a complicar-se depois de uma célebre final no nosso campo de futebol em Aldeia Nova. As quatro equipas intervenientes foram as seguintes: 5ºano, 4ºano, 3ºano e 2ºB. O2ºB só participou porque o 3º não conseguiu duas equipas, portanto foi mais ou menos tolerada no quandragular. Eis senão quando, cai a Lua do céu! Então não é que os atrevidos do 2ºB começaram por trucidar o 3ºano, ajustaram contas com os do 4ºano e seguiram para a final contra o 5ºano! Até aqui tudo bem apesar da guerra como 3º e o 4º. O bom e o bonito foi quando se deu a final. O 5ºano entra de rompante e aos 15 minutos está a ganhar 2 a 0, ao pobre 2ºB. Bom, assim se vai para a segunda parte. Os do 2º equilibram-se e o Victor Frazão faz o 1-2, agora é que a coisa começa a aquecer. Pouco depois o Jorge Carvalho faz o 2-2, o 5º encolheu-se e o 2ºB começa a fazer um chuveirinho à inglesa e não é que a 1 minuto do fim o Manuel Carvalho faz o 3-2 com um golão de cabeça! A casa ficou em polvorosa, grande bronca os garotos deram cabo dos grandes. Cuidado, a paródia não fica por aqui! Os mais velhos em geral levaram a coisa a peito e a vingança ia ser servida. Na semana seguinte a insígne Academia decide fazer os Jogos Florais; grande oportunidade para os craques derrotados darem uma tareia nos putos. Qual tareia qual quê? Prova de desenho: o Armindo Ferreira da Silva como bom Barcelense deixou todos de cara à banda e ganhou o 1º lugar. Mas estava guardada mais uma final entre mais velhose mais novos. Em principio esta estava garantida para o João de Melo. O que é que acontece? Um rapazito do Sardoal, grande descontraido, aparece com uma poesia que era uma jóia. Mau, mau. Isto vai dar barraca da grande! O juri ao ser surpreendido por este problema optou e bem por dar o 1º premio aos dois poetas. Os " mais velhos " indignados! os"mais novos" numa contestaçao do arco da velha. O Isidro Dias, O Antero Monteiro, o Pedro Tudela, o Manuel Guerra, o Tóbi , o Dinis, o Luis Guedes e todo o restante 2º ano, assim como o apoio incondicional de todo o 1º ano que incluia entre outros: o Ricardo Vicente, o Porfirio, o Manuel Vieira, o Paciencia, o Armindo, o Sebastiao Martins e eu próprio fizeram tal burburinho que quase ia rebentando a guerra civil de entremuros. Tudo isto deu origem a que os padres dessem o encarrego de clarificar as coisas ao padre Rogério «Paffpa», este reverendo, excelente pessoa, resolveu tudo numa rápida intervenção. Chamou os bandidos que chefiavam os arruaceiros do 2º e do 1ºAno, passou-lhes uma seca monumental e mandou-os calar a corneta. O 1º prémio foi entregue ao João de Melo sem mais delongas e nós os garotos ficamos a chuchar no dedo. Mais de 40 anos depois o prémio devia ser rachado a meio e dar a metade do Francisco Antonio ao respectivo dono. Depois disto nunca mais houve 1º prémio de poesia. Não por demérito dos participantes mas por receio dos filhos baterem nos pais. Atenção que esta batata ainda tem de acabar de ser descascada com o Ferraz Faria, o Celestino, o Alvaro, o João de Melo, o Lopes, O Ze Maria, o Branco Mendes, o Elias Matias, o Abilio e o Carlos Pinto, entre outros, porque gostariamos de saber como é que se convence um padre a fazer batota.
Um abraço do Eduardo Carmo
edcarmo@sapo.pt

sábado, 23 de maio de 2009

MANDAMENTOS


Eu, que sou um leitor assíduo de todos os conteúdos que se publicam em "criarlaços", muito embora não tenha ainda contribuído com a minha participação, o que certamente farei numa qualquer ocasião trazendo a lume o que era, no meu tempo, a Aldeia Nova de 1946 que tinha aberto as suas portas em 1943, um período a seguir à 2.ª Guerra Mundial, na qual Portugal não entrara mas que lhe trouxera algumas consequências nefastas a nível do bem-estar da população que sentiu reflexos nocivos, inclusive a nível alimentar, uma vez que todos sabemos que Portugal nunca foi verdadeiramente um país auto-suficiente na maior parte dos bens de consumo, especialmente nos de primeira necessidade.
Essa análise/abordagem ficará para mais tarde.
Hoje, só o tema trazido a lume pelo Toninho relacionado com o padre Paul Denis, que também foi meu professor de Metafísica e de História da Filosofia de 1952-1954, em Fátima, me fez sair da quietude em que me tenho mantido.
Do padre Paul Denis por quem sempre tive uma desmesurada admiração pelas suas qualidades intelectuais fora do comum e humanas, possuidor de uma visão antecipada da evolução politica, social e económica do futuro dos povos que, hoje, passado mais de meio século, se pode dizer que ele não era, em Portugal, um homem da sua geração, era antes um visionário, que já vivia nos dias de hoje, sem se socorrer da Rádio que ainda tinha poucos anos de existência, da Televisão que só chegaria alguns anos mais tarde, do Telemóvel e da Internet que apareceram recentemente e que a maioria de nós usa para alargar os horizontes do nosso conhecimento, sem que tenha que queimar muito as pestanas á procura da originalidade das coisas.
Nunca me pareceu um rebelde, um "martelador" de ideias que pretendesse impor aos outros, nem sequer o seu pensamento filosófico, ele que, trabalhando com jovens, sabia ouvir quem era inexperiente, num mundo muitíssimo mais fechado que o mundo dos dias de hoje.
Dele, só tenho em meu poder, uma obra do filósofo Gabriel Marcel que ele utilizava no seu dia-a-dia, com o título "Du Refus a L'invocation" que me ofereceu com a seguinte dedicatória: "Em lembrança de três anos de amizade e de trabalho comum. Fátima 31.1.54 fr Paul Denis".
Quanto aos "Mandamentos" que o Toninho teve a amabilidade de transcrever, digam lá se eles não são dos dias de hoje tendo sido escritos há mais de 50 anos!
Quanto à história do regresso à sua pátria, de que eu desconhecia como continuo a desconhecer as causas, lamento!


Carlos Videira

quarta-feira, 20 de maio de 2009

"MANDAMENTOS..." II Parte


6. Nous sommes nés aussi sous le signe de la liberté, donc de la joie. C’est pourquoi dans l’Ordre on vous fait confiance si spontanément; vous êtes considerés comme des adultes. L’envers de la médaille est la possibilité d’une vie desordonnée et stérile , et notre histoire prouve que ce danger n’est pas imaginaire.
7. Efforcez-vous âprement de croître en sagesse et en science. Haec est penitentia nostra. La paresse intelectuelle vous guette à chaque instant de la journée, ou du moins la tentation d’un travail plus facile. Travaillez en profondeur, lisez beaucoup, déployez vos facultés selon toutes leurs dimensions. Il est si rare qu’un dominicain donne sa pleine mesure.
8. Ayez pitié de vos professeurs; résignez-vous à l’inévitable ennui des cours. Au delà de leur enseignement, bon ou médiocre, voyez le Seul qui mérite d’être entendu : Magister unus Christus. Réagissez en classe, réagissez en dehors des classes, questionnez, discutez, defendez-vous sans craindre les mouvements de la houle. Un auditoire silencieux est un supplice pour le professeur.
9. Ne refusez pas d’admirer des intelligences diverses et même opposées. Chacune jouera son rôle dans votre formation et leurs multiples influences forgeront votre personnalité. Voyez également sans envie ni vanité les différences intellectuelles et les divergences d’opinion qui se manifestent entre vous. Divisiones gratiarum sunt. L’uniformité dans un collège ou un studentat serait un signe de crétinisme.
10. Prévoyez dans votre vie des bouleversements et des recommencements à zero, comme si ce jour-là, petit novice, vous repreniez l’habit. Ne craignez rien: d’autres vous ont précédé dans cette voie et y ont trouvé une jeunesse nouvelle. En définitive, unum est necessarium. Il faut dès maintenant vous en convaincre par l’amour, avant de l’être par la vision dans la béatitude.



Aí vão as outras recomendações para uma análise mais global. Ao contrário do que disse na introdução à 1ª parte, o P. Denis foi mandado embora (ou dispensado conforme o Isidro) no final do ano lectivo em 1957. Aquilo que eu (à falta de melhor) designei por “mandamentos”, por estar formulado em 10 pontos, foi o verdadeiro testamento desse professor. E, pelo menos num ponto, o último, ele antecipou o futuro : o seu próprio e o de muitos estudantes da altura, que foram saindo para vários destinos de dois continentes – foi a primeira diáspora. Maior só uns anos mais tarde, sob o provincialato do p.Rolo.
Toninho

segunda-feira, 18 de maio de 2009

"MANDAMENTOS" do Estudante Dominicano


“Mandamentos” do estudante dominicano

Remexendo nos meus papéis no baú de recordações, encontrei o que se pode chamar “os dez mandamentos do estudante dominicano”. Recordo-me terem-nos sido dados por um professor de filosofia belga que ensinava Metafísica, História da Filosofia antiga e contemporânea, etc., o padre Paul Denis. Teria vindo a Portugal visitar um irmão engenheiro que trabalhava ali para os lados de Torres Vedras e tendo conhecimento das necessidades dos dominicanos em Portugal, por cá ficou durante alguns anos. Era um verdadeiro professor que enchia completamente as suas aulas. Dos 60 minutos, ela só dava praticamente meia hora. O resto era para revisão da actualidade, religiosa, política, cultural… Além das aulas, deslocava-se muitas vezes a Lisboa, onde dava conferências e fazia apostolado nos meios universitários e não só. Por volta de 58 ou 59 os superiores de Fátima dispensaram o seu serviço e regressou a Bélgica. A cegueira, ou os ciúmes nunca foram bons conselheiros. Ao reler este texto, compreendo melhor como os dominicanos , se esquecermos o período negro da Inquisição, estiveram sempre à frente, no seu tempo.
Vão em francês, no original, que toda a gente deve compreender. Hoje, vão só os cinco primeiros.
Toninho

1. Ayez foi dans l’Église. Ne vous permettez pas le jeu puéril de l’opposer aux hommes d’Église. À travers eux, donc à travers leurs mesquineries, elle réalise son oeuvre qui est celle du Christ. La présence d’une arrière-garde ne doit pas vous irriter; sans doute a-t-elle son rôle, elle aussi.
2. Aimez votre Ordre comme vous aimez l’Église. Sachez clairement ce que notre Père a voulu en le fondant; demandez-vous surtout ce qu’il ferait aujourd’hui en face du monder moderne. L’Ordre tombe en décrépitude s’il n’est pas en constant évolution. Que son avenir vous obsède et il gardera la fraîcheur de son âge d’or.
3. Soyez ouverts à votre temps; tâchez d’acquérir le “don de sympathie universelle”. Que la crainte des faux-pas ne paralyse jamais vos initiatives; vous-mêmes ne contrariez pas celles des autres. Soyez des audacieux comme le furent saint Thomas et Lacordaire, non des retardataires comme tant de leurs successeurs. Assumez une fois pour toutes les risque de cette attitude.
4. Sachez attendre. Le temps travaille pour vous, les jeunes, irrésistiblement, et il travaille vite. Une fleur s’épanouit à la chaleur du soleil mieux qu’en tyrant sur ses pétales; patientez donc pendant une matinée. Ne vieillissez jamais. Conservez cette vigueur d’âme qui fait la vrair jeunesse; jusqu’à votre dernier jour, gardez une foi intacte en votre ministère apostolique, en vos frères les hommes, en la grâce qui anime tous les enfants de Dieu.
5. Soyez unis, travaillez ensemble; notre charisme est un charisme d’équipe. Nous sommes nés au Moyen-Âge, aux temps des croisades et des corporations. Nos supérieurs doivent être des capitaines de bandes, non des présidents d’assemblées, moins encore des surveillants de collèges.

quarta-feira, 13 de maio de 2009

Fr. BERNARDO DOMINGUES o.p. -13 DE MAIO - PARABÉNS!...

Continua activo e a produzir livros de reflexão. As suas 78 primaveras não lhe tiram aquela disponibilidade e bom humor para acompanhar um amigo em momento de crise. Votos de saúde.
JM

segunda-feira, 11 de maio de 2009

UMA RAPOSA FEZ UMA RAZIA NO MEU GALINHEIRO


Levantei-me cedo como de costume. Quando o sol surgiu no horizonte já eu contava duas horas na jorna. Era a hora de regressar a casa. “Anda cá ver” atirou com ar desgostoso a mulher que me saltou ao caminho. “Que foi mulher?. O que é que aconteceu?” retorqui. “As galinhas. Ficámos sem galinhas.” “Roubaram-nas?” “Não, estão todas mortas.” “Não me digas que a gripe suína também entrou no galinheiro!” “Parece-me que foi obra de bicho.” Acerquei-me do local do crime com propósitos de detective, e analisei a situação. Seis galinhas desventradas e mortas, uma franga com pouca vida, e duas que tinham desaparecido. “Solta a franga, mulher.” Ao menos o galo não passou por isto, porque lhe tínhamos posto uma gravata vermelha pelo Carnaval. Pela forma do ataque e pelos rastos, só podia ser obra de raposa. O gineto ou o saca-rabos actuam doutra forma. Cá estão os pelos de raposa na rede, e o cheiro, aquele cheiro característico deste animal, tão desagradável, inversamente proporcional à sua beleza à vista. Condiz. Ainda há dias vi da minha varanda a “matreira” seguida de uma ninhada, numa vereda do mato. É natural que o animal tendo dificuldade em conseguir alimento para as suas crias tivesse que recorrer a acções mais arriscadas, mesmo em território de humanos e de cães, para a sobrevivência dos filhos e de si própria.

A Bolsa já abriu e eu tenho de verificar como se estão a portar os índices. Efectuei de véspera uma entrada curta, porque me palpita que o “bull market” já começou. Penso que finalmente os “touros” vão entrar em acção, e afastar os “ursos” que têm dominado a situação desde finais de 2007. Vamos então ver. Que desilusão! O PSI20 está em forte queda. A minha análise técnica desta vez falhou. Ainda bem que coloquei um “stop” apertado. Atenção. Um email urgente do meu vizinho! Os javalis destroçaram-lhe o batatal na noite passada. Os meus tomates estão em perigo.

Vou antes tratar do porco, que está inquieto à espera da vianda. Este ao menos está bem cevado. Que S. Luís o dê por esmola. Só espero que ninguém venha espirrar para cima dele. Tenho que ter cuidado sobretudo com aquela gente da capital, que de vez em quando surge por aqui. Acho que estão no centro da “pandemia”. Pelo menos, as televisões de Lisboa não falam doutro assunto. Sinal de que a situação por lá é preocupante. Vou impedir-lhes o acesso à pocilga, com a desculpa de que o bácoro está a dormir. Eles acreditam em tudo. São delicados e muito educados. É só, “ obrigado” para aqui, “obrigado” para acolá. São muito teóricos e muito ingénuos.

Para compensar as perdas na “Bolsa” vou fazer um pouco de “trading” no mercado monetário. Pela análise dos gráficos, vou apostar na subida do euro em relação ao dólar e também ao yene. O BCE não vai baixar mais as taxas de juro e os índices de desemprego nos EUA estão a subir. Malditos cães que não me deixam concentrar. Respondem alvoroçados ao uivo de um lobo na colina fronteira.

Decidi então escrever para o “Criar laços”. Afinal este é seguramente o investimento com melhor retorno.


Ezequiel Vintém

sexta-feira, 8 de maio de 2009

A INSUSTENTÁVEL GRANDEZA E PESO DO IMPÉRIO



Recentemente, integrado numa viagem de grupo organizada por uma associação de que já falei vagamente, em texto anterior, fiz uma viagem, por via marítima, a Casablanca e Gibraltar. Em Casablanca aproveitei para visitar El Jadida - a antiga cidade dos Portugueses conhecida por Mazagão - a cerca de 90 kms a sul (ver
http://pt.wikipedia.org/wiki/Mazag%C3%A3o_(Marrocos) ).
É impressionante a fortaleza ali erguida em tempos de recursos rudimentares comparados com os actuais. Ainda hoje as ondas tentam incessantemente vencê-la sem descanso e sem sucesso. Enquanto hoje espalhamos areia de manhã , à tarde ou à noite na Costa da Caparica, e de um dia ou mesmo de uma hora para a outra, em tempo de invernia, vai tudo embora….
Fica a noção de que os Portugueses chegavam e se instalavam para ficar e levantavam as suas fortalezas, as suas casas e igrejas com a solidez, a fé e a grandeza de espírito de quem vai ficar ali eternamente.
Assim foi feito pelos vários cantos do mundo.
No alto daquela fortaleza lembrei-me de uma conversa ( no meu inglês de sotaque obviamente português contra um inglês espanholado ) que, no ano passado, numa outra oportunidade, do lado de lá do Atlântico, em S. Francisco, tive com o porteiro do Hotel onde estava, homem dos seus quarenta anos, enquanto esperava, em minutos de inquietude, o “transfer” para o aeroporto, antecipadamente contratado, que afinal nunca mais chegaria:
- Posso fazer alguma coisa por si?
- Não, obrigado! Estou à espera de transporte para o aeroporto, que já devia ter chegado!
- De onde é? Para onde vai?
- Lisboa, Portugal!
- Ah, Portugal, Futebol, Cristiano Ronaldo! Um país pequenito (“chiquitito”) ao pé de Espanha! Conheço!
- Um país pequenito!? Respondi mostrando-me surpreendido…Um grande país!
O meu interlocutor ficou suspenso e surpreendido.
- Conhece Angola, Moçambique, Brasil, Timor, Cabo Verde, Guiné, Índia …etc.
- Claro! Foi abanando a cabeça afirmativa e sucessivamente a todos.
- Foram os portugueses que descobriram meio mundo, nomeadamente o Brasil e fixaram as fronteiras de um dos maiores países do mundo. Desse e de outros diversos grandes Países actuais.
- Sabe que os portugueses tiveram a ousadia e a coragem de dividir o mundo em duas partes, no tempo dos descobrimentos, num tratado com Espanha, em Tordesilhas?
Ah, simmm! O Brasil…! E Angola e Moçambique..
- Qual o seu nome?
- Monteiro!
Estendendo-me a mão num gesto voluntarioso, e abanando a cabeça em sentido afirmativo:
- Portugal, um grande país…!!!
- Encantado, “Mr. Montero”, Andrés! Do Equador!
- Essa era a parte de Espanha!
-Sim, claro! Por isso falo espanhol!
- Preciso afinal da sua ajuda Andrés! Temos mesmo de apanhar um táxi! O transporte contratado não aparece!
Num gesto rápido:
-Não há problema! Um momento!
Meteu a mão ao bolso, deu dois ou três passos à frente, tirou do bolso um apito cujo silvo curto e agudo se fez ouvir até ao incómodo .
-Gostei de falar consigo! E repetia, apontando para mim incisivamente:
-Portugal, grande país!

Em menos de um minuto o táxi ali estava.

Em quase todas as partes do mundo os portugueses estiveram e deixaram obra e não só…

Antero Monteiro (2009-05-07)

quarta-feira, 6 de maio de 2009

Uma reflexão sem título


Comecei a escrever este comentário sob vários desafios vossos para oferecer uma história das nossas Aldeia - Nova e Fátima entre os Dominicanos. Por falta de tempo, acabei por me cingir a uma reflexão mais profunda sobre o modo como se criam, seguram e reconstroem laços, quaisquer laços em qualquer parte. É daquelas coisas que se faz com o intuito de que seja útil e em que nada se espera em troca, porque se trata de reinventar ou reconstruir uma memória colectiva, neste caso com o meu conhecimento pessoal e vários meses de leitura do blogue.
Os fundadores da publicação e os seus associados têm construído uma história de laços com os fragmentos recordados por cada um, passando por uma certa criação colectiva em que os sentidos e sentimentos são lembrados como vividos ou percebidos em conjunto.
Ainda que não exista, ou existisse tal passado, tal como foi escrito e relembrado, a evidência de certa indexação de umas dúzias de pormenores bem captados e repetidos passa, com o tempo, a pertencer à história de todos os que a construíram.
São preenchidas as falhas com imaginação e cultura a partir de eventos prováveis e desejáveis, sequências e hiatos temporais, todos como óculos de vagas realidades e verosimilhanças, porque o que se lembra de há 40 anos, ou mais, não é só o que aconteceu; é também a maneira como é recordado e isso
deve-se mais aos anos seguintes que às suas respeitáveis e não negligenciáveis origens e primeiros passos.
Chegados a este estádio, apropriamo-nos das histórias como se pudessem ser tão verdadeiras, exactas e simples como as que assim reconstruímos, começando a usá-las para dizermos a nós próprios quem somos, onde estamos e em que lugar nos vemos, que opções formulam e que decisões tomamos sobre as inseguranças e ignorâncias que, de todo, não conseguimos contornar ou vencer e dominar.
Acontece assim, porque cada um precisa da sua história, ligada a um grupo e ao Mundo, de modo a encontrar acontecimentos marcantes na sua linha de continuidade o que, se não serve para provar que cada história pessoal é importante para aprender, sempre comprova que é indispensável para continuar a ser o que é e quem é.
Sem uma história não existimos, nem isoladamente, nem como sociedade, pouco importando se esse passado é verídico, produto da imaginação ou uma complexa reconstrução de grupos de afinidade, clãs, famílias e povos.
No dia presente, uma conversa amena ou um simples comentário escrito sobre uma história comum, por quem assim a relembre, pode ser tão simples e evidente que nem se consegue tomar consciência do modo como foi criada.
Porém, esse modo existe, com ou sem ajuda da raposa que iluminava a consciência do principezinho de Saint - Exupéry sobre os laços. Dava jeito ter uma imagem dessa raposa no frontispício do blogue. Quanto ao principezinho, sempre será um papel flutuante que circula de comentador para comentador. É de todos e não pertence a nenhum.
Isidro Dias

terça-feira, 5 de maio de 2009

ENCONTRO ANUAL - DATA

O dia 26 de Setembro coincide com a data da Peregrinação Nacional do Rosário sob responsabilidade dos dominicanos. Significa que é um dia de grande movimento no convento e em Fátima. Por sugestão minha e também do Prior do Convento, fr. José Carlos Lucas, talvez fosse bom repensar a data.
Fr. José Geraldes

Estudo Estatístico

Bom dia,

Soube através da imprensa que, conforme previsto com grande antecedência, foi realizado em Fátima, de 24 a 26 de Abril p.p. um encontro nacional de antigos alunos dos seminários diocesanos e religiosos e que uma das intervenções foi preparada pelo Centro de Estudos e Sondagens de Opinião da Universidade Católica.
http://www.fatima.pt/portal/index.php?id=15352

Tenho especial interesse no método, também um pouco referido na imprensa, porque a informação publicada em fragmentos faz parecer que não foram bem os antigos alunos, mas apenas um certo segmento, ainda que muito numeroso, o que é inteiramente legítimo num estudo, note-se, e
http://www.agencia.ecclesia.pt/noticia.asp?noticiaid=72270

o texto acabará por se referir a 50 a 100 anos históricos do quotidiano escolar, pessoal e familiar em Portugal, em que os seminários foram, para além das razões tridentinas, verdadeiros Liceus dos Pobres e Remediados que viviam longe dos estabelecimentos estatais.

A presente mensagem segue com conhecimento ao editor de um bem interessante blogue escrito por antigos alunos dos Centros Dominicanos de Aldeia-Nova e Fátima, durante 2 a 10 anos, nas décadas de 40, 50, 60 e 70 que, se assim o entender, poderá aí publicar, integralmente e desde já, este meu presente email.

Muito Obrigado
(email remetido pelo Isidro Dias)

A Essência da Coisa


Caros amigos de Aldeia-Nova /Fátima , antigos alunos Dominicanos :
É com imensa alegria que vejo estas páginas "agigantarem-se" nelas estando envolvida a matéria cinzenta que cada um aplica à "substancia" que encontra e faz da sua existência .. Como sabeis fui um dos organizadores do Encontro anual dos Antigos alunos do ano que passou (2008) ..Este blog como local de Encontro e de Criação de Laços teve no ano de 2008 um periodo de dificuldade inicial mas acho que depois do Verão de 2008 e sobretudo do dito último Encontro, o empenhamento e vigor dos amigos ganhou um grande fôlego e desde já os parabéns por todos os que têm passado por estas paragens. Aos que são escritores ou aos outros , a maioria silenciosa e que são o grosso dos leitores . Queria agradecer a participação de todos porque sem todos , o sucesso do dito Encontro não teria sido possivel e ainda lembrar o colega e amigo que me telefonou e me disse que não poderia estar com aquela :"boa gente", porque tinha que ir para Luanda ( mas cujo nome eu irremediávelmente perdi- por isso as minhas desculpa). Acho que talvez fosse pertinente apresentar alguns trechos do meu discurso sobre o tema da Justiça. Eu realmente tive oportunidade de dar a conhecer uma faceta quase desconhecida da minha pessoa , mas o que é facto é que entrei na ética desde que me conheço mas mais pelas mãos dos padres Dominicanos que faziam da análise do comportamento um dos grandes esteios para o bom seguimento dos seus pupilos. Talvez com uma filosofia da ação Tomista e lá iamos nós sendo envolvidos naquele sistema de pensamentos e cuja necessidade fulcral se situava na importãncia do Diálogo e do Encontro (vertical com Deus e horizontal com os amigos --" mas onde estiverem dois ou três Ele estará no meio " ). Tenho estado silencioso porque muito simplesmente eu sou o único do meu tempo . Pertenço a um periodo histórico como direi... Fracturante e o meu tempo caracteriza-se por muitas divisões exteriores e interiores . Exceptuando o Zé Mendes não estou com os da minha geração e por isso não sei sobre o que cada um pensa sobre o Criar-se Laços . Os que vêm de trás sim , mas não os do meu tempo ou pelo menos "os das minhas circunstancias". Eu tornei-me individualista mas sem nunca abandonar esse desejo , bem como manter a importância do Criar-se Laços no meu sistema de valorização..por um questão de sobrevivência pelo menos eu tornei-me individualista, mas nunca esqueci essa origem porque ela estava e está impregnada no meu coração . Parece que paira aqui uma qualquer hipótese de que , finalmente , com estes "Grandes" que foram crianças e aos quais desde muito cedo , foi dada uma determinada influência educacional... algo de bom possa ter vindo ao mundo por causa disso. ( Mas como estamos condenados à extinção até parece que temos medo de morrer e que não se saiba disso..) Uma instituição será sempre um forma de legalizar e de organizar o que já tem de estar implicito-e esse é o Espirito ou a Essência da Coisa. O que haverá de tão importante que tudo ... ou pelo menos tanto ,tenha de passar por ai(?) Um filósofo terá afirmado que o homem por mais rico que seja de nada será sem os amigos. a esse , de nada lhe aproveitará a sua riqueza (sem os amigos) Como vivemos em tempos dificeis e que uns dizem ser de confronto de civilizações, mas outros afirmam ser de Encontro queria afirmar aquelas palavras de um pensador francês André Malraux e que terá afirmado : "-o século XXI ou será religioso ou não Será" . palavras terriveis e por isso , já agora , aproveitava para lembrar aos amigos onde estará a origem da nossa civilização (?) Pois bem no meu entender está em duas Ceias :uma a Ceia do Sócrates ( filósofo da antiga Grécia ) e que reunia os amigos à volta da mesa para falarem acerca da amizade e do amor (bem como de outras coisas) e outra a ceia de Cristo e que reunia os seus discipulos à volta da mesa e cujo objectivo seria falar no Reino ou porque não do Amor e da amizade..Então estes gestos são fundacionais para a Cultura Ocidental a que pertencemos e não me parece que se possa fugir muito a i sto.. Que o Ocidente tenha muitas camadas históricas e culturais e tecnológicas etc,etc,etc tudo bem mas o Ocidente enquanto Ocidente nunca pode fugir a isto (?) Por isso acho lindo que adultos , que são hoje reflexo das crianças que já foram, não resistam a este impulso "iniciático" e até se entusiasmem com a possivel criação de um associação e cujo nome será o Cria-se Laços. Não me manifesto nem a favor nem contra mas se isso for operacional e prático e que possa trazer mais valias ao fim a que se propõe tudo bem , mas se não for.. tudo bem na mesma..para aqueles que andam tristes queria lembrar uma coisa : onde se encontra a alegria (?) será só uma falha da bioquimica do cérebro ou uma doença degenerescente inevitável ao género humano ou também um acrescimo na falha do Encontro..bem vistas as coisas a Alegria só existe no Lugar onde pelo menos duas consciencias se encontram .. por oposição vejam o absurdo de alguem que está sempre sózinho mas que se consegue manter sempre a rir. Mesmo o mistico não está só (está no seu Encontro com Deus) e até o comunista utópico não faz a revolução para si mas para os amigos .. ninguém foge à amizade.. pode querer ter melhores amigos ou ser mais selecto na escolha , mas de livre vontade ninguém foge à amizade ( pelo menos os acratas os misantropos e os sociopatas são considerados como doenças ou limitaçoes no estar) ... O Taborda é um dos amigos que esteve conosco e que disse que queria ir ao Encontro de 2008 , mas que não foi e quase de certeza porque não pode.. Como sabem ele teve um acidente na tropa e no ultramar e razão pela qual está inválido . Ele ter-me-á dito que o tempo de Aldeia Nova foi para ele o de maior alegria e felicidade na vida dele. Ele Taborda queria ir ao encontro de 2008 , como me disse que queria , mas provavelmente não terá podido por causa das suas limitações e também me parece que não terá Internet mais por razões economicas. Apelo àqueles que porventura o conheçam, que lhe façam um telefonema .
José Carlos Amado

segunda-feira, 4 de maio de 2009

ENCONTRO ANUAL

É JÁ UM DADO ADQUIRIDO.
26 DE SETEMBRO PRÓXIMO SERÁ O NOSSO ENCONTRO ANUAL EM FÁTIMA
O PROGRAMA PROMETE
MANTÊM-TE ATENTO.