EM REDOR DE MIM POR CAUSA DAS DÚVIDAS

Aqui venho eu, então, para dar mais informações a meu respeito. Parece que na minha identidade suscitou algumas dúvidas. Não acho isto estranho, pois que eu entrei em Fátima num momento conturbado em que o estudantado sofria uma debandada geral e éramos apenas três noviços.
Cheguei a Aldeia Nova em 1966 para aprender latim já que eu vinha de um curso de economia da Universidade de Lisboa e de latir não percebia nada. (Uma situação semelhante à do Joaquim Moreno, alguns anos antes, segundo me informaram). Saí da rua Rodrigo da Fonseca, ali bem perto da rua do Salitre em Lisboa. O meu pai era funcionário público e a minha mãe professora no liceu Pedro Nunes perto da nossa casa.
Se eu em texto anterior descrevi, dramaticamente, como havia perdido a vocação e como daí fui, cheio de vontade patriótica, defender o império que potências com interesses nefandos nos disputavam, quero agora contar-vos como despertou em mim essa vocação.
Era manhã de primavera. Estava eu sentado num banco do jardim da Estrela, descansando da preparação dos exames que aí vinham, eis que passa um bando de pombos que me pôs a pensar. O essencial da vida está no alto e não nas coisas vãs e mesquinhas deste mundo. E foi assim que procurei afastar-me das coisas perecíveis e mundanas e me entreguei ao essencial mundo da eternidade. Para não vos maçar, numa próxima ocasião, contar-vos-ei como foram os meus primeiros contactos com a Ordem..
Lamento que o Fernando Vaz não tenha levado o meu testemunho a sério e que me tenha assacado o ápodo de humorista. Eu não brinco com coisas sérias. Tu, Fernando Vaz, estarás influenciado por essa França descrente da Revolução Francesa, de Sartre, de Renan (fétido progressista) e de Voltaire, esta excrescência do pensamento humano?! Então, já agora, avança um pouco mais para leste e chegando à Alemanha aí encontrarás Lutero, esse anjo lucíferino da Separação, Nietzsche, essa flatulência da humanidade que pronunciou a morte de Deus e Marx (credo!) que proclama a religião como alienação do homem. Olha, Fernando, procura e encontrarás bem perto de ti, a sã filosofia de um Descartes que nos diz que o homem traz, inata, na sua mente, a ideia de Deus e, sobretudo, tem a humildade de desceres até Lourdes e aí bebe nesse manancial da fé, a fé que pareces ter perdido. Põe os olhos no nosso ex-confrade Nelson Veiga, beirão granítico, que ficou ligado ao seu rincão natal, tão perto duma terra escolhida dos vales do Dão, e que se manteve fiel aos valores sãos da política e da religião. Lembra-te, Fernando, que trouxeste, pendentes as carambolas do Rosário durante alguns anos. E isto tem que deixar marcas. Eu, ainda hoje, tenho a nostalgia dos sinos da Basílica. Oh piedoso rumor das grandes peregrinações ao Santuário! Ruas de Fátima, pejadas de piedosos sinais da fé, imagens, terços, pagelas, livros devotos!...Oh inefável roçagar de hábitos, batinas, opas, capas… Quem se pode esquecer de toda esta mensagem que em tempos, tão vivamente, me foi dada a conhecer e agora confirmada, finalmente, com a prometida conversão da Rússia.
Bem sei, bem sei, que o mundo continua arredio dos caminhos do bem e da verdade. Mas há sinais de que as coisas estão a mudar. Os Estados Unidos da América continuam a ser a esperança do mundo e Bush,
timoneiro da história, leva a humanidade pelo caminho certo.
Em próxima conversa, em redor de mim, continuarei a tentar criar laços.
Com um abraço.

José Oliveira ( ex Frei Imeldo)