quinta-feira, 10 de maio de 2007

RETRATO-ROBOT DO EX-FREI IMELDO, AGORA DR. JOSÉ OLIVEIRA


Anda meio mundo a dar voltas aos registos mais remotos que os respectivos cérebros armazenaram no início da idade adulta, para trazer a primeiro plano das imagens da memória, a figura de um tal frei Imeldo, José Oliveira à civil. A dificuldade tem sido geral, pelo que a interrogação persiste, até haver alguém disponível a vasculhar os arquivos do convento de Fátima. Para não continuarmos nesta angústia, resolvi elaborar um retrato-robot, que nos pode ajudar nas investigações.



- Patena querida, podes descer, que já aqui está o táxi.
- Desço já, fofinho.
O Dr.Oliveira preserva a esposa do sol e dos olhares concupiscentes dos estranhos, porque a quer alva como a neve que só viu na televisão e livre da cobiça alheia.
Acomodam-se com dificuldade no banco traseiro, para conseguir fechar a porta do automóvel. Os amortecedores gemem debaixo dos cento e quinze quilos do “fofinho” e dos oitenta e cinco da sua “doçura”.
-Para a igreja de S. Domingos, por favor.
Todos os domingos, o programa repete-se, invariavelmente sob os mesmos horários:
Despertar às oito horas, logo seguido de alvorada ruidosa de “flatulências”;
Às 9:15 descer para apanhar o táxi, por forma a chegar à igreja às 9:45 a tempo de distribuir uma moedas pelos pedintes e ir cumprimentar o senhor prior antes da missa das 10:00. As ombreiras da porta daquela igreja, ampararam o corpo enfraquecido de Camões, que ali também estendeu a mão à Caridade, assim como a outras senhoras abastadas.
O casal colabora activamente na missa. Ele é o único que sabe dar as respostas em latim ao celebrante e acompanhar o gregoriano (competências adquiridas no convento de Fátima), enquanto os restantes assistentes bichanam padre-nossos e ave marias e outros seguem o evoluir das pombas junto ao tecto. Ele sente-se feliz com novas normas litúrgicas do papa Bento XVI, mas ainda espera mais do que a encíclica “Sacramentum Caritatis”. Isto é ele a falar.
A D. Patena colabora na recolha do ofertório, (fazendo cair alguns bancos à sua passagem). Arruma a estola e a sobrepeliz, cuida das flores, e tira as teias de aranha aos santos.
Ambos têm colaborações várias no apostolado da igreja. O Dr.Oliveira, com as bases adquiridas num curso de pintura por correspondência, tem contribuído para a recuperação da igreja muito danificada após o incêndio de 1958. Avivou as chamas do inferno, recolocou os cornos e o rabo ao demo, recuperou o facho do cão de S. Bomingos, pintou com bruch os olhos da Maria Madalena, reavivou-lhe as rosáceas da face e o vermelho dos lábios, para lhe restituir o ar sedutor, além de outros restauros.
No fim da missa, o Dr. Oliveira encarrega-se de contar o fruto da colecta e registá-lo no livro de contabilidade do clero, que só tem a coluna do haver. Cabe-lhe ainda proceder, no dia seguinte, ao depósito na conta bancária do prior, cumprindo assim o mandamento da Santa Madre Igreja: contribuir para a sustentação do clero.
Ás 11:00 em ponto, o casal de pombinhos, dirige-se à pastelaria Suiça, para a quebra de jejum.
- Bom dia, Sr. Doutor. Vai ser o costume, não é?
- Sim, António. Mas hoje, excepcionalmente, traga mais dois pastelinhos de nata.
De excepção em excepção, já vão na bonita conta de oito pastelinhos de nata cada um, acompanhados de galão claro, para ela e coca-cola para ele.
De regresso a casa, começam o almoço invariavelmente às 12:30. Deixemo-los agora em silêncio, para não perderem pitada do humor fino do Manuel Luís Goucha. Continuarão mastigando durante o telejornal, e mesmo às catorze horas, quando vão fazer a sesta, ainda vão retirando resíduos esquecidos nos intervalos dos dentes.
Após a sesta, tomarão o eléctrico, exactamente ás 16:00 horas, que os levará ao jardim botânico.
Mas enquanto ressonam ruidosamente, vou contar-lhes a razão porque o Dr. Oliveira nunca adquiriu carro, apesar de ter carta de condução desde a precoce idade dos quarenta e cinco anos.
Meticuloso como sempre, o Dr. Oliveira começou paulatinamente a estudar a aquisição do automóvel familiar, com oitenta e cinco cavalos, cinco velocidades, quatro rodas a rodar e uma suplente, cinco lugares para ocupantes e uma bagageira ampla. Da imagem da Nª Srª de Fátima para o “tablier” e do cãozinho de peluche, com a cabeça a abanar para enfeitar a chapeleira, encarregar-se-ia a D. Patena.
Começou por elaborar uma lista exaustiva, de todas as marcas de carros com aquelas características. Levou uma cópia para a escola onde lecciona e ficou com outra em casa. Sempre que ouvia contar a ocorrência de um acidente perguntava invariavelmente de que marca eram os carros envolvidos. Acto contínuo, abria a gaveta da secretária e riscava na lista dos automóveis. Após assistirem variadas vezes a esta operação, os colegas, andavam intrigados. Aliás insurgiram-se várias vezes por o Dr. Oliveira se preocupar apenas com a marca e modelo dos carros acidentados e nunca com os feridos ou mortos. – Oh Oliveira, afinal tu és amigo da onça, ou melhor, da lata?
Imperturbável, o “fofinho” lá foi excluindo da lista todos os carros que sabia terem tido acidentes. E assim, passado o período de análise e reflexão, que para ele tem de ser prolongado para analisar todas as variáveis, o Dr. Oliveira chegou à conclusão que nenhum carro era fiável, pois tinha a lista riscada de fio a pavio.
(Não perca o próximo episódio, no qual acompanharemos as diversões do Dr. Oliveira, nas tardes de Domingo.)
Ezequiel Vintém – (ex-frei Pancrácio)

12 comentários:

Anónimo disse...

Oh Ezequiel Vintem,

Certamente que,pessoalmente, não te conheço a ti nem ao José Oliveira. Mas, pelos vossos escritos, já vos tirei a pinta. Tu deves ter a mania que és um (pseudo) intelectual de esquerda, antifascista convicto, crítico dos crentes. Sabes o que tu revelas? Complexo e vergonha de teres sido frade.
Não tens respeito por aqueles que não pensam pela tua cabeça. Mostras ser invejoso e frustrado. Escarneces dos que são gordos,dos penitentes de Fátima e das imagens
religiosas. Tens sorte viveres num regime que te permite exprimir livremente. Nos regimes onde pontificam as tuas ideologias já tinhas sido mandado para guardador de porcos. Talvez viesses de lá mais bem educado. O José Oliveira pode ser fofo,beato,pagão,sacristão,catequista, fascista ou qualquer outra coisa.
As intervenções dele no Blog já nos dizem bastante sobre a sua pessoa. Mas não é tão mal educado como tu. Defende as suas convicções religiosas como o faziam os teus pais que gostariam que tu fosses frade.O que tu merecias era que ele te mandase à merda e não mais respondesse às tuas provocações. Pelos vistos, até foste ou és proximo dele e da família dele. Lembra-te que todos aqueles que têm a mania que o Sol só ilumina as suas mentes, acabam sempre por cair em grandes erros e morrem frustrados. Pensa nisso e talvez um dia me agradeças estes reparos.

Saudações bloguistas

Armando disse...

Caros amigos:
Na controvérsia gerada à volta do anterior artigo do Vintém não intervim por não dispôr de Internet, já que estava na província. Fiquei incomodado quando li alguns comentários que revelavam uma agressividade pouco própria de ex-frades ou ex-seminaristas. Agora que estou a assistir desde o início, queria fazer desde já um apelo à contenção e ao bom senso. Não me arrogo de qualquer autoridade para tal. Apenas me acho no direito de defender os superiores interesses do blog, que tanto gostaria sobrevivesse pelo menos até ao próximo encontro. Por este caminho não vamos lá. O Vintém gosta de ridicularizar, através dum criticismo corrosivo. O anónimo assume as dores dos outros, e considera-se o super-herói, defensor do mundo atacado pelos esquerdistas. Deste confronto sai faísca. Vamos lá ter calma, amigos.
Saudações bloguistas
A. Alexandrino

Anónimo disse...

Meus amigos,

Louvo-me nas sensatas palavras do Alexandrino que, como sabem os que o conhecem de mais perto, tem o coração do lado direito... Com as intervenção destes anónimos «maçónicos» ainda tem um enfarte cardíaco...
E eu que passei umas horas a preparar um parecer apaziguador dos ânimos sem aparente êxito...
Aceitem o meu ponto de ordem e participem activamente no Blog mas com linguagem mais respeitadora da diferença que a cada um assiste,ideológica ou religiosa...
Também gostaria que os anónimos aparecessem à luz do dia... Não tenham medo...Estamos num Portugal democrático... A nossa Constituição consagra-nos amplos direitos..... mas também amplos deveres....

A todos um fraterno abraço

Zé Celestino

Anónimo disse...

Concordo inteiramente com o Alexandrino e com o Celestino. Há intervenções de anónimos e de pseudónimos com a sua piada. Mas o Blog foi feito para criar laços (Lembras-te Nelson?) e com tanto "desconhecido" como se podem criar laços? Já apareceram vários anónimos. Há o Vintém... O Imeldo não sei se será anónimo porque eu rebusco no passado e encontro uma figura patusca, tal qual ele e que era real. Passo a contar abreviadamente a história:
Depois de concluir a especialidade militar em Vendas Novas, por sinal com dois bons companheiros que nos apoiámos mutuamente, o Zé Vieira e o Vitorino, eu fui uns dias descansar para o convento de Fátima. Já tinham debandado quase todos e encontrava-se lá um indivíduo que segundo se dizia frequentara a Universidade de Lisboa . Ele estava à espera de tomar hábito era muito beato e esquesito. Passava o tempo em oração na capela mesmo fora das horas canónicas, apoquentava-me o juízo com a conversão da Rússia e coisas semelhantes. O Jacinto que ainda lá estava dizia que ele era uma "aberração espiritual". Não sei o nome dele mas penso que entrou na ordem. Seja tudo para a salvação da nossa alma. Alma rima com calma. O Vintém deve saber qualquer coisa,pelo menos esse indivíduo era gordo, como ele retrata no Blog, lembro-me.
Saudações blogistas do
Eduardo Bento

Anónimo disse...

Oh Anónimo
Enganas-te redondamente. Eu tenho grande orgulho, e afirmo-o publicamente, em ter sido frade e ainda por cima dominicano. Honra-me ter tido grandes mestres que nos ensinaram sobretudo a ter espírito crítico e capacidade de análise sobre tudo o que nos rodeia. Além disso incutiram-nos a abertura de espírito e a tolerância. Só assim consigo ultrapassar os insultos que me diriges e a atitude de te esconderes para dar ferroadas, qual cascavel. Se algum dia por descuido, morderes a língua, morrerás envenenado. Não de desejo esse fim. No entanto, parece ser esse o fim que desejas para o blog. O uso constante de palavras impróprias e insultos, parece revelar a intenção maquiavélica de afastar os nossos ex-confrades, que pela educação esmerada que tiveram, não convivem bem com ambientes consporcados e conflituosos. Espero que te retrates. Ou então mete-te no teu buraco ou vai espalhar veneno para outro lado.
Cordiais saudações para todos, menos para um
Ezequiel Vintém (ex-frei Pancrácio)

Anónimo disse...

Felizmente que há vozes razoáveis que se levantam, aquí nestes comentários. Obrigado Alexandrino por teres trazido um pouco de ponderação lá do Algarve. Coração á direita, é veredade, mas o raciocínio bem no centro e sempre equilibrado. Sei que quando é necessário, consegues fazer das tripas coração, mesmo se este está á direita. Espero que o Celestino vai continuar a gratificar-nos com um quadro legal que é indispensável em toda a organisação, mesmo blogal. Quanto ao Eduardo Bento, grande humanista, lúcido e objectivo, trouxe-nos algumas luzes sobre o Imeldo. Parecem-me mais fundamentadas que as do Vintém!
Anónimos já nem sei quantos são e é verdade que alguns são pouco delicados. Desculpai que vos diga, mas o Vintém e o Imeldo já nem os considero como anónimos, mas não ao ponto de os condenar ao silêncio. Já me familiarizei com estes dois personagens. leio com imenso prazer tudo o que eles escrevem, e peço perdão mas começo a apreciá-los, ( na forma não no fundo) precisamente porque pouco ou nada temos em comum. Detesto as ideologias esquerdístas e utópicas do Vintém e ainda mais o integrismo do Imeldo. No entanto, o texto do Vintém sobre o Imeldo ( Patena e Fofinho) com todos aqueles detalhes mesmo as flatulências, é de morrer de rir!...E o do Imeldo sobre o Padre Oliveira? Etc. Etc. É por isso que intercedo junto do Celestino que continue a defender (benévolamente) estes dois irmãos, um pouco estraviados, mas que têm além de muitas outras qualidades, o sentido do humor!
Felizmente que há vozes razoáveis que se levantam, aquí nestes comentários. Obrigado Alexandrino por teres trazido um pouco de ponderação lá do Algarve. Coração á direita, é veredade, mas o raciocínio bem no centro e sempre equilibrado. Sei que quando é necessário, consegues fazer das tripas coração, mesmo se este está á direita. Espero que o Celestino vai continuar a gratificar-nos com um quadro legal que é indispensável em toda a organisação, mesmo blogal. Quanto ao Eduardo Bento, grande humanista, lúcido e objectivo, trouxe-nos algumas luzes sobre o Imeldo. Parecem-me mais fundamentadas que as do Vintém!
Anónimos já nem sei quantos são e é verdade que alguns são pouco delicados. Desculpai que vos diga, mas o Vintém e o Imeldo já nem os considero como anónimos, mas não ao ponto de os condenar ao silêncio. Já me familiarizei com estes dois personagens. leio com imenso prazer tudo o que eles escrevem, e peço perdão mas começo a apreciá-los, ( na forma não no fundo) precisamente porque pouco ou nada temos em comum. Detesto as ideologias esquerdístas e utópicas do Vintém e ainda mais o integrismo do Imeldo. No entanto, o texto do Vintém sobre o Imeldo ( Patena e Fofinho) com todos aqueles detalhes mesmo as flatulências, é de morrer de rir!...E o do Imeldo sobre o Padre Oliveira? Etc. Etc. É por isso que intercedo junto do Celestino que continue a defender (benévolamente) estes dois irmãos, um pouco estraviados, mas que têm além de muitas outras qualidades, o sentido do humor!

Anónimo disse...

Fernando obrigado
Estou comovido com as tuas palavras amáveis. Cairam na hora certa, porque o desânimo e a desilusão estavam mesmo neste momento a apoderar-se de mim e a conduzir-me à desistência. Convivo mal com pessoas que me odieam, sem razão aparente. No artigo anterior ainda havia o pretexto de ter ferido algumas sensibilidades. Mas desta vez, não esperava de todo, ser de novo enxovalhado.
"Poeta de combate, disparate,
palavrão de machão no escaparate,
porém morrendo aos poucos de ternura." Ary dos Santos
É assim mesmo que eu sou. Claro, lá vão dizer que o Ary é esquerdista, etc, etc.
Vou descançar das emoções. Amanhã veremos.
Ezequiel Vintém (ex-frei Pancrácio)

Anónimo disse...

Vai, vai descansar, Vintem, e não apareças com mais desconsiderações provocatórias para não levares ainda mais.Ficamos a saber que te identicas com o falecido Ary dos Santos.Esperemos que não seja em tudo. O Ary todos nós sabemos quem foi. De ti apenas sabemos que insistes em ser o vintem.

Saudações bloguistas, também para ti,vintem, apesar de me teres excluído das tuas saúdações.

Anónimo disse...

Cretino

Anónimo disse...

Anónimo
Podes insitir em insultar-me e continuar a agredir-me cobardemente que doravante a minha atitude será o despreso.
Ezequiel Vintém

Anónimo disse...

Haja contenção verbal e moderação!!! Corro o risco de me apelidarem de "queixinhas", mas olhem que eu peço a intervenção ( aliás douta) do Zé Clestino!
Nelson

Anónimo disse...

Eu chamo cretino ao primeiro anónimo, e não a ti Vintém
Anónimo.