domingo, 13 de maio de 2007

MEMÓRIAS DE MIM (VI)

Um tanto transversalmente, e julgo ter sido o Eduardo Bento, já aqui se falou na nossa Academia de Aldeia Nova. Era seu patrono Fr. João de S. Tomás que, ignorância minha, ainda hoje não sei de quem se trata e, dos elementos de consulta ao meu alcance, não encontrei referência alguma a tal personagem. Guardo as melhores recordações da Academia Fr. João de S. Tomás que, para além de outros incontestáveis méritos, tinha o de nos proporcionar uma manhã de domingo diferente. Era sempre uma sessão solene com discursos, poemas, algumas cançonetas pelo meio e outras habilidades. Hoje, assim à distância de quase cinquenta anos, recordo-a como uma “instituição democrática”, pois os seus dirigentes eram encontrados por voto secreto. No ano lectivo de 1959/60, coube-me a dita de ter sido eleito por todos os companheiros para o cargo de vice-presidente, enquanto o Fernando Vaz era eleito presidente e o António Ferreira secretário. Tive oportunidade de recordar isto quando, há cerca de 30 anos, passando por Aldeia Nova lá encontrei, à frente do que supostamente era uma sucursal da Obra do Frei Gil, o Pe. Alberto Carvalho. Ele reavivou-me a memória e mostrou-me um livro de actas, onde constava o que atrás vos relato e que eu jamais esquecera.
Sopravam ao tempo, lá por Aldeia Nova, ventos que poderiam se não augurar alguma mudança, pelo menos abrir portas a novos objectivos e desafios. Nunca, até então, havia surgido a ideia de ali poder nascer um agrupamento de escuteiros. Mas a vinda para Aldeia Nova do Pe. Miguel, que nunca mais vi, abria portas a essa possibilidade e ele começou a falar-nos de Escutismo. De resto, o pai dele era pessoa preponderante no seio do Corpo Nacional de Escutas. Coube-me em sorte ter que elaborar um discurso para uma das sessões da Academia e o tema que escolhi foi o Escutismo. Debrucei-me sobre a vida e obra de Baden Powel, mais algumas dicas que consegui e lá parti para a minha exposição oratória.
Recordo e recordarei sempre que, sendo tal o entusiasmo com que dissertava dizendo -“rapazes, orgulhai-vos, se alguma vez ouvirdes dizer que esta obra é para rapazes… … … “, dei um murro na tribuna em que discursava.
Já não sei se a assembleia emudeceu, mas sei que, passados dias o bom amigo, com quem ainda há dias contactei via NET, Pe. João Domingos Fernandes, diz-me: “O seu murro ouviu-se na reunião!”
O discurso, manuscrito numas folhas de papel quadriculado que por lá se usavam, ainda o guardo comigo. Não cheguei a saber se foi implementado o Escutismo em Aldeia Nova mas, desse meu minúsculo contributo, eu vou guardando memória.
Saudações amigas
Nelson Veiga

3 comentários:

Anónimo disse...

Mais uma vez, amigo Nelsn, fiezste vir à tona recordações que já estavam recobertas por tantas outras. Rememoro a importância que revestíu a vinda do pai do Padre Miguel, personagem importante do escutismo português da época. Lembro-me da costituição dos grupos etc.Recordo-me do teu caracter bem temp’rado e do teu dinamismo, mas não do murro! Murros também eu dava, mas nem sempre nas mesas...Também levei alguns. Tudo fez parte da aprendizagem da vida. Quanto ao escutismo não sei se vingou, pois nós deixamos Aldeia Nova pouco tempo depois. Um abraço Fernando.

Anónimo disse...

A Academia de Aldeia-Nova estava em pleno funcionamento em 1964/69.

Organizou algumas boas peças de teatro (Quem nãó se lembra da "Morte e Vida Severina" e da "Fábrica de Malucos"?, vários concursos literários (um dos seus expoentes foi escritor profissional durante mais de 20 anos), muitas sessões humorísticas, com enormes talentos que, vá lá saber-se porquê, não regressaram em certo Outubro, quando estávamos à espera deles.

E há mais. Muito mais. E Melhor. Mas não é para partilhar só com os que julgam que são capazes de "puxar o país para a frente" só porque se encantam com as suas próprias palavras.

Houvesse aqui condições e nós leríamos, por exemplo, mais vezes o Ferraz.

Anónimo disse...

As condições fazemo-las todos nós. Basta querermos! Que avance o Ferraz
Nelson