terça-feira, 1 de maio de 2007

"ONDE É QUE TU ESTAVAS NO DIA 25 DE ABRIL DE 1974?"


Meus amigos:
Li, com particular atenção, as vossas vivências do 25 de Abril/74. Considero muito importante que se fale deste assunto. Os nossos vindouros precisam de saber que tipo de regime político havia em Portugal antes do 25 de Abril/74... Quem era protegido e quem era perseguido pelo regime... Falar deste tema daria para escrever longas páginas...Mas não quero entrar em análises profundas deste tema no nosso Blog. Ficará para conversas em grupo. O simples facto de podermos expressar-nos livremente sobre o mesmo já é, francamente, muito bom...O dia 25 de Abril vivi-o activamente em Lisboa, na zona do Aeroporto. Logo pela manhã, fui acordado por um colega da TAP que, em serviço durante a noite de 24 para 25, se deu conta do grande movimento de carros militarizados e de tanques na A1, em direcção a Lisboa... A minha mulher, professora do ensino secundário no Barreiro, ficou em casa, seguindo as indicações do MFA. Eu, cerca das 08.00 h, decidi ir até ao Aeroporto... E consegui entrar nas instalações da TAP... Falar do que vi e vivi dava para escrever um livro de longas páginas... Os trabalhadores tinham-se organizado em piquetes de vigilância... De imediato, eu fui integrado num desses piquetes... Durante vários dias e noites vigiei as entradas e saídas no Aeroporto de Lisboa... Havia temor de sabotagem dos aviões ou das instalações aeroportuárias...Dormi algumas noites no Aeroporto... Era um misto de alegria e de receio... Os trabalhadores conviviam com os militares. A TAP sempre foi e continua a ser uma das empresas portuguesas com maior concentração de trabalhadores e de elevada cultura política e partidária, particularmente nas áreas oficinais. Antes do 25 de Abril chegou a ter brutais intervenções da polícia de choque, perseguindo e espancando grupos de trabalhadores concentrados frente ao edifício da Administração, reivindicando melhorias sociais. O derrube do «Estado Novo» foi, pois, para a generalidade dos trabalhadores da TAP um acontecimento de particular júbilo... Sendo certo que o 25 de Abril tem a sua génese no descontentamento dos militares atirados para os combates das colónias, a verdadade é que proporcinou aos portugueses construir um Estado de Direito Democrático, soberano, baseado na dignidade da pessoa humana, na vontade popular e na construção de uma sociedade livre, justa e solidária (Artº 1º.da Lei Fundamental). Prosseguir e alcançar tais objectivos é um trabalho longo e árduo mas gratificante, no qual, todos nós estamos empenhados, ainda que situados em campos partidários diferentes. Só assim se pode dizer que valeu a pena fazer o 25 de Abril de 1974... ( D+D+D...) E ainda há muito a fazer...
Aquele abraço
Zé Celestino

1 comentário:

Anónimo disse...

Desculpa Zé Celestino, mas entendi que o lugar do teu depoimento sobre o 25 de Abril, era aqui, junto dos demais. Julgo que a qualidade de "editor" que vós todos me outorgastes, me concede liberdade para editar. Afinal, até estamos a falar de LIBERDADE!