segunda-feira, 28 de maio de 2007

Religião de Maio e Milagres de Fátima


No dia 5, o Grande Oriente Lusitano – Maçonaria Portuguesa, através da sua associação profana "Grémio Lusitano”, realizou o 1º Encontro Internacional de Lisboa, subordinado ao tema: Religiões, Violência e Razão. Nesse Encontro, intervieram cristãos (católicos e protestantes), muçulmanos (sunitas e xiitas), judeus e Bahá’ís, para além de ateus e agnósticos, num clima de tolerância e promoção da paz e do progresso.
No mesmo dia, o Movimento Internacional “Nós Somos Igreja - Portugal” efectuou, no Convento dos Dominicanos, no Alto dos Moinhos, um Seminário dedicado ao “Povo de Deus num mundo em mudança”, com a participação, entre outras personalidades, do polémico Bispo Jacques Gaillot. No dia 8, começaram as “Conferências de Maio”, promovidas pelo Centro de Reflexão Cristã, no auditório do Centro de Estudos da Ordem do Carmo, subordinadas ao desdobramento da pergunta: “O que nos faz correr?”. Neste mesmo mês, continuaram, na Sé de Lisboa, as Conferências sobre a Verdade o Bem e o Belo, para celebrar o aniversário da publicação da “Populorum Progressio” de Paulo VI. A Comissão Nacional Justiça e Paz promoveu, no Colégio de S. João de Brito, a 25 e 26, a importante Conferência Nacional “Por um desenvolvimento global e solidário – um compromisso de cidadania”.
2. Se as peregrinações do espírito têm de ter os pés no chão, as religiões de pés no chão não podem dispensar os movimentos da razão.
Encontrei, em Kingston, os portugueses que têm Nossa Senhora de Fátima como padroeira da sua paróquia. Além da reflexão teológica, fizeram-na sair à rua ao som da Banda, da reza do terço e dos cânticos da Cova da Iria. Talvez não seja por acaso que as aparições de Marmora (Ontário – Canadá) tenham uma grande componente deste imaginário, a começar pelo grito espontâneo da Lúcia, a 13 de Outubro de 1917, “olhem para o sol”, que dançou vertiginosamente num céu coberto de nuvens.
Para a sondagem encomendada pelo Sol (cf. Tabu: 05/05/2007), Fátima é um milagre para 69 por cento dos portugueses; 53 por cento vão a Fátima uma vez por ano; 48 por cento já fizeram promessas à Virgem; 15 por cento já foram a Fátima a pé e o Santuário, em 2006, acolheu mais de 5 milhões de visitantes e crentes. Maio deste ano rondou o meio milhão de peregrinos. Fátima, embora seja muito portuguesa, pretende ser também muito ecuménica, a ponto de se considerar “altar do mundo”.
Tem recursos simbólicos muito fecundos. Não precisou de fechar o limbo e a sua oração não quer ninguém no inferno nem no purgatório. Proclama o triunfo do Coração, o verdadeiro céu católico. Mas Fátima foi configurada no tempo infernal de duas guerras mundiais e o século XXI continua cheio de lugares de puro horror.
A Cova da Iria atrai corpos reais, feridos pelo sofrimento, em processo de libertação de prisões interiores e exteriores. É um verdadeiro cais de chegada e partida dos aflitos ou agradecidos. A “procissão das velas” é luz para as noites da vida e a nostálgica “procissão do adeus” nunca foi uma despedida.
A simbólica de Fátima tem sido sempre atraiçoada pela infindável reprodução comercial de sinais do mau gosto. A evocação do sagrado e a beleza da fé foram sistematicamente traídas pela extrema banalidade e fealdade de quase tudo. A ausência da reflexão crítica impediu muitos cristãos de se poderem reconhecer nas devoções, nas pregações e propostas de Fátima.
3. A celebração dos 90 anos das Aparições vem, felizmente, confirmar algumas novas orientações na pastoral do Santuário.
Em Outubro, será inaugurada a Basílica da Santíssima Trindade, obra de um arquitecto grego que congregou artistas de vários países. As marcas de Siza Vieira e de Pedro Calapez também estarão ligadas a essa obra monumental. Dir-se-á que estes sinais não bastam para reconciliar as expressões da religiosidade de Fátima com a linguagem da beleza. Existem, todavia, indicações de que algo está a mudar.
A evocação trinitária é oração de Anjo em boca de crianças. Um Congresso Internacional sobre a “Santíssima Trindade”, de 9 a 12 de Maio, tentou provocar a reflexão teológica adulta acerca do mais sugestivo dos mistérios. A música sacra estará presente, nas comemorações, através de uma Oratória do P. António Cartageno sobre as memórias de Lúcia. O conselho científico, responsável pela publicação da Documentação Crítica de Fátima, é também o responsável pela Enciclopédia de Fátima, editada e integrada na celebração dos 90 anos. Será uma referência obrigatória para a inteligência de um fenómeno complexo ainda mal estudado.
Quando for possível alimentar, na Cova da Iria, tensões fecundas entre meditação, oração, arquitectura, música, pintura, história, teologia de qualidade e responsabilidade social, Fátima poderá ser o milagre dos milagres no catolicismo português.
Com a devida vénia ao Jornal Público.

15 comentários:

Anónimo disse...

Surpreendeu-me e intrigou-me que um artigo sobre Fátima, fosse assinado pelo frei Bento. Mesmo antes de o ler, apreciei a grande liberdade de espirito deste nosso antigo professor e sempre mestre, que nada se proibe! Gostei desta reflexão desapaixonada, objectiva. A realidade é examinada de uma certa altura para melhor a englobar. A proposição de examinar este fenómeno “Fátima” sob diferentes prismas parece-me interessante. O terreno é basto para os historiadores. Fez-me bem esta reflexão e espero que o Vintém e o Oliveira a meditem com serenidade. Fernando.

Armando disse...

Neste texto do nosso mestre frei Bento encontramos vasta matéria de reflexão que nos levaria a uma explanação que não caberia neste campo de comentário.
Desde logo, a referência à Maçonaria que por influência das leituras orientadas em Aldeia Nova, povoava o nosso imaginário como uma organização secreta e tenebrosa que se dedicava a ritos satânicos e ao rapto de crianças. Agora sabemos e o frei Bento confirma-o, que se trata de uma organização respeitada, que visa a consciência cívica e o respeito pelos direitos humanos, organizando Encontros com várias religiões representadas, “num clima de tolerância, e promoção da paz e do progresso”.

Segundo, chamando a atenção para o facto das religiões não poderem ficar impunes às reflexões que vão emergindo em variadas latitudes e deverem acolher os “movimentos da razão”, que longe dos dogmatismos e da rigidez, tendem a abrir horizontes. Dizia Alexandre O’Neil .”Quem? O infinito? / Diz-lhe que entre. / Faz bem ao infinito / Estar entre gente”.

Outro aspecto focado pelo frei Bento é o fenómeno Fátima “onde a extrema banalidade e fealdade de quase tudo”, distorce a fecundidade de elementos simbólicos e a religiosidade, que embora muito à portuguesa, confirma a vitalidade da religião católica.
A. Alexandrino

Anónimo disse...

Se o Frei Bento já lança um olhar positivo sobre Fátima significa que alguma coisa está a mudar para melhor.Fico contente pois acredito que Fátima é o novo Evangelho epresso na fé dos simples e que irradia imparavelmente das brenhas da serra de Aire por todo o orbe. Mas olhar maçonaria, protestantes, católicos pela mesma luneta ainda revela uma visão distorcida. Insisto: Fora da Igreja não há salvação. O ecumenismo é a capitulação dos crentes perante a bagunçada.
osé Oliveira (Imeldo)

Anónimo disse...

Oh Imeldo, mas tu pensas mesmo assim ou estás a brincar?
Eduardo Bento

Anónimo disse...

Fico espantado como ninguém reparou ainda, na coincidência de pontos de vista entre o frei Bento e as minhas reflexões no texto "Maio em Fátima".
Nem o tal anónimo, membro do Exército Azul, que tanto me insultou, se pronuncia agora.Enfim, é a vida.
Ezequiel Vintém (ex-frei Pancrácio)

Anónimo disse...

Ho vintem, tu deves ser vesgo, pelo menos em ideias.Quererás tu comparar o teu texto com o do Bento? És um provocador nato. Um crocodilo que atacas e mordes os indefesos.Conheço bem o teu perfil de pseudo vanguardista. Vai trabalhar malandro.

Anónimo disse...

Afinal o Exército Azul está sempre alerta. Tem postos de vigia, financiados pelos EUA, com satélites a pairar sobre o blog "criar laços" para o asfixiar. É tão triste ser sensor sob anonimato. Nem a PIDE teve tanta ousadia e tão pouca vergonha.
Exequiel Vintém

Anónimo disse...

Ho vintem, tu és um invertebrado e um cobarde.Um vendedor da banha da cobra.Quem não te conhecer que te compre.Não deves ter feito nada de útil na vida.Cultivas o verbalismo ofensivo.Eu topo-te de ginja.Porque falhado na vida dás ares de erudito.Sai do anonimato.Deixa-te de vender no Templo.Mereces o castigo do chicote.Falas da Pide e da Cia porque tens apreço pelo KGB ou por outras secretas tenebrosas.Falas do exército azul porque gostas de algum exército negro.Fica sabendo que enquanto apareceres a morder nos outros levarás pela medida grande.Essa tua arreganha revela a tua cobardia e complexo de parasita numa sociedade para a qual pouco ou nada de útil deves contribuir.Penitencia-te e sê humilde. Entretanto, vai arejar e aproveita para dar banho ao cão.

Anónimo disse...

"Dar banho ao cão..." ...e à minhoca!...

Anónimo disse...

Gostei desta, anónimo.
Temos que meter na ordem os vintens, os imeldos e todos os que queram fazer do blog o caixote das suas frustrações de frades falhados e se apresentam a falar como anjos ou como diabos.

Anónimo disse...

A cães mordidos todos lhe mordem…Deixai lá o Vintém tranquilo. Para vos dizer a verdade eu tenho andado a contar os pontos. Se não me enganei o Vintém leva dois pontos de avanço ao Imeldo e quatro aos anónimos todos reunidos! Farto-me de rir...Um abraço para todos, Fernando.

Anónimo disse...

Meus amigos,

Concordo,no essencial,com o comentário do Fernando...
Pessoalmente, sou bastante tolerante para com o Imeldo, para com Vintem e para com todos os anónimos!...
Estes Blogues são propícios a intervenções mais ou menos polémicas... Muitos bloguistas gostam de dar largas à sua imaginação e, muitas vezes, só sob o anonimato ousam dizer o que não diriam se se apresentassem identificados... Na empresa onde trabalho recembem-se frequentemente cartas anónimas que são um chorrilho de asneiras e, quantas vezes, dolosas acusações a colegas. O destino dessas cartas é, por regra, o caixote do lixo...
No nosso caso, reitero o que já disse mais de uma vez: deve haver contenção de linguagem que seja passível de ofender a dignidade da pessoa a que nos dirigimos. Num Estado de Direito há lugar para a diferença ideológica,religiosa e política. Porém, também há o de- ver de respeito mútuo...
Como sabeis, hoje é o dia comemorativo da criança...
Recordemos, pois, as nossas criancices de Aldeia Nova...Roubar laranjas na quinta... Beber o vinho da missa...Deitar bombinhas malcheirosas nas aulas do saudoso Pe Oliveira...Mandar os mais novos caçar gambosinos e outras mais «sacanices» próprias de «fedelhos e calças rachadas»...
É terapia bastante para a boa disposição...

Um bom fim de semana para todos e
aquele abraço.

Zé Celestino

Anónimo disse...

Passei o dia a dar atenção aos meus dois netos e só tu, amigo Celestino, me fizeste pousar por momentos Na Aldeia Nova de há 50 anos!...
Um abraço
Nelson

Anónimo disse...

Este anónimo membro do Exército Azul é uma rês da pior espécie. Este energúmeno não é da malta. Um cobarde sob a capa do anonimato. O Vintém está devidamente identificado perante o editor do blog. Só assim pode enviar os textos que têm sido publicados. Além disso já se prontificou a mostrar-se perante os ex-colegas. Quanto a esse provocador cobarde está escudado no anonimato e nunca terá coragem de dar a cara, depois de toda a verborreia que para aqui tem vomitado.Os blogs estão sujeitos a estas aberrações.
Um bom fim de semana

Anónimo disse...

Olha este.Encapuçado, parece o roto a falar com o nu. Olá, como estás tu.Deve ser do grupo da minhoca.Vai pentear macacos, meu malandro e dpois conta o que te aconteceu.