sexta-feira, 10 de outubro de 2008


Caríssimos Companheiros:

Algures falava-se de ETICA, MORAL, JUSTIÇA.
Deixo-vos um comentário para reflexão. E, provavelmente, a possibilidade de vasculhar mais longe para ter uma ideia mais clara da revolta das pessoas…
Um abraço do TREZE
(Filipe Lopes)
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Ética e Crise

Ética na Privada
Há crise porque não há ética. As notícias avisam que estamos metidos numa extremamente perigosa crise financeira. As falências sucedem-se. As prestações dos empréstimos da compra de casa aumentam e as famílias não aguentam os encargos. Os salários não chegam para as despesas. A redução do poder de compra paralisa a economia e aumenta o desemprego. Dizem-nos que a crise ainda não saiu do adro, o que significa que ainda há muito escondido, muito para chegar. O que significa que estão para chegar tempos mais difíceis. É uma crise financeira que tem o seu centro nos Estados Unida da América. Os bancos e as seguradoras estão em situação de falência. A crise fez-se e cresceu durante os anos da administração de Bush. Um presidente que chegou ao poder com truques e com batota, que prometeu redução de impostos para dinamizar a iniciativa privada. Mais liberalismo económico e mais mercado. Agora, os bancos estão em falência e os governos acodem, injectando milhões de dólares, dinheiro dos impostos dos contribuintes, para acudir a um sistema arruinado por especulações e por fraudes. Um sistema financeiro grandioso, mentiroso, que exibia opulência e que enriquecia parasitas e especuladores. O sistema bancário está a ruir. Mas durante anos, os mesmos bancos que agora trazem o mundo agitado, esses mesmos publicavam relatórios declarando lucros exorbitantes, escandalosos. Durante anos, os administradores, os gestores, os executivos desses mesmos bancos faziam-se pagar com ordenados milionários, principescos, escandalosos. Ordenados que ofendiam a pobreza. E aos abundantes vencimentos juntavam prémios de produção e de bom desempenho. Esses mesmos gestores classificavam seus empregados, a quem obrigavam a trabalhar horas extraordinárias sem a correspondente remuneração. Bancos que punham à venda o que chamavam produtos e diziam ser produtos com boa rentabilidade, criativos e inovadores. Agora sabemos o real valor desses produtos. Produtos que vendiam ao balcão a clientes e sobre os clientes faziam logo cair comissões de gestão, taxas e outros custos, que garantiam logo à cabeça os lucros para o banco. Bancos que se fazem pagar de todos os serviços que prestam, de todo o documento que passam, e tudo muito bem pago, agora declaram dificuldades e entram em falência. O dinheiro que circulava por esses bancos, pelas bolsas, pelos mercados financeiros nada tinha, nada tem a ver com a economia real. Bancos que investiam nas bolsas em operações de economia de casino, estão em falência. Bancos que marcavam forte presença nos mercados financeiros, estão em falência. Bancos que sempre se puseram acima dos governos, achando-se senhores do poder, estão em falência. Agora, esses mesmos bancos estão a ser bafejados pelos governos que os acodem com o dinheiro dos impostos pagos pelos cidadãos. O remédio que está a ser dado ao sistema financeiro em falência compensa as fraudes que os gestores fizeram. O dinheiro que está a ser injectado no sistema não deve, não deveria beneficiar os especuladores, mas logo que há notícias de possíveis injecções de dinheiro, logo dizem que os mercados financeiros animaram, o que significa que a especulação voltou à praça, está de volta. Esta crise veio mostrar que de nada valem os reguladores e os supervisores. Cargos de nomeação, tudo muito bem pago e com muitos consultores e assessores ao serviço. Mostraram-se inúteis, colaborantes com a especulação. Falharam os bancos centrais e os governadores de tão elevadas instituições que não viram, ou não quiseram ver as fraudes que cresciam e a futilidade dos produtos financeiros vendidos aos balcões de tão prestigiados bancos. Não havia, não há ética na economia. O mercado, o livre mercado, o Deus mercado falhou e está a arrastar as pessoas para dificuldades desesperantes e sem culpas no regabofe do mundo financeiro. Os gestores e os investidores tão acarinhados pelos governos têm de ser responsabilizados. Isto é fruto de um mundo sem valores. Um mundo governado por políticos que sobem na politica bajulando e acotovelando, anulando todos aqueles que se orientam na vida por valores, dando prioridade à dignidade, à justiça. Os políticos que abdicaram da dignidade vivem em função da sua carreira, da sua imagem, dos seus interesses. Nos palcos da política mundial exibem-se figuras preparadas e treinados nos gabinetes de imagem por técnicos de marketing. Fúteis e sem ética. O mundo, os economistas, os políticos precisam de ética. Precisam de moralidade. Os sistemas económicos precisam de valores.

2 comentários:

Anónimo disse...

Penso não ter o prazer de conhecer o Filipe Lopes, mas aprecio tudo o que escreve no blog, sobretudo a sua última intervenção “Ética e crise”. Já no dia 2 de Outubro o Eduardo Bento nos gratificou com uma reflecção bem pertinente e justa, a meu ver, sobre a crise financeira que atravessamos. Gostei muito da conclusão : “o edifício desmorona-se e isso pode ser um sinal de esperança”. Desta vez, caro Eduardo Bento, és mais optimista do que eu, o que é raro!... Eu penso que dentro de 2 ou 3 anos, quando tivermos esquecido esta crise (parece-me que cada vez mais o Homem só tem a memória do momento presente) os principais responsáveis estarão de novo nos comandos dos bancos, dos ministérios, à cabeça de todos os organismos decisionais. Vão mesmo vangloriar-se por termos atravessado esta crise mundial, a mais importante de todos os tempos, sem uma guerra mundial. Vão esquecer-se de dizer-nos que os verdadeiramente ricos ficaram riquissimos, os remediados ficaram pobres e os pobres miseráveis...
Caro Filipe Lopes, gostei da analise que partilhas connosco. Na verdade quando uma pequena empresa é mal gerida ou se encontra numa conjuntura económica-financeira desfavorável, a sentença é sem apelo e imediatamente executada: falência não só da empresa mas também dos dirigentes, das familias, todos pagam... Os bancos, sociedades privadas, comerciais, porque não estão submetidas às mesmes regras... Não deixaremos ir nenhum banco à falência diz o Presidente françês!... Estaria de acordo se ele dissese: não deixaremos ir nenhuma sociedade à falêcia. Todos os paises estão a prometer milhares a todos os bancos as acções e obrigações já estão de novo a subir, “tout va bien madame la marquise” Não te conheço, caro Filipe Lopes, mas será com prazer que te saudarei no próximo sábado. Fernando.

Autsil disse...

Salvé, amigo desconhecido Fernando
Seria com imenso prazer a expectativa dum encontro, neste momento irrealizável, mas a esperança não vai desmuronar, e se Deus quizer outras oportunidades virão.
Sem intenções de fazer qualquer reparo devo dizer que o texto não é meu, é importante anunciá-lo por respeito aos direitos de autor.
Faltou no fim as aspas como fecho
de texto pertencente a outrém.

Existe,com efeito, muito a falta de ética nos nossos dias, vive-se de forma apressada e não se olha quem cruzamos e necessita de auxílio.
E a prepósito de auxílio deixo aqui a experiência vivida de um vizinho e eu próprio.
Um advogado na reforma, língua materna Inglêsa, que cruzo quase diàriamente, explica-me possuir um trabalhão enorme com a tradução de umas dezenas de páginas relacionados com processo de milhares de dollars entre a banca Suíça e investidores.

Só precisava de um conselho...e esse conselho foi muito magro... simplesmente recusado por falta de tempo...., mas a vida continua e os cruzamentos vão-se sucedendo com os mesmos sorrisos as mesmas saudações mas não escondo a mágua..., a ausência de um pequeno gesto generoso

Talvez tenha ocasião mais tarde de explicar as razões do meu pedido.

Um abraço. O treze.
A. Lopes