quarta-feira, 6 de maio de 2009

Uma reflexão sem título


Comecei a escrever este comentário sob vários desafios vossos para oferecer uma história das nossas Aldeia - Nova e Fátima entre os Dominicanos. Por falta de tempo, acabei por me cingir a uma reflexão mais profunda sobre o modo como se criam, seguram e reconstroem laços, quaisquer laços em qualquer parte. É daquelas coisas que se faz com o intuito de que seja útil e em que nada se espera em troca, porque se trata de reinventar ou reconstruir uma memória colectiva, neste caso com o meu conhecimento pessoal e vários meses de leitura do blogue.
Os fundadores da publicação e os seus associados têm construído uma história de laços com os fragmentos recordados por cada um, passando por uma certa criação colectiva em que os sentidos e sentimentos são lembrados como vividos ou percebidos em conjunto.
Ainda que não exista, ou existisse tal passado, tal como foi escrito e relembrado, a evidência de certa indexação de umas dúzias de pormenores bem captados e repetidos passa, com o tempo, a pertencer à história de todos os que a construíram.
São preenchidas as falhas com imaginação e cultura a partir de eventos prováveis e desejáveis, sequências e hiatos temporais, todos como óculos de vagas realidades e verosimilhanças, porque o que se lembra de há 40 anos, ou mais, não é só o que aconteceu; é também a maneira como é recordado e isso
deve-se mais aos anos seguintes que às suas respeitáveis e não negligenciáveis origens e primeiros passos.
Chegados a este estádio, apropriamo-nos das histórias como se pudessem ser tão verdadeiras, exactas e simples como as que assim reconstruímos, começando a usá-las para dizermos a nós próprios quem somos, onde estamos e em que lugar nos vemos, que opções formulam e que decisões tomamos sobre as inseguranças e ignorâncias que, de todo, não conseguimos contornar ou vencer e dominar.
Acontece assim, porque cada um precisa da sua história, ligada a um grupo e ao Mundo, de modo a encontrar acontecimentos marcantes na sua linha de continuidade o que, se não serve para provar que cada história pessoal é importante para aprender, sempre comprova que é indispensável para continuar a ser o que é e quem é.
Sem uma história não existimos, nem isoladamente, nem como sociedade, pouco importando se esse passado é verídico, produto da imaginação ou uma complexa reconstrução de grupos de afinidade, clãs, famílias e povos.
No dia presente, uma conversa amena ou um simples comentário escrito sobre uma história comum, por quem assim a relembre, pode ser tão simples e evidente que nem se consegue tomar consciência do modo como foi criada.
Porém, esse modo existe, com ou sem ajuda da raposa que iluminava a consciência do principezinho de Saint - Exupéry sobre os laços. Dava jeito ter uma imagem dessa raposa no frontispício do blogue. Quanto ao principezinho, sempre será um papel flutuante que circula de comentador para comentador. É de todos e não pertence a nenhum.
Isidro Dias

16 comentários:

Zé Celestino disse...

Tendo presente esta «reflexão mais profunda sobre o modo como se criam, seguram e reconstroem laços», ora apresentada pelo activo «bloguista» Isidro, desde já lhe lanço um repto para promover
um encontro/almoço do «Núcleo de Lisboa»..., ainda que a ementa se quede por umas meras sardinhas assadas e uns copos de sangria...

Estou certo que mobilizará muita malta...

Isidro disse...

Celestino,

Eu gostei do teu bom humor, no comentário mais acima, tal como gostei do dito/escrito nos outros.

Também tenho feito algum, quase sempre com aparente benefício para os músculos faciais, parece, ainda que, por uma vez, a coisa não tenha resultado, mas isso vai à conta do risco, seja este o que for.

Serve esta introdução para referir que nunca escrevi nada, nem pensei nada contrário aos almoços em geral e às sessões organizadas pelo E.B. e, apesar de não saber quem é o E.V., quase tenho a certeza, baseada no que escreve, que, na matéria, apenas se conduziu pelo bom humor (o tal que, por um momento, segundo parece, não seria cultivado pelo A.M., algo que eu não poderia ter em conta enquanto não me tivesse apercebido, se é que me apercebi bem; idem - aspas sobre o F.r. da A. B. mas nada de ressentimentos, nem sequer por ter ironizado com um assunto encerradíssimo).

No que se refere ao meu texto, não tem título mas, pelo que dizes, poderia chamar-se "A sardinhada" e, logo assim, dar origem a outro, que o continuasse e aprofundasse, inflectisse ou contrariasse - a conversa tem estas coisas interessantes.

No concreto da realização da dita, eu não prometo nada mas tudo o que dissesse poderia prejudicar as razões porque aqui escrevo e sou lido [agora vou continuar a ironizar comigo mesmo - prejudicaria a minha orientação estratégica, ou estratégia :)...]

Isidro disse...

P.S.

A prova humorística do que temos escrito acabou de chegar ao meu email:

«...
NEURÓNIO

É enviado um neurónio ao cérebro de um homem. Ele chega, entra e não encontra nada.

- 'Há alguém aqui?' - pergunta baixinho.

- 'HÁ ALGUÉM AQUI? OOOLÁAAA! NÃO HÁ NINGUÉM...?' - snif, snif...

O pobre neurónio encontrava-se sozinho ali. Começou a ficar muito triste e continuou a lamuriar-se:

- 'Eu aqui tão sozinho... snif... snif...para o resto da vida... snif!'

De repente, ouve um ruído de alguém que se aproximava... Era outro neurónio que, ao vê-lo, pergunta:

- 'Que fazes aqui sozinho? Porque choras?'

- 'Porque pensava, snif... que não havia ninguém e que ia ficar aqui para sempre sem companhia... snif...'

- 'Tás maluco? Somos imensos! Estamos é todos lá em baixo, onde há uma g'anda festa... Eu só subi para vir buscar gelo!...'»

A. Silva disse...

A "coisa" está num nível tão elevado que os neurónios ficam queimados para acompanhar os diálogos. Depois do brilhante texto sobre "a filosofia da coisa", veio um não menos filosófico sobre "a essência da coisa". Seguir-se-á (se algum se atrever) sobre "a teologia da coisa" e ...
Tenho pena não poder dialogar mais neste nível tão elevado.
Mas,ó Isidro, não respondeste ao repto do Celestino. Até eu iria a tal encontro, para te dar um abraço. Não prometo comer as sardinhas que são comida de gente fina nem beber a sangria que é uma forma de estragar o vinho, a água e o estômago.
O que mais me espantou foi o Isidro dizer noutro sítio que desconhecia a existência dsa procissão do Rosário. E que "nunca gostei de filas de espera, como as procissões, a não ser nas matemáticas..." Mas as procissões não são filas de espera! São filas que avançam. Do verbo "procedo,is,ere.procedi,processum". Nos romanos eram marchas (militares), nos ritos religiosos, católicos ou outros são grupos, bem ordenados que avançam, que vão para diante... como os números da matemática que procedem uns após os outros.
Um abraço. Toninho

Antero disse...

Eloquente comentário! Muito se aprende com quem sabe e não esquece. O meu "rico" latim ( aliás, com propriedade, o meu pobre latim...) fica condoído com as citações de quem não esqueceu verbos e declinações!
Um abraço.
Antero Monteiro

Isidro disse...

Quando à minha não muito fina transcrição sobre os 2 neurónios foi um apenas convite ao ao seu autor para se apresente no blogue, até porque é alguém que, comprovadamente, sabe exprimir-se e está também na origem da minha chegada aqui com a "coisa" no princípio da frase apesar de muitos a preferirem no fim.

Essa coisa de Lisboa não tinha sido uma incumbência já formulada pelo Celestino ao Domingos Carvalhais? - pelo menos é isso que li por aqui como tendo sido escrito por ele, Celestino. Quanto a mim, não prometo nada.

Reafirmo o que disse sobre as "filas de espera" ligadas à disciplina que referi, inclusive valendo-lhes, a favor, nesta a argumentação de A. Silva sobre o que pensa que lhes é contrário, mas não é, como já é sabido por alguns filhos e netos, bem como por alguns mais velhos que eu em Aldeia-Nova. Markowitz é capaz de interessar a alguns.

Isidro disse...

O 1.º & deveria ter aparecido assim (não muda o sentido, mas...):

"Quando à minha não muito fina transcrição sobre os 2 neurónios foi um apenas convite ao seu autor para que se apresente no blogue, até porque é alguém que, comprovadamente, sabe exprimir-se e está também na origem da minha chegada aqui com a "coisa" no princípio da frase apesar de muitos a preferirem no fim."

Isidro disse...

À margem dos detalhes, o que foi acima dito pelo Celestino, pelo A. Silva e pelo Antero é que o que eu escrevo só tem interesse se aparecer pessoalmente.

É bem possível que haja mais a pensar o mesmo mas não se perde tudo. Sempre se vê ou confirma que nos lembramos de maneira diferente sobre coisas idênticas, algo que, francamente, pensei que poderia ter algum interesse.

É como se a minha "reflexão sem título" (que poderia ter tido um, escolhido pelo editor do blogue, que não aceitou a oferta que lhe fiz nesse sentido) estivesse a ser entendida como uma crítica e não como um contributo ainda que, se fosse uma crítica, não teria de ser entendida como um cataclismo, pois não?

Armando disse...

A parábola do “neurónio isolado encerra muitas mensagens. Perante os diálogos que aqui decorrem, a que mais sobressai é de que o tal neurónio “ficou muito triste” a ponto de chorar pelo facto de não ter companhia e pela perspectiva de ficar ali “para sempre sem companhia.
Mas há neurónios que estranhamente insistem em ficar isolados. Esses ficariam felizes por se verem no lugar do “neurónio isolado”.
O relato não nos diz que a festa dos outros neurónios estivesse prejudicar o funcionamento normal do cérebro. Aliás os cérebros precisam também de festas, para manterem o equilíbrio.
Neste blogue como em muitas situações de convívio humano, verifico sempre uma incontida vontade das pessoas se conhecerem e estarem juntas, com sardinhas ou com bolachas Maria, com vinho ou com água, não importa. O essencial é compartilhar, conviver. Exactamente para evitar a tristeza e o choro. Bem, mas a “Cartuxa” ainda funciona e tem clientes.
A. A.

Isidro disse...

«...a "Cartuxa" ainda funciona e tem clientes...» para vários gostos, a saber:

(a) Hotel Muralhas (antes chamado Hotel da Cartuxa)

O hotel tem 2 andares e 91 quartos em Évora


(b) Mosteiro contemplativo masculino existente em Portugal

Os monges Cartuxos, em Évora, não pregam nem ensinam; só fazem o que Pio XI disse que vale mais que isso.


(c) Vinho Cartuxa

Tinto produzido pela Fundação Eugénio de Almeida
Preço: cerca de 75 euros
Tem aroma cheio, prolongado e complexo.
3ª Prémio no II Concurso de "Vinhos Engarrafados do Alentejo 2002"

Isidro disse...

Acabei por me aperceber que, mais acima, tive um pequeno excesso de exigência sobre os conhecimentos matemáticos dos leitores e dos amigos, uma vez que as "filas de espera" de Marcowitz, apesar de serem bastante acessíveis, vêm de um autor nascido há apenas 80 anos, são ensinadas em poucos cursos e não é possível chegar lá através da etimologia algo que,no entanto, é bem importante.

Para tentar compensar-vos, tanto quanto possível, dou-vos uma brevíssima história da Matemática, contada por uma competente professora acabada de aposentar aos seus netos:

1960
O merceeiro vende por 100 o que lhe custou 4/5 desse valor. Qual foi o lucro?

1970
O merceeiro vende por 100 o que lhe custou 4/5 desse valor, ou 80. Qual foi o lucro?

1980
O merceeiro vende por 100 o que lhe custou 80. Qual foi o lucro?

1990
O merceeiro vende por 100 o que lhe custou 80.
Escolha a resposta que indica o lucro:
( )€ 20,00 ( )€40,00 ( )€60,00 ( )€80,00 ( )€100,00

2000
O merceeiro vende por 100 o que lhe custou 80.
Dizer que o lucro é de € 20,00 está certo?
( )SIM ( ) NÃO

2008
O merceeiro vende por 100 o que lhe custou 80.
Se souber ler, marque um X no € 20,00.
( )€ 20,00 ( )€40,00 ( )€60,00 ( )€80,00 ( )€100,00

Isidro disse...

MarKowitz tem "K", não "c".

Antero disse...

Caro Isidro,

No teu comentário de 08-05-2009 (inserido nesta coluna) dizes:

"À margem dos detalhes, o que foi acima dito pelo Celestino, pelo A. Silva e pelo Antero é que o que eu escrevo só tem interesse se aparecer pessoalmente."

Diz o que pensas e queres dizer, não te preocupes com o que pensas que os outros pensam do que tu dizes e pensas...
Primeiro - porque podes estar profundamente errado (penso que foi o caso, no que me diz respeito).
Segundo - porque as pessoas interpretam e dizem o que querem sem que tu possas pensar ou escrever e interpretar por elas.
Terceiro (para não me alongar)- Depois de escrito ou dito fica ao critério de cada um que lê.

Adiante:
Sobre o teu texto "Uma reflexão sem título"- que considero muito interessante, o que eu penso e interpretei, (qualquer que seja ou quisesses que fosse a tua mensagem):
A "história" colectiva, e mais ainda a individual,neste blog é "romanceada" por cada um a seu gosto.
As influências são em geral optimistas, favoráveis ao indivíduo e ao colectivo ou grupo.
Torna-se fácil o grupo assumir e apropriar-se liminar mas subreticiamente de coisas agradáveis mesmo irreais.
É sempre assim, salvo desvios doentios, pois as pessoas revêem-se mais facilmente no lado optimista e de sucesso das coisas. Não se querem lembrar coisas negativas ou adversas.
O principezinho é o ego de cada um de nós.
Penso que entendi a mensagem e que foi entendível e coerente. Gostei mesmo da escrita, forma e conteúdo, enquanto "reflexão mais profunda sobre o modo como se criam, seguram e reconstroem laços, quaisquer laços em qualquer parte."

Ligar estes dados ( quase objectivos) aos "fundadores da publicação ou seus associados", já não acompanho.
E que interessa se as histórias são " verdadeiras, exactas e simples," etc...?
Quem faz ou diz, sujeita-se a ser bem ou mal entendido, criticado, contraditado. Os outros farão e dirão também. Cada um interpreta quase tudo à sua imagem e semelhança e com a bagagem e experiência de vida que é a sua.
O pior que pode acontecer, pelo menos no mundo das ideias, é não ser lido, comentado, ponderado, ou mesmo vituperado.
Cada um há-de dar os títulos que quiser se quiser.
Isidro, com o devido respeito, o que tu, eu ou qualquer outro escrevermos só tem interesse se nós nos interessarmos pelo que é escrito. Mas não imagines que outras cabeças pensam isto ou aquilo, e que "só tem interesse se aparecer pessoalmente"....
Pela minha parte penso e digo o que quero, com toda a liberdade, apenas limitada pela minha vontade e pela liberdade de todos os restantes amigos e pelo respeitoe consideração que me merecem.
Mas façam o favor de pensarem o que quiserem! Critiquem, interpretem mal ou bem, perguntem, repudiem...
E participem nesta coisa que tem graça e "substância" exactamente pelo colectivo, pela diferença, pelas perspectivas incontidas da vista multicolor de cada um de nós, cada um por si, mesmo quando falamos de todos ou por todos.

Isto dava um tratado. Mas os nossos amigos "psis" -psicólogos/psicanalistas - Jaime, Alexandrino e outros - hão de melhor entender-nos e dizerem o que quiserem, nomeadamente que somos muito complicados e estamos a ocupar espaço científico que não nos pertence. Para mim, será pior se nada disserem...
*******************
Cataclismo!? Meu caro amigo, cataclismo, haver quem diga o que quer e escrever o que quer ou o que pensa!?

Escrevamos à vontade: inatingível, enigmático, simples, confuso, directo, indirecto, linear, arredondado, sintético, maçudo - tudo tem lugar aqui desde que seja feito por NÓS e com LAÇOS. Porque este espaço é o nosso espaço, de cada um à sua maneira.
Alguém imagina alguma coisa tão clara que não possa ser controversa?
À partida não sei se haverá alguma...

Saravá!!! Liberdade de expressão! Cataclismo, nunca!

Antero Monteiro

Isidro disse...

Caro Antero,

Associados vem, pelo menos, de associar, com o sentido de ligar e reunir, por email, os fundadores do blogue com os participantes subsequentes, a começar no ano de 2007, ainda que baseando-se em ligações ou conhecimento passados, para o efeito evocados e referidos em vários artigos e comentários. Aqui estão os primeiros que eu li:

Abílio Rocha
Antero Monteiro
António da Purificação
António Ezequiel P. Lucas
António Ferreira
António Filipe Pereira Lopes
Antonio Reis
António Silva
Armando Alexandrino
Armando Neto
Eduardo Bento
Ezequiel Vintém
F.r. da Área Benta
Fernando Vaz
Jaime Coelho
Joaquim Moreno
José Carlos Amado Santos
José Celestino
José Oliveira
José Vieira
Luís Batista
Manuel Branco Mendes
Manuel Ferraz Faria
Nelson Veiga
Neves de Carvalho.

Não é por acaso que, neste blogue, na zona dos comentários se superou, com frequência, a qualidade de bons e muito bons ou excelentes artigos. É assim, porque, em segundo plano, pode haver interacções, ainda que, por vezes, aparentemente desfocadas. É tanto assim que há períodos em que, havendo poucos artigos, existe maior número de intervenções, porque há muitos comentários sobre outros comentários.

Para exemplificar escolhi 3, mais ou menos ao acaso, porque há muitos mais.
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«...
Quanto a algumas das tuas outras afirmações, diria simplesmente, com Voltaire "Não partilho as tuas opiniões, mas batalharei até à morte para que as possas exprimir".

Quanto à Fé, como ela é um dado e não corresponde a um qualquer mérito, talvez não tenha mesmo, Deus lá sabe. Espero que te reste a ti um pouco de caridade para me perdoares se te ofendi.

Espero ter no meu activo (senão a Fé) um pouco de Amor, pois como diz S. Paulo, em ICor.13,13 "...permanecem três coisas, a Fé, a Esperança e o Amor, mas a maior de todas é o Amor", Fernando
(3/Mar/2007, comentando certo fundamentalista, parece)
...»
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«...
Lá vêm eles outra vez com os lucros dos Bancos, que se vão acentuando, apesar da crise. Sabem a que é devido esse raciocínio? Deve-se a uma vivência mesquinha, de contar tostões, de vistas curtas sem pretensões a alargar horizontes. Os portadores destas mentalidades ofuscam-se com umas centenas de milhões.

Ò meus amigos. Os banqueiros ficam desiludidos quando olham para esses parcos lucros, coitados. Só quem os ouve chorar à mesa das negociações com os sindicatos. Ainda este ano, os pobres, andam a jurar desde Novembro, que não podem dar mais de 1% de aumento. Com um esforço enorme, talvez se aproximem do aumento da função pública de 2% e uns pozinhos. E com atraso, já que deveria reportar-se a 1 de Janeiro.

Por isso meus amigos vamos lá ter compaixão dos nossos banqueiros.
Ezequiel Vintém (4/Mar/2008)
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«...
Eu também sou um desses cidadãos que, por vezes, deixam de o ser ou pelo menos de ser bom cidadão. E é exactamente por isso que, pontualmente sou obrigado a ver este filme ao contrário: a partir do próprio cidadão. Não pretendo exorcizar espíritos nem levantar fantasmas da tumba, mas apetece, neste "mal estar difuso", como dizes, recordar eventuais desabafos quando, impotentes, admitimos ser este um povo ingovernável ou mais ou menos assim; outros admitiriam que só dentro da Ibéria este País faria e ficaria em sentido. Os governantes não os conheço, ouço dizer coisas deles e, quando me aparecem pela frente, mesmo em mangas de camisa, vêm sempre envernizados.

Agora, as pessoas como eu, cidadão nas horas vagas, essas conheço, sou obrigado a conhecer, ainda que nunca as tenha visto. Parece-me que, após tantos anos de "valores democráticos", aprendemos muito pouco dessas virtudes imperfeitas. Julgo até que o povo serve-se da democracia como de uma meretriz de vão de escada.

"Nega-se-lhes a saúde"? É verdade, mesmo asim, o "cidadão" conhecendo os perigos, gosta muito de cair doente, aos milhares. Não se cuida, nem quer!

"Demora-se-lhes a justiça"? Claro, mas ama um bom conflito, brando talvez, mas conflito, intolerância, abuso; aos milhares, aos milhões, até asfixiarem a própria justiça.

"Degrada-se-lhes a educação"? Sim, mas aos magotes não a querem nem desejam: é chata, normativa, é "betinha"
Ferraz (7/Mar/2008)

Antero disse...

Caro Isidro,

Às vezes cometemos o exagero de nos exprimirmos de forma erudita de mais.
Quem sabe se não estaremos a dizer quase o mesmo de formas diferentes...
Face a alguns comentários e ao texto inicial, eu não tinha entendido muito bem, se é que já entendi...

Estou como o Ambrósio: Siga a marinha! Expessão feliz, pois querendo ou não, como o nosso passado nunca poderemos dizer que isto não é um povo de marinheiros. Além do mais a nossa costa é grande, apetecível e cobiçada.

Antero Monteiro

Isidro disse...

Pois bem,

Siga a marinha :)