Como os comentários do Blog já vão longos, deixo à consideração do Nelson a publicação destas linhas.
Com efeito, quando por lá passei ainda sofríamos os efeitos da guerra, que o santo varão que ora repousa em Santa Comba Dão livrou-nos da guerra mas não conseguiu salvar-nos da fome. Lembro-me que íamos de noite esfarelar o grão de bico que estava na eira para iludir a fome. Tenho muitos episódios desse tempo que registo em livro para um dia talvez apresentar num dos nossos encontros de Fátima. Será não Uma Manhã Submersa mas uma Manhã Triunfal. Possuo uma meia dúzia de fotos, de má qualidade, até por serem antigas. E aqui há perto de dez anos quando visitei a minha irmã, (entretanto já na eterna presença do Senhor),em Clairmont e soube que ali perto exercia o ministério diaconal um português que tinha sido dominicano, procurei ir à fala com ele. E, na missa dominical para a comunidade portuguesa, lá estava eu. Foi assim que conheci o Fernando Vaz que com grande amizade me recebeu no hotel termal que dirige. Cordial, afável, vi nele uma profunda cultura, um raro saber e, logo na homilia e depois nas conversas descobri um dialecta perigoso, eivado de desvios doutrinais de que não comungo. Neste campo a sua esposa, se bem me recordo de seu nome Eloise, está muito mais dentro da ortodoxia católica. Isto tudo a propósito para dizer que na altura dei ao Fernando um conjunto de apontamentos que podem avivar a memória desses anos longínquos em Aldeia Nova. Os meus sobrinhos, em França, devem ter recebido da mãe fotos e algumas cartas minhas que poderão ter interesse. Porém quando há dois anos solicitei aos filhos da minha irmã a devolução desse material apenas recebi como resposta: - Vá pentear macacos. Enfim, estou aqui para sofrer e pregar.
Com estas palavras pretendo responder a algumas solicitações de comentaristas do blog e dizer-lhes que estou ao dispor para reavivar memórias embora a minha de si já vá falhando muito. Felizmente que apareceu gente nova no Blog que nos traz, com os seus comentários, para a Aldeia da saudade. Só isso nos ajuda a criar laços. Começava a estar farto de textos sobre questões politico-sociais, literárias e quejandas que ainda ameaçaram contaminar o blog. Oh meus amigos, o que é que isso interessa, para nos abrir as portas do céu? ( Lamento que a direcção do blog não tenha publicado um texto meu sobre a conversão da Rússia).
António da Purificação