Posta a acalmia nas hostes, tudo volta ao curso normal do rio da vida. Agora já há condições para conversarmos, serenamente, com a razão a controlar a emoção. Essa mesma que me prendeu a pena com pena do suposto passamento do Imeldo. Fiz bem em aguardar e não entrar em ebulição como assisti incrédulo aqui neste local ao desconchavo de alguns confrades. Que diabo, no mínimo dos mínimos deveria restar-lhes a esperança da ressurreição das almas. Como se provou nem sempre as grandes peças oratórias acarretam consigo a verdade. Ou antes o discurso conotativo é mais atreito às ilusões. A verdade requer um discurso simples e denotativo.
Não compreendo mesmo como alguns cérebros conseguem elucubrar ideias tão imbricadas num tempo de férias, em pleno Verão em que a canícula derrete os neurónios. Espapaçado aqui na praia da Vieira de Leiria, é com grande esforço que consigo alinhavar estas palavras sacrificadas. É a segunda vez que vejo o mar, desde a primeira em que o Director de então de Aldeia Nova, o frei Francisco Rendeiro nos levou a ver o mar no Guincho. Não gostei na altura e aterroriza-me agora. Felizmente tenho aqui à mão a foz do rio Liz, onde me banho em águas calmas e cálidas. Quase sempre são um pouco turvas, mas devem ser limpas, porque a muita espuma denuncia a presença de detergente. O rio da minha terra, o Dão, tem as águas mais transparentes, é certo, porém muito mais frias.
Caro Imeldo, folgo ver-te remoçado. Era uma pena que te fosses desta, porque ainda tens muito para dar e levar. Só que desta prova deverias sair mais humilde, penso eu. Não entendo essa arrogância. Nós debatemos ideias e cada um defende os seus princípios. Não há vencedores nem derrotados. Como dizia o comandante dos pára-quedistas que cercou o Ralis no 11 de Março de 1975, ao comandante do aquartelamento: -“ Agora a gente ataca e vocês defendem-se”.
Passem muito bem e deixem-me ir ao banho na foz do rio Liz.
Vintém