segunda-feira, 2 de março de 2009

TEMPOS LIVRES II

Garanto-vos que não é montagem, nem anda por aqui qualquer truque de Photoshop (a arte de mudar as fotografias).

As honras desta imagem vão inteirinhas para “The Beatles”, e aqui está a prova provada de que a “beatlemania” chegou até ao interior dos conventos.

Pelo naipe de instrumentos musicais utilizados conclui-se que não estarão a interpretar qualquer peça de gregoriano ou o “Requiem” de Mozart. Atrevia-me a palpitar que estarão a tocar o “Yellow Submarine” ou “Imagine”ou “All You Need Is Love”.


” O baterista, por exemplo, rivalizava com o Ringo Starr. A tocar harmónica de boca, o Pinheiro e o Filipe não ficavam a dever nada ao John Lennon. Os violas eram tão perfeccionistas como o Paul McCartney ou o George Harrison.

Porém vou interromper-vos o pensamento e declarar-vos que esta foto é de entre 1962 /64. Portanto, estais já a pensar, quem sabe se são anteriores ao aparecimento do famoso conjunto britânico. Donde se concluiria que estes rapazes são precursores dos “The Beatles”, “The Rolling Stones” e de outros grupos de musica rock, que se lhes seguiram. É uma hipótese a investigar.


Outros aspectos a focar, são a composição heterogénea com a inclusão de elementos de outras Ordens. A economia de meios, que não de talentos, também é de referir. Por exemplo, a bateria é um genuíno produto artesanal, que inclui a própria curtição das peles. Era uma peça personalizada, adequada às características do baterista.

O nome do conjunto encontrava-se inscrito no bombo grande (bumbo), mas não consigo decifrá-lo nem a minha memória de longo alcance consegue lá chegar. Ficava-lhes bem o nome “The angels”.

Apenas reconheço três artistas: o Filipe e o Pinheiro nas harmónicas e eu próprio na bateria. Do “anjo” dominicano de costas que aparenta tocar um instrumento de sopro, não tenho o mínimo indício de quem se trata assim como dos outros de batina preta. Aceitam-se reconhecidamente todas as ajudas para a identificação integral dos artistas.


Que influências musicais interferiam na criação artística destes melómanos? Num esforço recomposição dos fragmentos que permanecem nos meus neurónios, consigo afirmar com pequena margem de erro, qual a composição da discoteca do Colégio S. Tomás de Aquino, naquela altura. Posso adiantar que “The Beatles“, faziam parte do acervo discográfico. George Bécaud, Georges Brassens, Jacques Brel e mais alguns franceses, andavam por lá. Música clássica, imensa. Música sacra, também, sem descurar o canto gregoriano. “Espirituais negros”respondiam à chamada. Fados de Coimbra, obviamente, onde se encaixava José Afonso ( “Fados de Coimbra”, “Baladas de Coimbra”e “Baladas e canções”). O Filipe que na altura era o responsável pela discoteca teria muito a dizer-nos sobre este tema.


A.A.

15 comentários:

Anónimo disse...

Foto simplesmente SENSACIONAL!..., mesmo que desacompanhada de som...

Soubessem os «Garotos de Liverpool» da existência desta banda rock, integrada por jovens de cultura musical gregoriana, envergando hábitos de Ordens religiosas ( eu só identifico os dos dominicanos...) e, estou certo, todos teriam sido convidados para aparecer no Hyde Park...

Reconheço bem o Filipe e o Pinheiro,exímios tocadores de « gaita-de-beiços» já em Aldeia Nova...

Não reconheço o «artista» dominicano que espreita por detrás do Pinheiro e do Filipe... Tocará ele ferrinhos?

O Alexandrino parece-me estar muito concentrado no som da bateria... A genuina pele não terá som de pandero?

Será o Pe Armindo o que está sentado junto ao Alexandrino?
Que instrumento toca?

Os outros 4 «artistas» vestidos de hábito preto não são dos meus conhecimentos/tempos...No entanto, a avaliar pelo estilo de pegar/tocar as violas/guitarra e, principalmrente, o da pandareta, não tenho dúvidas do seu saber musical e arte de bem tocar os instrumentos que a sua Ordem lhes confiou...

Uma coisa não tenho dúvidas : a nossa geração soube bem fazer a ponte entre duas culturas: a do Estado Novo e a da Democracia...

Venham mais comentários de quem conhece os rapazes,os seus dotes musicais e as sua posturas de vida...

Aquele abraço

Zé Celestino

Anónimo disse...

Por tràs do Chico e do Filipe está o Arnaldo Jordão do Vale. Estou de acordo com o Celestino. O corte de cabelo é o do Pe Armindo. Os seminaristas vestidos de preto são os do Verbo Divino e o concerto passa-se na sala das festas do seminário deles. Foi também nesse mesmo palco que representàmos uma peça de teatro sobre Thomas Becket, Assassío na Catedral, se não estou em erro.... Já apareceram fotos neste blog. Um abraço, Fernando.

Armando disse...

Com um toque daqui, outro dali a memória vai-se reconstituindo. Concordo que seja o Arnaldo, o que espreita atrás do Filipe. Não me parece que o Pe Armindo entrasse neste conjunto, salvo melhor opinião. Era de facto o palco do anfiteatro do Verbo Divino (bem lembrado)onde (confirmo) representamos a peça de teatro Becket, de Jean Anouilh (1959), e já agora também "Felizmente há luar" do Bernardo Santareno.
A. Alexandrino

Anónimo disse...

Uma correcção:
Não foi a peça de Anouilh que representámos (Becket ou a honra de Deus). A peça representada foi de T. S. Eliot, O Assassínio na Catedral. Eu desempenhei o papel do arcebispo Tomás Becket. Desde aí, fiquei fascinado pela obra do escritor naturalizado inglês e para sempre, preso ao seu classicismo.
Eduardo Bento.

Armando disse...

Boa Eduardo. É isso mesmo. E foi eu que te prendi, e desde então aprendi a fazer o papel de mau.
A. Alexandrino

Armando disse...

Os efeitos dos 65, reflectem-se num maior número de gafes, a escrever ou mesmo na expressão oral? Espero bem que não. Como ninguém se atreveu a corrigir, vou emendar as que entretanto detectei.
Quando disse num comentário anterior, que “Felizmente há luar” era de Bernardo Santareno, deveria ter dito Luís de Sttau Monteiro.
No texto Tempos Livres II atribui a nacionalidade francesa a Jacques Brel erradamente. Todos sabemos que ele é belga.
A. A.

Anónimo disse...

Alexandrino, na representação, lembro-me, tu e o Vitorino eram dois cavaleiros. Quem eram os outros dois... não chega lá a minha memória.

«a nós pobres nada fazer nos é dado,
Só nos cabe esperar, dar testemunho»
E. Bento

Anónimo disse...

Pois, pois, era a exercitar instrumentos destes e fazendo grande algazarra que espantavam a vocação e os bons olhados das beatas...
Podiam ao menos estampar a toda a largura do palco "em louvor de Santa Cecília!"
Enfim, os Dominicanos sempre tiveram algum ouvido e apetência para a música!
Alguém se lembra de um dos Freis em Aldeia Nova ter adquirido o disco do conjunto 1111 "El-Rei D.Sebastião"? Foi posto a tocar no refeitório e constituiu, pelo menos para mim, um momento mágico de contacto com um grande êxito que ainda recordo perfeitamente com muito agrado.

P.S.: Nem só de vocação vive o Homem...
No texto penso que se quer referir o Gilbert Bécaud... (pas de George).
F.r. da Área Benta

Anónimo disse...

Ò Alexandrino: Estavas concentrado na partitura?

Armando disse...

Nelson, reparaste bem na assembleia que tinha à minha frente? E aquele instrumento não é pêra doce. Uma baguete em cada mão e um pedal no pé. Dois bombos pequenos e um grande e ainda os pratos. É muita loiça. Além disso como sabes eu ponho toda aconcentração no que faço. É a defesa dos distraídos.
A. Alexandrino

Anónimo disse...

Boa!... Só mesmo de alguém que aspirou a ser bispo.
Abraços
Nelson

Anónimo disse...

Com toda esta irreverência estou a pensar seriamente deixar de participar no blog.
António da Purificação

Anónimo disse...

E eu também, por motivos opostos.
Ezequiel Vintém

Anónimo disse...

O casamento do Papa

Sendo quase impossível reunir uma citação duplamente aceitável entre os ilustres António e Ezequiel, e não só porque as citações cairam em desuso, deixo aqui uma ligada com os túneis, as chaves, o "problema do celibato" e o "problema da mulher do padre":

"Um dos primeiros milagres de Jesus nos Evangelhos de Mateus e Lucas é a cura da sogra de Pedro. Embora os autores nunca nos contem realmente de que ela foi curada, excepto que tinha febre, os humoristas provavelmente teriam um prato cheio para imaginar o que a afligia. O importante aqui é que Pedro tinha uma sogra, o que significa que também deve ter tido mulher e filhos. Pedro era um pai de família"

in
Jurkewicz, Regina Soares, Celibato e Sacerdócio", Edições Loyola, em 1999, Brasil.
citado em
http://catolicasonline.org.br/ExibicaoNoticia.aspx?cod=129

Anónimo disse...

Veja, na Revista Visão on line que:

"...A estilista portuguesa Fátima Lopes inspirou-se na Virgem Maria para a sua colecção de pronto-a-vestir Outono-Inverno que apresentou quarta-feira em Paris mas a Associated Press ironiza que é difícil imaginar a Mãe de Jesus com as suas roupas...."

Vi o video e confirmo que a estilista a imaginou melhor que eu.

Ezequiel, António e outros,

Amanhã é um dia novo.