sexta-feira, 27 de março de 2009

IV COLÓQUIO EUROPEU SOBRE PSICOLOGIA E ÉTICA

Pinceladas sobre as comunicações apresentadas.

Dra MARIA JOSÉ MORGADO

«Em termos de combate à corrupção, o MP tem o dever e obrigação de apresentar os melhores resultados que estejam ao seu alcance com os meios que tem e com as leis que existem. Não pode nem deve fracassar», enfatizou a magistrada, considerando, contudo, que «isto é uma guerra prolongada contra uma criminalidade sem vítima, em que ninguém se queixa».
Para esta magistrada, a vítima da corrupção «somos todos nós» porque «pagamos serviços mais caros, contratos mais caros», já que «a corrupção traduz-se no aumento do preço dos serviços públicos, na diminuição das verbas» para o Estado.
Este combate não deve ser feito apenas pelas autoridades competentes. O processo deveria ser complementado com a acção de diversos agentes, nomeadamente as empresas, as autarquias… e ainda com a participação cívica do cidadão comum.
O combate à corrupção e ao crime de “colarinho branco” são actualmente dificultados pela aplicação da lei penal em vigor. Na tentativa de respeitar até ao limite os direitos e garantias dos suspeitos, caiu-se num “hiper-garantismo” que dificulta ou torna mesmo impossível a obtenção de prova correspondente aos indícios do crime. Deste modo, torna-se ainda mais complexo o seu combate, principalmente no que se refere à obtenção de provas para o efeito.
Acresce que a denúncia deste tipo de crimes geralmente é feito por pessoas que estiveram envolvidas no mesmo ilícito. Não são as pessoas honestas que sabem da existência destas manobras do sub-mundo. Ora não há suficiente protecção dos arrependidos. Assim, não é possível obter a colaboração destas pessoas. Resulta de tudo isto a convicção generalizada na população portuguesa, de que as condenações ou mesmo a obtenção de prova fica muito aquém do que é percebido pela comunidade.


Prof. BRUTO DA COSTA

Definiu pobreza como: “Situação de privação por falta de recursos.” “O pobre, é alguém que não consegue satisfazer de forma regular todas as necessidades básicas, assim consideradas numa sociedade como a nossa.”
“O pobre não se liberta da pobreza senão quando se autonomiza” dos subsídios, da dependência, da caridade.
“Os direitos humanos são indivisíveis e interdependentes.”
“Aos direitos humanos correspondem deveres do Estado.”
Reconhece direitos positivos e negativos. Os direitos à propriedade ou à liberdade só são válidos para quem possui a faculdade de ser livre ou de ser proprietário. Quem não está na posse desses “direitos”, tem o direito de os reivindicar.
O pobre é alguém que não tem condições para exercer a liberdade. A pobreza é uma situação de negação de direitos humanos.
“A pobreza é muitas vezes associada à preguiça. Sendo assim, teríamos 2.000.000 de preguiçosos, o que configuraria não já uma questão de pobreza, mas um problema de saúde pública.” É uma atitude culpabilizante. Na transição do Rendimento Mínimo Garantido para o Rendimento Social de Inserção, no debate público que houve parecia que as pessoas estavam mais interessadas em combater a fraude dos pobres do que em resolver o problema da pobreza. Isto é expressivo de uma mentalidade.”

A.A.

4 comentários:

Anónimo disse...

Alexandrino,

Vejo que não te distraíste. Obrigado pelas linhas de pensamento e por partilhares conhecimentos. Espero que continue. Muito interessante.
Os intervenientes, pelo que vejo, também tinham especial cotação.
Um abraço.
Antero Monteiro

Jaime disse...

Dado que os oradores não deixaram as suas intervenções escritas ou gravadas, vê-se que o Alexandrino não deu descanso à memória, ao lápis e ao bloco de notas. Este sempre cheio, nisso reparei eu. Terá tido tempo de fazer alguns esboços sobre as "boas mulheres" que por lá viu? Assim...tipo Stuart? Se fez que ponha no blogue. Também faz parte do relatório.
Brincadeira à parte, é de elogiar o cuidado na recolha e elaboração das notas. Talvez mais ainda a porfia em comunicar a sua experiência connosco mesmo que, sei de fonte segura, tenha tido o apreço de mais leitores que aqueles que se manifestaram.
Uma abraço, Alexandrino.
Jaime

Anónimo disse...

Partilho da opinião expressa nos comentários anteriores. O Alexandrino não esteve lá como turista. Foi bem aproveitado o convite do Jaime. Eu, no caso presente, gostaria de vincar a oportunidade e a lucidez do Prof. Bruto da Costa. Precisamos de atiradores que atinjam a nossa consciência.
E. Bento

Armando disse...

Jaime
Essa proposta de transmitir as imagens do ambiente estético (mulheres belas), seria a parte mais agradável, só que não conheço nenhuma técnica que substitua a máquina fotográfica que esqueci. Talvez um dia, o Prof. José Gil o consiga quando desenvolver a fundo a tese do “espelho de forças que comunicam entre inconscientes” e da “ética do desejo”.
A.A.