sexta-feira, 27 de março de 2009

IV COLÓQUIO EUROPEU SOBRE PSICOLOGIA E ÉTICA

Pinceladas sobre as comunicações apresentadas.

ÉTICA NA EDUCAÇÃO

O Prof. José Morgado (ISPA) começou por citar uma canção popular:
“ Só quero o que me é devido por me trazerem aqui,
Que eu nem sequer fui ouvido no acto de que nasci.”
Avançou daqui para a ilação do direito da criança a viver num ambiente saudável e feliz. Focou nesta linha de pensamento a problemática das crianças a cargo de Instituições de acolhimento e da urgência da adopção por famílias estruturadas.
Citou alguém que não retive o nome que teria afirmado: “Só as crianças adoptadas são felizes”, acrescentando, “felizmente a maioria das crianças são adoptadas pelos respectivos pais.”
O direito à educação e o direito ao sucesso fazem parte dos direitos da criança e estão consagrados na nossa constituição.
Todas as crianças, independentemente de credos, raças e condição social, têm direito a uma educação inclusiva. O que verificamos, disse, são inúmeras situações de “contentores” por esse país fora.
“Pelos vistos, a inclusão” atrapalha o processo educativo.”

O Prof. Sérgio Niza, sobre este tema, referiu que “o método de ensino actual vem do século XVI, (São João Batista de la Salle), baseado num ensino em grupo, cujos elementos aprenderiam como se fossem um só. O exame no final do ano lectivo vem também dessa época, assim como o seu carácter selectivo.Com que finalidade? Nessa época, certamente para recrutamento dos melhor sucedidos com vista ao sacerdócio.
Já era tempo deste estilo de ensino ser repensado. As convulsões que a escola tem sofrido, não conduziram a uma reflexão aprofundada.
Num inquérito recente, os alunos questionados sobre a utilidade da escola, relevam sobretudo a criação de amizades. Raramente se referem a um professor. Notam-se aqui grandes diferenças em relação às gerações anteriores.
“Não queremos utopias, queremos realidades”, dizem os alunos actuais.
Nós dizíamos: “Não queremos realidades, queremos utopias”.
“Há uma pressão social sobre a escola para a manter conservadora. As pessoas não se pronunciam sobre outras áreas, mas toda agente se sente à vontade para dar opiniões sobre o ensino.”
Este conferencista manifestou-se fortemente contrário aos “quadros de honra”, cujo reverso da medalha são os excluídos. Esta educação competitiva tem graves reflexos sobre as crianças, disse. E concluiu que “a cooperação leva ao sucesso colectivo.”
A. Alexandrino

3 comentários:

Anónimo disse...

Corrijo: Os versos citados não são de uma canção popular mas da autoria do poeta António Gedeão na primeira estrofe de Fala do homem renascido.
E. Bento

Armando disse...

E música de José Niza, cantado por Adiano Correia de Oliveira e também por Samuel. Eu sei, meu caro. Mas o orador falou nos termos que reproduzi.Aqui vai todo o poema:

Fala do homem nascido

Venho da terra assombrada,
do ventre da minha mãe;
não pretendo roubar nada
nem fazer mal a ninguém.
Só quero o que me é devido
por me trazerem aqui,
que eu nem sequer fui ouvido
no acto de que nasci.

Trago boca para comer
e olhos para desejar.
Com licença, quero passar,
tenho pressa de viver.
Com licença! Com licença!
Que a vida é água a correr.

Venho do fundo do tempo;
não tenho tempo a perder.
Minha barca aparelhada
solta o pano rumo ao norte;
meu desejo é passaporte
para a fronteira fechada.

Não há ventos que não prestem
nem marés que não convenham,
nem forças que me molestem,
correntes que me detenham.

Quero eu e a Natureza,
que a Natureza sou eu,
e as forças da Natureza
nunca ninguém as venceu.

Com licença! Com licença!
Que a barca se faz ao mar.
Não há poder que me vença.
Mesmo morto hei de passar.
Com licença! Com licença!
Com rumo à estrela polar.

António Gedeão

Anónimo disse...

Isto é demasiado jacobinismo. Ainda bem que não frequento colóquios tão avançados.
António da Purificação