Com a abertura ao Mundo e a crescente integração na sociedade, por razões que só o nosso Director ( Frei João Domingos ) melhor conheceria, começámos a ter professores externos. Como o Isidro já comentou, um deles era o Tenente Campante. Dava –nos Física no 3º ano e Ginástica , não me lembro bem se uma ou duas vezes por semana, conjuntamente com o Capitão Guimarães, que nos dava Matemática.
Conduzia-se como pessoa austera, exigente e apresentava o rigor de militar que efectivamente era.
Escrevia no quadro ou chamava um de nós para o fazer, e de ponteiro na mão, apontava, falava e lá assentava o ponteiro no penteado de um ou outro mais erráticos ou distraídos.
Certo é que essa cultura de responsabilidade dava para aprender e educar, num prisma muito suis generis , sintonizado um pouco com a cultura castrense.
Num belo dia de 2006 ou 2007, tem acabado uma diligência, caminhava eu pelo corredor de um dos pisos superiores do Palácio da Justiça de Lisboa e de repente aquela voz sonante atrai-me a atenção por ser minha conhecida , mas a décadas de distância. Não resisti a dirigir-lhe a palavra:
- Tenente Campante?
- Se calhar estou a despromovê-lo, continuei , hesitando.
- Sou! pois, já não sou Tenente , mas já fui . Desculpe, mas, não estou a reconhecê-lo!
- Mas eu, que já o não via há mais de trinta anos, reconheci-o logo!
-Sim? Mas de onde?
- De Aldeia Nova – Olival !
- Não me diga!
- Fui seu aluno de Física, e daquelas aulas de ginástica, a que faltei algumas vezes em dias de Inverno mais agrestes.
Visivelmente bem humorado, com notório contentamento pelo encontro, respondeu:
- Tenho saudades desse tempo! Aquilo era gente boa! Bons tempos. Já lá vão uns anitos! Mais de trinta… alguns quarenta! Eu era bem mais novo!
Éramos!
Com a nostalgia dos bons tempos, depois de breve conversa, lá nos despedimos, ficando a saber que, entretanto, se tinha licenciado em Direito e se bem percebi já se tinha aposentado com uma patente bem mais elevada.
Encontrei-o como quem encontra um amigo de longa data. Há quarenta anos estávamos em campos diferentes. Nunca o tinha visto com tão bons olhos.
Entendo hoje a exigência educativa daqueles dias do nosso passado. Contribuiu para o nosso crescimento, responsabilidade e estruturação, preparando-nos para a sociedade em que nos integrámos.
Antero Monteiro
31 comentários:
Pois assim é, Antero. Ainda bem que vais guardando a memória. As nossas memórias. Eu, ainda há dias
almocei no convento de Fátima com o Frei Marcos. E lá estavam três excelentes professores de Aldeia Nova. O Pe Domingos (Matemática),
o Pe Armindo ( Português e latim),o Pe Alberto ( Matemática).
Quem poderá ficar indiferente perante a nostalgia do tempo dos luminosos dias?
Eduardo Bento
Interessante.
O Pe Alberto também foi meu professor de Desenho e Matemática!
Interessante.
O Pe Alberto também foi meu professor de Desenho e Matemática!
Não podemos falar do Pe Domingos sem lhe tirar o chapéu, por ser um dos expoentes do ensino da Matemática em Lisboa. O Colégio Clenardo era disputado por contar no seu quadro docente com o Pe Domingos. Tivemos o privilégio de o ter como professor em Aldeia Nova, e que gratas recordações eu guardo. Do Pe Armindo como director e entusiasta do futebol,também retenho óptima opinião. Com o Pe Alberto convivi menos.
Um bem haja a todos.
A. Alexandrino
Era só o que faltava. Já há um advogado por cada 300 portugueses e ainda vêem os senhores militares, com chorudos ordenados, carreira assegurada e reforma garantida, fazer concorrência aos pobres dos advogados. Depois admiram-se de a corrupção aumentar em todos os pontos cardiais.
Porque não vão eles para padres? Aí sim faziam falta.
Ezequiel Vintém
O diálogo do Eduardo, do Alexandrino e do Antero sobre os seus professores tem uma evidente razão de ser - o voluntarismo e a disponibilidade destes, ao nível individual, integrou-se numa "ambiance" facilitada pelo regime de internato, independentemente do uniforme dos professores - no meu tempo nunca houve uniforme para os alunos.
Na aula de Educação Física, na área de corrida, tivemos, com a voz de comando lembrada pelo Antero, o "um ... dois,... esquerdo, ... direito, ... encolhe ... a ... barriga, ... estica ... o ... peito", regra ainda útil dentro e fora de qualquer "área benta", antes ou depois de uma operação de decantação ou "purificação".
Como laboratório de Física, tivemos a observação explicada do arranque e da travagem de certo Fiat 600. Deve ter sido por isso que a Fiat reeditou este modelo.
Como laboratório de Química, tivemos toda a quinta de Aldeia-Nova à mão e não só.
O que eu não esperava mesmo era que o referido Tenente Campante tivesse sucumbido aos encantos do Direito.
Ele deve ter sido contagiado pelo nosso afastamento progressivo do direito divino até porque, em 1969, já estávamos em plena Primavera marcelista, com o seu zip-zip televisivo.
Alguém se lembra do Sinca 1000 do Pe António ( ou Pe Chico ?) que parava o jogo de futebol para sair , todo vaidoso, da garagem que ficava ao fundo do campo de futebol? Isidro, Domingos e restantes colegas que não têm aparecido nuito? Do Morris do Pe Rogério? do Citroen do Prof. Pinho, etc... que pareciam máquinas fantásticas aos nossos olhos de "ratos cegos" vindos quase todos de terras interiores e pobres ?
A despropósito, assalta-me uma curiosidade: o António Silva que aparece bastante no blog era o Ex- Pe ou Frei Antonino, de boa memória, que tinha "residência" ao fundo do dormitório novo, quase junto à passagem para o antigo?
Alguém me pode esclarecer este pormenor?
Antero Monteiro
A tua garagem está certa. Na minha memória estava um Simca 1100 (com "m"), vê lá.
No restante, lembro um homem que, falando sobre a guerra do Vietname dizia, na aula de História, enquanto coçava os tomates, através do bolso das calças, como homem normal que se assumia: "Estou convencido que a causa da guerra é económica".
Sim. Baseado neste blogue, é o tal Antonino. Mas suponho que ele não gosta de rever este nome, tendo escolhido uma aproximação que é "Toninho para os amigos". Ele é um verdadeiro ex-Dominicano. Ele esteve na profissão. Não é como nós os dois que viemos embora a tempo, antes do Noviciado (o estágio recíproco).
Também gostei de reler sobre o Rogério e o Pinho, também eles dois homens especiais.
Assim a talho de foice, deixai que meta a colher neste assunto, pois o blogue está sempre a fugir.
Dos professores que tive em A. Nova, de modo geral, guardo gratas recordações e também os tive que eram civis: logo no 1º ano, não sei se recordam o professor do Olival, Cândido, entendido em Matemática; depois fomos alunos ainda dos professores de Leiria, Silvério e esposa, que davam uma ajuda em Ciências e FQ; recordo também o professor Pinho (ex Fr.Moisés), de Inglês e Loureiro, de Geografia, que tive a surpresa de rever na Torre-Sabugal, aquando da homenagem ao Padre João Domingos.
Por aquilo de que me apercebi, a grande pecha do currículo de estudos de A.Nova residia na secção de Ciências, numa altura em que se pensava na grande importância dessas áreas do saber, mesmo para quem se destinava ao serviço religioso. Recordo-me que, quando ingressámos no 6º ano do Seminário de Fraião-Braga, da Congregação do Espírito Santo - não sei se alguém se lembra desse episódio - fomos encontrar uma casa recheada de grandes professores e sebentas em todas as áreas, pois os seus seminaristas desde há anos que faziam exame ao liceu até ao 7ºano. Claro, a grande preocupação era também a de fazerem boa figura, até para se afirmarem no "século" e defenderem, por essa via, a honra, valor e seriedade dos seminários.
Quando os Dominicanos admitiram finalmente elevar os níveis de aprendizagem das Ciências, atrasar a idade de ingresso no noviciado e propor os seus estudantes aos exames nacionais, com claro benefício para todos, também por razões de concorrência, certamente tiveram que deitar mão a especialistas de fora, pois quanto às Letras estavam razoavelmente providos. É natural que os alunos da 2ª metade da década de 60, que vieram logo a seguir a nós, beneficiassem dessa reforma.
Quanto à gestão e direcção da Casa, mais ou menos musculada, tínhamos quem desse boas cartas: o Padre João (e colaboradores) era muito bom nessa área e provou-o à saciedade. Tenho dele boas recordações e ensinamentos nesse foro. Oxalá lhe pudesse chegar aos calcanhares para resolver situações similares, mais tarde, no meu percurso profissional. Boa falta me tem feito, que isto não está para brincadeiras!...
Poderia ter havido momentos de algum stresse pelo estilo do "xerife" - como lembra o Isidro - mas os momentos de harmonia foram infinitamente maiores e mais pregnantes. Em todos os grupos, muitas vezes, a busca do bem comum não pode permitir muitos conflitos nem desvios à norma, que em A.Nova até era bastante maleável, segundo as circunstâncias e os actores directamente envolvidos. Sou testemunha de grandes momentos de autêntico e nobre exercício da tolerância e do perdão, que nos foi incutido pelo exemplo dos mais velhos, a começar pelo Director, que não tive outro naquela casa. A relação com estes professores e padres, pautou-se por critérios que me permitiram a boa memória e saudade desses tempos.
Desculpai esta lonjura de conversa.
Até à próxima.
Pois é, Antero, o indivíduo é o mesmo, embora neste caso tenha mudado a personagem, que não inteiramente o nome. De baptismo (ou batismo? N.A.O.) António, no noviciado passei a ser Antonino, mas vulgarmente tratado por Toninho pelos frades mais compan- heiros e pelos amigos de maior confiança.Já era o meu nome em pequeno entre os camaradas de escola e brincadeira.
Tenho estado a assistir, divertido(com prazer) a estas intervenções dos novos (afinal em tudo) colaboradores do blog. E à propaganda dos "cheiros" por parte do Vintém. Olha lá, ó confrade Ezequiel, o convento onde o meu santo padroeiro foi prior e o fra Angélico e o Jerónimo Savonarola foram frades, não se chamava S. Marcos? Esse convento de Santa Maria Novella devia ser da regra antiga e por isso mais permeável aos cheiros para melhor convívio das tentadoras.
Dos professores leigos, não devemos esquecer os mais antigos que por lá andaram : eu tive, pelo menos 4 : o dr. Adolfo,(no 2º ano) vindo do Porto, e... um portista ferrenho. À 2ª feira, a aula de Português, era parcialmente dedicada a comentar a jornada, sobretudo quando os clubes de Lisboa perdiam. Guardei dele o gosto pela disciplina da Língua e pela literatura. No 3º ano, um professor de inglês, o sr. Frederico que, pedagogicamente foi o melhor que conheci (na língua). Na 1ª aula entrou a matar a dar-nos ordens na língua nova com todos a olharmos uns para os outros. Em todos os anos, o sr. Vieira (António), a ensinar a Música, o Canto, órgão, etc. E, também do Olival, o Armelim que ensinava a Física e a Química, com o auxílio duma cana da índia, bem grossa, que espalhava fruta pelas cabeças. Não contando com os vários leigos meio-clérigos que acorriam ao amparo do seminário.
Tenho apreciado os comentários dos
amigos que vieram enriquecer o Blog. Ao Isidro fico muito grato pelas alusões feitas a meu respeito hà uns meses atrás.
Sobre o Liceo, o Cef e o Colégio de Fátima, tenho uma opinião um pouco diferente. Voltarei lá e aqui, enquanto tiver saúde e a amizade me for grata, como tem sido. Um abraço do Toninho, agora também para os novos.
AS
Lembro-me do Pe António, como professor exigente que quando alguém fazia barulho ao assoar-se, levantava a voz e, visando o aluno atirava:
Pára lá essa trombeta castelhana!
Também me lembro de uma vez em que, relativamente a um ponto de Português, sobre matéria essencialmente dos Lusíadas e Camões , preocupados, porque ele era muito exigente e forreta nas notas que dava, montámos duas "sentinelas" às pontas do corredor e um de nós foi ao quarto dele ver os pontos já corrigidos e ver as notas.
Um stress daqueles...
Amigo Toninho , se o posso tratar assim, muito me agradou a sua intervenção e clarificação.
Guardo de si uma boa memória e alguns "flashes" também gratificantes:
Sportinguista por convicção, fazia ginástica ao nosso lado sob o comando do Ten. Campante e do Capitão Guimarães e era um futebolista destacado e um companheiro mais velho atento, tolerante e prestável, dentro da missão e exigência educativa para com os rapazolas que éramos.
Agora com 55 anos guardo conscienciosa gratidão e boa imagem de si. O tempo e a distância faz-nos ver com muito mais clareza.
Este espaço , que descobri há pouco tempo, pode continuar a cultivar a amizade e fazer passar esta corrente positiva e desinteressada que tenho também usufruído com prazer.
Antero Monteiro
Dou aqui por reproduzidos os finos comentários do Ferraz e do Toninho sobre a "governance" Dominicana de 1964/71.
Talvez relembrando uma sua característica inata, o Ferraz entusiasmou-se e escreveu também uma bela e exacta peça sobre os seus últimos tempos de Aldeia Nova (meus primeiros) e os seguintes, fora dela.
Ainda lembro os professores Silvino e Mulher, de quem não fui aluno, mas de quem guardei excelentes imagens pessoais e profissionais, Loureiro, neste caso não tendo a certeza se é o tenente que me ensinou uma muito acabada Geografia, quase suficiente para passar em estudos mais avançados, no 7.º ano, ou um professor anterior e, claro, o Pinho que, tendo sido meu professor de inglês durante dois anos, me deixou em condições de viver normalmente em Inglaterra durante um Verão, só com ingleses e, a seguir, passar no 7.º ano de Inglês.
Não há que ter espanto com as minhas certezas de um puto de 11/12 anos, acabado de chegar - veja-se a palavra "inata"- sobre um veterano de 15/16, quase a sair, o Ferraz.
Vi o que pude, para compreender as regras e o ambiente. O que, possivelmente, não seria capaz de ver por mim mesmo, foi-me oferecido pelo Elias e pelo Mendes, entre outros, em diferentes momentos, tendo sido assimilado com todo o cuidado. Também o Toninho entra nestas contas, por razões semelhantes, de outro nível.
Claro, fico à espera das notas do Toninho sobre o "Liceo, o CEF e o Colégio de Fátima". Se o fizer, acreditem todos - ficaremos mais ricos e mais maduros, não só pelo saber técnico, mas também, e principalmente, porque será a memória de um humano, na plena inteligência emocional que eu sempre lhe invejei.
Finalmente, algures aqui ao lado, tem estado a cirandar um tal da "Área Benta" cujos vocabulário diversificado e matrizes da construção frásica, parecem torná-lo merecedor de certo benefício da dúvida. Enquanto ele voa, eu espero que ele poise. Não é para disparar, é só para ver melhor, antes de formular o meu juizo.
Isidro,
O professor (Joaquim?)Loureiro,de quem falo era, na altura, um finalista de Direito, em Coimbra. Pelo que me disse, é advogado aqui para os lados do Norte, há muitos anos e reside, se bem recordo, em Famalicão. Julgo que não será a mesma pessoa de quem te lembraste.
Um abraço.
Até logo
Julgo que é, Ferraz,
Também me lembro vagamente dele do primeiro ano, nomeadamente dessa referência de estudante de Coimbra.
A seguir veio o (Bigotte?) Chorão ou nome parecido.
Era o tempo em que estudávamos na sala do rés-do-chão ao lado do refeitório, com os petromaxs...
Antero Monteiro
Bem, este Antero e este Campante, encontrarem-se, professor e aluno, como se fossem amici, num Tribunal, casa de perdição... Cala-te cogitação maldita!
Mas também quando o Vintém discrimina os provincianos e só dá de beber e aboletamento aos citadinos...!
Invoca o exemplo de uma alma grande, o Fernando, mas faz o silogismo ao contrário!
E os naturais dos campos que vivem na cidade? E os filhos da mãe provinciana que, quantas vezes, foi compelida e parir na segurança e comodidade de aposentos do Burgo mais próximo, quando gostaria de ter dado à luz na sua aldeia?
Por estas atitudes separatistas discriminatórias, como se diz agora, é que certamente os políticos há uns anos a esta parte transformaram em cidades muitas Vilas!
Trabalhemos, que os tempos já não são o que eram!
F.r. da Área Benta
Pois claro. Eu sou um “discriminador”. Sabes como é, rude, tosco, sem maneiras.
Nem a escola me ajudou. Pudera, “quod natura non dat, Salamenca non prestat”.
Mas aqui para nós, tu já estás registado? Baptizado, é possível ( com toda essa beatice…). Mas para teres existência legal terás de estar registado. Afinal ainda não contas para o censo dos citadinos nem dos provincianos. O administrador do blog faz de escrivão notarial.
Boa sugestão meu amigo. Trabalhemos!!!
Eu quero cavar, cavar perdidamente
Ter calos nas mãos, aqui e além
Esquecer que o lucro é indecente
E quem engorda é o armazém
Pensar, estudar e ler, é-me indiferente
Se o conhecer me traz nada de bem
Conheço muita malta inteligente
Que nunca chegou a ser ninguém
Há uma filosofia na minha vida
Fruto do amor à terra e conseguida
Com dor de parto e alma dilacerada
E se um dia hei-de ser pó, cinza e nada
Hoje sou uma comichão desvairada
Dos silogismos quem me catasse queria
(Adaptação livre do soneto "Amar!", de Florbela Espanca, com especial)
Ezequiel Vintém
Artigo 74.º do Código Civil
(Pseudónimo)
O pseudónimo, quando tenha notoriedade, goza da protecção conferida ao próprio nome.
Aplica-se ao Ezequiel Vintém, partindo do princípio que não é este o seu próprio nome.
Quanto ao F.r. da Área Benta, ainda não sabemos, mas podemos acreditar que não é o nome. Ele que diga. O Ezequiel Vintém já perguntou se "Área" é da "área do guarda-redes" ou "área de areia". Eu pergunto se o F. vem da segunda palavra da expressão seguinte: "Pisces Foderunt in Cona", ou seja, "os peixes cavaram na rocha" e se o "r." vem da palavra recursos (espirituais ou materiais). Obrigado.
Seja como for, achei graça à expressão "F.r. da Área Benta.
Pois! e agora que bem perguntais, respondei-me antes :
"Artigo 74.º do Código Civil" é nome ou o apelido?
Cogitais vós sobre um dos vossos pares, sem dizerdes quem sois!?
Ora, a falta de assinatura apenas devia ser prerrogativa do editor.
Será? Mas o Editor sabe o que é a Área Benta e onde se situa.
Ainda bem que a tradução foi expedita, senão aqueles que não fossem latinistas, como nós, estavam fritos e aflitos,porque muito facilmente chegariam aos peixes (pisces) mas às outras irrepetíveis palavras penso que não.
Os meus recursos são apenas as palavras que aprendi onde vós aprendestes, mas por vezes excessiva e desmesuradamente usadas, aptropelando pensamentos palavras e obras, neste Mundo de mudança.
Apenas direi que com F se escreve muita barbaridade e o r é de regular...
Mas não vos preocupeis com os sinais exteriores. Apreciai antes a riqueza interior, a serenidade,a devota consistência da Razão e do Bem por que pretendo pugnar, contra os males dos tempos, sejam eles quais forem.
Amigo Ezequiel, o que os Pisces fazem às rochas... andas tu a fazer aos sonetos da Florbela Espanca!
E respeitem o nome de cada um, além de usarem o de vossas mercês!
em tão pouco tempo já me chamaram Água Benta, Areia Benta,sei lá. Paz aos pisces, às enxadas e aos sonetos da Espanca.
Todos por um !( o grande filho da mãe que inventou aquela do "um por todos" devia ser castigado ou tocar-lhe a ele a estucha! Exagerado do catano! até me faz falar mal!).
F.r. da Área Benta
(oh Ferraz vê lá se lês: Á-r-e-a!)
"Lapsus calamis", não comprovável neste campo, não escrevi o nome no comentário anterior.
O nome e o apelido do artigo estão na respectiva epígrafe:"(Pseudónimo)",
a qual
não faz parte do conteúdo vinculativo da lei mas ajudar a orientar o intérprete.
"Mea culpa",Fr. Área Benta! Foi sem intenção, acredita. Eu até fujo da água benta como São Tanás. Juro que nem sei o que é a água depois de toda aquela generosidade do Vintém.
Um abraço e reconciliemo-nos.
Deixem que entre nesta confusão, mas o que parece que aconteceu , foi o Simão, que mais tarde haveria de ser o Pedra (Rocha) da igreja, após ter verificado a quantidade de peixes que se aproximavam do barco, gritou para os outros pescadores - João, Tiago, etc : "Venite ad me! Pisces foderunt conas" (Os peixes furaram as redes). A isto se chamou a pesca milagrosa.
Toninho
Post scriptum :
Ó Antero, fica-te muito bem esse respeito que demonstra pelas venerandas idades de amigos.Como diz muito bem o Isidro, sou um ex-dominicano profissional, com estágio feito e todo o currículo, incluindo o exame de "confessor" perante três doutos e experimentados doutores. Mas já que me chamas amigo, mostra lá que o és, vem para a adega comigo, nas uvas molhar os pés (e beber um copo). Faz o favor de me tratares como fizeste com o Fernando. Doutra maneira, não teria entrado nesta muito sadia de cultivar o passado, comum em muitas coisas.
Ó Izidro, eu sou da década de quarenta e cinquenta.
Toninho
Toninho, a tua explicação dos peixes e do putativo milagre, em latim a preceito e português escorreito, correcção de datas, demonstração do júri, do curriculum e do profissionalismo está na linha do que eu sempre soube mas vem mostrar alguém que, como era fácil de prever, não parou de crescer, como homem equilibrado que sempre foi.
Aproveito também para dar uma palavra ao Ferraz que veio clarificar, em tom vivo e claro com o é que os Dominicanos portugueses passaram do antigo regime para o que foi conhecido pela minha geração.
Neste passo, para quem não saiba, o papel do Toninho foi muito maior que o que quase toda a gente sonha. Não é, Elias?
Ferraz:
Urbi et orbi: Amigos como sempre.
Ezequiel Vintém:
Afinal depois da explicação do Mestre Toninho,rectifico: o que os Pisces fizeram às redes... andas tu a fazer aos sonetos da Florbela Espanca!
Afinal a regra essencial dos mais famosos sonetos é que o último terceto e principalmente o último verso, seja a chave de ouro. E eu dos dois últimos versos do último terceto não hei percebido patavina!
Confesso no entanto que nas quadras te saíste muito bem. Bebe mais um copo e continua a sonetar...
Assim como assim a F.Espanca já não faz mais sonetos!
PS.: O Isidro ainda se lembra mais do latim do que eu...e, mais perfeccionista não deixa passar uma errata ( que raio de terminologia!).
F.r. da Área Benta
Pois é, F.r. da Área Benta,
Nem sequer me acautelei dizendo que estava a citar de memória e deu nisto, não só no "latim", mas também na "tradução".
Quanto ao latim, ainda poderia passar por latim popular aprendido pelos bárbaros. Quanto à tradução, apenas poderia invocar o falso, mas amigo, atenuante de ter utilizado a expressão divulgada pelo Pedro Tudela, tanto quanto o lembro, que a descobriu no anexo a um velho dicionário de português, para gáudio dos adolescentes da nossa turma.
Também tens razão sobre as erratas - é terminologia dum raio.
Ainda assim, como apanhado em flagrante ignorância, venho fazer uso de um último desejo no que ao episódio diz respeito: quando escrevi aquela nota do que os peixes teriam feito à rocha, tinha-a pensado para algo que ia pedir ao editor que fosse apagado. Porém, antes de enviar o email, li o que já tinha sido comentado e pensei que não deveria privar ninguém duma gostosa crítica dinamizadora.
Agora, a quem isso possa aproveitar - não se deixem enganar por retóricas destas quando estiverem a tentar mexer no vosso bolso. A preocupação não é comigo. Mas, segundo me foi ensinado pelos senhores jovens meus vizinhos, "eles andem aí".
Meu caro Fr. da Area Benta,
Por regra, não tomo posição no blogue quanto a intervenções/comentários cujo autor desconheça...
No teu caso,sou levado a crer que navegas nas mesmas águas em que eu navego.... As do CC, as do CPC, as do CT e em outras que tais...
Quanto à expressão latina a que aludes,«picis foderunt in cona», creio que a mesma contem uma pequena imprecisão. A expressão, já explicada pelo Toninho, será:
«piices foderunt conas»..., ou seja,traduzindo, os peixes furaram as redes...
A propósito, lá que alguns peixes consigam furar as redes, ainda admito...mas que consigam cavar na rocha, não acredito...
Abraço
Zé Celestino
Meu caro Celestino,
Eu não sou o advogado de defesa do meu amigo Área Benta, mas acredita que há pisces para tudo.
Eu até nem queria tocar neste assunto, porque a vida está ruim e devemos "levá-la a sério" - como me diziam no seminário de Fraião, onde se respeirava um permanente odor de santidade.
Mas logo que o pícaro do Isidro veio com a conversa, lembrei-me imediatamente desse famoso versículo, algures do Ofício Divino, que repetíamos todas as semanas do coro abaixo. E, como estamos em maré de recordações, lembro-me bem que, quando calhava entoar esta passagem, os frades mais novos e brejeiros levantanvam aquela voz grave e sisuda para que o autor sagrado ouvisse à distância o que escreveu. Destes, destacava-se o fr. Lucas, que até já sabia a cantilena de cor, e aproveitava para mirar, de soslaio, a reacção do fr. Reginaldo. Que não me desminta!!!
Com amizade, ó devoradores de pisces.
Ó amigo Celestino,
Não fui eu, que coloquei os pisces como violadores de redes...
Foi o nosso correligionário Isidro. Como foi ele que invocou as leis mundanas com artigo e tudo.
Agora deixas-me circunspecto, pois corri a Bíblia sagrada de trás para a frente e vice versa e não vislumbrei essas coisas que citaste como minhas conhecidas: "CC, CPC, CT e em outras que tais..."
Vejo com alguma preocupação o "C" a participar em todas elas.
Há coisas do Diabo e há que temê-las neste Mundo perverso em que até os banqueiros se passaram para os lados do demónio.
PS.: Valha-me o santo dos maus pensamentos, que começo a ver maldade em tudo, mesmo nas palavras C (que raio de terminologia!).
F.r. da Área Benta
Amigo Ferraz:
Não desminto,não. Ainda tenho a musica no ouvido e eu
sempre pronunciei, talvez erradamente " piscis foderunt conas" Imagina como desopilavamos, dizendo três palavrões daqueles, com a aprovação de Deus e dos homens...Um abraço, Fernando (fr.Lucas)
Meus caros Ferraz e Fr.Área Benta,
Dado que a expressão «p.f.c.» é referida por um comentador anónimo, que nem sequer recorre a pseudónimo, não pude, naturalmente,
identificar a sua proveniência...
Por esta e por outras razões, a debater em sede própria, é que me tenho manifestado contra as intervenções anónimas e também coloco reservas aos que se apresentam com pseudónimos...
Gostava de conhecer o Isidro,pois aprecio muito as suas intervenções e o seu sentido de humor...
No próximo encontro, cuja organização também me está confiada, espero encontrar o Isidro...
Quanto á dita expressão «p.fc», o Toninho, de forma mui douta, já nos fez o correcto enquadramento hitórico-bíblico, o que eu lhe agradeço, pois o desconhecia...
Mais uma virtualidade deste nosso blogue: pedagógica...
Eu só conhecia a última parte da expressão (pfc) dos tempos que frequentei a Faculdade de Direito de Lisboa, ( que não de Aldeia Nova ou Fátima ) a propósito dos denominados brocardos jurídicos,e cuja tradução era pedida às colegas por alguns estudantes mais «heruditos»...
De notar, contudo, que muitas colegas até sabiam a tradução... Não fossem elas boas pescadoras e conhecedoras das muitas espécies de peixes de águas salgadas ou doces...
Caro Fr. Área Benta,
Em questões do foro bíblico, temos que recorrer a um dos nossos, o «distinto biblista» Fr. Francolino Gonçalves, recentemente nomeado po Paulo XVI como membro da Comissão Bíblica Pontifícia, conforme informação do Toninho, hoje publicada no nosso blogue.
Da minha fraca cultura nesta área do saber, as siglas em apreço, todas com a letra C em comum, bem poderão significar:
CC= Cristo Crucificado;
CPC= Cristo Pós Crucificação
CT= Cristo Tolerante
Já estou a navegar,ainda que cautelosamente, em «águas» que receio possam levar a «barca» para alguns «remoinhos»...
Confio, porém, na protecção do Fr. Área Benta.... que aqui até poderia ser Fr. Água Benta...
Abraço amigo ao Ferraz, ao AB e, naturalmente, extensivo ao Isidro que quero conhecer pessoalmente.
Zé Celestino
Ainda quanto à expressiva
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