Já não chove, ou há menos chuva
à vista, para os dias próximos, será?!
Apareci aqui apenas para vos dizer
que o meu silêncio não é de ouro.
Cuidem-se. Um forte abraço!
(J.A.R.)
A tua obra, meu caro poeta, não é breve,
nem necessita de ser aparada e retalhada.
Vou pedir à mais bela das mulheres para
que a recite em voz alta, essa terna e linda
mulher vai lê-la em público para que todos
os herdeiros se possam apresentar para a
cerimónia da partilha, um repetido clamor
ecoará nos céus para que os tempos voltem
a correr para o lugar da fonte: fluxo e
refluxo das marés, terás a presidência no
banquete para que os mananciais dos rios
se possam alargar. Não haverá feriado sobre
a terra, nem interrupção, nem descanso, nem
repouso, nem alívio, nada mais poderá andar
para trás, nem diminuir, nem afrouxar. A
humilhação será banida da face da terra e
o homem será cada vez mais homem, não
permitiremos que o templo seja profanado
nem que se verta impunemente o sangue dos
inocentes. Todos os cativos serão libertados.
Todos serão nomeados pelos seus nomes.
Ninguém mais morrerá de fome: a poesia
assentará arraial no coração de todos os
homens dos tempos por vir, as flores de
todos os jardins erguer-se-ão num hino
constante ao criador, tudo isto foi mandado
lavrar como sentença nos livros públicos
para que possa cumprir-se conforme previsto
nas escrituras...e no entanto, os fios e os
laços emaranharam todos os novelos, as
aranhas puderam continuar a construir
pacientemente as suas teias, nada mais
que um ténue sinal brilha ao longe, alguns
mais sábios falam de um cometa, tu talvez
pudesses conduzir a minha pobre mão...
a minha pobre mão...a minha pobre mão...
(J.A.R.)
TODOS OS LIVROS, DIZ ELE |
JOSÉ ANTUNES RIBEIRO
Editor e poeta
(“Editor acima de tudo, poeta às vezes”…)
Outras obras publicadas:
O Difícil Comércio das Palavras
Fragmento e Enigma
Rio do Esquecimento
Mar a Mar
A maior parte dos autores e olheiros deste blogue conhecem-no de Aldeia Nova. Sabem que nasceu em Alburitel. Conhecem o seu percurso de poeta e editor.
Tenho notado nos novos intervenientes neste espaço uma certa apetência pela poesia. Então porque não recorrer aos poetas que respiraram o mesmo ar e beberam das mesmas fontes que nós?
A.A.
9 comentários:
Ao ler o JAR pensei: "palavras de um evangelho novo".
Concordo contigo, AA, quando dizes que é bom ter connosco os poetas que respiraram o mesmo ar e beberam das mesmas fontes.
Uma grande saudação para o Zé Ribeiro
Jaime
Associo-me com grande prazer à homenagem proposta pelo Alexandrino e às palavras do Jaime. Sempre admirei o Zé Ribeiro pela sua capacidade e facilidade em posicionar-se por cima das contingências materiais. Para mim, trasmontano, com os tamancos bem pesados e enterrados na terra, o Zé Ribeiro era um extra terreste. As nossas atitudes perante o quotidiano eram bem diferentes. Eu vivia numa terra em que tudo se enraizava ou de que tudo brotava. O Zé Ribeiro dava-me a impressão de viajar numa nuvem a partir da qual conseguia ter uma visão bem diferente,mas não menos real. Ele nasceu com uma sensibilidade de artista, de poeta! Não deve ser fácil assumir-se como tal, num mundo em que tudo o que é imaterial é inexistente. Em que não se dá consistência a o que foge às leis da economia e do mercado. Sinto-me orgulhoso por ter tido um colega como tu. Um abraço, Zé Ribeiro e até breve? Fernando.
Associo-me com muito arreganho.
Ah! Rio do Esquecimento que não esquece.
Zé, O rio Letes desagua na nascente, como bem sabes.
Eduardo Bento
Disto é que a gente precisa de vez em quando. Ler os "nossos" poetas, os que se construiram com alguns dos mesmos ares e das mesmas memórias. Sou sortudo porque o Zé Ribeiro teve a amizade de nos oferecer o seu livro MAR-A-MAR no encontro de 1982. Mas, se ainda tiveres algum exemplar dos restantes, guarda-me um. Um abraço.
Toninho.
O rio Letes (Rio do Esquecimento) desagua a Leste. Por isso, as respectivas pontes são túneis...
José Antunes Ribeiro - "Maravilha"!...
Um abraço
Nelson
Para quem quizer conhecer melhor a poesia do José Ribeiro e não consegue encontrar os seus livros, aconselho muitas visitas ao seu blog "o voo da coruja", (http://www.o-voo-da-coruja.blogspot.com/).
A. Alexandrino
Queridos amigos,
Cheguei a algumas horas de Fátima...Foi uma grande emoção poder partilhar este dia com tantos de vós!
A todos os que aqui deixaram palavras de amizade e carinho agradeço com um Bem-Hajam à maneira da Beira Baixa!
Um especial abraço ao Alexandrino por se ter lembrado deste "exilado" em Lisboa!
Até breve,
Zé Ribeiro
Cheguei HÁ algumas horas de Fátima...claro!...
Fernando...boa leitura a tua!É parecida com a da minha mãe ao tempo!
Jaime, Fernando, Eduardo Bento, Toninho, Isidro, Nelson, Alexandrino: OBRIGADO! UM FORTE ABRAÇO!
Enviar um comentário