sexta-feira, 20 de fevereiro de 2009

ÀS AMIGAS, AOS AMIGOS

Já não chove, ou há menos chuva

à vista, para os dias próximos, será?!


Apareci aqui apenas para vos dizer

que o meu silêncio não é de ouro.


Cuidem-se. Um forte abraço!

(J.A.R.)



A tua obra, meu caro poeta, não é breve,

nem necessita de ser aparada e retalhada.

Vou pedir à mais bela das mulheres para

que a recite em voz alta, essa terna e linda

mulher vai lê-la em público para que todos

os herdeiros se possam apresentar para a

cerimónia da partilha, um repetido clamor

ecoará nos céus para que os tempos voltem

a correr para o lugar da fonte: fluxo e

refluxo das marés, terás a presidência no

banquete para que os mananciais dos rios

se possam alargar. Não haverá feriado sobre

a terra, nem interrupção, nem descanso, nem

repouso, nem alívio, nada mais poderá andar

para trás, nem diminuir, nem afrouxar. A

humilhação será banida da face da terra e

o homem será cada vez mais homem, não

permitiremos que o templo seja profanado

nem que se verta impunemente o sangue dos

inocentes. Todos os cativos serão libertados.

Todos serão nomeados pelos seus nomes.

Ninguém mais morrerá de fome: a poesia

assentará arraial no coração de todos os

homens dos tempos por vir, as flores de

todos os jardins erguer-se-ão num hino

constante ao criador, tudo isto foi mandado

lavrar como sentença nos livros públicos

para que possa cumprir-se conforme previsto

nas escrituras...e no entanto, os fios e os

laços emaranharam todos os novelos, as

aranhas puderam continuar a construir

pacientemente as suas teias, nada mais

que um ténue sinal brilha ao longe, alguns

mais sábios falam de um cometa, tu talvez

pudesses conduzir a minha pobre mão...

a minha pobre mão...a minha pobre mão...

(J.A.R.)



TODOS OS LIVROS, DIZ ELE

Editora Ulmeiro, Lisboa, 1999


JOSÉ ANTUNES RIBEIRO
Editor e poeta
(“Editor acima de tudo, poeta às vezes”…)
Outras obras publicadas:

O Difícil Comércio das Palavras

Fragmento e Enigma

Rio do Esquecimento

Mar a Mar

A maior parte dos autores e olheiros deste blogue conhecem-no de Aldeia Nova. Sabem que nasceu em Alburitel. Conhecem o seu percurso de poeta e editor.
Tenho notado nos novos intervenientes neste espaço uma certa apetência pela poesia. Então porque não recorrer aos poetas que respiraram o mesmo ar e beberam das mesmas fontes que nós?
A.A.

9 comentários:

Jaime disse...

Ao ler o JAR pensei: "palavras de um evangelho novo".
Concordo contigo, AA, quando dizes que é bom ter connosco os poetas que respiraram o mesmo ar e beberam das mesmas fontes.
Uma grande saudação para o Zé Ribeiro
Jaime

Anónimo disse...

Associo-me com grande prazer à homenagem proposta pelo Alexandrino e às palavras do Jaime. Sempre admirei o Zé Ribeiro pela sua capacidade e facilidade em posicionar-se por cima das contingências materiais. Para mim, trasmontano, com os tamancos bem pesados e enterrados na terra, o Zé Ribeiro era um extra terreste. As nossas atitudes perante o quotidiano eram bem diferentes. Eu vivia numa terra em que tudo se enraizava ou de que tudo brotava. O Zé Ribeiro dava-me a impressão de viajar numa nuvem a partir da qual conseguia ter uma visão bem diferente,mas não menos real. Ele nasceu com uma sensibilidade de artista, de poeta! Não deve ser fácil assumir-se como tal, num mundo em que tudo o que é imaterial é inexistente. Em que não se dá consistência a o que foge às leis da economia e do mercado. Sinto-me orgulhoso por ter tido um colega como tu. Um abraço, Zé Ribeiro e até breve? Fernando.

Anónimo disse...

Associo-me com muito arreganho.
Ah! Rio do Esquecimento que não esquece.
Zé, O rio Letes desagua na nascente, como bem sabes.
Eduardo Bento

Anónimo disse...

Disto é que a gente precisa de vez em quando. Ler os "nossos" poetas, os que se construiram com alguns dos mesmos ares e das mesmas memórias. Sou sortudo porque o Zé Ribeiro teve a amizade de nos oferecer o seu livro MAR-A-MAR no encontro de 1982. Mas, se ainda tiveres algum exemplar dos restantes, guarda-me um. Um abraço.
Toninho.

Anónimo disse...

O rio Letes (Rio do Esquecimento) desagua a Leste. Por isso, as respectivas pontes são túneis...

Anónimo disse...

José Antunes Ribeiro - "Maravilha"!...
Um abraço
Nelson

Armando disse...

Para quem quizer conhecer melhor a poesia do José Ribeiro e não consegue encontrar os seus livros, aconselho muitas visitas ao seu blog "o voo da coruja", (http://www.o-voo-da-coruja.blogspot.com/).
A. Alexandrino

José Antunes Ribeiro disse...

Queridos amigos,

Cheguei a algumas horas de Fátima...Foi uma grande emoção poder partilhar este dia com tantos de vós!
A todos os que aqui deixaram palavras de amizade e carinho agradeço com um Bem-Hajam à maneira da Beira Baixa!
Um especial abraço ao Alexandrino por se ter lembrado deste "exilado" em Lisboa!
Até breve,
Zé Ribeiro

José Antunes Ribeiro disse...

Cheguei HÁ algumas horas de Fátima...claro!...
Fernando...boa leitura a tua!É parecida com a da minha mãe ao tempo!
Jaime, Fernando, Eduardo Bento, Toninho, Isidro, Nelson, Alexandrino: OBRIGADO! UM FORTE ABRAÇO!