Recentemente, o Padre António Areias lançou em Sabrosa, o seu primeiro livro intitulado “A Dimensão Ética e Social no Romance VINDIMA de Miguel Torga”.
O Auditório Municipal de Sabrosa encheu-se de convidados para presentear o autor com um momento tão particular. A sessão constou das boas-vindas dadas pelo Presidente da Câmara, José Marques, seguindo-se a apresentação do livro por Maria da Assunção Anes Morais. Finalmente, o autor dirigiu-se aos presentes com palavras de emoção e de agradecimento. A sessão foi ainda abrilhantada por um concerto mariano pelo Grupo Coral “Cappella Douro”, seguido de um Porto de Honra “natalício”.
Padre António Manuel Teixeira Areias, licenciado em Teologia, cujas raízes são de Lebução, Valpaços, encontra-se na região duriense há cerca de doze anos no exercício do ministério sacerdotal, actualmente pároco em Provezende, Covas do Douro, Vilarinho de S. Romão e Gouvães. É também professor de Educação Moral e Religiosa e Católica, desde 1997 na Escola E.B. 2,3/Sec. Miguel Torga – Sabrosa.
Este livro, editado pela Gráfica de Coimbra, resulta da sua dissertação de Mestrado em “Ética Social Cristã na Era da Globalização” pela Universidade Católica. Padre Areias decidiu apresentar o seu livro na terra natal do escritor transmontano, Miguel Torga, e na terra que o adoptou nos últimos anos como sacerdote e docente.
O livro, centrado no único romance de Torga, “Vindima”, orienta-nos em três vertentes: a dimensão social, a dimensão ética e no romance torguiano “Vindima”. Quer o romance de Miguel Torga, quer o livro de Padre António Areias conduzem o leitor à reflexão sobre a dureza do trabalho duriense, sobre as relações entre patrões e trabalhadores, entre os grupos masculinos e femininos, sobre a paisagem duriense.
O livro publicado é de leitura obrigatória para todos aqueles que gostam do escritor transmontano, de reflectir sobre o espaço duriense, sobre o contexto histórico da guerra civil espanhola e da segunda guerra mundial. Tudo é centrado na tradição característica da zona: a roga.
(Texto remetido pelo Fernando)
4 comentários:
Não resisti à tentação de vos comunicar este artigo que foi publicado na "Voz de Tràs-os-Montes" de quinze de Janeiro. Espero que o meu amigo Eduardo Bento terà vontade de o ler e que depois de o ter lido m'o mande.Tenho conta aberta em casa dele e o paragrafo que segue e que encontrei no net "m'a mis l'eau à la bouche" abriu-me o apetite. Esse paragrafo é precedido de um comentàrio não menos interessante.
"No último capítulo, Padre António Areias destaca vários problemas evidenciados na obra torguiana e que continuam a ser actuais como, por exemplo, o desemprego, os salários baixos, o trabalho infantil, a fome, a falta de condições de trabalho e de higiene. Passados estes anos, afinal o que mudou? O que permanece inalterável? As mudanças são ou não significativas? Claro que não nos referimos ao Douro dos turistas, ao Douro dos ingleses, ao Douro das visitas apressadas e das rotinas, ao Douro do néctar inconfundível. Referimo-nos ao Douro na sua dimensão mais profunda e humana. Foi assim que Padre António Areais viu e sentiu desde que ali chegou e citamos a sua análise: “Na obra VINDIMA se vê uma economia sem moralidade, pois privilegia os interesses financeiros em detrimento dos interesses do ser humano e dos valores que o devem orientar, o que vai contra os valores defendidos pelo autor e que estão em clara sintonia com a Doutrina Social da Igreja, que considera que a pessoa não pode ser instrumentalizada nem a nível económico, nem a nível social ou político, mesmo que seja em favor de progressos da comunidade ou de outras pessoas.” (pp. 124-125). "
Fernando
O Fernando dá-nos uma preciosa informação. Tudo o que concorra para nos aproximar da obra de Miguel Torga é de enaltecer. Vindima, obra do neo-realismo retrata bem o homem desumanizado pelo homem. Miguel Torga, profeta...
Eduaro Bento
Aos admiradores de Miguel Torga (entre os quais me incluo):
Foi publicada, em 2000, pelas Publicações Dom Quixote uma obra muito interessante “Miguel Torga FOTOBIOGRAFIA”, promovida pela filha, Clara Rocha, com prefácio brilhante e tocante de Manuel Alegre.
Quer pela biografia quer pelos textos e fotografias que passam por este livro de 231 páginas, formato grande,vale a pena.
Como vale a pena o Diário. É uma obra que recomendo porque nos vai dando conta de uma estrada que se percorre lentamente e em que podemos aprender muito com as experiências dos outros! Tenho a obra há muitos anos e contactei mais profundamente com ela a partir do dia em que, um amigo fazia oitenta anos e me pediram a mim, com cerca de metade, para dizer umas palavras… Fui beber ao Torga e comparar as sensações e os humores que atravessam a vida de uma pessoa ao longo da vida…
Enfim, Torga é de facto um artífice onde a complexidade e a simplicidade brilham.
Que viva Miguel Torga ( que foi candidatado a Nobel mais de uma vez).
Antero Monteiro
Torga foi várias vezes indicado como bom candidato ao Nobel da Literatura numa época em que a Portugal ainda não podiam caber prémios desses ... e, entretanto, do Portugal sobre que ele escreveu já só resta a mentalidade rural, em mais de metade da população ...
Aquele velho que, na "Vindima", e a coberto de uma suposta loucura, invectivava o patrão escravizador, dizendo o que todos os outros precisavam que ele disesse, mas não podiam dizer está, afinal a dizer-nos a todos:
- Nada de tiranias, nem de Deus, nem dos Homens, ainda que a coberto das crises materiais ou espirituais, sejam uns e outros o que forem. Pelo menos, tentemos não ficar a jeito de qualquer ... implacável ...
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