quarta-feira, 10 de outubro de 2012

NUNCA AS COISAS ESTÃO TÃO MÁS QUE NÃO POSSAM PIORAR...

Ao eminente  editor  do blog, “Criar Laços”, que  muitos laços tem criado e alimentado.
Muito respeitosamente:
Queixa-se Vossa Mercê de falta de movimento nestas nobres e estimadas paragens.
 Refletindo na mais profunda convicção de alma e finança pública, encorpando a voz do povo, contribuindo para a causa, aqui deixo algumas das minhas lógicas assombrações e o meu desabafo que há-de ser justiçado por poucos e vilipendiado por quase todos:
Andam as vacas magras e os escribas sem tinta!  O nosso Primeiro Ministro quer que os mesmos, os que sempre pagaram para amortizar o défice, continuem!  Consta que no próximo Orçamento da Nação, aqueles que entregaram o leite e o queijo, entreguem agora o cajado, o bornal, a pele e as armações do rebanho! Ficam em reserva para depois do Natal e Ano Novo, segundo as más línguas, os animais domésticos típicos, patos, canários, periquitos e ainda os gatos e tartarugas com mais de duas patas;  vai ainda pagar imposto o uso de duas muletas em simultâneo, óculos com mais de uma lente (… com um só olho o Camões é um símbolo nacional e o Spínola, de monóculo, chegou a marechal, tem lógica!) e o champô para carecas. Nesta terra, dizem as más línguas, que há deputados a mais ( com a disciplina de voto, tanto faz estar lá um bando de cem como um… o voto é o mesmo e único ), vereadores,  municípios, carros, reformas políticas e mordomias a mais. Muitos políticos enriquecem sem sabermos como, sendo por isso absolutamente razoável, consensual e compreensível, que a Assembleia da República não aprove medidas que engavetem vizinhos e amigos de bancada, sendo também quase certo que se fossem presos os prevaricadores que por lá andem, teríamos de enriquecer os candidatos que estão na fila em espera ordeira… com as mesmas justíssimas expectativas. O povo anda a salvar os pobres Bancos, deixando de comer para juntar os milhares de milhões que foram parar aos bolsos de uma dúzia ou duas de bodes ( a minha educação não me permite vocalizar palavrões e muito menos repetir a terminologia do Pe Mário da Lixa!). Imagine-se que nem os patrões aceitaram que os seus estropiados colaboradores fossem esmifrados para que o produto do açambarcamento grosseiro e noctívago lhes fosse entregue à luz do dia. Imaginem que aquilo que se apelidava de salário mínimo, considerado essencial para a sobrevivência com dignidade de quem labora, era amputado de 7%, sem honra nem vergonha… O rol de desgraças e impolutas decisões, tornarão Sócrates quase venerável e Salazar jogador da equipa da Madre Teresa de Calcutá ( com o devido respeito e distância pelos actos de uns e outros). A República nem o feriado de 5 de Outubro consegue manter, e vai perdendo a tanga. Privatizadas as joias da coroa não poderão ser vendidas de novo. O Governo/ Ministro das Finanças, reduz o poder de compra do “formigueiro” e quer que mantenha o consumo para ensacar impostos sobre o dinheiro antecipadamente confiscado… Embaratece as horas extraordinárias para criar emprego (!?). Coloca os desempregados a trabalhar praticamente de borla ( para criar emprego !?). .. Tudo para nosso bem.
Prezado Editor, andam as vacas magras e os escribas sem tinta! 
E não é assim tão mau que às vezes se escreva um pouco menos… se escrevessem mais, os leitores haveriam de trazer a estas páginas de consenso e amizade, aquelas palavras cabeludas que a minha educação dominicana não permite certos pensamentos, palavras e asneiras!
Para terminar:
Um pensamento negativo: Não pensem em novenas à Sª de Fátima. Se ela quisesse patrocinar as finanças deste País e equilibrar o Orçamento do Estado, já teria caído um chaparro ou uma oliveira, árvore sagrada, de tamanho adequado, na carola de alguns ministros das finanças e chefes do governo… 
Dois pensamentos positivos: (1) Mantenhamos os governos meus irmãos, tanto quanto possível, porque a seguir voltamos ao ping-pong (caiem os anteriores entram estes e voltamos aos mesmos…) e temos que empregar estes governantes e todos os que se lhes seguirem nas Empresas Públicas, Associações, Institutos e Fundações… sem esquecer as suas estimáveis famílias e amizades. E não há euros que aguentem! 
(2) Espero que, como eu, cheguem a velhos saudáveis e alegres, mesmo que o “ o bem público”  fecunde as vossas reformas… !
P.S.- Facto grave, para me solidarizar com os que sofrem: faltam as vitórias ao Sporting! Quem teria sido o mal intencionado que petrificou os leões em frente ao Parlamento, em vez de enviar os do Jardim Zoológico para dentro do chamado hemiciclo… Seria a melhor forma de reduzir a deputação geral…
F.r. da Área Benta

6 comentários:

nelson disse...

Saiba Vossa Reverência, venerável frei, que em compreendo a crise, embora não a aceite na medida em que me recuso a reconhecer que tenha contribuído para ela e por isso me magoa ter de ser eu a pagá-la!... Lutemos contra os troycanos em silêncio, através das palavras escritas e da pouca tinta que nos sobra.
A sua benção!
Nelson

Nelson disse...

Por favor, no comentário anterior, leia-se "que eu compreendo" em vez de "que em compreendo".
As minhas desculpas.

Armando disse...

"Está tudo bem assim e não podia ser de outra forma" Salazar
Parabéns ao Antero por este texto ao estilo de um Eça ou de um Ramalho Ortigão nas Farpas.
A. Alexandrino

Anónimo disse...

Antero?

Armando disse...

Antero era o outro o "de Quental". Este lapso foi certamente um arrastar concomitante de associação onomástica devida à evocação dos contemporâneos Eça e Ramalho. Ao F.r. Área Benta as minhas desculpas. Os parabéns são para ele, com toda a justiça.
A. Alexandrino

Antero disse...

Para dizer "bem" dos nossos políticos eu assino por baixo.
Não é ofensa amigo Alexandrino.
Pese embora a diferença de estilo, algumas das ideias do Frei Área Benta até eu as subscrevia. Devo confessar que também gostei do texto, essencialmente por não tratar mal as mães dos politicos que não têm culpa nenhuma. Ou terão.
Um abraço para o Frei Área Benta, que, ao seu estilo,´com uma ironia um pouco corrosiva, aqui trouxe um tema candente.