segunda-feira, 20 de abril de 2009

AQUELE ABRAÇO EM TORRES NOVAS - REPORTAGEM



Quantos braços tem o amor dum casal acolhedor? Braços para abraçar os amigos que iam chegando, cerca da vintena. Braços para verificar o ponto da feijoada, escolher os vinhos, pôr as mesas, toalhas, baixela e talheres ao abrigo da cerejeira e do damasqueiro, para estender toldos de forma a prolongar a sombra. “A gente ajuda, eu bem sei”, mas o vento deitou abaixo o toldo que eu atei. Lá estão os braços do Eduardo a pôr tudo em “su sítio”. Mais braços para os gestos, que o Bento não é só palavra e voz e a Vitória tem que orientar as boas vontades para que os comestíveis fossem chegando à mesa.
Ao gesto do anfitrião, ninguém pegou no talher sem antes entoar a plenos pulmões o “hino” da “confraria”- “A santa Catarina”.
A tarde foi-se escoando entre histórias do presente e do passado e as garrafas que foram passando a caminho do vidrão.
Mas o braço do anfitrião ainda tinha uma missão, a de dar uma mão para a apresentação duma nova edição do livro dum jornalista da televisão. Mais um amigo que se juntou ao serão. Vamos ver se sou capaz de dizer quantos amigos estão. Antoninho, Jaime, Baleco, Antero, Zé Vieira, Alexandrino, Costa, Domingos Carvalhais e respectivas consortes, Celestino e Ferro, os anfitriões e alguns amigos seus e agora nossos.
O jantar foi na adega, que a noite fria aconselhava ao aconchego. Onde estiverem dois ou três, eu estarei no meio de vós. Descobriu-se o esperado, frei Marcos Vilar, e depois cantou-se o fado, por onde o Celestino espraiou a sua potente voz. Também se cantou música tradicional onde todos aqueceram as gargantas e os corações. E o verso que não saiu, que afinal dizia assim: “ A ausência tem uma filha / que se chama saudade./ Eu sustento mãe e filha / bem contra a minha vontade.” Mas saiu a mensagem: “A todos quero saudar do fundo do coração”.


A. A.

11 comentários:

Antero disse...

Peço ao Eduardo Bento que nestes comentários, na onda destas fotos, volte a publicar o texto lido no encontro de 4 de Abril.
Ali passa uma aragem do que fomos e somos... Serve de pano e voz de fundo aos nossos passos colectivos...
Servirá também, por certo, para recordar este encontro e a convivência saudável e amistosa ali revigorada.
Fiquei surpreendido pelo clima de amizade e disponibilidade que encontrei. Não pormenorizo, para não fazer inveja aos ausentes, a gastronomia opípara, cuja abundância e qualidade conseguiu vencer-nos...
Aqui deixo um abraço amistoso para todos os que estiveram ( tive pena de perder as guitarradas e a Samaritana(?) do Celestino)...
Um abraço especial para a Vitória e o Eduardo Bento a quem estamos gratos pela privilegiada tertúlia em que nos irmanaram, com a sua amizade, muito trabalhinho e não só.
Amigo Nelson, estas técnicas muito avançadas. Pena não apareceres também no grupo!
Antero Monteiro

nelson disse...

Caro Antero:
Impossível conciliar com compromissos anteriormente assumidos.
Mas estive presente e ainda mandei um abraço via telefone. Só que, fico tomado de pasmo e espanto pois que, afinal, deste encontro adrede organizado para debater o blogue e a associação, fica a hospitalidade, disponibilidade e amizade de sempre do casal Bento, ficou a mesa farta de comeres e beberes, ficou a canção coimbrã na voz do fadista que a Idanha já consagrou e nada mais restou da agenda de trabalhos. Ou não houve tempo, ou a acta é omissa!... Será que ficou marcada uma nova assembleia onde pontificará o jejum?...
Abraços
Nelson

Isidro disse...

Uma vez que o Alexandrino salientou várias presenças: Toninho, Jaime, Baleco, Antero, Zé Vieira, Alexandrino, Costa, Domingos Carvalhais, Celestino, Ferro e Eduardo Bento e indicou quem leu a mensagem (Eduardo Bento), eu rebusquei e reli. Só encontrei boa gente:

Uma vez que o Domingos Carvalhais se tem referido à sua reduzida necessidade do secador de cabelo e o Antero salientou que, ao espelho, vê na sua cabeça uma expressão da cor das terras altas em certos Natais, repassei as fotografias para os destrinçar.

Na minha memória visual tenho o Toninho de há 40 a 45 anos, também um pouco ajudado por uma fotografia legendada, existente no blogue, acompanhado pelo Zé Vieira e pelo Horácio (aqui mencionado com honra à sua memória). Não me perguntem como, porque não sei, mas, nessa fotografia, mais que nestas, julgo que "reconheci" o Zé Vieira. Bem pode ter sido um erro do tipo "déja vu" na minha memória, mas cá permanecerá no estado em que se encontra. O nome do Baleco é uma figura clássica da minha memória dos tempos de chegada a Aldeia-Nova, em 1964/65.

Reconheci o Alexandrino e o Celestino com base em outras fotografias do blogue, também confirmadas na suas escritas. O Jaime só pode ser o que tem o facies mais treinado e, se é, está concordante com o que tem escrito no blogue.

Quanto ao Eduardo Bento, espero que ele aceite a sugestão do Antero, mostrando o que leu ou, se assim o entender, uma adaptação.

Quanto ao paradisíaco ambiente natural que foi fotografado e frequentado, mostra algo que está muito longe dos estereótipos que vi, de passagem, a partir da estrada e da autoestrada em Torres Novas ao longo de muitos anos. Continuem.

Pronto. É o que tenho sobre esta cuidada reportagem fotográfica e literária.

Isidro disse...

Deixei, propositadamente para uma menção adicional, devidamente separada, a magistral frase do Nelson "Será que ficou marcada uma nova assembleia onde pontificará o jejum?", porque a última palavra utilizada diz tudo sobre sobre certa época do ano e o rasgo tem bons precedentes que gostaria de ver mantidos.

Zé Celestino disse...

Caro Nelson,

Conseguiste arranjos excelentes na publicação das fotos... Para a próxima, vamos apostar em filme...
Mesmo sem som, consigo ouvir a malta a cantar a «Santa Catarina», o Edurdo Bento a declamar, o trinar das guitarras/violas(desta vez ausentes...)e até o desafinar de um outro «rouxinol do mondego», saudoso de vivências que nunca teve...
A «Acta» reflecte, na habitual prosa poética do Alexandrino,o ambiente fraterno de mais um convívio na casa/adega da Vitória e do Eduardo, casal que ocupa o primeiro lugar nos «Top Ten» dos que melhor sabem receber...
Como é óbvio, falamos do Bloge, do projecto da Associação e de muitas outras coisas...
O Bloge, ultrapassadas que estão as adversidades iniciais,tem já uma dinâmica imparável e alcançou, no essencial, os fins para que foi concebido: criar e reforçar os laços de amizade entre a malta que passou por Aldeia Nova e/ou Fátima...
É uma realidade incontestável...
Não fora o Blogue e a gradual reaproximação entre a malta e até o encontro entre alguns que nunca se conheceram, seriam impossíveis...
A Associação terá que seguir a via estratégica do Bloge...
Passar de uma realidade já factual para uma mera realidade legal, com o fim único de activar acções que conjugadas com o Bloge consigam ainda uma maior reaproximação da malta e o encontro entre aqueles que ainda não se conhecem, mas que facilmente se tornam amigos, uma vez que na sua juventude tiveram vivências semelhantes e até mestres comuns...
Quanto a Assembleias com jejum, não contem comigo...

Saudações bloguistas e associativas...

Zé Celestino

Antero disse...

Isidro,
Ou eu exagerei um pouco com os cabelos brancos ou a grande concorrência tornou os meus quase escuros...
A careca é tipo Santo António e de frente nem se nota muito.
Para melhor informação dos ausentes, clarifico:
Na 7 está parte da vasta paisagem que se avista, a poente, do alpendre da casa da Vitória e Eduardo Bento.
Nas fotos 15, 17 e 22 estou junto ao Toninho que todos conhecemos bem. Nas fotos 25 e 29 estou ao lado direito do Domingos pondo a conversa em dia.
Na nº 4 estou eu e a minha mulher e à nossa frente o Alexandrino.
Na 11 está o Vieira.
Na 14 está o E.Bento relendo a mensagem e à sua direita Celestino (de chapéu) e eu.
Na 2 estou eu e o Celestino a ver uma foto, se bem me lembro, do Toninho que estará eclipsado no meio de ambos.
Na 4 ao fundo, de pé, estão Toninho, Celestino e Baleco.
Na 16 em 1º plano está o Alexandrino.
Na 19 em 1º plano está o Costa e à esquerda dele o Vieira.
Na 21 o Toninho e o Jaime.
Na 30 está o E. Bento sentado e o Ferro, de pé, a assoar-se.
Na 31 ao fundo da mesa está o Eduardo Bento (camisa azul) e o Jaime à sua esquerda.
Creio que ficamos mais ou menos todos identificados. Não identifico as acompanhantes porque não conseguiria identificar todas as presentes.

Celestino,
Face às tuas últimas declarações já me alistei para jejuar contigo! Parece que temos vocação...
Pode ser que o Nelson esteja disponível nessa altura.

Antero Monteiro

nelson disse...

Estarei, por certo!
Nelson

Isidro disse...

A lista nominativa do Antero, a formulação do Celestino e a sua bem humorada declaração quase conjunta sobre o jejum, seguidas pela adesão do Nelson, que bem introduzira a questão, muito bem alinhada com os nossos dizeres e saberes tradicionais sobre comer e beber, deram-me vontade de pegar na caneta do teclado para enquanto revia as fotos torrejanas.

No meu conhecimento acumulado do que percebo pouco e que, justificadamente, pode chamar-se incultura e até coisas menos simpáticas, ainda que oportunas, foi a sabedoria milenar popularizada na Bíblia Católica que criou o jejum com a finalidade de recuperar do efeito de excessos alimentares. Também há algum tempo alguém me mostrou um papel no qual certo devoto enxergava as origens da Dietética.

Uma vez que se tratava de uma devoção individual, ou não, considerei-a incontestável e, por isso mesmo, nada me motivou para lhe enxergar argumentos contrários. Porém, o episódio aconteceu quando o tempo já tinha aquecido e, como habitualmente, eu já tinha começado a comer menos e a beber mais enquanto, ao meu lado, alguém se queixava que lhe acontecia o contrário e, por via disso, tinha de fazer, de vez em quando, jejuns mais prolongados que o recomendado pela sua devoção.

Verdade ou não, sempre me lembrei rapidamente de certas proibições temporárias em relação à carne de porco, saber que existe algures uma proibição absoluta de comer carne de vaca sagrada, ler sobre a existência de dias alimentares mais pequenos em certas épocas de festa e outras pequenas coisas bastante dispersas cujo valor isolado só pode ser inteiramente nulo, se não for negativo de todo.

O que não encontrei na minha memória foi qualquer referência a práticas de jejum nos meus 7 anos liceais em Aldeia-Nova e Fátima (8 meses de internato por ano com cama, mesa, roupa lavada, escola, sala de estudo, recreio, jogos, academia cultural, passeios ao ar livre, competições desportivas, 3 ou 4 retiros de até 3 dias cada um, durante os últimos 2 anos, sempre muito sábios, dar aulas gratuitas de inglês ao povo comercial neste último período, etc.).

Sempre vi os Dominicanos a cuidarem muito bem da sua e da nossa saúde e protegerem-nos de vários fundamentalismos. Não é por acaso que alguém, em data recente, mostrou-se-me fortemente impressionado com a vitalidade mantida pelos honráveis Dominicanos que viu com intervalos de 20 anos (já agora, acabei de ler que a razão técnica para a existência de uma taxa social única mais baixa para os frades e padres deve-se ao conhecimento seguro de que recorrem menos aos serviços públicos de saúde e adoecem muito menos que o resto da população). Não confirmei os pormenores técnicos mas, à primeira vista, não me parece um assunto mal alinhado se não o distorcerem e perverterem.

E agora? Onde estamos? Perdi-me e, por isso, lá tive de ir dar uma vista de olhos na Net, porque já não conseguia sair do labirinto em que me metera enquanto explorava certo universo de palavras que não me pertenciam.

Concluí, então, que só identifiquei regras de jejum sobre os alimentos sólidos. Nada sobre os líquidos. Pois se o Cristo passou fome no deserto, de propósito, e ninguém escreveu que ele teve sede...

Estão a ver, não estão? - Alguns sabem mesmo mais que os outros o que não vale grande coisa, porque, no nosso Mundo de especialização e desespecialização há biliões de diferenças e semelhanças em toda a parte e em toda a gente. Porém, quando sabem que sabem, o caso muda de figura...

Já agora, para nos tirar do sério, relembremos as fotografias 13 e 14. Nem ao menos enquanto o Eduardo Bento leu as boas-vindas pararam de comer! Ainda se ao menos estivessem a beber...

Anónimo disse...

Isidro, tens razão. Por que é que eu não fui a Torres Novas. São uns glutões. E em tempo final de quaresma.
António da Purificação

Domingos disse...

Isidro,
Só tu é que me farias rir a uma hora destas! Então a razão dos padres e frades pagarem menos taxa social é porque recorrem menos aos serviços de saúde públicos?
Boa.. tenho que pedir isenção completa, 40 anos de contribuições e nada de usufruto.

Oh António da Purificação porque não apareceste, como prometido?
Teria sido bonita a confrontação com aqueles increus!
Domingos

Isidro disse...

Domingos,

Consta que ainda estás a tempo de ser acolhido nesse regime para o futuro..., porque,

«...
Finalmente, à semelhança do que dispunha a legislação anterior, adopta-se para este grupo de beneficiários um sistema de taxas de contribuição de nível inferior ao do regime geral, o que encontra inteira justificação no facto de estar demonstrada uma sensivelmente menor utilização das prestações sociais face ao comum dos beneficiários.
...»
Fonte:
Decreto-Regulamentar n.º 5/83, de 31/1
http://www.dre.pt/pdf1s/1983/01/02500/02930295.pdf

{a piada é para o Domingos, não é para os padres nem para os frades :)}