quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

Perfumes abençoados

CHEIRA BEM, CHEIRA A DOMINICANOS…

A Officina Profumo-Farmaceutica di Santa Maria Novella chegou a Lisboa. Ana Garcia Martins foi cheirá-la e relatou-me a mim, Ezequiel Vintém, as suas impressões:
“Para explicar o conceito da Officina Profumo-Farmaceutica di Santa Maria Novella impõe-se uma breve contextualização histórica. Regressemos, então, a 1221, ano em que a congregação de frades dominicanos de Santa Maria Novella chegou a Florença e abriu aquela que é hoje uma das mais antigas farmácias do mundo. Desde logo, os frades dedicaram-se ao cultivo de ervas com as quais preparavam medicamentos, bálsamos e pomadas para aliviar as maleitas da congregação.

As qualidades terapêuticas dos produtos começaram a ganhar fama e, em 1612, a farmácia foi aberta ao público. Em 1700, países como a Rússia, a Índia ou a China tornaram-se consumidores e, em 1866, a Officina Profumo-Farmaceutica tornou-se propriedade do Estado, que a cedeu ao sobrinho do último frade director da Officina.

(…)

Aqui, os aromas e as embalagens falam por si, por isso a loja tem um aspecto muito simples, branco, depurado. Pode-se mexer em tudo, cheirar tudo, experimentar e descobrir a versatilidade das linhas.

(…)

Há 40 perfumes, entre eles a clássica Acqua della Reina, feita propositadamente para Catarina de Medici (depois, o perfumista mudou-se para Colónia, na Alemanha, dando origem à famosa água de colónia), ou a Angels of Florence, dedicada a todos os que ajudaram nas cheias que inundaram Florença em 1966. Todos os aromas assentam em produtos naturais, e oscilam entre coisas tão variadas como o âmbar, madressilva, gardénia, rosa, sândalo, musgo, frésia, íris, lavanda, magnólia, violeta, patchouli ou verbena. Pelo meio, uma linha com especialidades gastronómicas: mel, compotas, chás, tisanas, misturas de ervas, chocolates, azeite, especiarias ou licores. Tudo biológico, para não destoar do resto.
Alguns dos rótulos que envolvem os produtos continuam a ser iguais aos originais, o que ajuda à originalidade da marca e àquele aspecto de botica antiga. E apesar de a produção ser cada vez mais automatizada, para poder responder a todos os pedidos, os membros da congregação continuam a estar muito envolvidos no processo.

(…)

Os postais de Natal, por exemplo, são feitos à mão por uma freira. A história e longevidade da marca, a preocupação ambiental (nenhum produto é testado em animais) e as propriedades dos produtos têm um preço.

(…)

Enquanto não puder ir a Florença ver a loja original, sedeada numa antiga igreja, passe por esta. Carolina Faúlha garante que quem vai a primeira vez, volta sempre. “As pessoas ficam fascinadas com o perfume”, diz. Nada como experimentar.”
Cheira bem, cheira a dominicanos…
Ezequiel Vintém

21 comentários:

Anónimo disse...

A publicidade ão está mal feita,,, Então e a morada meu amigo ?

Antero Monteiro

Anónimo disse...

Oh Ezequel, odores deste mundo cheiram mal. Preocupa-te com a alma e não odoriferes o corpo. Uns são os odores da vaidade, outros os da santidade.
António da Purificação

Anónimo disse...

E onde se mercam os da santidade?

Anónimo disse...

Nelson: Diz-nos o livro. É com oração e muita penitência que se expulsam os demónios.
António da Purificação

Anónimo disse...

Para teu sossego, caro António da Purificação, o mau cheiro está associado ao mal e à fealdade. Faz uma pausa na leitura das vidas de santos e lê "Ensaio sobre cegueira" de José Saramago, para confirmares o que digo.
Em contraposição o bem e a santidade estão intrinsecamente ligados ao bom cheiro, ao perfume. Nunca viste um santo feio, maltrapilho e mal cheiroso, pois não? Então cala-te. A própria Nossa Senhora está associada ao perfume. Quando há poucos anos ainda, apareceu em S. Marcos da Serra, deixou no chaparro onde pousou, um intenso cheiro a flores, dizem, que nunca lá passei.
Porque te permites duvidar da virtude dos pioneiros dominicanos, quando a par do estudo das escrituras se didicaram à criação de perfumes? Um bom pregador terá mais sucesso junto das almas se cheirar bem.
Vou ainda mais longe. Desçamos ao inferno. Que cheiro é que te entra pelas narinas? Não é de perfume pois não? Então cala-te.
Eu no teu lugar pedia uma segunda oportunidade, porque esta está meio perdida.
Saudações bloguistas
Ezequiel Vintém

Anónimo disse...

Ezequiel:

Eu Já sabia que pelas tuas intervenções andavas por caminhos ínvios. Pois claro, tens de ser leitor do inimigo da Igreja,esse Saramago. Arreda!
António da Purificação

Isidro disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Anónimo disse...

Errata

Mais acima, onde se lê

"...certo discurso beatarrão em cuja existência já ignorava..."

deve ler-se

"...certo discurso beatarrão cuja existência já ignorava..."

Isidro da Silva Dias
isidrosdias@gmail.com

Anónimo disse...

Estou absolutamente de acordo com o Ezequiel Vintém sobre os efeitos positivos e benéficos do perfume. Um que bem compreendeu que o perfume nos fazia transcender do terra a terra foi o Senhor Padre Oliveira (de santa memória) e para quem todos eramos “ratos cegos”. Ele nunca ia confessar sem primeiro se perfumar copiosamente. Certa manhã vou ter com ele e indico-lhe que uma Senhora espera na capela para se confessar. Que espere um momento! Depois de bem perfumado (em odor de santidade) dirigiu-se para a capela... Ao sair intermelou-me: ò seu ratinho cègo, então não viu que era uma mulher e não uma senhora?! Na verdade o nosso Pe Oliveira não se perfumava para as camponesas là do sítio, não por fazer descriminação, mas para não as perturbar com odores a que elas não estavam habituadas.
Quanto à beatice do António da Purificação, penso que devemos usar de tolerância. É a excepção que confirma a regra. Houve sempre mais ou menos 1/100 de beatos tanto em Aldeia Nova como em Fátima. Os beatões ràpidamente se davam conta que não alinhavam com o carisma dos dominicanos... Noutros tempos eu não era nada tolerante com os que queriam ser beatos antes do tempo. Hoje peço compreensão para os disparates do António da Purificação que deve ter ficado pouquissimo tempo nos dominicanos. Não teve tempo para se emprenhar da verdadeira espiritualidade da ordem dos pregadores na qual a natureza precede sempre a graça e a espiritualidade sempre se apoia no real.
Mudando de assunto devo dizer-vos que foi com prazer que ví de novo a assinatura do Ezequiel Vintém. Deleito-me também com a leitura dos textos e os comentários do Isidro e do Antero, a geração que nos seguiu em Aldeia Nova e que é para nos motivo de orgulho, como nos podemos orgulhar do irmão mais novo que percorreu o nosso caminho e conseguiu ultrapassar-nos. Venham mais, para a felicidade de todos. Fernando

Anónimo disse...

Ainda bem que o Isidro facultou a morada, pois o Ezequiel só queria vender o produto sem dizer onde...

Caro Fernando, obrigado pelos elogios aos mais novos na parte que me toca. Mas, ultrapassar, não, pois a notável contribuição de alguns dos bloguistas mais antigos, em que te incluo, ainda deixa as últimas gerações de Aldeia Nova a uma grande distância.
Isto não é uma competição, mas vou sugerir ao Nelson que incentive a competição e estimule a produção, que mais não seja mediante uma comenda no almoço anual ou o almocito à colaboração mais comentada ou por qualquer forma votada ou outro qualquer critério em que ele pense.
Qualquer que seja o critério a primeira distinção deveria ir para o editor que além da colaboração voluntária tem a "compulsiva"...para nos aturar um pouco a todos, sempre atentamente.
Desta vez para estimular as contradições, termino com saudações leoninas!em vez do abraço do costume.
Antero Monteiro

Anónimo disse...

Caro Antero
Este post (como pr'aí se diz) não teve qualquer intuito comercial, mas tão só lúdico. Aliás, devo confessar-te que não tenho a mínima habilidade para vender o que quer que seja. Evito sempre colocar-me nessa posição pois receio que me surja um dos muitos espertos de que este país é fértil, que me leve o produto e eu aunda tenha que lhe pagar por cima.
Retribuo saudações
Ezequiel Vintém

Anónimo disse...

Meu caro Vizinho:
Já cá tenho a minha comenda, que é a vossa amizade e sobretudo o ter reencontrado, ao fim de meio século, muitos daqueles com quem cresci entre os 11 e os 16 anos, como o Fernando, o Alexandrino, o Zé Celestino, o Eduardo, o Fr. Pedro, o Carvalho, o Leopoldo, para só falar naqueles com quem, através destas tecnologias hodiernas, me vou cruzando.Sinto-me recompensado por vos ter por perto. Mas podemos estudar galardões para os mais assíduos. Prometo que vou pensar nisso e poderemos fazer do convívio anual, assim uma espécie de 10 de Junho. À consideração da Exma Comissão Organizadora.
Abraços e há momentos, lá acabámos por empatar na Trofa!
Nelson

Anónimo disse...

...e o Moreno, o António Ferreira que da Austrália há tanto tempo que guarda silêncio, o Toninho, o Jaime e tantos que moram na minha memória...
Eduardo Bento

Anónimo disse...

ADENDA:
É claro que só me estou a referir, nomeando-os, aos bloguistas.
Eduardo Bento

Anónimo disse...

Mas há mais Eduardo.E tu sabes tão bem como eu, só que depende do critério de assiduidade utilizado. No meu ponto de vista há que apelar também ao Neves de Carvalho, ao António Ezequiel Lucas, ao Ferraz e tantos outros que estão a enterrar os talentos que o Senhor lhes deu.
A. Alexandrino

Anónimo disse...

Cá vou eu, cá vou eu! Eventual, mas atento!
Não resisto a um bom galardão. Eu voto no Vintém e no Purificação, nosso amigo do peito. Confesso ter saudades do Pancrácio. Pode ser que o Água Benta (A.B.) dê muito que falar. Quem terá sido o seu director espiritual?
Aquele abraço e parabéns aos novos. Obrigado pelo convívio.

Anónimo disse...

Tens razão Eduardo... são esses todos e muitos mais!... Eu também só mencionei alguns! O ferraz lembrou o Pancrácio; então e o Apolinário, tal como ele pivot de um canal televisivo projectado na parede da barberia, através da luz que chegava do petromax instalado no salão do 1º andar?!... Lembram-se? RTD... Gente engenhosa!

Anónimo disse...

O "Zip-Zip" esteve na RTP em 1969, às segundas-feiras.

Teve momentos especiais, como a transmissão de um jogo de matraquilhos, uma entrevista à estátua de Luís de Camões, o humor de Raul Solnado e várias personalidades da música nos anos seguintes.

Eu estava longe de saber que, antes do zip-zip já tinha havido um original artista de televisão em Aldeia-Nova, mais de 10 anos antes.

E esta?

Anónimo disse...

Gente inventiva! Não tinhamos luz eléctrica, mas faziamos maravilhas com o que tínhamos. Nos passeios dominicais, um pequeno rádio a pilhas punha-nos ao corrente do mundo do desporto (futebol). Apesar de tudo, eramos felizes com o que tínhamos.

Anónimo disse...

Na minha experiência de vida acredito, porque há vivências especiais em grupo.

Assim, a genuina felicidade em certas fases da vida pouco tem a ver com os meios disponíveis, contanto que esteja assegurado determinado mínimo e ressalvo que não pretendo passar qualquer forma de miserabilismo, a que, q.b., me oponho a todos os níveis.

Todas as fotografias do meu tempo de Aldeia-Nova mostram rapazes mais felizes que a minha lembrança, inclusive em relação a mim mesmo. É até um pouco impressionante a vivacidade positiva que alguns têm de vivências que, para outros, eram mera rotina.

Anónimo disse...

Reparem na subtileza do Toninho (AS, de António Silva), aqui:

https://www.blogger.com/comment.g?blogID=3192174853698367736&postID=2633288921019680246&isPopup=true)

sobre os "Perfumes Abençoados" no artigo humorístico do Ezequiel Vintém aqui:

http://criarlacos-ex-dominicanos.blogspot.com/2009/01/perfumes-abencoados.html

"...Tenho estado a assistir, divertido (com prazer) a estas intervenções dos novos (afinal em tudo) colaboradores do blog. E à propaganda dos "cheiros" por parte do Vintém. Olha lá, ó confrade Ezequiel, ... esse convento de Santa Maria Novella devia ser da regra antiga e por isso mais permeável aos cheiros para melhor convívio das tentadoras..."