“Caminha-se para uma escravatura encapotada quando, nem de propósito, acabei de falar com uma letã (também cidadã portuguesa) das minhas relações que, movida pelo desespero, "aceitou" trabalhar por 1,9 euros à hora, num trabalho técnico qualificado (topografia, ela é licenciada nisso)”.
E porque não lembrar os engenheiros civis portuguesíssimos, que conheço, contratados com o pomposo título de “director de obra”, ao preço de 600 euros mensais, sem horário.
“Mas não são obrigados a aceitar, logo são livres e não escravos”.
Já não falo da precariedade no trabalho, nem na liberalização dos horários, nem na deslocação arbitrária de trabalhadores - não falo, porque isso é propaganda política e deixo imediatamente de ter razão.
Ezequiel Vintém
E porque não lembrar os engenheiros civis portuguesíssimos, que conheço, contratados com o pomposo título de “director de obra”, ao preço de 600 euros mensais, sem horário.
“Mas não são obrigados a aceitar, logo são livres e não escravos”.
Já não falo da precariedade no trabalho, nem na liberalização dos horários, nem na deslocação arbitrária de trabalhadores - não falo, porque isso é propaganda política e deixo imediatamente de ter razão.
Ezequiel Vintém
6 comentários:
E o esclavagismo começa nos contractos a termo, que todos combatem quando estão fora do governo e depois abençoam quando lá chegam. O malfadado "recibo verde" é o diploma de tantos que lutam pela sobrevivência, neste país que preside à UE. O fosso vai-se cavando e, queiramos ou não, o padrão social resume-se "aos que comem" e "aos que cheiram".
Bravo Ezequiel Vintém! Foi um regresso em cheio.
Nelson
Compreendo melhor, depois desta reflecção, que cada vez haja mais portugueses que veem trabalhar para França especialmente na construção. Apesar de Clermont-Ferrand não ser a destinação preferida dos nossos compatriotas ( preferem o sul: ganham mais e há mais sol) conheço vários casais que emigraram porque em Portugal, mesmo trabalhando a dois, já não podiam fazer face a todos os compromissos que tinham assumido em tempos mais propícios. Um dia prolongarei esta análise. Um abraço, Fernando.
Meu amigo Ezeqiel Vintém. O problema é que as pessoas
são obrigadas a aceitar proposições que sem serem,
infelizmente, ilegais, são desumanas.
Se cada um podesse ser tratado como pessoa
ou ao menos como gente!... A este propósito cito um poema
“Ser gente” É raro que um bispo escreva de forma tão clara e realista
e é por isso que eu sublinho.
Queremos ser gente
Viver como gente
Ser tratados como gente.
Ser gente é ser ouvido
Ser gente é ser respeitado
Ser gente é poder partilhar
Ser gente é ter razões
Para viver
Para cantar
Para sorrir.
Ser gente é ter pão
Ter trabalho
Ter casa
Ter escola
Ter qualidade de vida.
Ser gente é ser feliz!
M. Martins, Bispo
O comentario que precede é do Fernando
Ó Exequiel Vintém, ainda bem que te temos de volta com um assunto que põe o dedo na ferida mais sangrenta desta nação portuguesa: trabalho precário, recibos verdes,pagamentos abaixo do valor do trabalho e nem sempre pagos a horas, se é que o são, corrupção dos grandes impune mas os pequenos é que se lixam... Muito mais haveria que apontar. Em contraponto, temos os carros (muitos) mais caros do mundo a circular nas nossas estradas, os três ferraris num só industrial de Felgueiras, as suculentas reformas de muitos políticos que estiveram na administração de empresas públicas, e muito, muito mais! Poderia dizer-se como já foi dito num episódio da nossa História: " é fartar vilanagem ".
Tens razão Ezequiel Vintém!
Neves
É de continuar a elaborar o que os nossos amigos brasileiros designam "Manual do Escraviário"
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