É sabido que delineamos o nosso futuro através das nossas
atitudes. Somos responsáveis pela vida que temos. Não nos adianta culpar os
outros pelo que nos acontece. A vida é uma aprendizagem que nós próprios temos
de fazer e não os outros por nós.
A chave da felicidade poderá estar na forma como olhamos
para a vida, na postura perante as dificuldades e nos objetivos que definimos.
O isolamento, a inação, o pessimismo, a comparação social, a comunicação
negativa, a atitude ruminante, a vitimização, em nada contribuem para ser
feliz. Antes pelo contrário. Constituir objetivos e sonhos de uma vida melhor,
perdoar e não ficar agarrado ao passado, ser tolerante, ter objetivos de vida
absorventes contribuem para sermos mais felizes. Sentir medo, tristeza, raiva é
natural e pode contribuir para aumentar a nossa resiliência, para aprender com
os erros e crescer no desenvolvimento pessoal.
O passado passou. Faz parte da história. Se passou, não pode
ser alterado, mas terei de aprender com o que aconteceu, isto é, o passado é
uma reserva de vivências e conhecimentos que nos ajudam a traçar o presente e o
futuro. O futuro poderá ser uma surpresa e o presente uma dádiva. Portanto, vou
viver intensamente o presente, transformando-o num estado durável de alegria e
satisfação, aprendendo a viver num estado mental de paz interior. É o que eu
penso que pode definir a maneira como me sinto neste momento.
Portanto, vou afastar os pensamentos negativos, utilizando a
mente a meu favor e concentrar-me na alegria de estar vivo e reconhecer que
posso mudar o meu estado de espírito mas não a vida ou o mundo que me circunda.
A adversidade constitui uma oportunidade. Posso criar os meus pensamentos e ver
a vida e o mundo de uma forma mais positiva e alegre, contribuindo, ao mesmo
tempo, para a sua melhoria.
Ficar preso a momentos dolorosos do passado diminui a
oportunidade de ser feliz no presente. Vou passar a ser observador do que
aconteceu, focando tudo sob o seu aspeto positivo. É necessário seguir em
frente e não ligar ao que desapareceu, aprendendo antes a apreciar o que
obtive. A alegria, a felicidade não está no que sucede, mas sobretudo em mim.
Quando acreditamos em nós próprios, na capacidade ilimitada
da mente que possuímos, descobrimos que valemos muito mais do que pensávamos e
que podemos ser cada vez melhores. A fonte do sucesso está em nós próprios, no
nosso interior. Está em escutarmo-nos e encontrarmos o sentido da vida, vivendo
na aceitação, na esperança, na confiança e na alegria.
Afinal, qual é meu objetivo na vida? Qual é o meu dom,
talento que posso oferecer aos outros? Uma vida vivida para os outros adquire
sem dúvida um maior sentido. Tenho de assumir o presente, respeitar o que tenho
e o que a vida me deu. Pretendo deixar uma marca significativa, lutando pelo
meu sonho de um mundo melhor. O passado, o presente e o futuro fazem parte da
vida. Mas o momento que vivo é o agora, até porque é o único que tenho, havendo
sempre mais possibilidades do que aquelas que imagino.
A vida é muito curta, mas encontra-se cheia de oportunidades
e espero não me vir a arrepender daquilo que possa fazer e não o tenha feito.
Posso ter errado, mas é através dos erros que tento aprender. Aliás, a vida é
uma aprendizagem. Posso ser afetado pelo meu agir perante a visão do que me
acontece e não tanto pelo que sucede.
Uma mudança de atitude leva a uma mudança de vida. Sou um
ser feliz pois sinto-me privilegiado pelo facto de estar vivo e com saúde. Não
posso lutar contra o passado, mas aceitar o que aconteceu. O poder de realizar
coisas existe no interior de cada um de nós. Cada pessoa é única e diferente
das outras. Possui talentos, habilidade e capacidades próprias. O importante é
ser eu mesmo, descobrir em que me diferencio dos outros.
Sou o responsável pela minha vida. Nada me impede de tomar
decisões por uma vida melhor, mais positiva e agir de acordo com o que decido.
Tenho um sonho, um projeto de um mundo melhor, mais justo e solidário, e é por
isso que vou lutar.
A felicidade tem também a ver com a nossa autoestima, que
consiste em ter uma opinião positiva de nós próprios, em termos confiança
nas nossas capacidades de lidarmos connosco e com o mundo que nos rodeia de uma
forma assertiva. Encontra-se ligada ao autoconhecimento, o amor-próprio,
aceitando-nos tal como somos.
Num determinado momento, ama-se alguém. O coração retém o
sentimento e, durante a vida, quando não existe quem se ama, fica o amor que
lhe temos. Mas o Papa Francisco diz-nos: “Não chores pelo que perdeste, luta pelo
que tens. Não chores pelo que está morto, luta por aquilo que nasceu em ti. Não
chores por quem te abandonou, luta por quem está contigo. Não chores por quem
te odeia, luta por quem te quer. Não chores pelo teu passado, luta pelo teu
presente. Não chores pelo teu sofrimento, luta pela tua felicidade. Com as
coisas que nos vão acontecendo, vamos aprendendo que nada é impossível de
solucionar, apenas temos de seguir adiante”.
Não é admissível estarmos hoje a prolongar algo desagradável
que nos fizeram no passado. Para nos libertarmos, temos de perdoar, desistir da
carga dos sentimentos que nos ferem, permitir que isso desapareça. Os problemas
são oportunidade para crescer, são desafios. É necessário eliminar o
ressentimento e perdoar. Perdoar-nos até a nós próprios, pois agimos de acordo
com o que de melhor sabíamos. Isso leva-nos a amarmo-nos mais, a conhecermo-nos
melhor, a ganharmos uma maior autoconfiança. Tudo isso contribui para um
equilíbrio emocional, para um melhor bem-estar subjetivo pessoal.
As nossas características únicas diferenciam-nos de qualquer
outra pessoa. Precisamos de mergulhar dentro de nós próprios e escutarmo-nos,
descobrir o que está certo para nós. Não devemos estragar o presente por um
passado que não tem futuro. O passado não volta mais. Serve para aumentar a
nossa sabedoria para avançar, para fazermos as coisas de outra maneira.
Sabedoria para a qual a experiência de vida é fundamental. Quanto mais
claramente nos compreendermos a nós próprios e às nossas emoções, melhor nos
relacionaremos connosco e com o mundo que nos envolve. Não podemos permitir que
as frustrações nos dominem. Os erros que possamos cometer constituem uma
oportunidade para crescer.
Temos de descobrir as atividades, inclusivamente o trabalho,
que poderão contribuir para a nossa felicidade. Cultivar o otimismo, aumentar a
nossa autoestima, desfrutar o momento presente, descobrir o nosso propósito de
vida, aprender a lidar com os problemas, tornando-os desafios, evoluir enquanto
pessoa, cuidar do corpo e do espírito, contribui para uma vida e mundo
melhores.
Reavivar os valores que fazem sentido, descobrir o
essencial, as relações humanas, no que nos une, no amor, na gratidão. O homem é
um ser social. Como tal, dificilmente consegue ser feliz na solidão. Precisamos
de afeto, convívio, alegria, humor, sorriso, emoções positivas, transformar
pensamentos negativos em positivos. Se não conseguimos libertar-nos deles,
contornemo-los, reprogramemos os pensamentos.
Os problemas sempre existirão. São desafios. Viver é enfrentar
a vida com os seus problemas uns atrás de outros. O modo como são encarados é
que faz a diferença. O que determina a felicidade é a forma como reagimos ao
que acontece. Tendo consciência de como a nossa vida é passageira, devemos
aproveitar as oportunidades de ser feliz e de contribuir para que outros o
sejam.
Refletir sobre o que sou, o que fiz, conhecer-me melhor. A
personalidade permite-nos uma construção unificada ao longo da nossa vida,
conferindo um sentido ao passado, presente e futuro. Construção mental e
história de vida integram-se numa identidade, no respeito pela diferença. Somos
todos diferentes mas apesar de tudo iguais, sendo cada um de nós um ser único.
A felicidade constrói-se através da perceção que temos sobre
os acontecimentos do dia a dia e da atitude que tomamos perante os problemas e
no relacionamento com os outros. É um jeito de viver, uma conduta, uma maneira
de estar. Para nos sentirmos mais felizes, podemos adotar atitudes como
expressar gratidão, cultivar o otimismo, cortesia, relações sociais, saborear
as alegrias da vida, praticar a espiritualidade. Os nossos pensamentos
determinam o que somos e seremos no futuro. Somos o que pensamos. Somos os
únicos responsáveis pelas nossas vidas e só conseguiremos bem-estar,
tranquilidade e alegria se nos conhecermos melhor a nós próprios.
A felicidade tem também o significado de bem-estar
espiritual ou paz interior. Existem diferentes abordagens ao seu estudo: pela
filosofia, religiões ou pela psicologia. O Homem procurou sempre a felicidade,
ao longo dos tempos.
Para Aristóteles, século IV A. C., a felicidade estaria no
equilíbrio, na harmonia. O bem-estar eudemónico tem origem em Aristóteles e tem
a ver com o bom caráter, com a realização pessoal. Eudaimonia, eu =
bem-disposto, daimon = que tem um poder divino. Para Aristóteles, a eudaimonia,
felicidade, está em atingir o potencial pleno da realização de cada um. Mais do
que um sentimento, está relacionada com o que uma pessoa faz de si e da sua
vida, sendo uma expressão da virtude. É a meta da vida humana.
Aristóteles considera que a felicidade constitui o bem
supremo, o fim último, sendo difícil dizer o que é. Para uns consistirá no
prazer; para outros, na contemplação. Recusa a ideia de que a riqueza nos possa
garantir a felicidade, baseando-se esta na autorrealização numa comunidade
através do exercício da virtude.
Existiram outras correntes filosóficas que se debruçaram
sobre o tema da felicidade, como, por exemplo, o epicurismo, que entende a
felicidade como o prazer moderado, os estoicos como a aceitação da vida, os
racionalistas, como Leibniz, a adaptação da vontade humana à realidade, etc.
Várias escolas da Grécia Antiga defendiam múltiplas formas de alcançar a
tranquilidade, um meio para a felicidade. Segundo o estoicismo, podia ser
atingida através do autocontrole e da aceitação do destino. Epicuro defendia o
hedonismo, a filosofia do prazer, sendo este bom e a dor negativa. De um ponto
de vista filosófico, considera-se a felicidade como o fim último e o bem
supremo da existência.
Para Nietzsche, o ser humano não foi concebido para a
felicidade, mas para o sofrimento. Para a filosofia oriental, deriva de um
estado de harmonia interna, um sentimento de bem-estar duradouro.
Além destes, muitos outros filósofos se pronunciaram sobre a
felicidade ao longo da História, mas não nos vamos debruçar sobre eles nestas
breves reflexões.
A felicidade é um desejo do ser humano e o seu objetivo
último. Está associada a uma vida com sentido, num bem-estar constante e num
otimismo em encarar as circunstâncias e o mundo.
Uma vida feliz é uma vida partilhada com a família, com os
amigos e pessoas que nos trazem sentimentos positivos, mostrar gratidão,
cultivar as boas relações sociais, não ficar demasiado preso ao passado. O
medo, tristeza, raiva ou outras emoções negativas, assim como os erros que
cometemos, podem contribuir para a nossa aprendizagem, para crescer e
superar-nos a cada tentativa, assumindo-nos como os protagonistas das nossas
vidas. Podemos não conseguir controlar determinados pensamentos, mas podemos
escolher a atenção e o significado que lhe queremos dar.
A alegria e outras emoções positivas são importantes para
reforçar o nosso sistema imunitário e para ter mais saúde. A felicidade resulta
do amor, amizade, esperança a curto, médio e longo prazo, saúde, ambiente,
educação, espiritualidade, consciência tranquila.
O bem-estar subjetivo tem a ver com a saúde, amor, sentido
de vida, realização, liberdade e paz interior. Depois da saúde, o mais
importante é a paz interior para a qual o perdão contribui. Quando nos
relacionamos com o Divino, com um poder superior, conseguimos ser mais felizes
e lidar melhor com as adversidades que surgem. A meditação e a oração
proporcionam grandes benefícios físicos e psicológicos. Ouvir a nossa voz interior
ajuda a encontrar as melhores soluções para quando for preciso e a confiar no
que a vida nos dá.
O passado serve como aprendizagem. A reflexão sobre os
factos e ações do passado ajuda-nos a evoluir. O futuro ainda não chegou. O que
conta é o presente. Somos responsáveis pela nossa felicidade, pela gestão dos
nossos pensamentos. Um pensamento positivo produz muitos benefícios no corpo,
mente e nos relacionamentos.
Portanto, devo largar os pensamentos negativos, não os
combater mas aprender a deixá-los ir, libertando-me, orientando-me para a
alegria, para a esperança, para a gratidão, para o sentido e propósito da minha
vida.
Para ser feliz, é importante conhecer-me melhor. Quem sou?
Onde vou? Com quem? Qual é o meu propósito de vida? A realização pessoal passa
também por amar e ser amado. Sorrir, mesmo quando tiver dificuldades em
fazê-lo. Viver cada dia como se fosse uma dádiva. Aprender com os erros. O
crescimento interior alcança-se pela experiência de vivermos e de errarmos. É
sempre possível recomeçar, aprender a confiar nas nossas capacidades com vista
à concretização de um objetivo.
Quando mergulhamos em nós mesmos, a nossa vivência muda para
melhor, aumentando a satisfação, o bem-estar subjetivo, termo adequado para
designar a Felicidade, que tem também a ver com os afetos e a satisfação com a
vida.
Os pensamentos influenciam as emoções. Os pensamentos
positivos, alegria, sucesso, valorização, levam a resultados positivos,
entusiasmo, energia, boa disposição. Os pensamentos negativos, falta de confiança,
mágoa, receio, culpa, levam a resultados negativos, ansiedade, raiva, fadiga,
etc. Podemos agir nos nossos processos mentais de modo a facilitar os
pensamentos positivos e o nosso bem-estar. Tendo em conta os aspetos positivos
que temos, lidaremos melhor com as dificuldades, seremos mais felizes.
Portanto, não entrar em stresse perante os problemas, lutar
pelo que queremos, concretizar os sonhos, demonstrar amor, sermos nós próprios
diante dos outros, viver cada dia como se fosse o último, viver a vida de forma
positiva, leva-nos a sermos mais felizes.
Baltazar Martins
1 comentário:
Obrigado Baltazar Martins pelo teu artigo - quando se assume a responsabilidade pela realidade que se experiência tomamos comando da vida, criando a realidade que se deseja e merece. Esta tomada de consciência produz o Ativista da Nova Era. O que na verdade criou os grandes líderes e Santos foi a sua atitude perante a vida. Foi simplesmente o serem responsáveis pelas suas experiencias. Como dizia Frei João Domingues “és feito da mesma matéria dos grandes santos e criminosos; tu é que escolhes!”
António Fernandes
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