quarta-feira, 31 de outubro de 2012

ANIVERSÁRIOS EM NOVEMBRO

Durante este mês celebram o seu aniversário os
nossos Amigos
NOME                                                                 Dia
  Joaquim Luís Costa Soares                                           5
  Isidro da Silva Dias                                                     6
  Armando Vicente Morais                                               7
  Carlos Manuel Marques Pires                                         8
  Manuel Frias Pena                                                       9
  Leonel Dias da Silva                                                    9
  Fernando Tavares Caetano                                           9
  António Ezequiel Pereira Lucas                                     10
  Jose Antunes Ribeiro                                                 18
  Manuel Neves de Carvalho                                          19
  José dos Santos Fortunato                                          28
Para todos os nossos parabéns e os votos de um futuro cheio de 
Bençãos de Deus.

domingo, 28 de outubro de 2012

Pretensão ou Sonho?!...

Eh! Rapaziada, vamos lá dar um pouco mais de vida e ânimo ao nosso blogue!
O Nelson está a começar a acusar o ”desgate”(desculpa Nelson. Sem ofensa!) dos anos. Se pára agora será muito pior. “Parar é morrer” e nós não queremos que o nosso ”irmão” Nelson morra. Ou queremos?
Tenho a impressão que ouví um não de tal sonoridade que fiquei com um terrível zumbido nos ouvidos. Aínda bem que é assim.
Mas temos que o provar arranjando trabalho para manter o Nelson ocupado. Não podemos deixá-lo caír no desalento. Nem tão pouco deixá-lo caír no mau hábito de não fazer nada ou pensar que nós nos esquecemos dele. Não é que a gente não saiba que ele é uma pessoa com muitos afazeres. Nós sabemos! Mas tenho a certeza de que ele gostaria que lhe “pusessemos um pouquinho mais às costas” no que respeita ao blogue “Criar Laços” – o nosso blogue!
Ora bem, se o “Criar Laços” é nosso e nos foi oferecido numa bandeja pelo Nelson e aqueles que com ele colaboraram, vamos usá-lo; vamos escrever as nossas histórias; vamos conviver e reviver as histórias que fizeram - e fazem -  parte das nossas vidas; vamos pôr o Nelson a trabalhar para nós!
Peço desculpa pelo tom deste pretensioso chamamento de todos os que teem veia, ideias, imaginação para que ponham um bocadinho mais de “tinta no papel”.
Pela minha parte, eu tenho a impressão de que já uma vez disse a alguém, anteriormente’ que tive uma fase na minha vida em que qeria ser escritor.  Mas nunca fui avante com a ideia. Tenho a certeza de que tomei a decisão certa.
Como podem ver por aquilo que acabo de escrever ou que acabarei de escrever – já não falta muito – a  minha veia de escritor não me alcançará nenhum prémio nóbel de literatura. O que vale é que isso não me trás nenhuma desilusão. Mas confesso que gostaria de escrever como tantos daqueles que já nos deram o prazer de “saborear” a leitura dos seus artigos. Alguns dos quais de um calibre, talvez, um pouco elevado para mim.
Mas vou tentar organizar um pouco mais as minhas ideas e fazer a minha presença mais “visível” no “Criar Laços”. Desculpem se a frequência e qualidade não forem do melhor.
Darei o que posso e possuo.
Até à próxima vez – que não sei quando será – um grande abraço para todos aqueles  me derem a honra de gastarem dois ou três minutos para lerem este desfiar de ideas sem nexo.
AFerreira

segunda-feira, 22 de outubro de 2012

ALDEIA NOVA - por Antero Monteiro

(Memórias de Aldeia Nova, a quase 50 anos de distância…)

Chegou o dia! Combinado o encontro pelas 04h30 ou 05h00 da madrugada, com dois ou três companheiros de viagem, da mesma aldeia, (vide http://chaosdemeda.blogspot.pt ) que já eram alunos do seminário.
Depois de uma madrugada sem memória de nenhuma outra anterior tão grande, lá começou a utilização dos meios de transporte necessários e indispensáveis para rumar a Aldeia Nova:
- dois quilómetros de burra, para levar as malas;
- nessa altura, depois de sentir os pés, e até o esqueleto, congelarem numa paragem sem qualquer protecção, chegou a “camioneta de carreira”, janelas todas fechadas, para evitar a entrada do frio, com ar bafiento, atabacado, com cheiros adversos à pacificação de estômagos e do pequeno almoço madrugador, tomado à pressa. Curvas e mais curvas, naquelas pobres estradas de outros tempos, de Mêda e Trancoso emolduradas aqui e ali com a monumentalidade dos grandes blocos de granito…. até Celorico da Beira;
- Também ali o frio era muito. Lá se fez anunciar, ainda longe, o comboio, com o seu silvo habitual;  horas de viagem, com mudança na Pampilhosa, para apanharmos o comboio que vinha do Porto e nos levaria a Caxarias.
Em Caxarias, lá saímos das diversas carruagens, com malas quase maiores do que nós. Como bando de pardais, chegámos em revoada, sem nos conhecermos, adivinhando que o destino era o mesmo: Aldeia Nova!
Os mais velhos que já conheciam o local, aproveitaram para jogar os matraquilhos no café, junto à estação de Caxarias, pondo em dia as conversas de colegas que se reencontravam depois de umas férias grandes. Chegou a carrinha para levar as malas e os que couberam. Os restantes, lá fomos caminhando até que a carrinha nos apanhou e nos conduziu a Aldeia Nova:
- Ali estava o seminário, com duas partes bem distintas: a parte velha e a parte nova, resultante de uma ampliação recente. Com tanta malta a chegar no mesmo dia a agitação foi grande: distribuição de camas no dormitório, lá no último piso, junto ao telhado, com a mala debaixo de cama; Depois o jantar, com o refeitório à luz dos petromaxes, o que era uma modernice para quem vinha das Beiras, habituado a candeias e candeeiros, com pouca luz. As refeições, embora modestas, mais urbanizadas e a horas certas, diria mesmo muito melhoradas, para a maior parte dos que chegavam daqui e dali, comparadas com as refeições frugais das nossas casas. Esclarecimentos, regras, tempos livres, um dia ou dois para adaptação, até começarem as actividades escolares.
Assim se entrou na rotina das aulas, recreios, almoço,  estudo, missa (que foi, se bem me lembro em diferentes horários), o jantar, o período de estudo nocturno.  O campo de futebol, tinha uma actividade intensa nos recreios, a vozearia reflectia-se no pavilhão ao fundo e vice-versa. A nossa vivacidade agitava o tempo e o espaço, cultivando o espírito e as nossas imensas capacidades físicas (existe um belo texto-poema do E. Bento que me lembra sempre esta vivência: http://criarlacos-ex-dominicanos.blogspot.pt/search?q=Lembras-te?   ).
A vida, frequentemente compassada pelo toque da sineta, alcandorada à entrada do refeitório, sempre ouvida com agrado, qual reflexo pavloviano. Assim se seguiram os vários anos de 1964 a 1969 (dos 10-11 aos 15).  A evolução foi gradual mas determinada e determinante. No terceiro ano passávamos para o dormitório da parte nova, em comunicação e com o dormitório velho.
A evolução das próprias edificações, sempre foi preocupação da Ordem e de todos os empenhados Dominicanos (grandes homens de que não mencionarei nomes para não esquecer ninguém) que zelavam pelas nossas condições de alojamento, formação escolar, saúde espiritual e física, foram construídas, nomeadamente:
- foi construída a ala dormitório lateral ao campo de futebol, a nascente, que estreámos no quarto ou quinto ano, muito compenetrados da importância de sermos os mais velhos, pois aquela separação dos mais novos dava-nos estatuto. Tinha uma localização estratégica importante para irmos rapinar fruta à quinta a horas tardias, cuidadosamente, para não sermos apanhados. Por baixo do dormitório ficava um espaço em que se jogava quase tudo, principalmente quando o tempo estava de chuva;
- campo de andebol e voleibol;
- junto aos campos de andebol e volei, no meio de videiras e laranjeiras, junto às restantes edificações, a nascente, foram construídas a lavandaria e estruturas de apoio;
- Nasceu, em substituição de uma modesta capela, a igreja mais ampla e moderna, de traços originais, arrojados e invulgares para a época.
Ciclicamente realizavam-se os jogos florais e peças de teatro. Um dos nossos melhores passatempos eram os jogos de futebol, sempre alimentados por um campeonato interno e também promovidos com localidades limítrofes. Lembro-me que a Urqueira era um dos dignos adversários. Lembro-me também do nosso grande, muito grande, guarda-redes, o açoreano José Maria.
Ainda passei pela enfermaria uma vez, com uma gripe terrível, com assistência cuidadosa e maternal das irmãs dominicanas.  
Ainda guardo reminiscências do sabor do sorgo e memória da única vez em que a régua de cinco furos ( “menina dos cinco olhos” ) assentou repetidamente, por três vezes na minha mão direita, e de não sei quantos, por iniciativa do Pe Rogério. Mas, o que me deixou uma memória mais profunda, mais do que a própria régua, foi a tomada do nauseabundo óleo de fígado de bacalhau, para nosso bem, indispensável… não raramente, lá ia tudo às malvas.          
Os passeios: aos moinhos do vento, onde cruzávamos espadas improvisadas, imitando os mosqueteiros e martirizando, não raramente as mãos e especialmente o dedos; as idas às piscinas, do Olival e de uma quinta a caminho de Ourém (cujo nome não recordo), as epopeicas aventuras de rumar a pé à nascente do rio Nabão; o pic-nic feito no Castelo de Ourém; a caminhada até Fátima no dia da visita do Papa Paulo VI. Ainda tenho gravadas na memória as reclamações dos meus pés essencialmente aquando das aventuras de ida à nascente do Nabão e a Fátima, a pé, as bolhas nos pés e os dois ou três dias de muitas dores musculares.
Os exames do 5º ano foram realizados no Liceu de Leiria, em geral com muito sucesso e boas notas em relação aos alunos do próprio Liceu. Assim ficou aferida, muito positivamente, a qualidade do nosso ensino, e acautelada para todos, a partir de então, a ligação ao ensino público ou privado.
Foram tempos de uma juventude intensa, que hoje avalio como muito mais feliz do que na altura me parecia. Criaram-se laços de amizade para a vida inteira. Com professores exigentes, esforçados, uns internos outros externos (…o Pe Chico, o prof. Sobral, o Capitão Guimarães e o Tenente Campante, de quem já contei um episódio em tempos, de quando o encontrei cerca de trinta anos mais tarde, em Lisboa “DOS MESTRES  (I) – O TENENTE CAMPANTE” , aqui publicado em Fev2009,vide http://www.criarlacos-ex-dominicanos.blogspot.pt/2009/02/dos-mestres-i-o-tenente-campante.html  ). 
Foi esta Aldeia Nova que eu conheci e de cuja formação tanto beneficiei. Ali, conscientemente, se formavam homens. As histórias daqueles anos são infindáveis, principalmente pela gratidão e amizade que guardarei pra sempre daquele tempo e daquele lugar, pela positiva.

Por culpa do Eduardo Bento que reacendeu a nossa nostalgia e plenitude dominicana… e do Nelson que “exige” mais produtividade, aqui fica o meu testemunho dos tempos idos, para memória das pessoas e das coisas.  

Antero

quarta-feira, 17 de outubro de 2012

Encontro Anual 2012


Caros Colegas e Amigos

Conforme estava combinado os ex-alunos dominicanos tiveram o seu encontro anual no passado dia 6 no Convento de Cristo Rei do Porto.
Foi mais um dia de agradável e são convívio que permitiu matar saudades e colocar a conversa em dia.
Infelizmente não estiveram todos e até faltaram alguns dos "habituais". Mas, mesmo assim, estiveram bem representados.
Como todos sabem este ano o encontro foi partilhado com a família dominicana - a convite do Padre Provincial, Frei José Nunes - que está a celebrar o cinquentenário da restauração da Província Dominicana em Portugal.
O convívio alargado com as religiosas e os religiosos dominicanos foi agradável e revitalizador.
Sentiu-se o espírito dominicano que a todos nos envolve pois - quer queiramos quer não - nele fomos formatados e nele assenta grande parte da nossa formação e educação básicas.
Foi um dia em cheio preenchido com um colóquio sobre a restauração da Província Dominicana portuguesa distribuído por três paineis:
Um dedicado ao passado com quatro temas; outro sobre a presença dominicana em Portugal no século XX, com cinco temas; e outro ainda sobre as marcas dominicanas, distribuídas por quatro temas.
Foi enriquecedor avivar a memória e ficar a conhecer certos aspetos menos conhecidos dos dominicanos portugueses no passado, como v.g. a existência em Portugal no séc. XVIII (84 anos antes da extinção das ordens religiosas) de 20 conventos e 693 religiosos dominicanos!) e tomar contato com os desafios que os dominicanos enfrentam no futuro.
O almoço foi servido no próprio convento em ambiente de agradável confraternização.
No final trocamos abraços de despedida até ao próximo encontro que terá lugar em 05.10.2013. Aldeia Nova
Reservem agenda. Contamos convosco.

A Comissão Organizadora


terça-feira, 16 de outubro de 2012

AQUI, AUSTRÁLIA!...

Deus não me criou com o dom de escrever bem. Nem tão pouco com o dom de falar bem.
Não sei bem qual dos dois é o mais importante! Mas acho que, cada um no seu devido lugar, são de igual valor. Ou não serão?!
Talvez não. A palavra passa e acaba por caír no esquecimento(“Palavras léva-as o vento” não é o que diz o ditado?)
Pois é! Por isso mesmo, eu considero o dom de escrever mais importante!
Mas quem sou eu para estar aqui a tentar ditar sentenças!
Nem foi para isso que, hoje, decidí “aterrar” aqui.
Fui “empurrado” por alguém que muito estimo!  
Mas estou aqui para saúdar fraternalmente todos aqueles que são dotados das duas qualidades que acima referí como o Eduardo Bento, o José Alexandrino, o Nelson, o Joaquim Moreno, o José Celestino etc., etc., etc.!!! Tantos e tão bons em transmitir aos outros, por escrito, aquilo que sentem e que acham ser de interesse para aqueles que os leêm. Mesmo que sejam histórias da nossa juventude como as primeiras caminhadas, a pé, de Caxarias até Aldeia Nova a serem perseguidos pelos lobos (José Alexandrino). Bem contada e cheia de expressão, aquela história. Com a vantágem de ser verdadeira!
O meu querido amigo Nelson (espero que ele não me leve a mal tratá-lo desta maneira) várias vezes nos tem feito sentir que se sente como que esquecido por todos nós através do “Criar Laços” pois a colaboração dos bons escritores por vezes sofre de interrégnos que parecem querer quebrar os elos que, em tão boa hora, foram lançados com a criação do Blogue.
Acho que o Nelson e aqueles que com ele colaboraram devem sentír-se orgulhosos deste feito. Com ele(feito) eles agruparam todos aqueles que, por razões várias e de força maior, ficaram espalhados pelos quatro cantos do mundo.
Eu sou, nada mais nada menos que um desses, involuntáriamente, desaparecidos na vasta imensidão do globo terrestre.
Outros há que, voluntáriamente, decidiram por tentar uma vida melhor (eterna aspiração do ser humano) noutras partes do globo.
Mas para esses também o “Criar Laços” os chama a fazerem parte da família dos antigos alunos Dominicanos. Eles também teem aqui o seu lugar, o lugar para contárem as suas aventuras, as suas histórias muitas das quais, tenho a certeza, serão cheias de emoção e sentimento.
Este é o lugar onde podemos desabafar; este é o lugar onde podemos matar saúdades; este é o lugar onde podemos reviver o passado de Aldeia Nova e Fátima onde as raízes que hoje nos únem tiveram a sua orígem.
Para o Nelson que aguenta com a manutenção do Blogue parabéns e que o sucesso continue a ser o sangue que mantem vivo este ponto de encontro.
Para mim, a última coisa que faço ao fechar o meu dia, é fazer uma visita ao “Criar Laços” à procura de novidades.
Por vezes não há novidades mas é como se uma rajada de ar fresco passasse por nós que nos predispõe para uma boa noite de repouso.
Parabéns Nelson pelo teu trabalho e...
Um grande para ti e para todos.
Eu sou o Ferreira


quarta-feira, 10 de outubro de 2012

COMUNICAÇÃO DO EDUARDO BENTO NO COLÓQUIO RELATIVO AO 50º ANIVERSÁRIO DA RESTAURAÇÃO DA PROVÍNCIA DOMINICANA PORTUGUESA - Convento de Cristo-Rei no Porto, 6 de Outubro de 2012





O STUDIUM DO CONVENTO DOMINICANO DE FÁTIMA



Chegávamos ao Convento, quase todos vindos de Aldeia Nova, cheios de expectativas, transportando sonhos. E vimos que não nos matavam os sonhos, antes nos incentivavam e ensinavam a sonhar, a sonhar sem limites.


Já em Aldeia Nova a diversidade da proveniência geográfica e cultural dos alunos era muito enriquecedora. Irmanados na mesma nau, criámos laços indestrutíveis para vida e, os professores, substitutos dos nossos pais que havíamos deixado para trás, foram o pai e a mãe que tão sábia e afavelmente nos ajudaram a crescer.


Esta reflexão permite-me o reencontro com esse tempo de alegria e de liberdade em que nos era feito o convite para nos elevarmos ao encontro do enriquecimento espiritual e cognitivo. E nós, tantas vezes, correspondíamos, a esse acolhimento sábio e afável, com a louca irreverência da juventude.


Chegados ao convento de Fátima, surpreendiam-nos rituais como o toque da sineta despertando-nos e ritmando os nossos passos para actos da vida comunitária; as lentas procissões entoando a salmódia em direcção à capela; o fazer da vénia, como pedido de desculpa e em sinal de obediência; o silêncio e a leitura no refeitório e, sobretudo, a serena elevação do cântico gregoriano ao ritmo das horas canónicas.


No espaço iniciático do noviciado éramos confrontados com a riqueza do espírito dominicano. Abordávamos S. Domingos, S. Tomás, Santa Catarina de Sena, os místicos alemães, entre muitos outros, da ordem dos pregadores e não só, que a nossa formação sempre se abriu à universalidade do pensamento.


Lembro-me dos longos passeios mensais quando, a pé, deambulando pelo espaço envolvente, quebrávamos o ritmo conventual; lembro-me dos incríveis jogos de futebol em que incríveis artistas mostravam uma habilidade que ainda hoje é recordada e motivo de conversa nos nossos encontros.


Quem me haveria de dizer, nesse dia 11 de Março de 1962 em que eu, com os mais velhos de Aldeia Nova, tive a alegria de participar no acto de Restauração da Província Dominicana que, passados cinquenta anos, aqui estaria a fazer esta breve abordagem do que foi a nossa passagem pelo Studium de Fátima.


Não cabe neste tempo de exposição, nem eu teria engenho e arte para fazê-lo, dizer suficientemente o que foi essa experiência de vida profunda e tão enriquecedora. Pouco é o tempo para falar de um caminho que aqui se iniciou e se espraiou em tantas dimensões.


O estudantado abriu-se a diversas ordens e congregações residentes em Fátima: Carmelitas, Consolata, Verbo Divino… E pelas nossas conversas sabíamos como as condições de estudo que nos eram proporcionadas seriam únicas e invejáveis. Apesar de vivermos em comunidades com regras e espiritualidades diferentes, partilhávamos as mesmas aulas de Filosofia e de Teologia. Esta diversidade permitiu construir o respeito pelas diferenças e aprender na diversidade de experiências. As aulas eram espaço de diálogo e de debate onde não havia lugar para o magister dixit, mas o convite à investigação e à leitura. Tínhamos à nossa livre disposição uma riquíssima biblioteca.


Coube-nos em sorte um corpo docente constituído por jovens, cheios de entusiasmo que haviam experienciado a vida e o conhecimento em vários recantos do mundo.


Podíamos ter uma aula em português, a seguir uma em castelhano e logo outra em língua francesa. Entre outros, tivemos professores canadianos, belgas, holandeses, espanhóis… até um vietnamita…




Eu, que conheci diversas escolas, é com emoção e com uma gratidão sem medida que olho para trás e posso reconhecer a qualidade de excelência que tinha o curso de filosofia, onde leccionavam mestres para quem ao longo da vida tantas vezes me voltei para tentar imitar o seu método, o seu saber fazer. Mestres que no meu percurso académico avoquei e muitas vezes consultei para melhor iluminar o meu percurso docente. Nunca mais nos meus estudos encontrei fonte semelhante pela profundidade do conhecimento e pela elevação do saber, e frequentei algumas escolas.


Introdução à História da Filosofia, Metafísica, Lógica, Ética, Psicologia… Foram-nos abertas as portas para o deslumbramento da originalidade do pensamento grego. Olhámos como os antigos milésios quiseram encontrar o elemento original constitutivo da matéria; como as aporias entre Heraclito e Parménides fecundaram para sempre o pensamento ocidental; como a busca metafísica deu os primeiros passos numa tentativa de destrinça entre ser e não ser onde, afinal, se conjuga simultaneamente o mesmo e o diferente; como alguns, não encontrando fundamento nas coisas sensíveis, buscaram a sua justificação fora deste mundo, e como o “divino Platão”, convidando-nos a sair da caverna e a buscar nas Formas a realidade, abriu as portas ao pensamento aristotélico, que S.Tomás, haveria de forma tão original tornar tão fecundo.


E para sempre seria S.Tomás. Homem do seu tempo, dá-nos a síntese admirável de um pensamento original que vem dos gregos, passa pelos árabes e judeus, bebe ainda nos primeiros medievais. E é ele, quando o mundo feudal se começa a desagregar, que abre as portas à modernidade, mais não seja, pela valorização da razão e do mundo sensível. O Doutor Angélico soube criar um dos mais notáveis sistemas filosóficos de que nós no Studium de Fátima nos inebriámos para toda a vida.


Seria fastidioso, nem cabe nas simples linhas desta abordagem, dizer da riqueza, da profundidade, da universalidade deste pensamento que aqui bebemos e nos marcou de forma inapagável para todo o sempre. Daí nasceu a convicção de que qualquer passo filosófico que esqueça ou contorne S.Tomás caminhará truncado ou na ignorância.


E foi assim que nós nos movemos pelos meandros universais do pensamento humano. Do mito até aos contemporâneos. Trilhando um caminho em que relativo se conjuga com absoluto e em cujo horizonte nos foi apontada como fim da nossa aventura filosófica a Veritas. Verdade que não teme o erro, sabe alimentar-se da dúvida e, como nos diz o Frei Bento O.P. ( Público 7/10/12 ), «a verdade é fruto de uma busca humilde». Os estudos filosóficos, tão desvalorizados e em desuso, hoje, nas nossas escolas, abriram-nos o espírito não para as certezas indiscutíveis e dogmáticas mas para a inquietação das perguntas.


Não se pense que os nossos estudos humanísticos se limitavam à Filosofia e à Psicologia. Fazia parte do nosso plano de estudos a abordagem de Questões Científicas em que de uma forma aberta se debatiam os mais diversos problemas.


Também de uma forma inovadora tínhamos aulas de Literatura universal onde os gregos eram outra vez ponto de partida e o bardo da Íliada nos dizia: “ Canta, ó musa, a cólera de Aquiles” apontando-nos o apelo humanístico reforçado pela voz trágica de Sófocles: “ Todas as coisas são maravilhosas, mas nada é mais maravilhoso do que o homem”. Frequentámos todos os grandes clássicos portugueses e fomos dos mestres russos, aos ingleses passando por americanos e franceses, enriquecendo-nos com uma inapagável formação estético-literária.


Actividades como o teatro não estiveram ausentes da nossa formação. Lembro-me que representámos para um público alargado peças como, O Assassínio na Catedral de T.S. Eliot e Felizmente há Luar de Luís de Sttau Monteiro. E quem não se lembra dos famosos “cursos de Verão” que a tantos de nós abriram as portas para a formação cinematográfica?


Se Tomás de Aquino é o nosso primeiro mestre do caminhar filosófico, o seu pensamento é essencialmente teológico e a Teologia era o coroar da nossa formação no Studium de Fátima. E lembro-me daqueles tempos prenhes de inovação e de criatividade, das infindas discussões e fecundos debates. Eram os luminosos tempos do Concílio Vaticano II. Os nossos professores dispostos aos novos ventos, que sopravam do lado do Espírito, estavam atentos a todos os sinais. Aos sinais do tempo. E todo o tempo era profético, o que nos enchia de esperança e de uma infindável alegria. Isso tudo foi bastante e demorou o suficiente para deixar inquebráveis raízes mesmo que a pouco e pouco se fossem silenciando algumas vozes da profecia. Aí começou uma Primavera que nunca mais teve fim. Aprendemos que, apesar de tudo, o Espírito continuará sempre a soprar onde quer.


Então, a Liturgia conheceu novos tempos, um espírito de inovação e de surpreendente abertura; a exegese bíblica ofereceu-nos um campo de leitura, novos horizontes, impulsionada pela análise científica da Escola de Jerusalém. A Teologia, na peugada de São Tomás, disse-nos que, apesar do dogma não estar ao alcance da razão, a revelação não torna inútil essa razão mas ela pode ajudar a esclarecer a fé. Confrontámo-nos sem tabus com temas como a Criação, a Santíssima Trindade, a Eucaristia, Justiça-Pecado-Graça. E enveredávamos pelos escusos caminhos da História da Igreja, tão escusos, frágeis e contraditórios porque humanos mas sempre nas encruzilhadas do divino…


Enfim, tanto que poderia ser dito. Não posso deixar de referir os luminosos mestres contemporâneos, obreiros de uma teologia aberta ao mundo e de um evangelho para os tempos que aí vinham, com que fomos confrontados num fecundo diálogo: Congar, Chenu, Henri de Lubac, Schillebeeckx, Hans Küng…


Em conclusão, direi que fomos beneficiários de uma escola extraordinária que nos preparou para a vida e nos deu asas para viajar por múltiplos campos culturais e nos abriu infindos horizontes. Somos de uma formação humanística que fez de nós pessoas e nos ensinou a pensar e a criar livremente. Coube-nos a felicidade de ter os professores que tivemos: pedagogos, conhecedores, sábios. Os alicerces foram sólidos. A Veritas que circula nas veias dominicanas ficou para sempre em nós como a chama que, neste tempo do banal e do relativismo, nos leva e nos eleva para o Absoluto.

E. Bento

NUNCA AS COISAS ESTÃO TÃO MÁS QUE NÃO POSSAM PIORAR...

Ao eminente  editor  do blog, “Criar Laços”, que  muitos laços tem criado e alimentado.
Muito respeitosamente:
Queixa-se Vossa Mercê de falta de movimento nestas nobres e estimadas paragens.
 Refletindo na mais profunda convicção de alma e finança pública, encorpando a voz do povo, contribuindo para a causa, aqui deixo algumas das minhas lógicas assombrações e o meu desabafo que há-de ser justiçado por poucos e vilipendiado por quase todos:
Andam as vacas magras e os escribas sem tinta!  O nosso Primeiro Ministro quer que os mesmos, os que sempre pagaram para amortizar o défice, continuem!  Consta que no próximo Orçamento da Nação, aqueles que entregaram o leite e o queijo, entreguem agora o cajado, o bornal, a pele e as armações do rebanho! Ficam em reserva para depois do Natal e Ano Novo, segundo as más línguas, os animais domésticos típicos, patos, canários, periquitos e ainda os gatos e tartarugas com mais de duas patas;  vai ainda pagar imposto o uso de duas muletas em simultâneo, óculos com mais de uma lente (… com um só olho o Camões é um símbolo nacional e o Spínola, de monóculo, chegou a marechal, tem lógica!) e o champô para carecas. Nesta terra, dizem as más línguas, que há deputados a mais ( com a disciplina de voto, tanto faz estar lá um bando de cem como um… o voto é o mesmo e único ), vereadores,  municípios, carros, reformas políticas e mordomias a mais. Muitos políticos enriquecem sem sabermos como, sendo por isso absolutamente razoável, consensual e compreensível, que a Assembleia da República não aprove medidas que engavetem vizinhos e amigos de bancada, sendo também quase certo que se fossem presos os prevaricadores que por lá andem, teríamos de enriquecer os candidatos que estão na fila em espera ordeira… com as mesmas justíssimas expectativas. O povo anda a salvar os pobres Bancos, deixando de comer para juntar os milhares de milhões que foram parar aos bolsos de uma dúzia ou duas de bodes ( a minha educação não me permite vocalizar palavrões e muito menos repetir a terminologia do Pe Mário da Lixa!). Imagine-se que nem os patrões aceitaram que os seus estropiados colaboradores fossem esmifrados para que o produto do açambarcamento grosseiro e noctívago lhes fosse entregue à luz do dia. Imaginem que aquilo que se apelidava de salário mínimo, considerado essencial para a sobrevivência com dignidade de quem labora, era amputado de 7%, sem honra nem vergonha… O rol de desgraças e impolutas decisões, tornarão Sócrates quase venerável e Salazar jogador da equipa da Madre Teresa de Calcutá ( com o devido respeito e distância pelos actos de uns e outros). A República nem o feriado de 5 de Outubro consegue manter, e vai perdendo a tanga. Privatizadas as joias da coroa não poderão ser vendidas de novo. O Governo/ Ministro das Finanças, reduz o poder de compra do “formigueiro” e quer que mantenha o consumo para ensacar impostos sobre o dinheiro antecipadamente confiscado… Embaratece as horas extraordinárias para criar emprego (!?). Coloca os desempregados a trabalhar praticamente de borla ( para criar emprego !?). .. Tudo para nosso bem.
Prezado Editor, andam as vacas magras e os escribas sem tinta! 
E não é assim tão mau que às vezes se escreva um pouco menos… se escrevessem mais, os leitores haveriam de trazer a estas páginas de consenso e amizade, aquelas palavras cabeludas que a minha educação dominicana não permite certos pensamentos, palavras e asneiras!
Para terminar:
Um pensamento negativo: Não pensem em novenas à Sª de Fátima. Se ela quisesse patrocinar as finanças deste País e equilibrar o Orçamento do Estado, já teria caído um chaparro ou uma oliveira, árvore sagrada, de tamanho adequado, na carola de alguns ministros das finanças e chefes do governo… 
Dois pensamentos positivos: (1) Mantenhamos os governos meus irmãos, tanto quanto possível, porque a seguir voltamos ao ping-pong (caiem os anteriores entram estes e voltamos aos mesmos…) e temos que empregar estes governantes e todos os que se lhes seguirem nas Empresas Públicas, Associações, Institutos e Fundações… sem esquecer as suas estimáveis famílias e amizades. E não há euros que aguentem! 
(2) Espero que, como eu, cheguem a velhos saudáveis e alegres, mesmo que o “ o bem público”  fecunde as vossas reformas… !
P.S.- Facto grave, para me solidarizar com os que sofrem: faltam as vitórias ao Sporting! Quem teria sido o mal intencionado que petrificou os leões em frente ao Parlamento, em vez de enviar os do Jardim Zoológico para dentro do chamado hemiciclo… Seria a melhor forma de reduzir a deputação geral…
F.r. da Área Benta

domingo, 7 de outubro de 2012

ONTEM

Ontem, quando trocávamos abraços em mais um encontro anual, este ano com outro figurino, questionava-me um amigo: Então o blog? Está moribundo, respondi eu. Não senhor, diz-me ele, eu visito-o todos os dias, pois aquele espaço, apesar de não ter trazido novidades, é um salutar local de encontro, que me dispõe bem e que me abre a janela da saudade, de outros tempos.
Sei que são muitos a pensar assim e disso também me deram conta, mas falta a este espaço e dinamismo de outros tempos, a vontade, a paixão e a dedicação. Eu cá vou matendo a janela (e a porta) sempre aberta, a ver se algo chega de novo. Espero que todos aqueles que ontem me falaram do blog, ajudem a mantê-lo vivo.
Fico à espera e deixo o meu abraço.
Nelson