sexta-feira, 30 de março de 2012

Curiosidade das velhas e novas tecnologias



Durante a Idade Média os livros eram escritos pelos copistas, à mão.Precursores dos taquígrafos, os copistas simplificavam seu trabalho substituindo letras, palavras e nomes próprios por símbolos, sinais e abreviaturas. Não era por economia de esforço nem para o trabalho ser mais rápido (tempo era o que não faltava, naquela época!). O motivo era de ordem econômica: tinta elpapel eram valiosíssimos.
Assim, surgiu o til (~), para substituir o m ou n que nasalizava a vogal anterior. Se reparar bem, você verá que o til é um enezinho sobre a letra.
O nome espanhol Francisco, também grafado Phrancisco, foi abreviado para Phco e Pco ? o que explica, em Espanhol, o apelido Paco.
Ao citarem os santos, os copistas os identificavam por algum detalhe significativo de suas vidas. O nome de São José, por exemplo, aparecia seguido de Jesus Christi Pater Putativus, ou seja, o pai putativo (suposto) de Jesus Cristo. Mais tarde, os copistas passaram a adotar a abreviatura JHS PP, e depois simplesmente PP. A pronúncia dessas letras em sequência explica por que José, em Espanhol, tem o apelido de Pepe.
Já para substituir a palavra latina et (e), eles criaram um símbolo que resulta do entrelaçamento dessas duas letras: o &, popularmente conhecido como e comercial, em Português, e, ampersand, em Inglês, junção de and (e, em Inglês), per se (por si, em Latim) e and.
E foi com esse mesmo recurso de entrelaçamento de letras que os copistas criaram o símbolo @, para substituir a preposição latina ad, que tinha, entre outros, o sentido de casa de.
Foram-se os copistas, veio à imprensa - mas os símbolos @ e & continuaram firmes nos livros de contabilidade. O @ aparecia entre o número de unidades da mercadoria e o preço. Por exemplo: o registro contábil
10@£3significava 10 unidades ao preço de 3 libras cada uma. Nessa época, o símbolo @ significava, em Inglês, at (a ou em).
No século XIX, na Catalunha (nordeste da Espanha), o comércio e a indústria procuravam imitar as práticas comerciais e contábeis dos ingleses. E, como os espanhóis desconheciam o sentido que os ingleses davam ao símbolo @ (a ou em), acharam que o símbolo devia ser uma unidade de peso. Para isso contribuíram duas coincidências:
1 - a unidade de peso comum para os espanhóis na época era a arroba, cujo inicial lembra a forma do símbolo;
2 - os carregamentos desembarcados vinham frequentemente em fardos de uma arroba. Por isso, os espanhóis interpretavam aquele mesmo registro de
10@£3 assim: dez arrobas custando 3 libras cada uma. Então, o símbolo @ passou a ser usado por eles para designar a arroba.
O termo arroba vem da palavra árabe ar-ruba, que significa a quarta parte: uma arroba ( 15 kg , em números redondos) correspondia a 1/4 de outra medida de origem árabe, o quintar, que originou o vocábulo português quintal, medida de peso que equivale a 58,75 kg .
As máquinas de escrever, que começaram a ser comercializadas na sua forma definitiva há dois séculos, mais precisamente em 1874, nos Estados Unidos (Mark Twain foi o primeiro autor a apresentar seus originaisdatilografados), trouxeram em seu teclado o símbolo @, mantido no de seu sucessor - o computador.
Então, em 1972, ao criar o programa de correio eletrônico (o e-mail), RoyTomlinson usou o símbolo @ (at), disponível no teclado dessa máquina, entre o nome do usuário e o nome do provedor. E foi assim que
Fulano@Provedor X ficou significando Fulano no provedor X.
Na maioria dos idiomas, o símbolo @ recebeu o nome de alguma coisa parecida com sua forma: em Italiano, chiocciola (caracol); em Sueco, snabel (tromba de elefante); em Holandês, apestaart (rabo de macaco). Em alguns, tem o nome de certo doce de forma circular: shtrudel, em iídisch;strudel, em alemão; pretzel, em vários outros idiomas europeus. No nosso, manteve sua denominação original: arroba.
uff! As coisas que eu sei...!!


NB. Este texto foi enviado pelo Neves de Carvalho, a quem agradeço

7 comentários:

Anónimo disse...

Estou a gostar do Blog. Assim ele não será apenas uma romagem de saudade. Já o anterior texto, enviado pelo Neves de Carvalho, acorda em nós o que foi a nossa formação comum, o papel dos nossos grandes mestres.
Deve ser isto o nosso Blog, sempre com o esforço notável do Nelson. Opinião, comentário, debate, informação.
EBento

Fernando disse...

Há já varios dias que não vinha ao blog e fiquei agradavelmente surpreendido! Com duas pinceladas o Neves de Carvalho imprime-lhe uma nova dinâmica que me agrada. Estou pois de acordo com tudo o que avança o E. Bento. Ao falares de copistas, caro Neves, trazes-me à memória algo que lí há muito tempo...
Num mosteiro beneditino (São Bento viveu no séc. V e VI) os monges passavam uma parte do dia a copiar livros. Não esqueçamos que Já antes de Cristo, como provam as grotas do Mar Morto ou Qumrâm , havia copistas. As minhas fontes dizem que um dia entra para o mosteiro beneditino um noviço. Ao fim de alguns dias como copista, vai ter com o Abade e diz-lhe: Estamos a fazer cópias a partir de cópias, o que me parece pouco prudente. Errare humanum est... e se há um engano, este vai repercutir-se em todas as outras cópias. O Abade que não apreciou que o noviço viesse dar-lhe lições, respondeu que sempre assim se fez e se continuaria a fazer... No entanto (era inteligente) foi para os arquivos verificar alguns documentos e nunca mais voltava... Passou-se uma manhã! passou-se uma tarde! Passou-se uma noite! No dia seguinte o noviço, inquieto,desceu aos arquivos para ver o que se passava... Qual não foi a sua surpresa ao ver o Abade com a cabeça entre as mãos, a falar sozinho... Veio então a explicação: meu filho, há séculos que andamos enganados e andamos a enganar o povo de Deus. Um copista enganou-se e em vez de escrever Caridade escreveu Castidade...e a partir daí...
Um abraço, Fernando

Ribeiro disse...

Fernando !
Nunca é tarde, para recomeçar. É aproveitar o tempo que resta !!
Um abraço.Ribeiro

Nelson disse...

O blog será aquilo que todos nós quisermos. Enviem ideias e textos! Dêem-me trabalho!
Abraço
Nelson

Zé Celestino disse...

O Blog tem sido o nosso melhor elo de ligação...

Foi para isso que os seus fundadores o criaram, conseguindo inequivocamete os seus objectivos: hoje convivem, pelos menos, 3 gerações de Aldeia Nova/fátima: vejam a útima reportagem da reunião do Grupo de Lisboa/Centro...

Apareçam, pois, ideias e textos, como apela o Nelson.

Há lugar para as notícias dos aniversariantes e dos mortos; para as convocatórias de reuniões de trabalho, respectivas actas e reportagens fotográfiacas;para intervenções de maior ou menor conteúdo científico, metafíco, político e social...

O que está em causa e faz sempre falta é mobilizar toda a malta...

Aproveito, entretanto, para desejar a todos uma SANTA PÁSCOA com algumas amêndoas...

Zé Celestino

Fernando disse...

Longe de mim à idea de criticar e ainda menos condenar o
nosso blog com as suas notícias dos aniversários e dos mortos; etc. O facto de eu estar de acordo com o E. Bento, que se alegra com as intervenções do Névés de Carvalho, não significa que não apprécio
o énorme trabalho de editor do Neson e as grandes qualidades de animador e coordenador do Celestino... Assim como as intervenções de tantos outros...Se estivesse mais perto seria assíduo aos encontros de trabalho na tasca do Lagarto!... Um abraço para todos. Fernando.

Anónimo disse...

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