segunda-feira, 14 de junho de 2010

A Casa de Aldeia Nova

Como o prometido é devido, há dias desloquei-me a Aldeia Nova. Fiz uma visita a alguns dos lugares mais frequentados pelos jovens do Seminário. Como ia de Ourém, passei pelo campo de futebol. Surpresa: como terra que ainda é do distrito de Santarém (Ribatejo), lá estava a ocupar quase todo o “estádio”,uma praça de touros.

Lá consegui tirar algumas fotografias do exterior do edifício do ex-seminário. Todas as entradas estavam fechadas a cadeado. E uma das entradas estava guardada por um cão. Que penso não ser o de S. Domingos que os últimos habitantes da casa teriam deixado abandonado. Coitado, pareceu-me bastante pacífico. A casa está bastante deteriorada, o campo de futebol sem vida. O trabalho ficou um pouco incompleto.

Toninho


8 comentários:

Fernando disse...

Obrigado, Toninho, por nos nos mostrares o que é hoje A.N. e arredores. Permites-nos ao mesmo tempo imaginar o que A.N. foi no nosso tempo. Evidentemente que cada um guardou imagens completamente subjectivas que permanecem indeleveis e que serão, enquanto formos. Um abraço e obrigado. Fernando

Antero disse...

Caro Mestre Toninho,
É uma bela reportagem.
Por um lado espelha o Tempo e a Obra. Por outro, como refere o Fernando, com as nossas memórias, tudo se completa.
O essencial, ao perto e ao longe está aí.
Obrigado pelo bom serviço prestado à comunidade!
Antero

Zé Celestino disse...

Excelente reportagem do Toninho. Como eu uso dizer, constituirá importante documento « ad perpetuam rei memoria»...
Pelos vistos, o novo senhorio ainda não iniciou as obras de restauro/adaptação do edifício ao centro hospitalar de que se falou...

Por ora, parece que tudo está ao abandono.... e a degradação já à vista...


Zé Celestino

Ferraz disse...

Obrigado, Toninho, pelas imagens, talvez as últimas com alguma dignidade da nossa Aldeia Nova. Pode ter um fim injusto e inglório, mas é natural que AN morra connosco: aquelas paredes já nada dirão aos nossos filhos. São imagens que ficarão connosco, tal como as recordações e só “enquanto formos” – como diz o Fernando.
Lamento que o fotógrafo, aliás consagrado, não pudesse “varrer” os interiores que nos dizem infinitamente mais do que a epiderme, mas ninguém se atreveria a pedir tanto. Por exemplo, no edifício mais antigo e fustigado pelos anos, as salas de estudo de baixo e de cima; o dormitório das águas-furtadas-de-lés-a-lés com escotilhas de vidro perto das chuvadas e janelas panorâmicas; as salas de aulas com mesas dos apóstolos e bancos corridos, de madeira singela e maciça, que ensinaram gerações e sobre cujos tampos decifrávamos tatuagens de histórias e modas: “tomate”, “António Calvário”, “Richard Anthony”, “SO4 H2”, “cabo da Gata Parda”, “Turca”, “Cliff Richard”, “Viva o Sporting”, “Sylvie Vartan”, “Beatles”, and so on…; a capela com o coro barulhento para os mais velhos que entoavam as orações e desesperavam o Altíssimo; o refeitório das papas de inverno e da cavala com arroz; o terreiro do recreio… o recreio!
Foi pena, Toninho – sei que agora é já um pouco tarde - mas alguns de nós (eu, não!) poderíamos revelar as entradas secretas do Seminário, precárias mas com prazo garantido e respectivos trilhos para a venda das Galambas e para a fruta da quinta, em noites de lua escura. Por aí entravam e saíam alguns desses poucos, vultos ocasionais dos 30 minutos do recreio da noite, longe dos reflexos da iluminação portátil, depois de um cigarro mal fumado por entre as cepas da vinha. Por esses carreiros da socapa entraríamos ainda hoje para roubar uma fotografia aos interiores do pombal. Mas, cadê o bulício que calcava os trilhos e furava as portas encadeadas? Que objectiva seria tão competente que registasse o vazio?
Um abraço.
Ferraz

nelson disse...

Bravo Ferraz!... Como disseste tudo em tem poucas linhas!... Agora para o Fernando, Arnaldo, Rufino, Vitorino e um tal de Domingos Branco: Rezam as minhas crónicas que faz precisamente hoje meio século que deixámos esta "Velha Casa", tal como a descreve o Ferraz, sem os acrescentos e a capela nova! 16 de Junho de 1960!... Há datas que não esquecem.
Um abraço
Nelson

Jaime disse...

Bendita a hora em que calei um comentário do género "parabéns, Toninho, pelo esforço, ainda que esteticamente este trabalho fique a léguas de distância do primeiro".
Uma ova! Qual estética, qual carapuça! O que dá beleza e sentido às coisas são as recordações, os sentimentos, as vivências pessoais de cada um. Foi bonito de ver como de repente passaram a segundo plano a decadência da casa, o futuro que o destino lhe reserva, a morte que a assombra. De um momento para o outro ficou de novo cheia de vida, de significados vários criados pelos subjectivismos de cada um, embora, realistas, todos façam o luto do continente das suas recordações e afectos.
A mim, que apenas "passei" por Aldeia Nova só me ocorreriam comentários insossos como exemplifiquei acima.
Ergo o cálice às memórias. E agora, sim. parabéns Toninho.
Jaime

Dinis disse...

Sendo uma verdade que " o tempo não trás de volta o que o tempo leva" por vezes é bom ir renovar o passado. Percorrer locais que em tempos habitamos e que a hora tardia esvaziou da gente e dos sons que os habitam.
Entrar neles lentamente, quase que em reverência. Pisar o chão devagarinho, para não acordar o presente. Sorrir ao vazio em conforto melancólico..
E apesar de tudo o que o tempo ali mudou, saber ainda refazer cada passo, reconhecer a pedra torta, a árvore que falta, saber ainda das alegrias, do lugar dos medos, escutar as gargalhadas, os passos, o roçar das malas e dos casacos como se naquele momento connosco se cruzassem.
Invisiveis observadores como sempre o presente o é no passado, buscando neste tipo de viagens temporais, não os lugares, mas a nós mesmos.
Revistamos quem fomos, relembramos um certo tipo de inocência de optimismo e de limpidez no olhar e no final sorrimos a quem fomos com a melancolia,a maturidade e a sabedoria do presente.
Obrigado Toninho, por me fazeres ir ao mais intimo das minhas memórias!

armando neto - Palheira disse...

Olá amigos, fiquei feliz por ver estas fotos seguidas dos comentários
que elas vos sugeriram.
Cada um seguiu o seu percurso e hoje é com agrado que vou acopanhando este cruzamento de comunicaçóes que por vezes partilho com alguns vizinhos. Também nós, por aqui recordamos com saudade todos esses bonitos tempos e também nos regozijamos pelo facto de tanta gente, aqui, nesta humilde terrinha, ter dado o primeiro passo para vidas de sucesso pelo mundo.
Nesta incursão do toninho por Aldeia Nova pena tive não o ter detectado pois, teríamos conversado e com certeza acedido ao interior e de certo o trabalho fotográfico seria ainda melhor
.
Quanto aos projectos para o futuro da casa, vai constando que para breve se prevê qualquer coisa do tipo turismo e lazer à mistura com ´saúde. aguardemos e esperamos que para além do interesse privado também tragam alguma vantagem para este mundo rural que tão mal tratado anda.
As fotos incluem a grua e parte da obra de lar de idosos e creche que se está a construir mesmo lado, promovida pela IPSS da freuesia (nem tudo é mau)- cumprimentos e um abraço a todos aqui de Aldeia Nova

Armando Nato (palheira)










Quanto aos projectos de futuro para a casa ouviram-se informações recentes que est+a em fase avançada qualquer coisa do tipo turismo e lazer à mistura com saúde.
Aguardemos