sábado, 19 de abril de 2008

JUSTIÇA - José Carlos Amado Santos


A propósito da justiça desde logo se podem manifestar muitas perguntas: o que é a justiça? onde está a justiça? Há justiça neste mundo? É bom ser-se justo?... tantas perguntas e tantas repostas e desde sempre houve quem queira identificar a justiça como a vontade do mais forte! Tema de pensamento sempre actual, desde a antiguidade ocidental que os homens, nas suas diversas condições, sobre ela se têm vindo a manifestar... Desses, talvez os filosofos, os místicos e os homens do direito fiquem mais próximo da essência dessa indagação... A propósito recordo que foram Sócrates e Platão talvez os descobridores da razão ética segundo a qual existe um correspôndencia racional entre o bom, o belo e o verdadeiro... A esta correspôndencia chama Platão de "IDEIA", a qual é a dimensão inteligível dessa mesma relação, razão pela qual ela se manifesta ao pensamento através da compreensão e da razão, sendo que própriamente aquilo que habitualmente chamamos de bom, belo e verdadeiro apenas nos aparece na vida quotidiana como uma aparência que nos é dado pelo sensível nas sua diversas manifestações... Assim aquele pensador vem a explanar na sua "Républica" a sua "Ideia" de justiça e segundo a qual, justo seria cada qual realizar as tarefas para as quais está vocacionado e pelas quais se pode auto-conhecer a si próprio e servir, como também e ao mesmo tempo servir a cidade ou a sociedade que ele habita... Para isso proponho aos amigos a Leitura da Républica de Platão como primeira abordagem do tema da justiça... ao longo dos séculos o tema, como se disse, não cessa de preocupar todos e os mais infelizes sempre reclamam a propósito das injustiças deste mundo... O filósofo que se segue (esse discípulo de Platão) e que se chama de Aristóteles, no seu livro Ética a Nicómaco parte V avança com muitas especulações sobre a justiça: -"todos os homens entendem por justiça esta espécie de disposiçâo que os torna aptos a realizar ações justas e que os faz agir justamente e desejar o que é justo; do mesmo modo, a injustiça é esta disposição que os faz agir injustamente e desejar o que é injusto"..."o justo é conforme à lei e respeita a igualdade e o injusto é contrário á lei e falta à igualdade"..."o homem injusto colhe sempre mais do que é bom mas menos no que diz respeito às coisa más"..."O homem injusto quando toma mais do que lhe é devido tal não diz respeito a todos os bens mas mais a bens que têm a ver com prosperidade ou adversidade" e isto tem a vêr com bens exteriores, riquezas e honras,etc... "Somente a justiça, entre todas as virtudes, é o bem de um outro visto que se relaciona com o nosso próximo, fazendo o que é vantajoso a um outro, seja um governante seja um associado. Ora, o pior dos homens é aquele que exerce a sua maldade tanto para consigo mesmo como para com os seus amigos, e o melhor não é o que exerce a sua virtude para consigo mesmo, mas para com outro; pois que dificil tarefa é essa"... "Portanto , a justiça não é uma parte da virtude, mas a virtude inteira; nem é o seu contrário, a injustiça, uma parte do vício mas o vicio inteiro". A Justiça ainda segundo Aristóteles tem espécies: a corretiva e a distributiva: É de Aristóteles o seguinte princípio formal de Justiça: "iguais devem ser tratados de forma igual".
Desculpem lá os amigos mas temos de aquecer a discussão sobre o tema da justiça e espero que esta introdução da minha parte seja para vós um bom aperitivo... Outras, próximas, se seguirão.
Um grande abraço ,
José Carlos

1 comentário:

Anónimo disse...

Bom texto, Z� Carlos. Boa reflex�o.
Poder�amos acrescentar �s tuas quest�es iniciais outras muitas quest�es e para o nosso tempo. A dik� dos gregos era s� para alguns. Para os iguais. Ent�o os homens n�o eram considerados iguais. Hoje,que hipocritamente nos dizemos iguais, a Justi�a continua a ser diferente para uns epara outros. H� os cidad�os, os metecos, os escravos. � a injusti�a da injusti�a.
Seria interessante regressarmos a S. Tom�s com a sua concep�o de direito natural, lei eterna e origem popular da lei- t�o actual.
Um abra�o.
Eduardo Bento