domingo, 2 de setembro de 2007

"LA RENTRÉE" - Fernando J. Vaz

Esta é, sem qualquer dúvida, a palavra que mais se ouve e lê, neste momento, em França! Tudo são entradas: entram os políticos de todas as ideologias, os religiosos de todos os credos, as associações de todos os horizontes e com as mais diversas motivações, os alunos e os professores e os trabalhadores de todos os ramos de actividade, quer tenham ou não gozado férias. Também é a “rentrée”do nosso blog que durante dois meses esteve em letargia completa. Foi o Nelson, como convinha, quem deu o pontapé de... entrada e o tom. O seu artigo de fundo está bem estruturado, mas não deixará de provocar algumas reacções. Tenho amigos em Portugal ( especialmente um, apreciado de todos os que o conhecem) que vota comunista... Ele vai certamente dizer-nos em que comunismo vota...

Eu vou fazer uma entrada bem mais pessoal, partilhando convosco acontecimentos ricos e variados, que viví durante estes dois últimos meses.
-A segunda filha, terceira na irmandade, anunciou-nos que íamos ser avós pela quarta vez.
-Em 07 07 07 casamento do filho mais novo. Preparação longa e minuciosa, mas a festa foi rija!
-No fim de Julho o grande prazer de receber durante uma semana o Eduardo Bento e a Vitória. Momentos ricos em que o passado esteve presente. Fizemos memória de muitos de vós, que sois dos nossos. Recordámo-vos com amor. Falo de um amor particular que nada tem a ver com o amor paixão. Este quer tudo possuir, tudo guardar... e tudo destrói!... Há outro amor mais perfeito, que se chama amizade. Este não abafa, não empobrece ninguém, muito pelo contrario, enriquece numa mesma acção quem recebe e quem dá...
-Com a Geneviève acabamos de chegar da região de Avignon. Soubemos aliar a admiração de paisagens magníficas desta região provençal, com visitas culturais como a do palácio dos papas. Banhámos em quase um século de história politico/religiosa . O primeiro papa de Avignon, instalou-se no convento dos Dominicanos... Os papas que seguiram construiram este enorme palácio que constitui uma grande página da história da Igreja, mas não das mais gloriosas!...

Quando escrevi a palavra “rentrée” não era para falar de mim, mas simplesmente do início de mais um ano escolar. Não posso ignorar esta realidade que com grande regularidade “ vai e volta ao ano” visto que o filho mais novo faz a sua entrada pela quinta vez como professor de matemática e dois dos meus três netos entram para a escola infantil! Nestes momentos penso no meu e nosso passado e em todas as nossas entradas em Aldeia Nova, sobretudo a primeira... Penso também no presente e no futuro quando presencio a “rentrée” de todos estes jovens e seus mestres. Apeteceu-me hoje dizer obrigado e desejar coragem a todos os professores...
Como todos os anos nesta época o ensino e os professores fazem parte da actualidade. Fala-se da supressão de postos, da falta de respeito dos alunos. Há debate entre ensino e educação. Organiza-se o dia e a semana de trabalho. Ao professor pede-se que resolva todos os problemas: da família, dos bairros, da sociedade, do desemprego. Nunca faz bem e está longe de fazer o suficiente...
“Os professores passam o tempo em férias...” Eis o argumento de choque tantas vezes repetido por imbecis incompetentes, que nunca se encontraram em responsabilidade perante um grupo de alunos...
Ninguém aceitaria, evidentemente, que um professor tentasse ensinar a profissão a um médico ou a um vendedor de carros. Todos se sentem, no entanto, competentes para explicar como deveria ser o ensino e como devem proceder os professores.
Todos conhecemos ( e já aqui foi dito) professores que nos abriram horizontes e nos prepararam para a vida, para a nossa vida. A sedução tanto do professor como da matéria ensinada não foi imediata para a maioria dentre nós. Havia outras preocupações... A juventude esquece depressa: chegam as férias... Depois há novas caras... Mas um dia, 10, 20, 30, 40, 50 anos depois recordamos esses mestres ( ler ou reler o texto do Alexandrino “o exame” de 19 de Junho de 2007) que pelo favor de uma palavra no momento certo, nos deram confiança ou nos comunicaram orgulho por um êxito obtido. A todos os que se ocuparam da nossa instrucção e/ou educação, como àqueles que o fazem hoje para os nossos filhos e netos:
Penso que podemos e devemos ao menos uma vez por ano dizer:
Bem hajam, senhores professores e coragem para este novo ano escolar!
Fernando.



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