Veiculada pelo Joaquim Moreno, acaba de cair na minha caixa de correio, uma notícia daquelas que não gostamos de dar. O Manuel Rufino dos Santos, a residir em França, foi acometido há meses de uma doença do foro cardiológico. Foi-lhe agendada uma cirurgia para Setembro passado porém, o estado pandémico que assola o mundo, fez adiar tal intervenção cirúrgica tendo como consequência imediata a deterioração do seu estado de saúde com uma insuficiência renal associada. A intervenção cirúrgica revelou-se impossível. O seu estado de saúde é desesperado e os médicos alertaram a família para um desenlace iminente.
Pessoalmente, estou chocado com a notícia, pois o Rufino foi um companheiro de ano, e foram cinco os que passámos em Aldeia Nova. Eu, faltei à chamada na tomada de hábito.
Lembremos o Rufino e vamos unir a nossa força em torno deste momento terrível que se abateu sobre ele e a sua família
FORÇA COMPANHEIRO RUFINO!...
3 comentários:
No passado dia quatro fui informado, como muitos outros, pelo amigo Joaquim Moreno do estado desesperado do nosso grande amigo e companheiro Manuel Rufino dos Santos. Dos anos de Aldeia Nova, de Fátima e dos dois meses de Roma, guardarei sempre na memória o rapaz e homem simples, timido, pacifico e pacificador. Não era do estilo a atiçar incêndios ou de exacerbar discuções. Muito pelo contrário sempre foi sempre moderado e moderador!
Apesar das nossas diferenças (eu sempre fui extravertido) e talvez por isso nunca houve entre nós o minimo litígio mesmo se algumas vezes ele me fez ouvir razão!
Vou comunicar-vos o último dialogo que tive com o Rufino em Roma quando ainda, os dois, eramos dominicanos. Mais ou menos dois meses depois da nossa chegada a Roma (fim de Outubro de 1967) durante um passeio que dàvamos pela Roma antiga, o Rufino informou-me da sua decisão de partir do Angélicum. Disse-me textualmente :
- Já não suporto os livros e os salmos são-me indigestos. Sei que vai ser dificil mas parto!
Passado o momento de surpresa perguntei-lhe :
- Tens um projecto ? Como posso ajudar-te ?
- sei que conheces o Padre Pervis em Clermont-ferrand, que nos pregou um
retiro em Fátima. Dá-me a direcção dele e irei encontra-lo da tua parte.
- Evidentemente. Sei que ele te acolherà como faz com todos os portuguêses que
Precisam da sua ajuda. Com mais razão te acolherá a tí que ainda fazes parte
da família dominicana.
-Tenho tanta coisa a pensar que não sei como proceder para ser reduzido ao
estado laical
-Não te precipites. Quando estiveres organizado, e com as ideias bem claras
informarás o Provincial português da tua decisão. De todas as formas ele estará
já ao corrente pelo superior do Angélicum.
Uma manhã acompanhei-o à estação “Termini”. Triste despedida para o Rufino que partia para um mundo desconhecido com apreensão e muitas interrogações mas bem decidido a singrar na nova vida que escolheu.
Foi também dificil para mim que me sentia abandonado pelos irmãos portugueses (eles mesmos abandonados e espalhados pelo mundo) e sem possibilidade de desabafar com alguém que me conhecia desde a infância e vice-versa. O nome da estação “Termini” não simbolizou o termo das relações entre o Rufino e eu mesmo. Muito pelo contrario. Talvez um mês depois da despedida, recebia uma carta do Rufino que me informava que tinha sido bem recebido pelo Padre Pervis mas que o seu sonho era ir para Paris. Já se encontrava pois capital francesa e trabalhava no aeroporto de Orly onde creio que passou toda a sua vida profissional.
Muitos anos passaram!...
Foi com grande alegria que passàmos uns bons momentos nos encontros dos antigos alunos em Aldeia Nova ou Fátima e tive o prazer de conhecer sua esposa uma simpática e afável holandesa.
Há uns 12 anos tive também o prazer de receber em Clermont durante uma semana o Rufino e esposa, para confraternizar com mais quatro casais que vieram de Lisboa, de Torres Novas e do Algarve... Bons momentos e bons tempos! Tive também o prazer de encontrar, há anos, uma de suas filhas, a Ireneà à qual telefonei e escreví logo que recebí a triste notícia do estado de saúde de seu pai. Ela sua mãe e irmã e todos os membros da família precisam de ser reconfortados como podeis ler no extrado do mail que a Irene me enviou.
Aqui vai o mail da Irene para que ela possa receber mensagens de reconforto desta outra família do Rufino. Falai-lhe dele e dos momentos importantes que com ele partilhastes.
« …J'ai pleuré au téléphone car je suis triste de le voir souffrir et de savoir qu'il va nous quitter, mais aussi parce qu'il m'est douloureux de penser combien mon père s'est isolé lorsqu'il s'est installé en France et y a construit une famille: loin de sa famille biologique, loin de ses frères de séminaire qui l'estimaient et l'aimaient tant…
C'est important pour moi de pouvoir dire à ses petits-enfants - il en a 4 à présent: Matthieu, Arthur, Sarah et Inès, ma fille de 6 ans - que c'était un homme intelligent bien que timide… »
mail da Irene:
deportugalbranco@gmail.com
À família do companheiro e grande amigo Manuel Rufino o meu mais profundo sentimento de pesar e toda a minha solidariedade neste momento tão difícil. António Costsa
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