sexta-feira, 17 de junho de 2011

(Descíamos para os vales)

Este é o lugar e não há outro.

O lugar onde o vento desvela

a fluidez do tempo.

Onde tardam as manhãs e floresce a noite,

se adia o riso

e nos roubam o lume.


É aqui

por caminhos que lentamente queimam nossos sonhos

onde a melancolia promete esquecimento

e o olhar procura um barco

que traga um mar

de búzios de silêncio,

uma tarde de marés aflitas

e onde a ausência dos teus passos

fique gravada a fogo na transparência da espuma.


Eduardo Bento in O Nevoeiro dos Dias

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