segunda-feira, 23 de maio de 2011

ANDAM AÍ OS CAÇA-VOTOS!

"A penalização por não participares na política é acabares por ser governado
pelos teus inferiores." (Platão)

Nome, naturalidade, estado civil… e a profissão? – Político. Não importam as habilitações ou o grau académico pois, independentemente do canudo, como diz o professor Henrique Medina Carreira, muitos começaram a forjar a profissão (a de político) no seio das associações de estudantes do secundário ou do superior e lá se foram arrumando nas “jotinhas”. Depois, é só andar em bicos de pés, colar-se aos chefes como lapa à rocha, ir aprendendo a debitar alguma verborreia mesmo que a vernaculidade não abunde, dizer umas inverdades que convençam os incautos, fazer umas promessas inócuas, ostentar sorrisos q.b. e a profissão está conseguida. Que importa o curso de direito conseguido com média baixa, que importa o bacharelato ou a licenciatura em engenharia, mesmo se tirada ao domingo, ou até a licenciatura em qualquer ramo de ensino, se nada disto é para utilizar?... Sim porque, político que se preze, tem que ter uma sigla para colocar, apenas e tão só, antes do nome, seja a de dr. ou engº pois tudo o resto que podia ou devia estar-lhe agregado, não tem relevância para o currículo que a subserviência partidária exige. O que é preciso é “cultura política” ou “vivência democrática”, mesmo que não se saiba o que isso significa. E se for preciso fazer uma inversão de marcha, dar uma cambalhota de cento e oitenta graus ou virar o fato do avesso, tudo valerá a pena, porque a alma é mesmo pequena (que me desculpe Fernando Pessoa).
Se ao universo desta multidão de políticos que enxameia o nosso espaço democrático, retirarmos algumas honrosas e raríssimas excepções, por que as há, está concluído o quadro da turbamulta comicieira, que salta de televisão em televisão, de terra em terra, em jantaradas concorridas onde vamos vendo muitas das mesmas caras. E eles estão aí, entram gratuitamente em nossas casas, a trocar acusações entre si, a lavarem culpas ou a sacudirem a água do capote. São os caça-votos. Inflectem discursos, enrolam mentiras, mastigam verdades e são capazes de vender a alma ao diabo, em troca do nosso voto. E nós, como diz a canção, vemos, ouvimos e lemos e não podemos ignorar tudo o que sobre nós se abate em tempos de campanha eleitoral. Uma vez chegados ao poder, governam para o voto, em nome do voto e a pensar no próximo voto. Eles querem o nosso voto!...


Nelson

8 comentários:

Antero disse...

Grande Nelson,

Em meia dúzia de pinceladas, ficaria feito um quadro, uma verdadeira obra de arte e cultura, se fosses Pintor.
Não sendo, fica aqui o meu louvor à fiabilidade do retrato exposto da política e políticos que temos... Dão cabo de qualquer republicano.
Gostei.
Um abraço.
Antero

rivus disse...

Os políticos são o retrato do povo.É do povo que eles saiem. E se os ovos e a farinha (fermento) são de fraca qualidade, como será o bolo?
_Come-se(?!) Faz-se como a chiclets,trinca-se, mastiga-se... deita fora.
Quem acha que faz melhor... que avance para a frente do touro! É de Homens assim que precisamos, e não daqueles que só falam no meio da multidão,sem coragem de subir á tribuna.
Abraços
J.Ribeiro

Antero disse...

Concordo em ínfima parte com o comentário anterior de "Rivus":

Os políticos, os sapateiros, os jardineiros, os juízes, os engenheiros, os advogados, e todos os restantes profissionais, para não falar de profissões marginais, mais criticáveis por natureza, são o espelho do povo. Diria mesmo que, vista a coisa mais globalmente, são mesmo, todos juntos, o povo.
É normal que qualquer pessoa aprecie a conduta dos elementos da sociedade que o rodeia, segundo o senso comum e a experiência de vida ou conhecimentos próprios.
Manifestar opinião, para mais assinada, é um direito de cada um, sem que cada um de nós, por exprimir juízos críticos, tenha que ir demonstrar as suas qualidades como político, advogado, sapateiro, jardineiro, juiz, engenheiro ou qualquer outra profissão: Por não poder ou simplesmente não estar interessado. No caso dos políticos, por se tratar de pessoas ao serviço da Nação e do bem comum, por maioria de razão, temos de ser mais atentos e mais exigentes, sendo certo que há bons e maus como em tudo e de todos os quadrantes.
Assim sendo, é inevitável que tenhamos o direito de manifestar opinião, criticar, dizer o que nos vai na alma sem ter de provar conhecimentos e qualidades nas áreas mais inimagináveis.
Na parte que me toca, continuarei a exprimir opiniões, quando e onde bem entender, e a considerar as dos meus concidadãos, amigos, adversários ou aliados, apesar de , tirando a “coragem” de subir à tribuna, me faltarem muitas outras “coragens”, nomeadamente a ambição de poder, influências, seguidismo, votar enfileirado por razões de disciplina partidária, privilegiar as ideias e os interesses do partido, bem como dos amigos do mesmo etc., etc. É preciso “coragem”. Por outro lado, sendo os políticos em geral mal pagos, é preciso ter “coragem” para muitos deles, manifestarem, ostensivamente, qualidade de vida e riqueza muito acima dos seus rendimentos, o que inquina a boa fama de quase todos. Porque sempre temos de considerar que aos políticos compete zelarem pelo controle da capoeira e a preservação do seu bom nome, o que até agora não fizeram.
Antero

nelson disse...

Louvo a clarividência do Antero. No meu despretensioso e inócuo texto, referi-me à "profissão" de político, que eu não sou nem pretendo ser. Mas, "salvo raras e honrosas excepções, porque as há", a generalidade dos profissionais da política de hoje, são-no por comodidade, facilitismo e outros "ismos" que me escuso de citar. Depois, na política há sempre "outro sonho e outro conforto..." E hoje, até há a liberdade de eu poder emitir, a minha opinião, o meu juizo e o meu sentir.
Nelson

moreno disse...

Amigos:
O bom "malandro" das aulas de latim do sábio fr. Clemente de Oliveira, conseguiu TRÊS em UM.!..
1-Deitou cá para fora o que lhe vai na alma e no coração;
2-"obrigou" o conterrâneo Antero a aparecer( coisa que ele não tem feito:TSF e Lampreia);
3-Fez aparecer o J.Ribeiro, que há mais de 1 ano não diz nada.
Gostaria de acrescentar que entendo o ponto de vista do J.R. Só na politica é possível mudar as coisas mas, temos que ser honestos e, como diz o Antero, com raras excepções a classe politica tem que mudar a sua mentalidade. Ir para a politica é para servir e não para se ser servido. Reparemos que não é fácil intervir na sociedade se não se pertencer aos partidos. Até as candidaturas independentes, de partidos, são taxadas com IVA. A máquina partidária tomou conta de País.
Neste momento de campanha, onde estão as soluções para ajudar o País a sair da crise. Os temas são os ataques mútuos e nada de REFORMAS.
Faço votos que o JR (Rivus, discípulo do fr.C.O.) apareça no próximo Encontro. Seremos do grupo dos menos faladores mas, com vontade de ÉTICA na POLITICA.
Pela Democracia, sempre !..
j.moreno

Isidro disse...

“A penalização por não participares na política, é acabares por ser governado pelos teus inferiores.” (Platão)

nelson disse...

É com essa citação que começa o texto.
Um abraço ao Isidro
Nelson

Antero disse...

A crise é geral e é nossa!
Mesmo em ambiente de campanha isto está muito calminho...
Há que votar!