quinta-feira, 4 de junho de 2009

O HORÁCIO, AMIGO DE SEMPRE

Agora que decorre um ano sobre a morte do Horácio, encontro no reconhecimento da sua obra uma maneira de guardar a sua memória, de o homenagear e de estar com ele reconhecidamente. Eu costumo dizer que o Horácio era o melhor de nós todos. Afável, cordial, sempre disposto a ajudar ( Ai tantas vezes que me passou os trabalhos de latim ou de matemática! ).
O Horácio, deixou uma rara obra de investigação, não pelo número de títulos mas pela resposta a uma necessidade cultural a que bem poucos se abalançavam. Com efeito, Ásia Extrema, de António de Gouveia, esteve manuscrita no pó do esquecimento durante três séculos. E foi o Horácio com esforço ingente que fixou o texto, fez a transcrição e a contextualização daquela obra que nos relata a saga evangelizadora dos jesuítas no Império Chinês no tempo da expansão portuguesa e apresenta, a uma Europa etnocêntrica, o milenar fulgor da civilização chinesa
Horácio de Araújo deixou-nos ainda Os Jesuítas no Império da China, obra fundamental para o conhecimento de como se estabeleceram, se desenvolveram e depois se perderam as relações culturais, religiosas e comerciais entre a Europa e o extremo oriente nos séc. XVI e XVII.
Não se fica por aqui a produção literária do Horácio. Seria interessante dar a conhecer a sua obra poética, de que esparsamente nos deu conhecimento e de que registámos marcas de fundo lirismo mas que não ficou refém do subjectividade mas antes atento à realidade concreta em que se movem os homens.


Eduardo Bento

4 comentários:

Zé Celestino disse...

O Horácio, como diz o Eduardo Bento, era, de facto, o melhor do nosso grupo.

Como já referi no blog, em Aldeia Nova convivi muito de perto com o Horácio.

Em Lisboa,tínhamos encontros de quando em quando, algumas vezes no meu escritório.

Quase todos os encontros mais alargados, em Aldeia Nova,em Fátima ou Lisboa foram activados/dinamizados pelo Horácio.

Com alguma frequência, o Horácio telefonava-me para me perguntar se eu e a minha família estavamos bem.

Falavamos das nossas vidas... da família... dos amigos comuns...dos filhos...

Já fragilizado pela doença que o vitimou, o Horácio, mesmo na sala do Hospital, combinava encontros e falava dos seus seus projectos académicos...

Da sua obra, que admiro, falou já o Eduardo...

Recordarei e terei sempre presente o Horácio como um bom amigo, sempre pronto a ouvir e a ajudar os que com ele se encontraram na vida.

Zé Celestino

Antero disse...

Horácio, Caro Horácio,

Tenho uma vaga ideia de ti.
Estando em Lisboa desde Novembro de 1969, devo confessar a minha infinita pena de não ter partilhado contigo, com os teus e meus amigos, os momentos que todos lembram com saudade.
Como gostaria também de partilhar e enaltecer a tua memória e saborear por dentro as belas palavras que te dedicam.
A eternidade há-de juntar-nos a todos onde quer que seja.
Marcaremos todos uma peregrinação a Santiago de Compostela, onde por certo terás ido, ou a Fátima, claro. Iremos de novo!
Pelas gratas e honrosas recordações dos nossos amigos comuns,guardarei boa memória de ti.

Antero Monteiro

Isidro disse...

Há cerca de um ano, ao anunciar o falecimento de Horácio Peixoto de Araújo, o Nelson anunciou que estava a tentar inventariar a respectiva obra literária.

Uma vez que, até agora, não mostrou o respectivo resultado e, entretanto, Eduardo Bento, Fernando Vaz e Armando Alexandrino lhe dão 3 pistas de combate, eu venho dar-lhe uma ajuda.


SSegundo o Centro de Estudos de Comunicação e Cultura, em 5/Jun/2009, cfr. {cecc[at]fch.lisboa.ucp.pt}, a obra de Horácio Peixoto de Araújo não tem uma dimensão assim tão pequena:

1. Cartas Ânuas da China, de António de Gouvea, edição, introdução e notas de Horácio Araújo, Macau: Inst. Port. do Oriente; Lisboa: Biblioteca Nacional, 1998.

2. Os Jesuítas no Império da China – O primeiro século (1582-1680), Lisboa: Instituto Português do Oriente, 2000 (Tese de Doutoramento).

3. «Os Mares do Oriente nos Relatos Portugueses de Viagem», in La Lusophonie – Voies/Voix Océaniques, Université Libre de Bruxelles, 1998. Lisboa: Lidel, 2000.

4. “Processo de Aculturação e Métodos Missionários no Império da China”, in A Companhia de Jesus e a Missionação no Oriente, Lisboa: Brotéria e Fundação Oriente, 2000, pp. 85-101.

5. Asia Extrema, de António Gouvea, edição, introdução e notas de Horácio Araújo, Lisboa: Fundação Oriente, Vol. I, 1995; Vol. II, 2001; Vol. III, 2005.

6. «Jesuit Narratives, Eastern Missions», in Literature of Travel and Exploration, Vol. II, New York - London: Jennifer Speake Editor, 2003.

7. “RICCI, Matteo (1552-1610) Italian Jesuit Missionary and Traveler”, in Literature of Travel and Exploration, Vol. 3, New York - London: Jennifer Speake Editor, 2003.

8. «Consolação às Tribulações de Isarel, de Samuel Usque», in Didaskalia, Vol. XXXV, 2005, pp.721-734.

9. «António de Gouvea, Cronista da Missão da China», in O reino, as ilhas e o mar oceano. Estudos de homenagem a Teodoro de Matos, Ponta Delgada, Lisboa: Universidade dos Açores, CHAM, 2007, pp. 867-886.

Isidro disse...

Aqui estão indexadas de 600 referências da obra e vida de Horácio Peixoto de Araújo, incluindo imagens (última url)

http://www.google.com/search?hl=pt-PT&rls=com.microsoft%3Apt%3AIE-SearchBox&rlz=1I7TSEA%3B&as_qdr=all&num=100&q=Ara%C3%BAjo+%22Hor%C3%A1cio+Peixoto%22&btnG=Pesquisar&lr=

e

http://www.google.com/search?q=%22Hor%C3%A1cio+Peixoto+de+Ara%C3%BAjo%22%22&hl=pt-PT&lr=&rls=com.microsoft:pt:IE-SearchBox&rlz=1I7TSEA%3B&as_qdr=all&num=100&filter=0

e

http://images.google.com/images?q=%22Hor%C3%A1cio%20Peixoto%20de%20Ara%C3%BAjo%22%22&hl=pt-PT&lr=&rls=com.microsoft:pt:IE-SearchBox&rlz=1I7TSEA%3B&num=100&filter=0&um=1&ie=UTF-8&sa=N&tab=wi

A Faculdade de Ciências Humanas da Universidade Católica Portuguesa organizou, a partir de Novembro de 2008, uma homenagem ao Professor Horácio Peixoto de Araújo, seu académico, falecido 6 meses antes.

Esta homenagem tem duas produções:

(A) Um volume de ensaios com um máximo de 12 páginas cada, relativos às áreas que mais representam a sua vida, nobra e investigação, a saber:

. O Eu intercultural;
. Media e Cultura;
. Língua e Pedagogia;
. Literatura e Cultura Portuguesas;
. Literatura de Viagens;
. Representações do Oriente e do Oriente/Ocidente.

(B) Um e-book com testemunhos e contribuições de outra natureza, que será disponibilizado on line.

Está previsto que a edição dos livros ocorra até Julho de 2009.