...Cristo, Igreja, Seminários ... graça
ou pecado...sexo afinal...
(de...aos peregrinos interessados,
importa ler as duas entradas anteriores <).
Como peregrinos, vinham quase descalços
de todo o país, principalmente de Minho, Trás-os-Montes, Beiras, onde a riqueza
dos pobres era maior.
... faziam quilómetros para chegarem a
transporte, com mala de cartão a tiracolo. Assim eram os meus irmãos de destino
possível, ante outras possibilidades.
A minha estorieta perdia-se na sua
viagem, atribulada mas juvenilmente divertida, para alguns pelo menos.
Chegavam quase todos a Caxarias , onde
por costume, a carrinha do seminário os acolhia. Mas nem sempre. Sem GPS
futuro, ou bússola, traziam-se pela floresta de pinhais, a pé.
Chegar ao " Casarão, Seminário
", era ato, não só de resistência, audácia de descobridor, mas sorte de
escolha.
Os mais novos, de primeira vez,
normalmente lixavam-se ...isto porque, desde arruma o baú de lata e esquadria,
vareta de pau, no sótão, e por lá deixar o enxoval, em partida para acólitos da
Santa Igreja, até, com ignorância, chegar à camarata e escolher a sítio -cama,
mais confortável, era obra. Ficar exatamente em frente da porta de acesso, era
corrente de ar pela certa. Com mais um ano de experiência, aprendia-se onde
estacionar, onde gozar com muito mínimo e privacidade....esta era para conversa
noturna, desfilar de memórias/saudades? de casa.... daí se traziam traumas
vários, nos" calos das mãos manifestos : " Mostra lá as palmas das
mãos meu rapaz! ...calos grossos e expostos de trabalho de enxada outros de
dureza...
Escolhida que era a cama, na imensidão
da camarata, havia que criar rotina... petromax meia hora antes, levantar com
dito latinório de bater de palmas militar, lavar rápido de trombil dentário e
ala para missa ... estremunhada...
Neste deserto sem mapa, aparecia o que
era normal aparecer: Hormonas mais tarde normais, mas em ignorância... que dava
jeito castrar....mas nada feito...elas aí estavam em noites longas...
surpreendiam-nos pela humidade da manhã, distópicas.
A sexualidade oficial começava. De
ignorância feita, poluções noturnas ou ejaculações conscientes, mas de origem
estranha, fecundavam-se com espigar misto de pecado...no confessionário, com o
orientador espiritual obrigatório, lá tínhamos de confessar ,debitar: então meu
rapaz, masturbas-te? Claro que sim, respondia o outro lado do confessionário,
todo encolhido...e quantas vezes? Muitas, respondia -se, trocando três
admitidas por oitenta realizadas.
...esse grande pecado que era em
pensamento, actos, omissão,...um crime moral contra superiores , padre,
hierarquia, Deus afinal
...começava a estruturar essa coisa
imunda que era a sexualidade...e assim, em constante fazer igual e mentir por
medo, hábito, omissão....se ia discorrendo o tempo de pré-dedicatória ao
pecado, tentação, sacanice, eruditas pulsões...
Todos aqueles que vinham de tempos
sombrios, de escuridão vária, não avaliavam o cliente confuso do seu estar,
acabando feitos em Padres, Vigários, Reitores, Abades e Priores... quiçá Bispos
e Cardeais e até Papas... e a menos que fossem castrados, condenados a ereções
pecaminosas. Donde a excitação? Onde ou com quem satisfazê-las?
... após Vaticano II, abertura houve
para muitos de nós se avaliarem. Sair ou ficar? Saindo, saíamos da norma, da
tentação do pecado... ficando, conscientemente aprendia-se a arte da
sublimação ou... caímos na forte queda da perversão...e por aí muitos ficaram,
dos com a sua desgraça, imunes a consciência e afazeres pecaminoso e
traumáticos. A esses:. Deus ajude e sociedade julgue, puna, sem encobrimento,
de pecado e hipocrisia...
... e mais houvera se, para tanto haver
não fora curta a vida....
...um viajante destes temerosos mates...
F. Soares Torres