sexta-feira, 26 de novembro de 2021

O CASARÃO

 

O Casarão

Foi no passado dia 18, precisamente há uma semana que finalmente aconteceu a estreia do “Casarão”. Com a contribuição, sempre pronta do amigo Luís, conseguimos bilhetes para a estreia e lá fomos nós…, a pequena comunidade da Casa Escola António Shiva®, rumo á capital. Deixei os companheiros de viagem, á porta da sala de Cinema meia hora antes do início e lá fui eu procurar um lugar, para estacionar. Comecei por procurar em círculo alargando aos poucos o raio de procura, até que o tempo foi passando, e sou alertado por um telefonema da Isabel que a transmissão estava a se iniciar. Ainda não tinha conseguido lugar para estacionar, e optamos por deixarem o meu bilhete na bilheteira, para que não perdessem pitada da esperada apresentação do (CASARÃO), que inspira a origem da comunidade designada por “Casa Escola António Shiva®”. Quase de imediato, consigo lugar para estacionar, e a passos largos, rapidamente percorro o trajeto (que não seriam muito mais que um quilómetro) que me separava do Cinema City Alvalade.

Dirigi-me á bilheteira, que se encontrava deserta, mas não precisei de procurar muito, para que um jovem simpático me interpelasse e me desse um recibo que me dava o direito de assistir á estreia do CASARÃO. Entrei na sala que me indicaram e fiquei de pé, a familiarizar-me com a luz, da sala, na esperança de um ponto de referência para me dirigir para o meu lugar. Mas logo, um acenar feminino muito simpático me indica um lugar vazio, para me assentar.  

De início pensei, ter-me enganado na sala. Mas logo, caí em mim, e percebo que estava no lugar certo. Tinha lido a entrevista feita ao Filipe Araújo e pairavam no ar, possibilidades infinitas. Foi dentro dessa expectativa que me concentrei (sem julgamento) através dos recetores sensoriais (retina, cóclea e terminais nervosos), procuro captar a beleza da fotografia, o enquadramento do som, a integração da narração, e sobretudo o que mais me fascinou foi a alma do CASARÃO, que está muito para além, do que foi narrado.

Obrigado, Filipe, por teres capturado a alma do Casarão, na vida de uma simpática família, de Aldeia Nova.  Desde esse fim de tarde de 18 de novembro, minha alma, noite e dia, regista os infinitos benefícios que continuam a convergir da alma do casarão, e a se expandir em todas as direções melhorando a vida de milhões de pessoas nos cinco continentes. É como uma pequena bola de neve da abundância, que começou a rolar á 55 anos, naquele casarão, que aumenta de velocidade e tamanho a cada instante que passa.

    Eu vou explicar o que a minha ida a esta estreia, fez explodir em mim. Como em minha forma de enxergar, o casarão foi uma tulha de riquezas inesgotáveis (enquanto escola/seminário), certamente que há, quem não veja o que eu enxergo, ou até que veja o oposto. Na verdade, cada um de nós, faz as avaliações através da verdade que carrega dentro de si. E assim, cada um de nós que lá passou, tirou as sementes que achou serem úteis para a sua realização pessoal.

O QUE COLHI DA TULHA DO CASARÃO

Enquanto residente 1966/1967 deste casarão, na direção do Frei João Domingos, recebi bênçãos e riquezas, impossíveis de descrever por palavras, através da minha pobre capacidade redigir.

Apesar de ser no seminário, ao escutar as palavras sábias do Frei João (“somos todos feitos da mesma matéria…,”), que meu espírito se encaixou na inteligência universal que tudo governa e conduz. Apesar da física moderna explicar essa premissa na perfeição, foi na minha passagem pelo “Casarão”, da Aldeia Nova, que entrei dentro desse fluxo quântico, muito antes de conhecer a palavra.

Mas não é isto que quero aqui partilhar hoje. Hoje, eu quero partilhar convosco o que o “Filme o casarão” com sua singeleza me fez enxergar.

A minha passagem por essa casa, não só me transformou a minha realidade como a realidade de toda a minha família, que com a sua mudança transformou a vida de mais 400 famílias cabo-verdianas, assim como dezenas de famílias de outras etnias. Só entre 1968, a 1974. Mas os números não pararam de crescer.

Como isso foi possível? Eu vou explicar como este fenómeno aconteceu se tiveres interessado em saber…, e me perguntares…, claro. Terei muito gosto em partilhar como um pequeno sopro da alma desse casarão se transformou num tsunami de abundância inesgotáveis.

Agora quanto á parte que me toca…, na minha presença durante um ano, colhi sementes que ainda hoje produzem a realidade única, que é A Casa Escola António Shiva.  Apesar da existência, desta comunidade ser inspirada no paraíso existencial de Aldeia Nova, não há ninguém que por aqui passe que não fique tocado.

Por outras palavras, a casa escola António Shiva, é a Recriação Viva do que foi conseguido absorver por aquela criança de 11/12 anos em Aldeia Nova.

Como acolhermos a missão de receber e servir, recebemos pessoas de todo o mundo, que procuram um sentido para a vida, independente do estrato social, credo que praticam, cor de pele, raça, ou filiação política.

Agora dei descanso a minha alma. Obrigado por permitirem a minha partilha no Criar Laços

António Fernandes

 

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