O
Casarão
Foi no passado dia 18,
precisamente há uma semana que finalmente aconteceu a estreia do “Casarão”. Com
a contribuição, sempre pronta do amigo Luís, conseguimos bilhetes para a
estreia e lá fomos nós…, a pequena comunidade da Casa Escola António Shiva®,
rumo á capital. Deixei os companheiros de viagem, á porta da sala de Cinema
meia hora antes do início e lá fui eu procurar um lugar, para estacionar. Comecei
por procurar em círculo alargando aos poucos o raio de procura, até que o tempo
foi passando, e sou alertado por um telefonema da Isabel que a transmissão
estava a se iniciar. Ainda não tinha conseguido lugar para estacionar, e
optamos por deixarem o meu bilhete na bilheteira, para que não perdessem pitada
da esperada apresentação do (CASARÃO), que inspira a origem da comunidade
designada por “Casa Escola António Shiva®”. Quase de imediato, consigo lugar
para estacionar, e a passos largos, rapidamente percorro o trajeto (que não
seriam muito mais que um quilómetro) que me separava do Cinema
City Alvalade.
Dirigi-me á
bilheteira, que se encontrava deserta, mas não precisei de procurar muito, para
que um jovem simpático me interpelasse e me desse um recibo que me dava o
direito de assistir á estreia do CASARÃO. Entrei na sala que me indicaram e fiquei
de pé, a familiarizar-me com a luz, da sala, na esperança de um ponto de
referência para me dirigir para o meu lugar. Mas logo, um acenar feminino muito
simpático me indica um lugar vazio, para me assentar.
De início pensei,
ter-me enganado na sala. Mas logo, caí em mim, e percebo que estava no lugar
certo. Tinha lido a entrevista feita ao Filipe Araújo e pairavam no ar,
possibilidades infinitas. Foi dentro dessa expectativa que me concentrei (sem
julgamento) através dos recetores sensoriais (retina, cóclea e terminais nervosos),
procuro captar a beleza da fotografia, o enquadramento do som, a integração da
narração, e sobretudo o que mais me fascinou foi a alma do CASARÃO, que está
muito para além, do que foi narrado.
Obrigado, Filipe, por
teres capturado a alma do Casarão, na vida de uma simpática família, de Aldeia
Nova. Desde esse fim de tarde de 18 de novembro,
minha alma, noite e dia, regista os infinitos benefícios que continuam a
convergir da alma do casarão, e a se expandir em todas as direções melhorando a
vida de milhões de pessoas nos cinco continentes. É como uma pequena bola de neve
da abundância, que começou a rolar á 55 anos, naquele casarão, que aumenta de
velocidade e tamanho a cada instante que passa.
Eu
vou explicar o que a minha ida a esta estreia, fez explodir em mim. Como em
minha forma de enxergar, o casarão foi uma tulha de riquezas inesgotáveis
(enquanto escola/seminário), certamente que há, quem não veja o que eu enxergo,
ou até que veja o oposto. Na verdade, cada um de nós, faz as avaliações através
da verdade que carrega dentro de si. E assim, cada um de nós que lá passou,
tirou as sementes que achou serem úteis para a sua realização pessoal.
O QUE COLHI DA TULHA DO
CASARÃO
Enquanto residente 1966/1967
deste casarão, na direção do Frei João Domingos, recebi bênçãos e riquezas,
impossíveis de descrever por palavras, através da minha pobre capacidade
redigir.
Apesar de ser no
seminário, ao escutar as palavras sábias do Frei João (“somos todos feitos da
mesma matéria…,”), que meu espírito se encaixou na inteligência universal que
tudo governa e conduz. Apesar da física moderna explicar essa premissa na
perfeição, foi na minha passagem pelo “Casarão”, da Aldeia Nova, que entrei dentro
desse fluxo quântico, muito antes de conhecer a palavra.
Mas não é isto que
quero aqui partilhar hoje. Hoje, eu quero partilhar convosco o que o “Filme o
casarão” com sua singeleza me fez enxergar.
A minha passagem por
essa casa, não só me transformou a minha realidade como a realidade de toda a
minha família, que com a sua mudança transformou a vida de mais 400 famílias
cabo-verdianas, assim como dezenas de famílias de outras etnias. Só entre 1968,
a 1974. Mas os números não pararam de crescer.
Como isso foi possível?
Eu vou explicar como este fenómeno aconteceu se tiveres interessado em saber…,
e me perguntares…, claro. Terei muito gosto em partilhar como um pequeno sopro
da alma desse casarão se transformou num tsunami de abundância inesgotáveis.
Agora quanto á parte
que me toca…, na minha presença durante um ano, colhi sementes que ainda hoje
produzem a realidade única, que é A Casa Escola António Shiva. Apesar da existência, desta comunidade ser
inspirada no paraíso existencial de Aldeia Nova, não há ninguém que por aqui
passe que não fique tocado.
Por outras palavras, a
casa escola António Shiva, é a Recriação Viva do que foi conseguido absorver
por aquela criança de 11/12 anos em Aldeia Nova.
Como acolhermos a
missão de receber e servir, recebemos pessoas de todo o mundo, que procuram um
sentido para a vida, independente do estrato social, credo que praticam, cor de
pele, raça, ou filiação política.
Agora dei descanso a
minha alma. Obrigado por permitirem a minha partilha no Criar Laços
António Fernandes
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