Quero testemunhar a minha gratidão para com o Fr. João Domingos, porque foi pelo seu intermédio que conheci os Dominicanos.
Em 1953 conheci o Fr. João Domingos na camioneta que ligava a Cova da Iria à estação de Fátima (antiga Chão de Maças). Ele ia a Lisboa, de vez em quando e eu era professor na escola de Fátima. Tinha ele 20 anos! Entrava na camioneta de fato preto e cabeção e algumas vezes ficava a meu lado. Um dia perguntei-lhe se ele já era padre e ele respondeu-me que era estudante dominicano e que estava num convento, na Cova da Iria. Vendo a minha curiosidade em conhecer o convento, convidou-me a visitá-lo. Era Prior do convento o Sr. Pe. Lourenço a quem ele me apresentou. Durante quase um ano encontravamo-nos quer na camioneta, quer no convento.
Como eu andava indeciso quanto à vocação perguntei-lhe o que era preciso para entrar. Ele respondeu que, em primeiro lugar, era sentir o chamamento de Deus, aceitar, voluntariamente o chamamento e os superiores aceitarem-me.
Apresentou-me ao Sr. Pe. Sylvain, Vigário Geral, com quem falei e no dia 29 de Agosto de 1954 entrei no convento, aos 29 anos de idade. Desde esse dia o Fr. João Domingos tomou conta de mim e acompanhou-me antes e depois da Profissão Solene. Nos momentos de indecisão e abatimento ele estava a meu lado para me ajudar e encorajar.
Em Fátima, como Prior do Convento e depois, em Aldeia Nova como Superior e Diretor do Seminário, senti sempre a ajuda fraterna do Fr. João Domingos.
Mas não só me ajudou a mim como à minha família. A minha decisão abalou imenso os meus pais e a minha irmã. Ele, com toda a delicadeza, conseguiu restabelecer a paz na família, ficando os meus pais e irmã imensamente gratos.
Num espaço tão pequeno não consigo exprimir toda a minha gratidão. Fr. João foi um amigo fiel antes de eu entrar, no convento e depois um irmão muito fraterno que me aconselhava e me orientava quando a ele eu recorria. Também eu estou incluído no número imenso de pessoas que beneficiou da sua amizade e orientação.
Sinto, interiormente, que ele, junto de Deus, intercede pela nossa Província e muito especialmente por Angola a quem se deu de alma e coração. “Obrigado Fr. João Domingos.”
Fr. Alberto Carvalho, o.p.
3 comentários:
Um grande abraço ao Frei Alberto Carvalho, que foi meu mestre, nos idos anos de 19664/66,em desenho e matemática e sempre um dos professores mais atentos e compreensivos, que sempre nos tratava com amizade.
Antero
Não sei como, mas o meu comentário anterior seguiu involuntariamente através do site que tinha aberto do blog da minha aldeia, quando se tratava de um comentário bem pessoal e com a amizade que o Frei Alberto Carvalho sempre nos inspirou. Mais um abraço.
Antero.
Olha...Cá está o frei Alberto, meu professor de Matemática no início do curso liceal (actuais 5-º e 6.º anos) ele que era uma espécie de mãe para os mais carentes, sempre em grupo à sua volta. Bem...Não venho roubar as memórias de ninguém...(risos)
O frei Alberto sabia ensinar Geometria como ninguém. Há provas materiais disso. Nenhum dos seus alunos teve dificuldades nesta área no resto do curso. Eu vi e lembro-me disso até ao pormenor, que vou lembrar sem qualquer modéstia que prejudique os factos e a credibilidade da minha menção.
No 3.º ano (actual 7.º ano) todos tivemos grande dificuldade em entrar na Álgebra do Capitão Guimarães e do livro do Calado...(isto passou-se antes das inovações introduzidas por certo professor em Cascais...)
A título de exemplo eu, que viria a andar, quase sempre, perto dos máximos nesta área, demorei 2 meses a conseguir ter notas positivas (nós éramos avaliados, por escrito, de três em três semanas e, verbalmente, todos os dias!).
Pois bem, na parte de Geometria, grande parte da turma captou-a mais depressa que eu, precisamente porque ligaram mais que eu aos ensinamentos do frei Alberto nos 1.º e 2.º anos (actuais 5.º e 6.º)...(mais risos)
Deu-se mesmo o caso de alguns terem demorado mais de um ano a entrar na referida Álgebra, ainda assim sem qualquer espécie de problemas na Geometria de que tinham aprendido as bases com o frei Alberto!
PS
Os nomes e a descrição que ele faz de outras pessoas correspondem ao que todos bem sabíamos.
Um abraço, frei Alberto.
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