quarta-feira, 23 de abril de 2025

A vida e o tempo

 No trem da vida a beleza é passageira e o tempo são os trilhos a percorrer. 

O que está presente daqui a pouco, há uma hora ou mesmo um instante, deixará de ser presente para ser no passado, contente lembrança.
Cada dia que nasce é o futuro que hoje se torna presente e amanhã será passado. Não deixe um dia passar como um a mais, viva-o intensamente na possibilidade de fazer a diferença.
Sempre vamos, mas nunca voltamos, pois o tempo passa, não volta, não para. O tempo nos leva de onde chegamos até aonde vamos, nos trás de onde partimos. Todo o tempo as pessoas vêm e vão, passam por nossas vidas.
Há pessoas que vem para ficar e outras vão para nunca mais voltar. Deixam saudades e vivem lembradas em nossos pensamentos. 
E quem fica, é vivo lembrado no olhar de quem vai. Mas continuam sempre presentes por suas lembranças. Seu jeito de sorrir, de olhar, de falar, suas manias, um pouco de si em nós.
Pessoas que se tornam marcantes por serem amadas. Pessoas que são tocadas pelo vento para morar em outros corações, para encontrar refúgio em outro lugar e até um dia encontrar porto seguro nos braços do seu lugar.   


(autor desconhecido)

2 comentários:

Anónimo disse...

O ser humano é um paradoxo ambulante — uma síntese de contradições que habita um corpo finito e carrega dentro de si o anseio pelo infinito. É, ao mesmo tempo, pó da terra e sonho das estrelas. Vive entre o animal e o divino, entre o impulso e o ideal, entre a carne que perece e o espírito que aspira à eternidade.

Em sua grandeza, o homem é criador: ergue catedrais, escreve poemas, sonha utopias. Busca compreender o cosmos, mergulha nos abismos da consciência, interroga os deuses e a si mesmo. Carrega em si a potência do bem, da compaixão, da liberdade. É capaz de sacrificar-se por um outro, de renunciar ao conforto em nome de valores invisíveis, de morrer por uma verdade que transcende sua própria existência.

Mas em sua miséria, o homem é contraditório, fragmentado, cego. É capaz de crueldades inimagináveis, de repetir os erros que jura não mais cometer, de ferir exatamente aquilo que mais ama. Há em sua alma uma sombra que o persegue — o medo, o orgulho, o desejo de dominação, a recusa de enxergar-se como realmente é.

Nietzsche via no homem um “corda esticada entre o animal e o além-do-homem”, uma travessia perigosa, instável. Já Pascal, mais compassivo, dizia que o homem é “um caniço, o mais frágil da natureza, mas um caniço pensante”. E talvez seja isso que nos define: somos frágeis, mas pensamos nossa própria fragilidade. Erramos, mas nos atormentamos por errar. Sofremos, mas buscamos dar sentido ao sofrimento.

O paradoxo está em que a consciência da miséria é, em si, uma forma de grandeza. E a pretensão de grandeza, muitas vezes, é o que revela nossa miséria. Somos seres em tensão constante, e talvez o caminho da sabedoria não seja tentar resolver essa contradição, mas habitá-la com dignidade, com lucidez — e, quem sabe, com amor.

Anónimo disse...

Querem saber quem somos?
O ser humano é, ao mesmo tempo, a mais sublime expressão da vida e o seu mais angustiante mistério. Capaz de feitos extraordinários, de criar sinfonias que atravessam séculos, de alcançar as estrelas e de decifrar os segredos do próprio DNA, ele também é o mesmo ser que destrói florestas, ergue muros de ódio e repete, com impressionante teimosia, os erros da sua própria história.

Nesse paradoxo entre a luz e a sombra, a grandeza humana se revela na sua capacidade de amar, de cuidar, de se sacrificar pelo outro. Somos capazes de empatia profunda, de solidariedade silenciosa, de compaixão genuína. Em meio à dor, criamos beleza. Em meio ao caos, buscamos sentido. E mesmo diante da morte, nos perguntamos sobre a eternidade.

Mas, ao mesmo tempo, há em nós uma inclinação para a autossabotagem, para a violência, para o egoísmo que exclui e machuca. Criamos armas mais rápido do que curas, julgamos antes de compreender, e muitas vezes fechamos os olhos para o sofrimento que ajudamos a perpetuar.

É como se dentro de cada ser humano habitassem dois mundos: um que deseja ascender e outro que insiste em cair. E talvez seja justamente esse conflito interno que nos torne tão profundamente humanos. Não somos anjos, nem demônios — somos um pouco de ambos, lutando diariamente para escolher quem queremos ser.

Reconhecer esse paradoxo não é desistir da luz, mas compreender que ela só tem valor porque existe a escuridão. E talvez a verdadeira grandeza humana esteja justamente aí: na capacidade de reconhecer a própria miséria e, ainda assim, escolher o amor, a esperança e a transformação.
Abraços de um antigo aluno do Seminário de Aldeia Nova, Olival, agora Hospital de Retaguarda de uma Guerra criminosa e que não parece ter fim devido aos intervenientes...