sábado, 26 de abril de 2025
Faleceu o nosso Companheiro Manuel de Jesus Couto
quarta-feira, 23 de abril de 2025
A vida e o tempo
No trem da vida a beleza é passageira e o tempo são os trilhos a percorrer.
terça-feira, 22 de abril de 2025
O Pontificado do Papa Francisco - Artigo de Frei Bento Domingues O.P.
Frei Bento Domingues O.P. (1934-)
O Pontificado do Papa Francisco, Público Lx, 21/04/2025
www.publico.pt/2025/04/21/opiniao/opiniao/pontificado-papa-francisco-2130426
"Obrigado, Papa Francisco, pela esperança que te animou e nos transmitiste.
1. O cardeal Jorge Mario Bergoglio, jesuíta argentino, foi eleito Papa a 13 de Março de 2013. Tinha 76 anos. Escolheu Francisco de Assis como inspiração para o seu pontificado. A razão desta escolha não era o de reconduzir a Igreja à Idade Média. Mostrava, pelo contrário, que Francisco de Assis era a figura mais actual do que ele desejava ser e fazer: viver a alegria do Evangelho, fora dos esquemas clericais. Queria fazer, de uma Igreja em ruínas,uma nova esperança de liberdade e de alegria. O Evangelho, longe de asfixiar o poeta, abria-lhe o mundo como um hino cósmico. Quis retomar o Concílio Vaticano II, convocado e iniciado por João XXIII, num clima de alegria e liberdade. Veio, depois, um longo período chamado inverno da Igreja. Ao ser eleito Bispo de Roma e Papa da Igreja Católica, sabia que tinha de enfrentar não apenas o cuidado de todas as Igrejas, mas uma situação depressiva que enchia os meios de comunicação: escândalos na própria Cúria, escândalos financeiros e o horror dos horrores, a praga da pedofilia. Apresentou a sua primeira Exortação Apostólica, A Alegria do Evangelho (2013), como esboço do seu programa. Ele próprio propôs algumas directrizes que pudessem encorajar e orientar, em toda a Igreja, uma nova etapa evangelizadora, cheia de ardor e dinamismo, com base na Lumen Gentium, do Vaticano II. Ao designar a sua primeira exortação A Alegria do Evangelho, estava a ser literalmente fiel à própria significação da palavra evangelho, isto é, boa notícia. Nesta sua primeira Exortação Apostólica, tentou desfazer os equívocos da expressão Reino de Deus. É o tema do IV Capítulo sobre a Dimensão Social da Evangelização.
Não lhe pertencia oferecer uma análise detalhada e completa da realidade contemporânea, mas animar todas as comunidades a desenvolverem uma capacidade sempre vigilante de estudar os sinais dos tempos. Não estamos a viver apenas uma época de mudanças, mas uma efectiva mudança de época. Assim como o mandamento “não matar” põe um limite claro para assegurar o valor da vida humana, assim também hoje devemos dizer não a uma economia da exclusão e da desigualdade social. Essa é uma economia que mata. Hoje, tudo entra no jogo da lei do mais forte, onde o poderoso engole o mais fraco [1]. Já foi dito que bastava um ano sem os gastos com armas para garantir alimentação e educação, gratuitamente, a todos os necessitados. O tema da alegria estará sempre presente na sua intervenção pastoral e, por isso, desdobrar-se-á em vários documentos. Entre eles destaco: Laudato Si’ sobre a ecologia integral (2015); Amoris Laetitia (2016), Gaudete et exsultate (2018). Queria fazer, de uma Igreja em ruínas, uma nova esperança de liberdade e de alegria. O Evangelho, longe de asfixiar o poeta, abria-lhe o mundo como um hino cósmico. A Fraternidade Humana (2019) foi escrita e assinada pelo Papa Francisco e pelo Grande Imã Ahmad Al-Tayyeb, em Abu Dhabi. Este é, talvez, o documento mais importante do diálogo inter-religioso, que precedeu a encíclica Fratelli tutti (2020), sobre a fraternidade e a amizade social.
Sublimitas et Miseria Hominis (2023), no IV centenário do nascimento de Blaise Pascal, sobre o paradoxo do ser humano, na sua grandeza e na sua miséria.
2. O Papa Francisco realizou algumas das suas visitas às periferias (Lampedusa e Lesbos) que marcaram o rumo e o espírito do seu pontificado. O Mediterrâneo, transformado num grande cemitério, seria a sua interpelação constante sobre as migrações e as guerras. Desde o começo do seu pontificado, nas minhas crónicas dominicais do PÚBLICO, procurei seguir as surpresas deste Papa extraordinário. Confesso que me mantive cada vez mais entusiasmado com aquilo que o Papa realizou. Uma das heranças mais vergonhosas que recebeu e a que mais tem contribuído para desfigurar a Igreja Católica é, sem dúvida, a longa história da pedofilia do clero com dimensões insuspeitáveis. Talvez não se tenha dado conta, desde o começo, da vastidão desses crimes. Acabou, no entanto, por desencadear o movimento das comissões não só para o levantamento dos abusos sexuais de menores, mas também para a escuta e apoio da quantidade enorme de vítimas. No entanto, nada nem ninguém parecia que o poderia paralisar. A reforma da Cúria, acompanhada de discursos estridentes, foi um ponto que nunca esqueceu. Insistiu que a Igreja não é para a Igreja, mas para o mundo todo, de crentes e não crentes. É uma Igreja de saída para todas as periferias, não para fazer proselitismo, mas para despertar a consciência humana e cristã adormecida. Alertou, nos discursos ao Corpo Diplomático, que era o mundo todo, com todos os problemas das desigualdades, das guerras, dos refugiados, da fome, não só a sua preocupação, mas sentia a urgência em despertar a consciência mundial, pois é numa era global que existimos. Sobre a injustiça social e económica é preciso continuar a ler e reler os seus discursos aos movimentos populares publicados sob o título Terra Casa Trabalho [2].
3. Entre as exortações apostólicas, teve muita importância a polémica em torno da Amoris Laetitia, que assumiu as questões mais problemáticas sobre a família. Manifestou um carinho especial pela Querida Amazónia que é um todo plurinacional interligado, um grande bioma partilhado por nove países.
Dirigiu, por isso, esta exortação ao mundo inteiro. Este grande texto sobre a inculturação e a ecologia integral foi também para muitos uma grande frustração. Do seu aprofundamento não resultaram as consequências práticas para a revisão dos ministérios eclesiais – um dos grandes sonhos do Papa Francisco – que continuam a excluir as mulheres. O grande obstáculo não é de ordem teológica. A dificuldade maior tem poucos anos. Vem da carta apostólica Ordinatio sacerdotalis, deJoão Paulo II (1994), onde a chamada ordenação sacerdotal é reservada exclusivamente aos homens, agora e para sempre. Não há dois baptismos, dois cristianismos, um de homens e outro de mulheres. Perante uma declaração como a citada de João Paulo II, é normal que o Papa Francisco sinta uma certa inibição em rever todo esse processo, embora não existam razões pastorais e teológicas que o impeçam. Tentou superar essa dificuldade com a proposta prática de uma Igreja Sinodal, que dá a palavra a todos, mulheres e homens, e coloca, nas mãos de todos, o futuro da Igreja ao serviço da humanidade. Uma Igreja de “todos, todos, todos”! O Papa Francisco escreveu um texto belíssimo sobre as bem-aventuranças do bispo, mas não convocou um sínodo apenas dos bispos. No contexto cultural e religioso em que Jesus viveu, não se pode esquecer o seu comportamento subversivo com as mulheres e o das mulheres com Jesus Cristo.
Obrigado, Papa
Francisco, pela esperança que te animou e nos transmitiste [3]."
[1] Cf. Evangelii Gaudium, n.º 51-53.
[2] Papa Francisco, Terra Casa Trabalho, Temas e Debates, Círculo de Leitores,
2018.
[3] Francisco, Esperança. A Autobiografia, Nascente, 2024
quinta-feira, 17 de abril de 2025
Faleceu o Manuel Joaquim da Silva Leopoldo
Faleceu o Manuel Joaquim da Silva Leopoldo.
Aos seus familiares, a Fraternidade Criar Laços apresenta as mais sentidas condolências.