segunda-feira, 3 de setembro de 2012

PROJECTO COMPLEXO ESCOLAR FREI JOÃO DOMINGOS (CEFJoD)



PROJECTO COMPLEXO ESCOLAR FREI JOÃO DOMINGOS (CEFJoD)
  
SIGLAS E ABREVIATURAS

CEFJoD              Complexo Escolar Frei Joao Domingos
CRA                    Constituição da República de Angola
DUDH                Declaração Universal dos Direitos Humanos
IBEP                    Inquérito Sobre Bem Estar da População
ICRA                   Instituto de Ciências Religiosas de Angola
MED                   Ministério da Educação


 DESCRIÇÃO DO PROJECTO

A ORDEM DOS PREGADORES
 Os frades pregadores, mais conhecidos por irmãos dominicanos, estão hoje dispersos por mais de 100 países e são cerca de 6000 em todo o mundo.

À imitação de S. Domingos e procurando ser- fiéis à sua intuição fundamental, dedicam-se essencialmente à pregação, sob muitas e variadas formas, orais e escritas. Vivem em comunidades cujo ritmo de vida é fundamentalmente cadenciado pela celebração da liturgia - Eucaristia e Ofício Divino - e pela dedicação assídua ao estudo, comprometendo-se a viver em todas as circunstâncias os conselhos evangélicos de castidade, pobreza e obediência. O seu nascimento oficial, como corpo organizado data de 22 de Dezembro de 1216.  Logo desde o inicio, os dominicanos perceberam que só um frade intelectualmente preparado é capaz de servir a Igreja e o povo de Deus nas sociedades em que se encontra. Por isso, a aplicação assídua ao estudo é para os dominicanos caminho de encontro com Cristo-Verdade (contemplação) e também exigência de amor aos irmãos e irmãs. Estudamos para podermos ser úteis aos nossos irmãos e irmãs no mundo de hoje, sobretudo aos mais necessitados de pão e de amor.
Este aspecto importante da identidade da Ordem foi concretizado de diversas maneiras, consoante as especificidades dos lugares. Assim, temos variadissímos exemplos do contributo da Ordem para o estudo rigoroso e  competente, sendo São Tomás de Aquino, Lacordaire, Padre Lagranje e o frei Timothy Radcliffe alguns dos muitos dominicanos que   contribuiram para que o estudo estivesse ao serviço do bem da humanidade.


VICARIATO DE ANGOLA
Os padres Dominicanos chegaram à Angola, vindos de Portugal, em Novembro 1982, num grupo liderado pelo frei João Domingos, tendo-se instalado nessa altura, na Missão do Waku-Kungo, diocese do Sumbe, na provincia do Kwanza-Sul. Desde aquela altura os padres Dominicanos dedicaram-se ao anúncio do Evangelho e ao ensino, trabalhando como professores na escola do II e III níveis do Waku-Kungo. Em 1987, respondendo ao pedido dos bispos da CEAST, os padres Dominicanos vieram para Luanda onde deram início aos trabalhos para a fundação do curso ICRA-Educadores Sociais e o cuidado pastoral dos fiéis da Igreja do Carmo.
Uma vez instalados em Luanda, o trabalho dos padres Dominicanos ganhou cada vez mais destaque, sobretudo com o prestígio do curso de Educadores Sociais, no ICRA; o apostolado da Média, nos primeiros anos de restauração da Rádio Ecclesia; as missas televisivas em que o frei João Domingos tocou milhões de pessoas com as suas homilias e o Mosaiko através do qual os Dominicanos ajudam os angolanos a serem bons cidadãos, conjugando sempre o binômio direito - dever.
Actualmente, os dominicanos estão em 3 comunidades espalhadas por Angola

 A FIGURA DO FREI JOÃO DOMINGOS

O frei João Domingos (1933 – 2010) foi/é uma figura incontornável da boa presença portuguesa em Angola onde, desde 1982, viveu e realizou uma obra notável. Angola, em plena guerra civil, foi para ele uma opção definitiva.

Em 1981, deslocou-se a Angola para estudar as condições de uma futura e inédita presença dominicana masculina. Com Frei José Nunes e Frei Gil Filipe foi, em 1982, para Waku-Kungo (Diocese de Novo Redondo, ou Sumbe). Este grupo foi fervorosamente acolhido pelo seu Bispo de então, D. Zacarias Kamuenho, mais tarde, Arcebispo de Lubango a quem foi atribuído o Prémio Sakharov. A formação dos cristãos e sobretudo dos animadores das comunidades, na promoção da justiça, na partilha dos bens e na reconciliação entre angolanos, tornou-se a grande prioridade na sua missão.

Esse êxito evangelizador fez com que os padres Dominicanos fossem convocados pelos Bispos da CEAST, para uma presença mais alargada em Angola. Coube ao Frei João Domingos, em 1987, fundar a comunidade de S. Tomás de Aquino, na Paróquia de Nª Sª do Carmo em Luanda que se transformou um foco de novas iniciativas.
Para além da missão de Pároco, foi-lhe confiada a direcção do Instituto de Ciências Religiosas de Angola (ICRA). Reconhecendo em Frei João Domingos a “graça da pregação” – sem ela, a eloquência não passa de propaganda – os Bispos de Angola não lhe pediram, apenas, que pregasse aos outros e fosse professor de Teologia no Seminário Maior de Luanda, mas também, por várias vezes, quiseram que fosse ele o seu pregador.

Frei João Domingos Criou ainda, no ICRA, um segundo curso, o de Educadores Sociais; lançou depois, o Instituto Superior João Paulo II com um curso universitário de Serviço Social; Colaborou na criação do Centro Cultural Mosaiko, empreendimento dos padres Dominicanos de Angola – na diversidade dos seus povos e culturas – que se tem distinguido por um trabalho de formação e organização, em todo o país, de grupos para a defesa dos Direitos Humanos.

Na sua intervenção multifacetada, estavam sempre unidas a dimensão espiritual e a reflexão sobre a complexidade da realidade angolana, nas suas diferentes fases dos últimos trinta anos. Por isso mesmo, a sua voz tornou-se cada vez mais escutada e respeitada, não apenas nos meios eclesiais, mas também a nível da sociedade civil. Com a celebração Eucarística televisiva – a que Frei João Domingos presidia nos segundos Domingos de cada mês – as suas intervenções acutilantes eram comentadas em toda a Angola.

Os seres humanos não nascem feitos. A vida do Frei João Domingos passou por várias fases, por várias conversões. A morte levou-o quando já tinha dado tudo a Deus e ao povo angolano.


O CONTEXTO DA EDUCAÇÃO EM ANGOLA E MOTIVOS PARA A CRIAÇÃO DO COMPLEXO ESCOLAR FREI JOÃO DOMINGOS
Angola, com uma superfície total de 1 246 700 km2, é rica em recursos naturais (nomeadamente petróleo, gás, diamantes, ferro, fosfato, cobre, ouro e urânio), oferecendo também condições muito favoráveis para a agricultura (pelo clima, abundância de terras férteis e de água); o mar e os rios oferecem várias espécies de peixe e outros recursos.

Não há valores fiáveis para a população total, mas tendo em conta que foram registados pouco mais de 8 milhões de eleitores para as últimas eleições (2008), estima-se que a população angolana se situe entre os 16 e os 18 milhões de habitantes. É uma população muito jovem (estima-se que entre 50 e 60% terá menos de 18 anos), sendo a proporção estimada entre homens e mulheres de 86 homens para 100 mulheres e uma esperança de vida de cerca de 45 anos .
Segundo o IBEP(Inquérito sobre o bem-estar da População) - usando como linha de pobreza o rendimento médio mensal de 4.793 kz por pessoa - 36,6 % da população é pobre. A diferença entre a zona rural e a zona urbana é enorme, sendo três vezes maior nas zonas rurais (18,7% de pobres na zona urbana e 58,3% na zona rural). Embora fosse interessante explorar em que medida o valor de 4.793 kz garante um nível de consumo para viver sem privações excessivas, outros indicadores publicados no mesmo estudo mostram, para além da questão dos rendimentos das famílias, o baixo nível de vida da população angolana.
As oportunidades para as mulheres estão longe de ser iguais às dos homens – tanto por razões culturais como por falta de uma política consequente de promoção da mulher.  A taxa líquida de frequência ao ensino secundário (proporção de crianças dos 12 aos 17 anos no ensino secundário) é de 20,6% ao nível nacional, sendo 31,7% zona urbana e 6,6% zona rural. Dentro destas estatísticas, o índice de desigualdade é 0.85 a nível nacional, sendo 0.88 na zona urbana e 0.27 na zona rural, pelo que só uma percentagem muito baixa de crianças na zona rural chega até à escola secundária e destas, muito poucas são do sexo feminino). Daqui resulta que a proporção de mulheres entre os 15 e 24 anos que sabe ler e escrever é 67.8% a nível nacional, sendo 83.8% na zona urbana e 40.5% na zona rural . Apesar do númros de novas escolas construídas nos dez anos de paz, ainda faltam muitas escolas, se comparadas com o número de crianças fora do sistema de ensino.
Tendo em conta esta realidade, o CEFJoD nasce como contributo dos padres Dominicanos de Angola na melhoria do Direito à Educação (DUDH, Art 26, 1, 2 e 3 ) e para a formação do homem e da mulher angolano/a, tendo por isso, como fundamento o seguinte:

VISÃO
VERITAS LIBERATE VOBIS
MISSÃO
Desenvolver Angola, formando homens e mulheres com valores e competentes 
OBJECTIVO GERAL
Contribuir para  a formação integral do/a Angolano/a através de um ensino de qualidade e acessível.
OBJECTIVO ESPECIFICO
·        Contribuir para a melhoria do acesso à educação para as crianças de Kambamba II e bairros circunvizinhos;
·        Contribuir para o aumento do número de crianças dentro do sistema normal de ensino;
·        Contribuir para o aumento de uma cultura de excelência, fazendo do complexo um lugar de educação, reflexão, investigação,debate e publicação;
·        Contribuir para que a educação vá alem da instrução, através da inclusão de disciplinas humanas e de actividades extra-escolares que valorizem o potencial humano e intelectual de todos os integrantes do processo educativo.
 VALORES E PRINCIPIOS DO CEFJoD
·        Excelência
·        Rigor
·        Verdade
·        Mérito
·        Competência
·        Respeito pela diferença
·        Protecção do meio ambiente

PRINCIPAIS ACÇÕES DO CEFJoD
Oferecer aos alunos um ensino integrado e de qualidade, preconizando, para o efeito um  curriculum de acordo com as normas pedagógicas do Ministerio da Educação (MED) e enriquecido pelos valores da tradição da Ordem dos Pregadores, defendidos pelo pensamento do frei João Domingos.
Neste sentido, para além dos cursos exigidos pelo MED, o CEFJoD  propõe-se a administrar os cursos de informática , Inglês, Introdução à economia, Introdução aos Direitos Humanos, Religião, Música…   
Organizar e oferecer cursos de formação humano-profissional (pastelaria, decoração, relações humanas,..);
Organizar cursos de verão, com conferências sobre temáticas que valorizem o ensino e a educação, debates em teologia, debates em filosofia, tudo em linha com a tradição dos padres Dominicanos no Mundo.

 BENEFICIÁRIOS
Os principais beneficiários do projecto são:
a)     Crianças, adolescentes e jovens da comunidade do Kambamba II e arredores.  
b)    Adultos das áreas em referência que nunca tiveram acesso ao ensino;
c)      Pais e encarregados de educação, bem como associações que servindo-se tanto das estruturas, como da actividade dos padres Dominicanos recorrerão ao CEFJoD
d)    O MED que com o projecto ganha mais uma escola, assim como o Governo Provincial de Luanda que ganha mais um parceiro disposto a contribuir para o acesso e melhoria da educação dos angolano/as

RESULTADOS ESPERADOS
·  Diminuição do número de crianças fora do sistema de ensino na zona de Kambamba II e arredores,
·  Crianças do complexo a ler e a escrever correctamente nas primeiras classes do ensino,
·  Aluno/as do complexo a comunicar em inglês, pelo menos até ao nivel intermediate;
·  Aluno/as do complexo a dominar a informática, na óptica do utilizador;
·  Alunos/as  a interagir entre si, em espirito de familia, dentro e fora da escola;
·  Alfabetizandos a   ler e a comunicar suficientemente por escrito;
·  CEFJoD considerada uma das melhores escolas de Luanda pela sua excelência e qualidade.

MAIS VALIAS DO PROJECTO  

O CEFJoD é um projecto com as seguintes mais valias:
·        Esforço conjunto entre a comunidade da Kambamba II e os padres Dominicanos. Na verdade, desde o inicio, a comunidade de Kambamba II mostrou-se interessada no projecto, tendo sido ela a identificar a área em que se prevê a construção dos edifícios;
·        A longa tradição dominicana de trabalho na área da formação humana. As experiências adquiridas nos trabalhos de ensino e gestão no  ICRA, ISUP, Mosaiko, Radio Ecclesia são experiências que beneficiarão o CEFJoD.
·        A rede de escolas e universidades pertencentes aos padres Dominicanos ou geridos por eles, podendo os padres em Angola fazer recurso a este vasto capital;
·        A possibilidade de trabalho coordenado em família dominicana angolana.  Além dos padres, existem as irmãs dominicanas e os leigos dominicanos com os quais os padres colaboram. Espera-se assim, que o CEFJoD seja um lugar de formação de excelência, na linha da tradição dominicana.
·        A facilidade em organizar intercâmbios com crianças de outras escolas dominicanas em Angola, África e/ou outras partes do Mundo;
·        A inquestionável figura de Frei João Domingos, cujo trabalho e empenho por Angola são por todos reconhecidos e pode servir de estímulo aos alunos, aos professores, gestores e todos os intervenientes no processo educativo no CEFJoD.

SUSTENTABILIDADE DO PROJECTO
ü A sustentabilidade do projecto consiste no facto de ele poder contar com a participação do Estado, através do enquadramento de uma importante parte do quando docente, tornando o CEFJoD num estabelecimento de ensino acessível para todos, inclusive para as familias de baixa renda;
ü Perante o estado e à luz da lei, o CEFJoD  concorre à obtenção do Estatuto de  escola comparticipada;
ü O CEFJoD beneficia da experiência dos frades na gestão de outros projectos na Igreja de Nossa Senhora do Carmo, no ICRA – Instituto de Ciências Religiosas de Angola,no Mosaiko e na Igreja de Nossa Senhora da Assunção do Waku-Kungo.
RISCOS
Não existem riscos particulares ligados ao Projecto. Os únicos riscos possíveis só podem estar ligados  a catástrofes naturais. O rigor e a transparência na gestão podem ser confirmados através de visitas a trabalhos realizados pelos padres dominicanos ao longo dos 30 anos de presença em Angola.

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