segunda-feira, 30 de março de 2009

A ASSOCIAÇÃO EM MARCHA

Aqui fica o contributo do Antero Monteiro, para a constituição da nossa Associação. Deixai as vossas opiniões, contributos, reparos e o que mais vos aprouver.

Clicar para ver os Estatutos: ESTATUTOS

Clicar para ver o Regulamento Interno: REGULAMENTO

sexta-feira, 27 de março de 2009

IV COLÓQUIO EUROPEU SOBRE PSICOLOGIA E ÉTICA

Pinceladas sobre as comunicações apresentadas.

Dra MARIA JOSÉ MORGADO

«Em termos de combate à corrupção, o MP tem o dever e obrigação de apresentar os melhores resultados que estejam ao seu alcance com os meios que tem e com as leis que existem. Não pode nem deve fracassar», enfatizou a magistrada, considerando, contudo, que «isto é uma guerra prolongada contra uma criminalidade sem vítima, em que ninguém se queixa».
Para esta magistrada, a vítima da corrupção «somos todos nós» porque «pagamos serviços mais caros, contratos mais caros», já que «a corrupção traduz-se no aumento do preço dos serviços públicos, na diminuição das verbas» para o Estado.
Este combate não deve ser feito apenas pelas autoridades competentes. O processo deveria ser complementado com a acção de diversos agentes, nomeadamente as empresas, as autarquias… e ainda com a participação cívica do cidadão comum.
O combate à corrupção e ao crime de “colarinho branco” são actualmente dificultados pela aplicação da lei penal em vigor. Na tentativa de respeitar até ao limite os direitos e garantias dos suspeitos, caiu-se num “hiper-garantismo” que dificulta ou torna mesmo impossível a obtenção de prova correspondente aos indícios do crime. Deste modo, torna-se ainda mais complexo o seu combate, principalmente no que se refere à obtenção de provas para o efeito.
Acresce que a denúncia deste tipo de crimes geralmente é feito por pessoas que estiveram envolvidas no mesmo ilícito. Não são as pessoas honestas que sabem da existência destas manobras do sub-mundo. Ora não há suficiente protecção dos arrependidos. Assim, não é possível obter a colaboração destas pessoas. Resulta de tudo isto a convicção generalizada na população portuguesa, de que as condenações ou mesmo a obtenção de prova fica muito aquém do que é percebido pela comunidade.


Prof. BRUTO DA COSTA

Definiu pobreza como: “Situação de privação por falta de recursos.” “O pobre, é alguém que não consegue satisfazer de forma regular todas as necessidades básicas, assim consideradas numa sociedade como a nossa.”
“O pobre não se liberta da pobreza senão quando se autonomiza” dos subsídios, da dependência, da caridade.
“Os direitos humanos são indivisíveis e interdependentes.”
“Aos direitos humanos correspondem deveres do Estado.”
Reconhece direitos positivos e negativos. Os direitos à propriedade ou à liberdade só são válidos para quem possui a faculdade de ser livre ou de ser proprietário. Quem não está na posse desses “direitos”, tem o direito de os reivindicar.
O pobre é alguém que não tem condições para exercer a liberdade. A pobreza é uma situação de negação de direitos humanos.
“A pobreza é muitas vezes associada à preguiça. Sendo assim, teríamos 2.000.000 de preguiçosos, o que configuraria não já uma questão de pobreza, mas um problema de saúde pública.” É uma atitude culpabilizante. Na transição do Rendimento Mínimo Garantido para o Rendimento Social de Inserção, no debate público que houve parecia que as pessoas estavam mais interessadas em combater a fraude dos pobres do que em resolver o problema da pobreza. Isto é expressivo de uma mentalidade.”

A.A.

IV COLÓQUIO EUROPEU SOBRE PSICOLOGIA E ÉTICA

Pinceladas sobre as comunicações apresentadas.

ÉTICA NA EDUCAÇÃO

O Prof. José Morgado (ISPA) começou por citar uma canção popular:
“ Só quero o que me é devido por me trazerem aqui,
Que eu nem sequer fui ouvido no acto de que nasci.”
Avançou daqui para a ilação do direito da criança a viver num ambiente saudável e feliz. Focou nesta linha de pensamento a problemática das crianças a cargo de Instituições de acolhimento e da urgência da adopção por famílias estruturadas.
Citou alguém que não retive o nome que teria afirmado: “Só as crianças adoptadas são felizes”, acrescentando, “felizmente a maioria das crianças são adoptadas pelos respectivos pais.”
O direito à educação e o direito ao sucesso fazem parte dos direitos da criança e estão consagrados na nossa constituição.
Todas as crianças, independentemente de credos, raças e condição social, têm direito a uma educação inclusiva. O que verificamos, disse, são inúmeras situações de “contentores” por esse país fora.
“Pelos vistos, a inclusão” atrapalha o processo educativo.”

O Prof. Sérgio Niza, sobre este tema, referiu que “o método de ensino actual vem do século XVI, (São João Batista de la Salle), baseado num ensino em grupo, cujos elementos aprenderiam como se fossem um só. O exame no final do ano lectivo vem também dessa época, assim como o seu carácter selectivo.Com que finalidade? Nessa época, certamente para recrutamento dos melhor sucedidos com vista ao sacerdócio.
Já era tempo deste estilo de ensino ser repensado. As convulsões que a escola tem sofrido, não conduziram a uma reflexão aprofundada.
Num inquérito recente, os alunos questionados sobre a utilidade da escola, relevam sobretudo a criação de amizades. Raramente se referem a um professor. Notam-se aqui grandes diferenças em relação às gerações anteriores.
“Não queremos utopias, queremos realidades”, dizem os alunos actuais.
Nós dizíamos: “Não queremos realidades, queremos utopias”.
“Há uma pressão social sobre a escola para a manter conservadora. As pessoas não se pronunciam sobre outras áreas, mas toda agente se sente à vontade para dar opiniões sobre o ensino.”
Este conferencista manifestou-se fortemente contrário aos “quadros de honra”, cujo reverso da medalha são os excluídos. Esta educação competitiva tem graves reflexos sobre as crianças, disse. E concluiu que “a cooperação leva ao sucesso colectivo.”
A. Alexandrino

terça-feira, 24 de março de 2009

IV COLÓQUIO EUROPEU SOBRE PSICOLOGIA E ÉTICA

Pinceladas sobre as comunicações apresentadas.


Os oradores como podeis verificar no Programa, são personalidades relevantes da cultura nacional e referências éticas pela sua postura cívica e pelos combates que perseguem em prol da ética e dos direitos humanos.

Os participantes eram homens de bem (a julgar por mim…) e mulheres “muito boas”, preocupados com a postura ética perante a profissão de psicólogo e a vida em geral.

Neste contexto e ambiente de elevado conteúdo moral e estético estavam criadas as condições propícias à reflexão sobre a ética e direitos humanos na psicologia.



Na humanidade ou no ser humano existe permanentemente uma dicotomia entre bem e mal, Deus e o demónio.

Desde as religiões e culturas mais antigas, esta contradição é apresentada simultaneamente com a interligação e indispensabilidade entre estes elementos aparentemente opostos. Os símbolos que acima apresentamos são bem a representatividade desta evidência.

Estes esboços sobre os primórdios dos princípios éticos foram focados por vários oradores. Porém o Prof. Vítor Cláudio (ISPA) foi quem mais profundamente se debruçou sobre o tema, chegando até ás entranhas do humano ao citar José Saramago (in “Evangelho segundo Jesus Cristo”): “Pastor tirou a faca da cinta, olhou Jesus e disse, Mais tarde ou mais cedo, também isto terás de aprender, ver como são feitos por dentro aqueles que foram criados para nos servir e alimentar. Jesus virou a cara para o lado e deu um passo para retirar-se, mas Pastor, que detivera o movimento da faca, ainda disse, os escravos vivem para servir-nos, talvez devêssemos abri-los para sabermos se levam escravos dentro, e depois abrir um rei para ver se tem dentro outro rei na barriga, e olha que se encontrássemos o diabo e ele deixasse que o abríssemos, talvez tivéssemos a surpresa de ver saltar Deus lá de dentro”.

Este mesmo orador perseguiu o seu raciocínio explicitando que a humanidade reincide ciclicamente nos mesmos ou mais graves crimes contra a humanidade. Os judeus, vítimas do “Holocausto, são agora os carrascos de massacres contra os Palestinianos. Os que se apelidavam de arautos da defesa dos direitos humanos, criam “centros de concentração” como Guantânamo, onde enclausuram e torturam pessoas, sem culpa formada nem julgamento, apenas por serem suspeitos de colaborarem com terroristas. Estas acções são justificadas em nome da “Segurança nacional”.

Para este orador é urgente e necessário ”tornar o mal inteligível, pois só assim o podemos combater”.

(continua)

A. Alexandrino


domingo, 22 de março de 2009

IV COLÓQUIO EUROPEU DE PSICOLOGIA E ÉTICA


Dedicado ao tema «SER HUMANO:

Psicologia e Direitos Humanos», o IV Colóquio Europeu de Psicologia e Ética, organizado pelo Instituto Superior de Psicologia Aplicada (ISPA), realizou-se dias 19 e 20 de Março de 2009, em Lisboa.
PROGRAMA:Dia 19 de Março de 2009, quinta-feira
09:00h Sessão de Abertura

09:15h – CONFERÊNCIA- Maria José Morgado, Procuradora-Geral Adjunta-
Moderador: Jaime Coelho
10:15h – Intervalo
10:30h – CONFERÊNCIAVictor Cláudio, Instituto Superior de Psicologia Aplicada
Moderadora: Nélia Rebelo da Silva
11:30h – Intervalo
11:45h – MESAS Ensino da Ética em Psicologia: Da Norma ao Significado- Cármen del Rio, Faculdade de Psicologia/ Universidad de Sevilla- Luísa Morgado, Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação/Universidade de Coimbra- Paula Sousa Instituto Superior de Psicologia Aplicada- Vítor Franco Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação/ Universidade de Évora
Moderador: Victor Cláudio
Direitos Humanos na Família- José Almeida e Costa, Sociedade Portuguesa de Terapia Familiar- Alexandra Dourado, União de Mulheres Alternativa e Resposta- Carla Moleiro, Instituto Superior de Ciências do Trabalho e da Empresa- Manuela Calheiros, Instituto Superior de Ciências do Trabalho e da Empresa
Moderadora: Maria Gouveia Pereira
Sustentatibilidade Ambiental, Económica e Social: Dilemas Éticos- João Barbosa, Secretaria de Estado da Administração- Manuel Graça Dias, Universidade Autónoma de Lisboa- Olga Romão, Instituto Superior de Psicologia Aplicada- Sofia Guedes Vaz, CENSE-FCT; Universidade Nova de Lisboa
Moderadora: Patrícia Palma
13h15 Almoço
14h15 CONFERÊNCIA- Alfredo Bruto da Costa, Centro de Estudos Sociais/CE/UNESCO
MODERADORA: Ana Carita
15h15 Intervalo15h30 CONFERÊNCIA- Juan Perez, Universidad de Valencia
MODERADORA: Maria Gouveia Pereira
16h30 Intervalo
16h45 MESAS Confidencialidade: Direito Humano, Imperativo Ético- António Costa Santos, Jornalista- Ercília Duarte, (Centro Hospitalar Psiquiátrico de Lisboa/ Hospital Júlio de Matos)- Mário R. Simões, (Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação/ Univ. de Coimbra)- Nélia Rebelo da Silva, (Centro Hospitalar de Lisboa Central/I. S. P. A.)
MODERADOR: Jaime Coelho
A Psicologia e a Comunicação Social/Limites Éticos- Adelino Gomes, Jornalista- Diana Andringa, Jornalista- Eduardo Sá, Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação/ Univ. de Coimbra/ISPA- Isabel Leal, Instituto Superior de Psicologia Aplicada
MODERADOR: Victor Cláudio
Ética e Direitos Humanos na Justiça- Cristina Caliço, Mediadora Familiar- Maria Helena Grilo, Instituto da Segurança Social/EP- Pereira da Silva, Ministério da Justiça/Instituto Superior de Psicologia Aplicada- Rui Abrunhosa, Instituto de Educação e Psicologia/Universidade do Minho
MODERADORA: Olga Romão
18h15 CONFERÊNCIA- José Gil, Filósofo, Universidade Nova de Lisboa
MODERADORA: Maria Gouveia Pereira
Dia 20 de Março de 2009, sexta-feira
09h00 CONFERÊNCIA- Raymond Bénévent, Instituts Universitaires de Formation des Maîtres/ Université Alsace

MODERADORA: Teresa Sá
10h00 Intervalo
10h15 MESASDa Ética Organizacional à Responsabilidade Social das Empresas- Helena Gonçalves, Faculdade de Economia e Gestão/Univ. Católica Portuguesa - Porto- Luís Bento, Consultor GRH- Paula Carneiro, Microsoft- Franclim Abreu, Alter Via
MODERADOR: Rui Bártolo Ribeiro
Direitos Humanos: Nós e os Outros- Maria Benedicta Monteiro, Instituto Superior de Ciências do Trabalho e da Empresa- Jorge Carvalho, Associação Guineense para a Paz e Democracia- Rosário Farmhouse, Alto-Comissariado para a Imigração e Minorias Étnicas
MODERADORA: Maria Gouveia PereiraCódigo Deontológico dos Psicólogos Portugueses- Ana Carita, Serviço de Psicologia e Orientação/Esc. Sec. Virgílio Ferreira/ISPA- Teresa Dinis, Serviço de Psicologia e Orientação/ Esc. Sec. Eça de Queirós- Jaime Coelho, I. S. P. A./Sociedade Portuguesa de Psicanálise- João Santos, Psicólogo- Marco Barreiros, International House
MODERADOR: Victor Cláudio
11h45 Intervalo12h00 CONFERÊNCIA- Ignacio Ramonet, Le Monde Diplomatique
MODERADORA: Sandra Monteiro, Le Monde Diplomatique/Edição Portuguesa
13h00 Almoço
14h00 MESAS Ética na Educação: Como Manter a Promessa?- João Sebastião, Escola Superior de Educação de Santarém- José Morgado, Instituto Superior de Psicologia Aplicada- Sérgio Niza, Movimento da Escola Moderna- Teresa Sá, Escola Superior de Educação de Santarém;/Sociedade Portuguesa de Psicanálise
MODERADORA: Ana Carita
Psicoterapias: Que Humano por detrás do Modelo?- Carlos Góis, Centro Hospitalar de Lisboa Ocidental- Cristina Martins, Centro Atendimento Toxicodependentes Restelo/I. S. P. A. - Jaime Coelho, I. S. P. A /Sociedade Portuguesa de Psicanálise- Paulo Machado, Instituto de Educação e Psicologia/ Universidade do Minho
MODERADORA: Nélia Rebelo da Silva
15h30 Intervalo15h45 MESAÉtica e os Direitos Humanos: Olhares da Psicologia Europeia- Fredi Lang, Berufsverband Deutscher Psychologinnen und Psychologen e. V. - Alemanha- Geoff Lindsay, British Psychological Society – Reino Unido- Herk Geertsema, Nederlands Instituut van Psychologen – Holanda- Pierre Nederlandt, Belgische Federatie van Psychologen – Bélgica- Victor Cláudio, Sindicato Nacional dos Psicólogos – Portugal
MODERADORA: Manuela CastelBranco
17h15 Intervalo
17h30 CONFERÊNCIA- Casper Koenen, Psicólogo - Holanda
MODERADOR: Victor Cláudio
18h30 Encerramento
20h00 Concerto com o «Grupo Musical Contraponto»Antiga Fábrica do Braço de Prata
21h00 Jantar de Encerramento - Antiga Fábrica do Braço de Prata




Foi em parte graças ao “Criar laços” que me foi dada a oportunidade, pelo Jaime Coelho – um dos organizadores – de participar no IV Colóquio Europeu de Psicologia e Ética, que teve lugar no ISPA nos dias 19 e 20 p.p.
Assim, sinto-me na obrigação de transmitir aos meus amigos frequentadores deste sítio, as experiências vividas neste evento.
Esta era aliás, uma prática regular em Fátima. Aquele que tinha o privilégio de frequentar uma acção de formação, ficava obrigado a comunicar aos restantes companheiros o que aprendera.
Começo então pela parte mais fácil, de apresentação do programa do referido Colóquio.
Se os amigos estiverem interessados, poderei dar-vos posteriormente umas pinceladas sobre as comunicações ali apresentadas.
Costuma-se dizer que santos da casa não fazem milagres. Mas como nós não estamos à espera de milagres, nem o Jaime (suponho eu) tem pretensões a ser colocado num altar ou numa peanha com a cabeça furada pelo suporte duma auréola, podemos manifestar o orgulho em ter entre os nossos o Prof. Jaime Coelho, psicanalista de renome e pedra angular do corpo docente do ISPA, que ainda se dá ao luxo de organizar, orientar e apresentar várias comunicações num Colóquio de dimensão internacional.
A. Alexandrino

quarta-feira, 18 de março de 2009

FREI PEDRO FERNANDES OP - 19 de Março - PARABÉNS!...

Continua com o seu bom humor. É o Prior e Pároco do Convento de Cristo Rei, no Porto(duplo emprego). Para "combater" a crise económica... mantêm todo o saber da tesoura e máquina. Bom aniversário com saúde e santidade !
JM

segunda-feira, 16 de março de 2009

NO CENTENÁRIO DE D. HELDER CÂMARA - Anselmo Borges, Padre e Professor de Filosofia


Se fosse vivo, D. Hélder Câmara, um dos profetas maiores do século XX, teria feito 100 anos no passado dia 7 de Fevereiro. Nasceu em 1909, em Fortaleza. Foi bispo auxiliar do Rio de Janeiro e arcebispo de Recife e Olinda. Morreu no dia 27 de Agosto de 1999.Conhecido no Brasil e em todo o mundo pela sua militância a favor dos direitos humanos, foi perseguido por causa da denúncia destemida da tortura e da miséria, chegando a ser acusado de comunista. Costumava dizer: "Se dou comida a um pobre, chamam-me santo; mas, se pergunto porque é pobre, chamam-me comunista."Esteve na base da fundação da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e da criação do Conselho Episcopal Latino-Americano (CELAM), bem como da Teologia da Libertação. Percorreu o mundo com conferências que contagiavam multidões.Queria uma Igreja pobre, ao serviço dos pobres. Ele próprio deu o exemplo: no Recife, viveu 21 anos numa casa pequena e modesta, aberta a todos. Conheci-o pessoalmente em Roma, em Outubro de 1974, por ocasião do III Sínodo dos Bispos. Foi uma conversa longa, publicada num caderno (esgotado) com o título Evangelho e Libertação Humana, donde retiro algumas declarações.A Igreja precisa de renovação constante. "Tudo o que for sobrecarga, laço, prisão, criados pelos homens, tudo o que for tabu, tudo isso pode e deve ser raspado, como quem raspa o fundo de um barco. Quando penso na Igreja, eu me lembro da barca, não apenas de Pedro, porque a barca é do Cristo. Precisamos de raspar periodicamente o limo que se vai juntando no fundo do barco e inclusive substituir de vez em quando alguma tábua que apodrece."Essa renovação embate com enormes dificuldades. "Eu cheguei como arcebispo a Recife, uma cidade do Nordeste brasileiro, uma das áreas subdesenvolvidas do país. Mesmo assim, eu recebi como casa uma casa já velha, mas enorme, com o nome de palácio. E dentro dele havia duas salas de trono: uma, mais solene, para as grandes recepções, e outra para o diário. Para receber todas as pessoas era um trono!... Pois bem! Eu levei seis meses para poder livrar-me da primeira sala e ano e meio para livrar-me da segunda!... Então, que cada um olhe em volta de si e veja como ainda está preso, por exemplo, pela sociedade de consumo. Como nós somos escravos da sociedade de consumo! Como é difícil arrancar-nos das estruturas!" Para a transformação do mundo, acreditava em minorias conscientes e críticas que, a partir da subversão e conversão interior, lutassem, mediante a não violência activa, por um mundo justo e fraterno. "Estas minorias já existem. Precisamos de unir estas minorias que desejam um mundo mais respirável, mais humano, uni-las dentro de uma mesma cidade, de uma região, de um país, de país a país, porque hoje, sobretudo com as multinacionais, com todo o complexo de poder económico, utilizando técnicas, meios de comunicação social, se infiltrando nos Governos, utilizando não raro militares, diante dessa força imensa, é impossível a um país sozinho construir uma sociedade mais humana."Estávamos longe da queda do muro de Berlim. Mas, animado pela utopia da libertação, pensava que "um socialismo humano", cujo caminho "estamos tentando descobrir", era a via para a justiça. "Eu sei que há tentativas aqui e acolá, mas ainda se não chegou a um socialismo verdadeiramente humano que, longe de esmagar a pessoa, pelo contrário, de facto nos arranque das estruturas capitalistas, da engrenagem capitalista, mas não para meter-nos em novas engrenagens".Foi um dos principais animadores do "Pacto das Catacumbas" -- assinado por 40 Padres Conciliares, pouco antes do encerramento do Concílio Vaticano II, nas catacumbas de Roma. Nele, sublinha-se a pobreza evangélica da Igreja, sem títulos honoríficos nem ostentações mundanas. Como Povo de Deus, o seu governo assenta na colegialidade e co-responsabilidade. Insiste-se na abertura ao mundo, na transformação social e no acolhimento fraterno. De certeza não teria excomungado, como fez há dias um sucessor, os responsáveis por aborto em menina de 9 anos, abusada pelo padrasto.


In DN, 14.03.09
(Texto enviado pelo Alexandrino)

quarta-feira, 11 de março de 2009

ENFANCE TRAHIE

Mando-vos este texto que gostaria de ter escrito! Na verdade queria levar este assunto para o nosso blog para reagir contra estes prelados que fazem passar o direito canonico (que precisa ele também de uma eminentissima reforma) antes do Evangelho que é a lei do Amor. Desculpai se o mando em francês. Todos aqueles que conheço lêem esta lingua sem dificuldade!
Fernando

Bonjour:
L'archevêque de Recife, ce jour là, aurait mieux fait de se taire. Question de dignité... Parce que quoi dire à une petite fille de 9 ans, violée depuis des années par son beau-père et qui se retrouve enceinte? (cliquer pour lire) Agiter le drapeau de l'excommunication pour sa mère et ses médecins, qui décident de l'avortement, invoquer "la loi de Dieu contre la loi des hommes", oser affirmer qu'un viol est moins "grave" qu'un avortement, est proprement intenable. C'est non seulement le message évangélique qui est ici brouillé, mais aussi celui de l'Eglise, qui, dans sa pratique pastorale, insiste toujours sur la notion du "moindre mal" dans des choix délicats. Or, ici, le "moindre mal" n"était-il pas, sans contestation possible, du côté de la vie et du devenir de cette enfant, déjà largement compromis par la faute d'un seul? Vous êtes très nombreux à exprimer votre indignation. Discutez-en avec Jean-Luc Ragonneau, jésuite, sur le blog de notre revue partenaire Croire aujourd'hui (cliquez pour lire). Et lisez ce qu'en disent aussi nos internautes!

Vos journaux habituels vous ont, peut-être, transmis cette information où le sordide le partage à l’ignominieux : une fillette brésilienne (à 9 ans, on ne peut user d’un autre terme), violée depuis l’âge de 6 ans par son beau-père, enceinte de jumeaux al ors qu’elle a maintenant 9 ans, a subi un avortement. Le fait, dans sa brutalité, fait déjà mal : on verrait plutôt la fillette en train de câliner une poupée… Eh bien non ! Il y a d’horribles personnages qui volent l’enfance ! Si le fait est douloureux, la suite pour le croyant que je suis l’est encore plus : l’évêque du lieu, l’archevêque de Recife, n’a pas hésité à excommunier l’équipe médicale qui a pratiqué l’avortement et la mère de la fillette, arguant de ce que “la loi de Dieu est au-dessus de la loi des hommes”. Loin de moi de le dénier, mais en moi la certitude que la miséricorde de Dieu n’emprunte pas toujours les canaux ecclésiaux et qu’elle est toujours(et heureusement !) plus infinie que celle des hommes souvent étroite.
Certes toute vie humaine est à respecter, à protéger, à faire advenir à son excellence, mais quand il y a conflit de devoirs… peut-être faut-il se souvenir que dans certains cas nous sommes confrontés à deux maux et qu’il nous faut choisir le moindre mal. Où était-il dans l’affaire qui nous occupe ? Ne serait-ce pas de permettre à cet enfant de retrouver un possible chemin de vie ?
Pour que l’information soit complè te, précisons que l’archevêque en question a été soutenu par le cardinal Re, à Rome ! De plus l’affaire est d’autant plus triste, pénible (les mots manquent) que le violeur, lui, s’il encourt le poids de la loi humaine n’a rien à craindre d’aussi sévère de la loi canonique.
Je ne sais pas comment l’archevêque en question a médité, et/ou a commenté l’évangile de ce jour. Je me permets d’en citer un extrait : “Soyez miséricordieux comme votre Père est miséricordieux. Ne jugez pas, et vous ne serez pas jugés ; ne condamnez pas et vous ne serez pas condamnés…” (Luc 6, 36-38). Il ne s’agit pas, c’est évident, de tout excuser, de tout permettre, mais il s’agit de se mettre à l’école du Père qui par le Fils nous indique de quel Esprit nous devons vivre.
NON… on ne peut appliquer le droit canon aveuglément… OUI nous devons défendre la vie, toute vie… mais il y a des cas où malheureusement, en défendre une oblige à en sacrifier une autre. C’est terrible mais peut-on faire autrement. Nous ne pouvons pas tout maîtriser. Dans le cas relaté, la vie de la fillette (vie physique, vie spirituelle, vie psychologique…) était en danger. Devait-on la laisser mourir alors que la survie de ses jumeaux aurait été accrochée à un “miracle”?
Dénonçons une culture de mort et promouvons une culte de l’amour, mais avec une raison éclairée ! L’Eglise n’a certainement pas à se glisser dans les oripeaux de l’époque, de la mode ou du “monde”, mais il y a des cas où les atours de sa parole doivent accepter quelques faux-plis.
09/03/2009

segunda-feira, 9 de março de 2009

O LIVRO BRANCO DE ALDEIA NOVA - Ideias, contribuições e investimentos



A notícia de que, de repente, Aldeia Nova, no seu complexo microclima de passado, presente, recordações, nostalgia, mestres, alunos, vivências, juventude eterna, etc. etc., passaria à história em duas ou três folhas de escritura pública, abanou as consciências dos que passam por estas páginas no dia a dia.
Inevitavelmente, o tema é abordado por todos, ainda que pela rama, pois pouco sabemos do que a Ordem pensa fazer, do que nós pensamos, podemos ou queremos fazer.
Já foram atiradas para o blog pelo Eduardo Bento, Celestino, Alexandrino, Jaime, Isidro, Ferraz, por mim próprio, algumas questões que se prendem com o futuro e o passado daquel património.
Pela simples razão de que do meu grupo ninguém prosseguiu a vida religiosa de modo definitivo e eu prossegui a minha vida muito desligado dos Dominicanos, não conheço de perto A Ordem, as suas Estruturas Hierárquicas e quem ou a forma como se determina hoje em dia a sua vida. Penso que a este nível os mais antigos estarão mais próximos e mais enquadrados.
Todas as questões levantadas por mim e pelos demais, especialmente pelo Celestino, que vejo também mais motivado, aguçam-me o espírito, no sentido de medir as nossas ambições para aquele local, para sondar a própria Ordem e, em poucas palavras, termos sonhos, ou, simplesmente, deixarmos de pensar mais no assunto. Qualquer que seja a ideia base precisará de suporte financeiro importante, estudo, projecto e alguma utopia.
Gostaria da opinião do Fernando, único que, pelo que vejo terá experiência empresarial importante em área similar às que se têm falado, mas que não vi dar qualquer opinião sobre estas nossas divagações. E qual é a opinião de tantos outros que estão na sombra e nada disseram?
Por questões de método e tendo em consideração as questões importantes que podem surgir quanto a um tema destes, parece-me interessante lançar a ideia de um “Livro Branco de Aldeia Nova”, valha o que valer esta iniciativa. Diria até que já começou na notícia trazida pelo Eduardo Bento. Mas aqui ficaria, nos próprios comentários ( que se agradece sejam sintéticos mas não demasiado…) de modo a sabermos todos a opinião do maior número possível de nós mesmos e se possível da Ordem.
Qual o método? Cada um com o seu engenho e arte dirá o que entender.
A minha ideia é ter denominadores comuns para certas perguntas que já fiz noutra intervenção deste sitio :

As instalações de Aldeia Nova estão à venda?
Edifícios e toda a quinta?
Há alguma avaliação ou ideia do valor? Há algum destino obrigatório?
Para que pode servir?
Os Dominicanos estariam interessados em continuar ligados de algum modo a qualquer forma de continuidade daquele local que deixa de ter grande utilidade para a Ordem ( digo eu...)?
As Autarquias locais ou Forças sociais estão atentas e apoiantes daquele espaço?
O que gostaria de ver prosseguir ou implantar no local? Em que medida estamos interessados em contribuir, investir, trabalhar ou por qualquer forma determinar o futuro do local com uma associação/sociedade ou qualquer outra iniciativa que impulsione a ideia que viesse a ser implementada? Etc , etc...
Ponderadas as ideias e auscultadas as boas vontades, logo se veria se podíamos contribuir de algum modo para manter ou dignificar aquele "nosso" espaço de afectos e nostalgias.
Qualquer iniciativa particular (nossa ou no nosso interesse) é, já o havia dito, inverosímil. A não ser que tenhamos mais força do que pensamos. Esta iniciativa pretenderia determinar um pouco a força que temos. Só isso.
Quero exprimir aqui a minha vontade de contribuir para qualquer organização nossa que estimule um fim social por entidades locais ou coisa similar. Pensemos no assunto. Os comentários e as ideias que se seguirem, podem dizer-nos se vale ou não vale a pena pensar mais no assunto.
Escrevam! Digam o que pensam. Todos.
Um abraço.

Antero Monteiro

PS.: No início da tarde tinha feito este texto.
Reparo agora que já há novidades. Deixo à mesma as minhas ideias ao vosso comentário. Vejo agora que começámos a debater este tema tarde demais, já com decisões tomadas ou muito condicionadas. Obviamente que prevalecerão sempre os compromissos firmados ou adiantados, o interesse legítimo da Ordem e espero que o local, onde sempre fomos bem tratados.

domingo, 8 de março de 2009

A CASA DE ALDEIA NOVA

Muito se tem especulado sobre Aldeia Nova. Como ecónomo provincial posso adiantar que a casa e terreno estão em vias de serem vendidos. O possível comprador é um médico natural de Aldeia Nova embora não resida lá. Em princípio o possível proprietário não quer lá pôr nem casa para turismo nem lar, como foi especulado por alguns. Será algo ligado à saúde (hospital de retaguarda?). E se for nesta área a população local ficará contente, já que ao lado da capela será construído um lar para idosos. Se tudo correr, como se espera, os jovens sairão este mês para Fátima (Arca da Aliança) segundo acordo da Segurança Social e a Arca da Aliança. Mas mesmo que se venda, eu nunca me sentirei expulso de Aldeia Nova, embora no último ano tivesse sido convidado a uma experiência no seio familiar (Lisboa)... mas voltei!!!
Frei José Geraldes

sábado, 7 de março de 2009

TEMPOS LIVRES III - CINEMA


A tentativa de relatar factos, recordar nomes, datas e situações vividas há mais de 45 anos, sem qualquer suporte documental, acarreta muitos riscos. Mesmo assim vou arriscar, porque conto com a compreensão e colaboração dos meus amigos para me corrigirem e relevarem as faltas.
Simplesmente porque não gostava de deixar de dar testemunho do papel cultural e social da “Secção de cinema” que funcionou no “estudantado” de Fátima nos inícios dos anos 60 e do qual fiz parte em parceria com o Jaime Coelho e não me recordo se mais alguém. ( Seria interessante que o Jaime reportasse aqui as suas recordações sobre este tema).
Recordemos que na altura vigorava o Cânone 140 do Código de Direito Canónico (aplicado em Portugal pelo nº 31 das Constituições do Concílio Plenário Português que interdita a presença do clero nas exibições públicas de cinema, proibição justificada com o efeito de escândalo junto dos fieis!!! Esta interdição apenas foi anulada após o Concílio Vaticano II.
Também por essas datas o então padre Vieira Marques, que após “largar o cabeção” foi o fundador e director do Festival de Cinema da Figueira da Foz defendia a censura imposta pelo Estado Novo, também nas artes cinematográficas, para combater a perigosidade vinda da imoralidade de muitos filmes: “(…) Se por conseguinte o património civil e moral do povo e da família deve ser eficazmente defendido, é mais do que justo que a autoridade pública intervenha devidamente para reprimir ou refrear as influências mais perigosas”.
Pois bem nunca notei qualquer interferência dos superiores dominicanos na escolha e exibição de filmes de curta ou longa metragem.
Como a memória não dá para mais, dentre os filmes que exibimos nas nossas salas e nas das Instituições vizinhas e congéneres, com a projecção de uma velhinha máquina de 16 mm, recordo-me apenas de três longas metragens:
- O GAROTO DE CHARLOT (The Kid) - 1921. Uma das obras-primas de Charlie Chaplin;
- LADRÕES DE BICICLETAS - 1948. A obra-prima de Vittorio de Sica e marco do neo-realismo italiano;
- VERDES ANOS -1963, filme de Paulo Rocha, que marcou um novo ciclo do cinema português.
Estes filmes eram profundamente escrutinados com dois ou três visionamentos intercalados de debates, segundo modelo usado nos cineclubes que na altura começaram a surgir.
Com alguma regularidade, projectavam-se curtas-metragens de ficção ou de carácter documental, que obtínhamos junto das Embaixadas dos EUA, da França, da Alemanha ou do Canadá. Ficaram-nos gravados os filmes de animação de Norman Mc Laren, cedidos por esta última embaixada, dos quais saliento “Neighbours”.
Da França recordo “Van Gogh” de Alain Resnais, “Miserere” sobre Rouaut de Abbé Morel, filmes de mímica de Marcel Marceau, além de variados documentários sobre pintores ou a arquitectura de Le Corbusier. Impagável ficou um documentário crítico e caricatural de Agnés Varda sobre a Riviera Francesa.
O Jaime, eu e não sei se mais alguém, participamos em dois anos consecutivos nas “Semanas de cinema”, a primeira no Colégio Jesuíta das Caldinhas –Rio Tinto e a segunda no Colégio das freiras dominicanas no Ramalhão – Sintra. Não recordo quem as organizava, mas lembro que eram pautadas por nomes relevantes da cultura portuguesa de então como João Bénard da Costa, Nuno Bragança, Pedro Tamén, Nuno Portas, etc. Estes três últimos eram visitas assíduas do convento, na qualidade de amigos do frei Mateus Peres, que tínhamos a honra de ter como Mestre de Estudantes.
Não saiu dali nenhum realizador ou crítico cinematográfico, mas muitos aprenderam a ver cinema.
“Se podes olhar, vê, se podes ver, repara” José Saramago, In “Ensaio sobre a cegueira”.

A. A.

quinta-feira, 5 de março de 2009

AQUELE ABRAÇO EM TORRES NOVAS


Após o encontro recente que o Celestino teve no Porto (norte), em conversa com ele e com o Alexandrino alvitrou-se a hipótese de um encontro no centro. Então, sugeriu-se a minha casa para realizar esse convívio já que, ao longo dos anos, tem sido aqui que um grupo dos mais próximos, no tempo, se tem vindo a reunir. Reunido o conselho de família aponta-se o próximo dia 4 de Abril para esse encontro. Os do Centro e, já agora também os do sul ( Não é, António Gomes Ferro?), nesse sábado em que os dias são já mais longos estão convidados a vir até Torres Novas. Cá caberemos com boa vontade, o mais importante é aquele abraço e in vinum veritas… Comecem a dizer coisas.
Eduardo Bento

A CASA DE ALDEIA NOVA

Caros Amigos:
O Fr. Geraldes, que julgo ser o ecónomo da Província Dominicana, informa que a casa de Aldeia Nova ainda não foi vendida, como podem ver num comentário ao texto do Manuel Branco Mendes. Entretanto, sugeri ao Fr. Geraldes uma clarificação mais circunstanciada, se entender que a deve fazer. Vamos aguardar. Eduardo Bento: Ainda não fomos expulsos!
Nelson

quarta-feira, 4 de março de 2009

Imagens do arquivo do António Silva














REGRESSO AO PRESENTE!

Aquele espaço de Aldeia Nova, que tantas recordações aqui tem vindo a suscitar, tem vindo também a servir de Lar de Infância e Juventude (é assim que se chama) a cerca de duas dezenas e meia de crianças e jovens a quem o tribunal aplicara uma medida de protecção de acolhimento institucional por se encontrarem numa situação de perigo. O seu nome oficial era a Casa da Criança, a cargo da Obra do Frei Gil.Era, porque deixou de ser neste mês de Março. Não sei se as largas dezenas de jovens que por ali passaram nesta diferente condição criarão o que será um blogue daqui a 30 ou 40 anos, não sei, mas, fazendo-o, não sei do que falarão. Tal como não sei o que a Ordem Dominicana tenciona fazer naquelas instalações. Mas sei que aquelas paredes ficarão mais sombrias, frias e húmidas, isso sei!
Manuel Branco Mendes

terça-feira, 3 de março de 2009

Na onda das recordações fotográficas

Aqui vão três fotos representando a ilustre assembleia que aplaudia os nossos músicos. Eles conseguiam deslocar o que de mais importante se encontrava em Fátima e arredores. Foi pena que o grupo se tivesse desmembrado... Podia ter ido bem longe.



Fernando.

segunda-feira, 2 de março de 2009

TEMPOS LIVRES II

Garanto-vos que não é montagem, nem anda por aqui qualquer truque de Photoshop (a arte de mudar as fotografias).

As honras desta imagem vão inteirinhas para “The Beatles”, e aqui está a prova provada de que a “beatlemania” chegou até ao interior dos conventos.

Pelo naipe de instrumentos musicais utilizados conclui-se que não estarão a interpretar qualquer peça de gregoriano ou o “Requiem” de Mozart. Atrevia-me a palpitar que estarão a tocar o “Yellow Submarine” ou “Imagine”ou “All You Need Is Love”.


” O baterista, por exemplo, rivalizava com o Ringo Starr. A tocar harmónica de boca, o Pinheiro e o Filipe não ficavam a dever nada ao John Lennon. Os violas eram tão perfeccionistas como o Paul McCartney ou o George Harrison.

Porém vou interromper-vos o pensamento e declarar-vos que esta foto é de entre 1962 /64. Portanto, estais já a pensar, quem sabe se são anteriores ao aparecimento do famoso conjunto britânico. Donde se concluiria que estes rapazes são precursores dos “The Beatles”, “The Rolling Stones” e de outros grupos de musica rock, que se lhes seguiram. É uma hipótese a investigar.


Outros aspectos a focar, são a composição heterogénea com a inclusão de elementos de outras Ordens. A economia de meios, que não de talentos, também é de referir. Por exemplo, a bateria é um genuíno produto artesanal, que inclui a própria curtição das peles. Era uma peça personalizada, adequada às características do baterista.

O nome do conjunto encontrava-se inscrito no bombo grande (bumbo), mas não consigo decifrá-lo nem a minha memória de longo alcance consegue lá chegar. Ficava-lhes bem o nome “The angels”.

Apenas reconheço três artistas: o Filipe e o Pinheiro nas harmónicas e eu próprio na bateria. Do “anjo” dominicano de costas que aparenta tocar um instrumento de sopro, não tenho o mínimo indício de quem se trata assim como dos outros de batina preta. Aceitam-se reconhecidamente todas as ajudas para a identificação integral dos artistas.


Que influências musicais interferiam na criação artística destes melómanos? Num esforço recomposição dos fragmentos que permanecem nos meus neurónios, consigo afirmar com pequena margem de erro, qual a composição da discoteca do Colégio S. Tomás de Aquino, naquela altura. Posso adiantar que “The Beatles“, faziam parte do acervo discográfico. George Bécaud, Georges Brassens, Jacques Brel e mais alguns franceses, andavam por lá. Música clássica, imensa. Música sacra, também, sem descurar o canto gregoriano. “Espirituais negros”respondiam à chamada. Fados de Coimbra, obviamente, onde se encaixava José Afonso ( “Fados de Coimbra”, “Baladas de Coimbra”e “Baladas e canções”). O Filipe que na altura era o responsável pela discoteca teria muito a dizer-nos sobre este tema.


A.A.